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sábado, 5 de outubro de 2013

PÉRET E BURLE MARX (PARTE FINAL) NA RESTAURAÇÃO DO SANTUÁRIO DE CONGONHAS (1973 - 1974)


Por Luiz Ricardo Péret

 


Ao centro, o arquiteto e diretor-executivo do IEPHA/MG Luciano Amédée Péret, responsável pelas obras de restauração e à direita, o paisagista Burle Marx.

 
 

Em 1974, foram concluídas as obras da segunda grande restauração do Santuário Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG), em convênio com o IPHAN , onde foram privilegiados os aspectos arquitetônicos e paisagísticos, com a implantação do projeto dos Jardins dos Passos de Roberto Burle Marx, em substituição ao antigo jardim da década de 1930. 


¨Apesar da construção da Basílica ter sido iniciada em 1757 e as capelas construídas a partir de 1808, não houve nenhum ideário de ocupação do espaço da praça, seja como ambiente de convívio, seja como ornamentação até a década de 1920. A ideia de embelezamento do local surgiu somente com a chegada dos padres Redentoristas a Congonhas em 1923, que se preocuparam com o desenvolvimento da cidade
A partir daí, diversas foram as formas adquiridas pelo jardim, contando, inclusive, com o projeto de Roberto Burle Marx, que modificou o paisagismo com a retirada de plantas que ofereciam um visual carregado e prejudicavam a visibilidade do conjunto do Santuário, seguindo a ideia do anteprojeto de reforma do Santuário de 1933, porém, com linhas mais sinuosas e modernas.
Atualmente, a concepção paisagística da praça é baseada no projeto de Burle Marx, mas com muitas diferenças do original, incluindo as espécies existentes e a delimitação dos caminhos, que dificultam a correta apreciação do sítio.¨


A seguir, fotos da conclusão das obras (1974) :






                                     Fotos: Assis Alves Horta (conclusão das obras, 1974)


 As obras do conjunto arquitetônico e paisagístico do Santuário e as obras barrocas de Aleijadinho, graças a algumas reformas que se fizeram e se fazem ao longo do tempo, ainda se encontram em bom nível de conservação. 


 
Conheça, agora, o significado da Via Crucis  do Santuário de Congonhas:

 
 
O significado religioso da Via Crucis da Basílica de Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas

Por Luiza de Castro Juste

A partir do século XV foi instituído na Europa, o tema do “Sacro Monte”. As dificuldades de peregrinação aos Lugares Santos incentivaram certas pessoas a reproduzi-los em sua própria pátria. Assim, no caso do Cristianismo, a Terra Santa, Jerusalém, começou a ser importada através de jardins religiosos, na chamada “peregrinação de substituição”. Em geral, buscavam encenar a tragédia humana e divina, imaginando o tema original do Calvário em Jerusalém. Criava-se, então, o Caminho da Cruz – ou via crucis -, representando as etapas da via dolorosa de Jesus Cristo, transpostas desde a Última Ceia, até a Crucificação no Calvário. Um aspecto bastante valorizado era a reprodução exata das distâncias entre as estações verdadeiras, calculadas em passos. Privilegiavam terrenos elevados, onde o culto da Paixão de Cristo se associava a uma paisagem onde pudesse ser simulada a ¨subida ao Calvário¨, criando o chamado Sacro Monte, ou montanha sagrada.

A construção desses jardins, incluindo estátuas e capelas, era comum em Portugal desde o século XVII e, no século XVIII, essa devoção foi difundida : as via-crúcis espalharam-se por quase todos os lugares. Sem dúvida, o conjunto mais expressivo em Portugal é o Santuário do Bom Jesus do Monte, próximo à cidade de Braga, que possui dezessete capelas de Passos e um maior número de estátuas de pedra, constituindo-se em um dos mais belos conjuntos barrocos da Europa. Em Congonhas é apresentado um resumo daquele santuário.

Em Congonhas, o Santuário é circundado por uma bela paisagem , composta de exuberantes montanhas. 




Na área externa, as capelas brancas com os Passos da Paixão foram construídas de forma alternada, formando um zigue-zague. esse formato representa não só a difícil subida de jesus ao Calvário, se desequilibrando com a cruz às costas, como também características específicas do barroco, como o ritmo e o antagonismo.



Terminada a série das capelas, há a Igreja setecentista e o Adro dos Profetas. Aqui, o Velho Testamento é valorizado pela presença dos profetas, que trazem lições dogmáticas e profecias.
Além disso, há uma relação intrínseca entre os profetas e os apóstolos.  Assim, Congonhas se destaca em comparação a qualquer outro Santuário Europeu por ser o único ¨Sacro Monte¨ que oferece essa completa união dos dois Testamentos.    

O Novo Testamento está apresentado em Congonhas através de inúmeros quadros que recobrem as paredes da Igreja, organizados em séries sobre a vida da Virgem antes do nascimento de Cristo, a infância e vida pública de Jesus e, finalmente, sua Paixão e Morte, as quais foram mais bem representadas nas capelas dos Passos do que nos quadros da igreja.

Há, portanto, uma forte ligação entre os Passos e o Adro dos Profetas, tanto em se tratando da arquitetura quanto em relação ao significado de sua intenção.

Os passos da Paixão de Cristo representados em Congonhas são: a Ceia; o Horto das Oliveiras ; a Prisão; a Flagelação e Coroação de Espinhos; a Cruz às Costas e a Crucificação. 
Destaca-se que a policromia das esculturas tem um papel de suma importância na composição das cenas. Mestre Ataíde faz uso de cores fortes como vermelho e azul escuro para os algozes ou carrascos de Cristo. Ao contrário, Cristo e os apóstolos são pintados de cores mais discretas, singelas. Essa diferença causa impressões  e sentimentos opostos a quem observa: indignação e raiva pelos algozes de Cristo; admiração e compaixão pelos apóstolos e por Jesus. 

Dispostas em seis capelas, o conjunto foi planejado para que os fiéis subissem ao Monte Maranhão em zigue-zague, revivendo o sofrimento dos momentos finais de Jesus.

 A idéia original era que fossem implantados sete passos, em sete capelas. Por questões econômicas, foram construídas apenas seis capelas e, em uma delas, acoplados dois passos : A Flagelação e a Coroação.
  
A rigor, a visitação deverá iniciar-se ao pé do jardim, pelo ¨passo¨ da Ceia e seu vizinho , o¨passo¨ do Horto e assim de capela em capela até alcançar a esplanada e depois o Adro dos Profetas.


Fotos das capelas do jardim dos Passos e o Adro dos Profetas:      



Aleijadinho:

Os trabalhos de Aleijadinho em Congonhas tiveram início em 1796 com a confecção das 66 estátuas de madeira dos Passos da Paixão e as 12 estátuas em pedra-sabão, representando os Profetas Bíblicos. A grandiosidade desse trabalho, não só pelo número de esculturas, mas pela qualidade, beleza e significado religioso, tornou o Santuário de Congonhas a obra-prima de Aleijadinho, que o tornou conhecido em todo mundo como o principal artista da época colonial e um dos maiores escultores do Brasil.





SEGREDOS  E MISTÉRIOS :



¨O acervo da Basílica Bom Jesus de Matozinhos encerra muitos segredos. As histórias e lendas que envolvem as estátuas geram um delicioso fascínio.
O próprio Aleijadinho, o mestre maior, era um personagem envolto em mistérios. Um gênio desfigurado pela doença, mulato, filho bastardo de português com uma escrava. O ouro escasseava, num movimento inversamente proporcional à fé daqueles homens mineiros.
Minas vivia a frustração pelo fim trágico do movimento da Inconfidência. Estas e outras histórias aumentam ainda mais o interesse despertado pelas imagens de pedra e cedro. Procure os guias que ficam na Basílica e desvende um pouco desse espírito¨. ( flickr.com)




Fontes:

 - Acervo Luciano Amédée Péret

- htp://repositório.ufla.br. Evolução Histórico Cultural e Paisagístico da Praça da Basílica de Bom Jesus de Matozinhos, Congonhas-MG. Dissertação de Mestrado de Luiza de Castro Juste. Universidade de Lavras.

 
  

sábado, 28 de setembro de 2013

PÉRET E BURLE MARX ( Parte II ) NA RESTAURAÇÃO DO SANTUÁRIO DE CONGONHAS (1973-1974)



Por  Luiz Ricardo Péret



Dando sequência a matéria sobre a segunda grande restauração do Conjunto Arquitetônico do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos (1973-1974), nesta segunda parte, apresento fotos que registraram momentos importantes das obras de restauração do Santuário.

 O arquiteto e diretor executivo do IEPHA/MG  Luciano Amédée Péret (ao centro), responsável pelas obras de restauração do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos com o paisagista Roberto Burle Marx, responsável pelo ajardinamento (à direita) e o funcionário Rafael (à esquerda) - Foto: Assis Alves Horta -








As fotos, a seguir, são de autoria do fotógrafo Assis Alves Horta.
Ao lado, Assis dá uma pausa em seu trabalho para ser fotografado - Congonhas, 1973.

 












Início do calçamento no Jardim dos Passos 






Obras no Jardim dos Passos e vista dos andaimes nas capelas







 







Jardim do Passos, terraplanagem para grama. Observa-se também capela em reforma e as casas do Beco dos Canudos, uma das vias do entorno do Santuário, que passou também por reforma. 
















Início do calçamento da Praça da Basílica









           Reforma do telhado da Basílica 

















Vista de outro ângulo a reforma do telhado da Basílica.
 Reconstrução do muro divisório com o Beco dos Canudos                Reforma da Capela 6
Muro que liga o 1º Passo ao 2º visto pelo Beco dos Canudos 



Calçamento e ajardinamento dos Passos





No próximo artigo, a última parte sobre a segunda grande restauração do Santuário de Congonhas, com fotos da conclusão das obras.

O trabalho de especialistas e de vários outros trabalhadores, muitos no anonimato (aqui representados pelo Rafael)  vem ao longo dos anos contribuindo para a conservação, proteção e preservação do patrimônio histórico.    


Fonte: Acervo Luciano Amédée Péret            


sábado, 21 de setembro de 2013

PÉRET E BURLE MARX NA RESTAURAÇÃO DO SANTUÁRIO DE CONGONHAS (1973-1974) - PARTE I -




Por Luiz Ricardo Péret



                                      Péret e Burle Marx  -  foto: Assis Alves Horta (1973)
                                        
Em razão de seu expressivo acervo de arte barroca, o Santuário do Bom Jesus de Matozinhos, pertencente ao município de Congonhas-MG, foi inscrito no Livro do Tombo das Belas Artes, em 1939, pelo  antigo SPHAN, hoje Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. O conjunto foi construído em várias etapas, nos séculos XVIII e XIX, por vários  mestres, artesãos e pintores,  como Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho e Manuel da Costa Ataíde. O Santuário é um conjunto arquitetônico  e paisagístico formado por uma Basílica, um Adro com esculturas de Doze Profetas, em pedra sabão,  e Seis Capelas que compõem  o Jardim dos Passos, que representam a Via Sacra com belíssimas imagens esculpidas em cedro por Aleijadinho.  O Santuário é testemunho vivo de um Brasil que foi colonial e se fez um estilo de arte.

No decorrer desses anos, o conjunto arquitetônico e de imagens, conseguiu preservar a memória de tão importante período histórico. As obras  do conjunto arquitetônico e paisagístico do Santuário e as obras barrocas de Aleijadinho, graças a algumas reformas que se fizeram e se fazem  ao longo do tempo, ainda se encontram em bom nível de conservação.

A primeira grande restauração do Santuário foi realizada pelo SPHAN, em 1957, focada no interior das Capelas dos Passos e em suas esculturas, a restauração conseguiu remover camadas superpostas de tintas que mascaravam a obra original de Aleijadinho e Mestre Ataíde. Em julho de 1957, o Santuário foi elevado à condição de Basílica Menor, oferecendo maior incentivo à devoção a Bom Jesus de Matozinhos.

Em 1973, iniciou-se uma segunda grande restauração pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais - IEPHA/MG, em convênio com o IPHAN.
Foram realizadas obras de conservação, restauração e proteção do conjunto arquitetônico e paisagístico do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos de Congonhas. O responsável pelas obras de restauração foi o arquiteto e diretor executivo do IEPHA/MG  Luciano Amédée Péret e o projeto de  ajardinamento na Praça da Basílica a cargo de Roberto Burle Marx  ( fotos : Péret e Burle Marx no Santuário de Congonhas).  
As obras de restauração do Conjunto Arquitetônico e o novo Jardim dos Passos foram concluídas em junho de 1974. 

A década de 70, portanto,  foi marcada  pela atuação conjunta de dois grandes especialistas, para preservar a imponência da arquitetura, arte e beleza do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos, reunindo  a obra prima de Aleijadinho e constituindo-se em um museu a céu aberto.



                                         Roberto Burle Marx e Luciano Amédée Péret
     supervisionando as obras de restauração do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos  
                                              foto: Assis Alves Horta  ( 1973)


No próximo artigo sobre este tema leia mais informações e veja mais fotos das obras da 2ª grande restauração do Santuário de Congonhas (1973-1974).



   Em 1985, o conjunto arquitetônico  e escultórico do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos foi           elevado pela Unesco a Monumento Mundial e Patrimônio Histórico da Humanidade.

                                                                                
    Capelas de Congonhas e a Basílica do Bom Jesus
         de Matozinhos ao fundo  -   foto: wiki.org  



Fontes:

- Acervo Luciano Amédée Péret

-iphan.gov.br

 - htp;//repositório.ufla.br . Evolução Histórico Cultural e Paisagístico da Praça da Basílica de Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas-MG. Dissertação  de Mestrado de Luiza de Castro Juste. Universidade Federal de Lavras. 

- wikipedia.org/wiki/congonhas