sábado, 7 de março de 2015

Reforma Política Já: pela proibição do financiamento de campanhas por empresas

Só uma reforma política imediata pode oferecer alguma esperança de melhoria para a praga da corrupção.
 
 
Do blog do Rodrigo Vianna:

por Pablo Villaça, no Facebook

bomba

Saiu a lista da Lava-Jato. E imediatamente começaram os gritos de “olha o Lindbergh!”, “Olha o Collor!”, “Olha o Anastasia!” e assim por diante. Como de hábito, personaliza-se a questão – segundo o interesse de seu lado – e ignora-se o quadro geral.
 
Claro que a tentação é grande. Anastasia foi vice e sucessor de Aécio e seu coordenador de campanha; Palocci, o coordenador de campanha de Dilma. E percebam que mesmo que Youssef tenha mencionado atos de corrupção que abrangem a era FHC, a denúncia se limitou aos últimos anos – ou seja: se voltarmos no tempo (como fiz neste post:https://www.facebook.com/pablovillaca01/posts/593443530760877), veremos que o problema é sistêmico e histórico.
 
E é aí que reside o problema: só uma reforma política imediata pode oferecer alguma esperança de melhoria para a praga da corrupção.
 
Não vou ficar “celebrando” o fato de Cunha, Calheiros, Anastasia e Lobão terem sido indicados apenas porque me oponho a eles; seria o mesmo que comemorar porque a cama do meu inimigo está pegando fogo sendo que divido o quarto com ele. Quando presidentes da Câmara e do Senado estão em suspeição ao lado de deputados e senadores de TODOS os principais partidos, é porque o SISTEMA está quebrado.
 
Acreditar que o PT inventou a corrupção é tanta estupidez quanto achar que o PSDB a inventou. Ela já existia bem antes de ambos. (Pra quem acha que na época dos militares não havia corrupção, é bom lembrar que as empreiteiras tomaram conta do poder nesta época.
 
A corrupção não só era endêmica como varrida pra baixo do tapete sob pena quase de morte. Multinacionais e bancos europeus subornavam ministros abertamente e o superfaturamento era regra (vide Ferrovia do Aço.)
 
O sistema não funciona, pura e simplesmente. Está nas mãos das corporações, que, por sua vez, elegem indivíduos que já assumem corrompidos. Sabem quanto custa uma campanha para deputado estadual com o MÍNIMO de chance de vitória? Um milhão de reais. Sabem o que isso significa? Que quem consegue se eleger só teve sucesso porque teve dinheiro graúdo financiando.
 
E quem financiou quer retorno do investimento.
 
E quem foi eleito já está, quase por definição, habituado à idéia de grandes cifras entrando em caixa. Política acaba virando profissão, não vocação. Não é à toa que famosos decadentes em suas carreiras usam a fama pra se eleger. Têm vocação ou interesse sociais? Não: querem segurança e só.
 
A política não pode ser bancada por grandes fortunas que simplesmente elegem lobistas travestidos de parlamentares.
 
Isso é senso comum. Mas ficamos aqui brigando entre “governo x oposição” e nada mudará. E é o que eles querem. Aliás, os golpistas que buscam derrubar o governo usam “corrupção” como desculpa, mas querem mesmo é sua ideologia no comando. É preciso separar as duas coisas. Além disso, como já vimos, o sistema está todo errado. Se o problema for “corrupção”, não há saída.
 
Dizer que PT “institucionalizou” a corrupçao é demonstrar PROFUNDO desconhecimento dos fatos: compra de votos pra reeleição, SIVAM, PROER, trensalão, aeroporto de Claudio, privataria, DNER, Marka/FonteCindam, Sudene, Petrobrás (sim, há muitos desvios na era FHC), mensalão tucano… BILHÕES e BILHÕES roubados. Isto não era corrupção “institucionalizada”? Por favor. Ter uma opinião é uma coisa; tentar ter seus próprios FATOS é outra completamente diferente.
 
Mas vejam só: embora tenha vindo antes, tampouco foi o PSDB que institucionalizou a corrupção. Como apontei antes, foi na ditadura que as corporações e as multinacionais e as empreiteiras invadiram a casa e ocuparam a sala.
 
Assim, em vez de ficar disputando valores de corrupção, que tal considerar o que falei sobre reforma política?
 
Mas não há debate ou melhora possível quando um dos lados soa como disco quebrado – e ao propor a discussão acima no Twitter, por exemplo, várias pessoas responderam apenas com um “FORA DILMA!”, repetindo a mensagem empacotada por Globo, Veja, Foxlha e outros. (E se quiserem ver isto em ação, só passar os olhos nos comentários abaixo deste post, querem apostar?) Porque a mídia QUER ver o conflito entre lados. E NÃO QUER reforma política. Porque ela se beneficia do sistema atual. (E se você tem alguma dúvida sobre a canalhice da mídia, o Noblat deu, como manchete, “Dilma encabeça lista de Janot”.)
 
Num mundo utópico, iríamos todos pra rua não no dia 13 pra defender o governo e combater o golpismo canalha ou no dia 15 pra atacar Dilma. Iríamos, sim, todos, sei lá, no dia 14 pra exigir reforma política. Num mundo utópico.
 
Por isso repito… direita e esquerda, tucanos e petistas, situação e oposição: querem melhorar o país?
 
DEFENDAM REFORMA POLÍTICA JÁ.
 

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