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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

No caso das próteses, mídia não repete o que fez com Mais Médicos

Uma cobertura doentia
Por Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa

O escandaloso caso de médicos que recebiam propina para recomendar próteses caríssimas e nem sempre necessárias, revelado em reportagens do programa Fantástico, da Rede Globo, ganha nova dimensão com um ou outro episódio que denuncia cirurgiões que realizam cirurgias cardíacas e vasculares utilizando materiais com validade vencida. No entanto, o leitor abre o jornal nos dias seguintes, procura e não acha qualquer referência a esses assuntos.

Curioso, o cidadão ou cidadã mais exigente vai aos arquivos e compara o noticiário sobre saúde desses dias com os acontecimentos de um ano atrás, quando a imprensa promoveu uma enxurrada de notícias negativas sobre o Programa Mais Médicos. Lançado em julho de 2013, por Medida Provisória, foi no início de 2014 que o plano sofreu o grande bombardeio por parte das entidades profissionais da medicina, inicialmente com o argumento de que os médicos formados no exterior não teriam qualificação adequada; depois, as críticas passaram a visar o valor pago aos profissionais trazidos de Cuba.

Em doze meses, o programa superou a meta estabelecida nos estudos que levaram à sua criação, reduzindo em mais de 20% o encaminhamento de pacientes a hospitais, com o atendimento básico ampliado em 35% nos postos de saúde. O resultado vem sendo omitido pela imprensa, num momento em que a medicina corporativa tem seus vícios escancarados no noticiário sobre pagamentos de propina, mau atendimento e ações de quadrilhas que visam os segurados dos planos privados e o Sistema Único de Saúde.

Segundo as reportagens da televisão, a máfia da medicina promove todo tipo de falcatrua para aumentar o rendimento de suas atividades, desde o uso de advogados para forçar o serviço público a pagar por tratamentos e materiais de necessidade duvidosa, até a falsificação de prontuários para aumentar o valor cobrado dos grupos privados de seguridade.

Na comparação entre os dois setores, o lado representado pelo Programa Mais Médicos tem um balanço positivo a oferecer, e a imprensa o ignora; o lado representado pela medicina privatizada mergulha em escândalos, e os jornais apenas fazem uma referência aqui e ali.

Uma pauta tendenciosa

Na edição de terça-feira (13/1), o Globo toca num ponto curioso, ao tentar demonstrar que o Programa Mais Médicos falhou no propósito de descentralizar a oferta de profissionais por meio da distribuição de vagas do Sisu (Sistema de Seleção Unificada). A reportagem afirma que as universidades federais oferecem mais cursos de Medicina nas grandes cidades do Sul-Sudeste e do litoral, enquanto o interior do Brasil é atendido principalmente por faculdades particulares. No entanto, o mapa publicado pelo jornal mostra que houve um grande aumento de vagas no Nordeste, que oferece quase 80% a mais de postos do que as escolas federais do Sudeste.

O assunto apresenta muitas variáveis, como, por exemplo, as três maiores universidades públicas de São Paulo – USP, Unicamp e Unesp – terem vestibulares próprios e não participarem do Sisu, o que altera o quadro geral e exige uma abordagem diferenciada. Além disso, a reportagem deveria considerar outras questões importantes, como o fato de que essas instituições, principalmente a Faculdade de Medicina da USP, não terem como prioridade formar médicos clínicos, mas pesquisadores.

Há casos de médicos com doutorado que são incapazes de fazer um diagnóstico corriqueiro nos postos de saúde. Essa distorção, tema de polêmica nos conselhos universitários, tende a ser corrigida no longo prazo pela determinação de que, desde o dia 1º deste mês de janeiro, os alunos que ingressam na graduação deverão atuar por dois anos em unidades básicas de saúde e nos postos de emergência e urgência do SUS. O propósito dessa medida é estimular a formação de médicos com mais sensibilidade para os aspectos sociais de sua profissão.

Somada à ampliação de vagas – mais 11,5 mil alunos de graduação até 2017 e 20 mil novos especialistas formados até 2020 – esse conjunto de medidas faz parte da estratégia do programa de colocar a medicina a serviço da sociedade.

Por que a imprensa omite esses fatos e não se empenha em investigar o escândalo das propinas? Porque a pauta é definida pelo interesse de desmoralizar o sistema público e justificar a predominância da medicina privada.


 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

João Paulo, editor de cultura do ¨Estado de Minas¨, pede demissão depois de ser censurado pelo jornal

Do sjpmg.org.br
 
SINDICATO LAMENTA SAÍDA DO EDITOR JOÃO PAULO
 
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais lamenta a saída de João Paulo Cunha do comando da editoria de Cultura do jornal Estado de Minas, mais uma vítima da censura que impera nos grandes meios de comunicação e grassa em Minas Gerais, e repudia o cerceamento à liberdade de expressão. 
Reconhecido como um dos mais brilhantes jornalistas e intelectuais mineiros, dono de uma vasta cultura e de um texto brilhante, João Paulo pediu demissão hoje à tarde. A decisão foi tomada depois da comunicação por parte da direção do jornal de que não poderia mais escrever sobre política na coluna que assinava semanalmente no caderno Pensar. 

Seu último texto foi publicado no dia 6/12. Intitulado "Síndrome de Capitu", critica a falta de uma oposição responsável no Brasil. "Há grandes projetos que impulsionam uma vida e moldam expectativas de futuro, algo que ganhou o belo nome de utopia", diz um trecho do texto. E foi em nome dessa utopia que ele não aceitou mais essa imposição. Uma salva ao João. 

Abaixo a íntegra de sua última coluna. 

 
Síndrome de Capitu

O Brasil já tem presidente para os próximos quatro anos, o que está faltando é oposição responsável

João Paulo

Existem duas verdades aparentemente óbvias que, no entanto, não têm ficado suficientemente claras para muita gente: o país mudou e a eleição já acabou. A insistência em dar continuidade ao processo que elegeu Dilma Rousseff poderia ser apenas um luto mal vivido, mas tende a se tornar perversa no campo político. Por outro lado, a recusa em enxergar a nova configuração da sociedade, resultado de seguidas políticas de distribuição de renda e inclusão social, pode gerar um impulso no mínimo grotesco em suas alusões reativas e chamamentos à ditadura.

É preciso ir adiante. A oposição, certamente, saiu fortalecida do resultado eleitoral bastante parelho. Mas corre o risco de jogar fora esse crescimento quantitativo em nome de um comportamento pouco produtivo em termos políticos. Em vez de jogar com seu eleitor fiel, interpreta os votos de acordo com suas conveniências e joga para a plateia pelos meios de comunicação, sem perceber que essa falácia já mostrou ser um paradoxo invencível: tem mais brilho que consistência, mais efeito que substância, mais eco que voz.

A oposição de hoje parece viver, no campo da política, o que Bento Santiago, o Bentinho de Dom Casmurro, de Machado de Assis, viveu em seus tormentos de alma: se perde na fantasia da traição (mesmo que ela tenha sido real). Para lembrar sumariamente o enredo do romance, Bentinho se apaixona por Capitu, desde logo apresentada como portadora de “olhos de ressaca”. São jovens de classes sociais distintas. Um arranjo permite o casamento. Logo Bentinho, já pai e bem posto na vida como advogado, desconfia que está sendo traído pela mulher com o melhor amigo, em quem vê semelhança com o filho. O casal se separa, o filho morre e Bento, sozinho, leva adiante sua sina de ser casmurro e sofrer com a desconfiança até o fim da vida.

Machado de Assis, como sempre, ao falar de seus personagens, está figurando a sociedade de seu tempo. Bentinho não sofre só pela traição, mas porque não entende que o mundo mudou. Não pode aceitar que a sociedade republicana deixou para trás as amarras elitistas do Segundo Reinado e da escravidão. Bento não reconhece a mulher, a sociedade, a história. Não pode aceitar que ela tenha uma vida independente e autônoma. Tudo que ele não compreende o ameaça. Capitu não é apenas a mulher, mas tudo que perdeu em seu mundo de referências que se esvaem. Mais que sexual, a traição é histórica. Homem de outro tempo, só resta a ele tentar convencer ao leitor e a si próprio de seu destino de vítima. E soprar um melancólico saudosismo acerca dos tempos idos, que busca reconstruir em sua casa feita à semelhança do lar da meninice.

O Brasil tem uma recorrente síndrome de Capitu: tudo que a elite não tolera se torna, por meio de um discurso marcado pela força jurídica e da tradição, algo que deve ser rejeitado. Eternos maridos traídos. A tendência de empurrar a política para os tribunais é uma consequência desse descaminho. Assim, tudo que de alguma forma aponta para a mudança e ampliação de direitos é considerado ilegítimo e, em alguns momentos, quase uma afronta que precisa ser questionada e combatida. Foi assim com a visibilidade dada aos novos consumidores populares (que foram criminalizados em rolezinhos ou objeto de ironia em aeroportos), com as cotas raciais para a universidade, com a chegada de médicos estrangeiros para ocupar postos que os brasileiros, psicanaliticamente, denegaram. 

O romance de Machado de Assis tem ainda outro personagem curioso para a sociologia e psicologia do brasileiro, o agregado José Dias. Trata-se de um homem que vive às expensas da família de Bento e que, por isso, não cessa de elogiar quem o acolhe. Típico representante de certa classe média, ele é o bastião dos valores da burguesia da época, da qual só participa de esguelha. Mais burguês que os burgueses, em sua subserviência, ele gasta os superlativos e a vida a invejar e defender os “de cima”, com pânico de ser confundido com os “de baixo”. Epígonos de José Dias, hoje, são os que amam Miami, levam os filhos para ver o Pateta e participam de passeatas pedindo a volta dos militares.

Leviandade 

Mas o que a síndrome de Capitu tem a ver com a política brasileira de hoje? Em primeiro lugar, ela explica por que, em vez de armar uma oposição de verdade, os partidos derrotados tentam inviabilizar a sequência do processo democrático. Em segundo lugar, pela defesa da dupla moral, que desculpa os erros do passado por causa da dimensão dos desvios de hoje, numa reedição do estilo udenista e despolitizador de analisar a conjuntura. Tudo que pode de alguma forma macular a oposição é considerado “sórdido” e “leviano”, numa substituição da política pela moral de circunstância. A corrupção, com sua espantosa abrangência, precisa ser combatida em toda sua dimensão e arco histórico. Nenhum culpado pode ficar de fora, de empresários a políticos de todos os partidos. 

Por fim, a personagem machadiana ajuda a explicar a fixação em torno de determinados temas – no romance, é a traição, na vida política atual, é a inflação –, que são muito mais derivações que propriamente o que de fato interessa. A escolha dos ministros da área econômica mostrou como mesmo um governo popular e eleito democraticamente confirma as intuições de Machado de Assis. A excessiva submissão aos interesses rentistas pode ser um recuo estratégico. Mas é um recuo. Uma capitulação.

Economia não é uma ciência exata e, muito menos, isenta de componente ideológico. Um governo de esquerda precisa de uma política econômica de esquerda. Além do equilíbrio macroeconômico, o mais importante é apontar as estratégias de distribuição de renda e de investimento na área social. O deus Mercado não pode falar mais alto que os filhos de Deus. No complexo tecido que sustenta a governança, a presença das forças populares não pode ser colocada em segundo plano, como vem sendo até agora. A excessiva sujeição ao cálculo do apoio político está na base da grande corrupção que hoje enoja a todos. Por isso a reforma política popular se tornou a agenda prioritária da sociedade.

A oposição, por sua vez – e o senador Aécio Neves, candidato derrotado como seu nome de maior destaque –, tem uma tarefa a cumprir: dar um passo à frente no jogo político, com a grandeza que o momento requer. O que ainda está devendo.

Bentinho perdeu sua vida ao ficar preso a um passado de desconfianças que, de resto, até hoje divide as opiniões. Há grandes projetos que impulsionam uma vida e moldam expectativas de futuro, algo que ganhou o belo nome de utopia. Há, entretanto, obsessões que paralisam pelo rancor e ressentimento. Bentinho, é bom lembrar, nunca mais foi feliz. Foi ele mesmo o criador e a vítima da síndrome que o consumiu.
 
 
 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A mídia nos representa?



Com que direito o jornal Estado de Minas se intitula representante legítimo de todos os habitantes do estado? Esse ou qualquer outro veículo de comunicação não pode se colocar como porta-voz da opinião pública. É porta-voz da opinião publicada deles.
O artigo de Rodrigo Martins, na revista Carta Capital desta semana analisa bem o tema.    





Por Rodrigo Martins


 Parecia uma carta de indepen­dência ou um ultimato antes da declaração de guerra. Na ma­nhã da quarta-feira 18, o jornal Estado de Minas se arvorava no papel de representante legítimo dos 19 milhões de habitantes do estado. Em edi­torial de primeira página, o jornal investia contra o ministro Celso de Mello, que dali a horas decidiria o futuro de 11 con­denados no processo do "mensalão". "Nas ruas de Belo Horizonte, parte expressiva da população tende a considerar a aceita­ção dos embargos como decepcionante. Pior: um aceno à impunidade", afirma­va o texto. No dia seguinte, como tantos veículos de comunicação, o diário mi­neiro não esconderia a insatisfação com a "prorrogação" da análise do processo. O carioca O Globo iria além. "STF mantém a impunidade de mensaleiros até 2014", cravou na capa. Em tom uníssono, a mídia lamentou o "divórcio" entre o Supremo Tribunal Federal e a "opinião pública".
Mas qual opinião pública? "A do próprio jornal, oras", avalia, sem rodeios, o soció­logo Venício de Lima, professor da UnB e dedicado aos estudos da mídia. "Desde meados do século passado, os principais grupos de mídia reivindicam a represen­tação da opinião pública em detrimento dos canais institucionais da democracia representativa, como partidos, governos e Congresso. Isso porque a imprensa tem o papel de mediar a comunicação, fazer a ponte entre o publico e as instâncias de de­bate político." Com um problema, ressalta: "Ao mesmo tempo que fazem essa mediação, esses grupos são atores políticos, de­fensores de seus próprios interesses e dos de seus financiadores. Em nenhum lugar do mundo a mídia pode se colocar como porta-voz da opinião pública. Menos ain­da no Brasil, marcado pela forte concen­tração dos meios de comunicação, um oli­gopólio de interesses muito particulares".
A avaliação de Lima é compar­tilhada pela cientista políti­ca Vera Chaia, professora da PUC-SP. "A mídia não foi elei­ta, não tem representatividade, não pode falar em nome do conjunto da população. O que pode medir a opinião pública são as pesquisas, e mesmo as­sim é preciso olhar para elas com cer­ta desconfiança, pois normalmente di­recionam o entrevistado a se manifes­tar sobre as pautas predeterminadas pe­la mídia", avalia a docente. "Ainda mais descabido é pressionar um juiz a deci­dir conforme o clamor popular. Um mi­nistro da Suprema Corte tem de julgar com base na Constituição, na defesa do ordenamento jurídico."
Marcus Figueiredo, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj, ressalta que o conceito de "opi­nião pública" está no singular não por acaso. "Ela só se manifesta quando há consenso na sociedade. E do interesse do conjunto da população, por exem­plo, ter um sistema de transporte pú­blico bom e confiável. Não interessa se boa parte da população tem automóvel particular. A mobilidade urbana depen­de de sistemas de transporte coletivo", afirma. "Portanto, podemos dizer que a opinião pública é favorável ao combate à corrupção, mas daí a dizer que é contra os embargos dos réus do "mensalão" são outros quinhentos, O que estava em jo­go ali não era esse único processo, e sim a validade de um recurso jurídico. Até porque, amanhã ou depois, o dono des­se jornal que fala em nome da opinião pública pode estar no banco dos réus e sentir que o seu direito à ampla defesa foi cerceado pelo STF lá atrás."
Para tentar assumir oposto de legíti­ma representante da opinião pública, a mídia costuma desqualificar as demais instâncias políticas da democracia, sus­tenta o historiador Aloysio Castelo de Carvalho, professor da UFF. "Os jor­nais se apresentam como uma voz mais autêntica por não ter envolvimento di­reto no processo eleitoral, e exploram o desgaste que existe entre os políticos eleitos e a população representada. Em países com democracia mais consolida­da, há um equilíbrio maior nessa relação entre a mídia e as instituições políticas. Uma responde à outra, sobretudo nos casos de desvio de conduta. Aqui, não. Além disso, não há uma tradição de plu­ralidade de pensamento na mídia brasi­leira. Boa parte da população tem a sua voz ignorada pelos jornais."
Autor de um livro sobre o tema. Carvalho cita o exemplo da articulação de dezenas de emissoras de rádio, dos Diários Associados e dos jornais cario­cas O Globo e Jornal do Brasil pela de­posição do presidente João Goulart. Criada em 1963, a cinicamente autointitulada "Rede da Democracia" se colo­cava como porta-voz da opinião públi­ca e exigia a intervenção dos militares contra a suposta ameaça comunista no País, " Praticamente, não havia oposição nos meios de comunicação a esse proje­to, que resultou no golpe de 1964 e em uma ditadura de 21 anos."
O alardeado "divórcio" entre o Judiciário e a opinião públi­ca é outra invenção, sustenta Fernando Filgueiras, professor de Ciência Política da UFMG e coordenador do Centro de Referenciado Interesse Público. "Nunca existiu esse casamento, até porque a população nu­tre profunda desconfiança em relação ao Judiciário." Em artigo publicado na revista acadêmica Brazilian Political Science Review, ele apresenta uma pesquisa feita em 2012 com mais de 1,2 mil entrevistados em Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre e Recife. A des­confiança atinge todas as instituições: Presidência da República, Congresso Nacional, forças policiais... Mas tam­bém o Judiciário, visto com suspeição por 48,7%. As razões são claras: 61,4% não acreditam que os cidadãos são tra­tados de forma igual, e 51,7% avaliam que os juízes tomam decisões influen­ciadas por políticos, empresários e ou­tros interesses.

HÁ UMA RAZÃO PARA OPINIÃO PÚBLICA SER UMA PALAVRA NO SINGULAR, DIZ MARCUS FIGUEIREDO. "ELA SÓ SE MANIFESTA QUANDO HÁ CONSENSO NA SOCIEDADE." OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NÃO FORAM ELEITOS, LEMBRA VERA CHAIA.