domingo, 31 de agosto de 2014

"Êxodos" de Sebastião Salgado tem mostra gratuita no Museu Inimá de Paula

MUSEU INIMÁ DE PAULA APRESENTA “ÊXODOS”, DE SEBASTIÃO SALGADO
Exposição aborda os sonhos, as mazelas e a fragilidade do ser humano
A partir do dia 29 de agosto, em parceria com o Instituto Terra, o Museu Inimá de Paula exibe a exposição Êxodos, do premiado fotógrafo mineiro Sebastião Salgado. A mostra reúne o trabalho de seis anos obtido durante suas viagens a 40 países. O objetivo das imagens é provocar uma reflexão sobre as questões políticas, sociais e econômicas ao retratar a história de pessoas que foram obrigadas a deixar a terra natal.


“Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes”.  A frase foi destacada por Sebastião Salgado, na apresentação da exposição fotográfica “Êxodos”, lançada na virada do século, fruto de um trabalho desenvolvido pelo fotógrafo com a parceria de sua esposa, Lélia Deluiz Wanick Salgado.

A exposição “Êxodos” conta a história da humanidade em trânsito.  A história de pessoas que se tornaram migrantes, refugiadas ou exiladas por forças que não têm como controlar, fugindo da pobreza, da repressão ou das guerras.

A mostra especial realizada pelo Museu Inimá de Paula apresenta imagens dos cinco temas centrais de “Êxodos” – África, Luta pela Terra, Refugiados e Migrados, Megacidades e Retratos de Crianças.
Quem visitar a exposição poderá conferir cenas impactantes, que retratam: a fuga de migrantes, refugiados e pessoas deslocadas em diferentes pontos do mundo; a tragédia sem paralelo da África; o êxodo rural, o conflito de terras e a urbanização caótica na América Latina; imagens das novas megalópoles asiáticas e, em cada uma dessas situações extremas, o registro dos que, mesmo em meio ao caos, mantém acesa a chama da esperança, as crianças.

A exposição fotográfica “Êxodos” foi doada por Lélia Deluiz Wanick Salgado e Sebastião Salgado ao Instituto Terra. Os recursos obtidos com a mostra serão destinados ao trabalho da ONG ambiental que promove a recuperação da Mata Atlântica e do Rio Doce.

Análise Fotografia:
Titulo: Os Pobres Trabalhadores da Terra
Autor: Sebastião Salgado


Essa fotografia de Sebastião Salgado nos remete a realidade dos trabalhadores rurais, escravos, trabalhos que tiveram uma vida difícil com poucas oportunidades, mostrando os pés machucados, judiados mostrando quem trabalhou sem apoio e proteção, sem condições básicas para um ser vivo. Remete também a construção de um açude para a retenção das águas da chuva durante a seca de 1982 no Ceará em 1982.

Titulo: A migração rural para as grandes cidades
Autor: Sebastião Salgado

Migração rural para as grandes cidades
A fotografia acima nos mostra a falta de condições de vida rural onde a vida agrária, rígida, feudal exclui a possibilidade de quem vive no sertão ter um pedaço de terra para sua própria sobrevivência. O desmatamento agrava as condições de seca e desertificação do nordeste. Esses fatores levam as famílias irem buscar qualidade de vida nas cidade e é isso que esta representado na foto a migração das famílias os êxodo rural.


Sobre o Instituto Terra

ONG ambiental fundada por Lélia Deluiz Wanick Salgado e Sebastião Salgado em 1998, no município de Aimorés-MG, o Instituto Terra atua na recuperação da Mata Atlântica, na proteção de nascentes, na educação ambiental e pesquisa científica aplicada, bem como na promoção do desenvolvimento sustentável do Vale do Rio Doce. Toda a renda obtida com a exposição será direcionada aos projetos desenvolvidos pelo Instituto Terra e como apoio na sua manutenção.  A experiência bem-sucedida de recuperação ambiental promovida na sede do Instituto Terra, na RPPN Fazenda Bulcão, está sendo replicada em municípios do Espírito Santo e Minas Gerais e já soma mais de 7,5 mil hectares de áreas degradadas de Mata Atlântica em processo de recuperação na região.

Sobre o museu

O MUSEU INIMÁ DE PAULA, inaugurado em 2008 reúne em Belo Horizonte um acervo permanente dedicado ao pintor Inimá, traçando um panorama completo de sua vida e obra. São  expostas cerca de 80 obras do artista em constante rodízio, acompanhadas da remontagem de seu Atelier, Sala de Autorretratos e Galeria Virtual.

O espaço tem como objetivo não somente servir à divulgação da vida e obra do artista, mas também o de abrigar eventos culturais em geral, caracterizando-se com um local aberto a exposições de artistas, seminários, cursos, workshops e outros eventos afins. São mais de 3 mil metros quadrados totalmente restaurados e remodelados com tecnologia de ponta em segurança, iluminação, e recursos visuais únicos, que torna o Museu Inimá de Paula um pólo emissor cultural ativo e dinâmico.

SERVIÇO
ÊXODOS – SEBASTIÃO SALGADO
Data: 29 de agosto a 16 de novembro
Local:Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1201 – Centro).
Horários:terça, quarta, sexta e sábado: 10h às 19h
Quinta: 12h às 20h30
Domingo: 12h às 18h30
Informações:(31) 3213-4320(31) 3213-4320
ENTRADA GRATUITA.

sábado, 30 de agosto de 2014

Jânio, Collor e o fenômeno Marina

¨Não se trata de uma comparação entre pessoas e suas trajetórias de vida, mas entre fenômenos políticos.
Jânio, Collor e Marina têm um ponto em comum: lançaram-se candidatos com discursos contra a "velha política", à margem dos grandes partidos, prometendo nas campanhas criar um "novo Brasil" e uma "nova política", baseados unicamente em suas vontades e carismas, como se isso fosse possível. Pelos exemplos do passado, sabemos que isso não dá muito certo.
Os três lançaram candidaturas mais simbólicas do que reais: Jânio era o "homem da vassoura" e Collor o "caçador de marajás", ambos tendo como bandeira o combate à corrupção, a bordo do velho mantra udenista, moralista e hipócrita. Na mesma linha, Marina também aparece como a candidata "contra tudo isto que está aí", a bordo das manifestações de protesto de junho de 2013
Bancados todos pela grana gorda do empresariado paulista, sempre em busca de um candidato viável que atenda aos seus interesses.¨
 
 
 
 
Por Ricardo Kostcho, no blog Balaio do Kotscho:

Advertência necessária: quero deixar bem claro, antes de começar a escrever este texto, no qual venho pensando desde que Marina Silva explodiu como candidata favorita a presidente da República, após a tragédia aérea que matou Eduardo Campos, para que ninguém entenda errado o título: não se trata de uma comparação entre pessoas e suas trajetórias de vida, mas entre fenômenos políticos.

Nos últimos dias, apareceram muitos comentários na mídia comparando Marina a Lula, ambos com origens bem humildes e histórias de vida comoventes, que acabaram construindo seus próprios caminhos, os dois fundadores do PT e vitoriosos em suas caminhadas. Por diferentes caminhos, eles agora se encontram frente a frente em mais uma disputa pela Presidência da República do Brasil, e há quem chame Marina de "Lula de saias", a mulher que desafia Dilma Rousseff, candidata de Lula.

A única vantagem de ficar velho, trabalhando no mesmo ofício, é ser testemunha de tantas histórias acontecidas ao longo deste enredo político dos últimos 50 anos. Conheci e convivi com os quatro personagens citados no título deste artigo e tenho condições de escrever sobre as coincidências e as diferenças entre eles.

Chamar Marina de "Lula de saias" é um grande equívoco. O professor mato-grossense Jânio Quadros, o playboy alagoano Fernando Collor, o metalúrgico pernambucano Lula, criado no ABC paulista, e a ambientalista acreana Marina da Silva chegaram onde chegaram por caminhos muito diferentes.

Embora os quatro sejam um retrato da diversidade social brasileira, com algumas semelhanças no surgimento do fenômeno político, há enormes abismos entre as motivações e os apoiadores das suas candidaturas. Jânio, Collor e Marina têm um ponto em comum: lançaram-se candidatos com discursos contra a "velha política", à margem dos grandes partidos, prometendo nas campanhas criar um "novo Brasil" e uma "nova política", baseados unicamente em suas vontades e carismas, como se isso fosse possível. Pelos exemplos do passado, sabemos que isso não dá muito certo.

Os três lançaram candidaturas mais simbólicas do que reais: Jânio era o "homem da vassoura" e Collor o "caçador de marajás", ambos tendo como bandeira o combate à corrupção, a bordo do velho mantra udenista, moralista e hipócrita. Na mesma linha, Marina também aparece como a candidata "contra tudo isto que está aí", a bordo das manifestações de protesto de junho de 2013, candidata provisoriamente abrigada no PSB, partido do falecido Eduardo Campos que, até meados do ano passado, estava na base aliada do governo petista.

Ao contrário destes três fenômenos eleitorais anteriores, bancados todos pela grana gorda do empresariado paulista, sempre em busca de um candidato viável que atenda aos seus interesses, Lula só foi eleito presidente da República em 2002, depois de três campanhas presidenciais fracassadas, e da longa construção de um amplo apoio na sociedade civil, que começou pelos sindicatos, passou pelos meios acadêmicos e culturais, e conquistou a juventude, combatendo justamente estes grandes barões paulistas aboletados na Fiesp e na Febraban, que financiaram Jânio, Collor e, agora, Marina, para evitar que seus inimigos de classe chegassem ao poder central.

Não tenhamos ilusões neste momento: é exatamente isto que está em jogo, não as personalidades de Marina e Dilma, os seus defeitos e virtudes pessoais, que são subjetivos. O mais importante é saber quem está de que lado, quais os interesses de classe que estão em disputa, quem apoia quem e por qual motivo.

Eu nunca escondi de que lado estou: diante deste quadro, apoio Dilma Rousseff, com certeza.
 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Entidades esperam conseguir 10 milhões de assinaturas para plebiscito da reforma política

De 1º a 7

Organizações ajustam logística e mobilização para plebiscito da reforma política

Expectativa de 400 entidades é de conseguir aproximadamente 10 milhões de votos na consulta em apoio à mudança no atual sistema político-eleitoral. Resultados serão levados ao Congresso e ao STF
                         
                                        
Por Hylda Cavalcanti, da Rede Brasil Atual
Pedro Ladeira/Folhapress
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Movimentos consideram que principal reivindicação das manifestações de junho segue em aberto
Brasília –

Aproximadamente 400 entidades da sociedade civil organizada de todo o país preparam, para o período entre a próxima segunda-feira (1º) e sexta-feira (7), a chamada Semana Nacional de Luta pela Reforma Política Democrática, que terá atos públicos e a coleta de votos e assinaturas para o plebiscito popular – no qual o povo dirá se quer ou não mudanças no sistema político brasileiro. As ações também serão feitas pela internet, de forma a contar com a adesão de pessoas que não possam participar das votações nos lugares especialmente montados para este fim.

Dentre os temas a serem abordados estão a discussão sobre financiamento de campanhas, mudanças no sistema eleitoral, maior participação social nas políticas públicas do país, o fortalecimento dos mecanismos de democracia direta e maior representatividade de grupos considerados subrepresentados no sistema político e nos espaços de poder – tais como mulheres, negros e indígenas, entre outros.

Para definir as principais diretrizes das ações conjuntas que invadirão o Brasil a partir de segunda-feira, representantes de várias destas entidades, dentre as quais Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) divulgaram esta tarde, em Brasília, o plano de trabalho da mobilização.

Na prática, o plebiscito consultará os brasileiros sobre a convocação de uma assembleia nacional constituinte para fazer a reforma política. Ao todo, conforme os organizadores desse movimento, já estão organizados em mais de cem municípios 1.500 comitês, com estrutura preparada para ouvir a população por meio da disposição de urnas e cédulas. A expectativa é de que sejam recolhidos aproximadamente 10 milhões de votos. Além disso, a votação via internet será colocada à disposição pelo site do movimento, organizado com um sistema que impedirá que uma mesma pessoa vote mais de uma vez.

Coleta de assinaturas

Em paralelo a esse trabalho, as entidades envolvidas na ação farão a continuidade da coleta de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular pela reforma política, que está sendo realizada pelo Movimento pelas Eleições Limpas desde o ano passado. É necessário 1,5 milhão de assinaturas para que a matéria seja encaminhada ao Congresso Nacional e possa, finalmente, ter iniciada sua tramitação (sendo que, deste número, mais de 400 mil já foram recolhidas).

O projeto está sendo estruturado dentro do mesmo modelo que resultou na chamada Lei da Ficha Limpa. Estabelece, em seu teor, que o financiamento das campanhas passe a ser exclusivamente público ou feito por doações de pessoas físicas, que as eleições passem a ser proporcionais e realizadas em dois turnos, e que haja paridade de gênero nas listas de candidatos. Também propõe o fortalecimento de mecanismos de participação popular direta, como plebiscitos e referendos no país.
“São duas frentes de trabalho a serem deflagradas: a primeira, o plebiscito em si para a realização da constituinte. O segundo, a coleta de assinaturas para o projeto de iniciativa popular pela reforma política. Ambos têm o mesmo objetivo. Temos consciência de que, se não pressionarmos, o Congresso Nacional não fará essa reforma. É vantajoso para os parlamentares o atual sistema, onde impera o poder econômico despejando rios de dinheiro nas campanhas a cada ano eleitoral”, disse o advogado Fábio Mesquita, da OAB.

‘Mais participação’

O secretário-adjunto de Relações do Trabalho da CUT, Pedro Armengol, chamou a atenção para a influência do poder econômico no processo eleitoral, o que segundo ele prejudica candidaturas populares. Armengol destacou que a central apoia a realização de reformas como a tributária e a do sistema de comunicação, mas para que tais reformas aconteçam é fundamental que, antes, o Brasil passe pela reforma política. “Sem a reforma política, não tem como as outras avançarem”, frisou.
Para o bispo Dom Joaquim Mol, que representa a CNBB, a semana de atividades é importante para marcar a ampliação do movimento e o aprofundamento da democracia no país. O religioso destaca a importância a ser dada pela busca por maior espaço entre os grupos tidos como subrepresentados. Citou como exemplo o fato de as mulheres, atualmente, terem menos de 10% de assentos no Legislativo brasileiro como um todo. “Nós queremos participar mais. Queremos que o povo ajude a tomar as principais decisões no nosso país”, disse.

Um dos coordenadores da campanha pelo plebiscito popular, o advogado Ricardo Gebrim lembrou ainda que a iniciativa foi sugerida em junho do ano passado pela presidenta Dilma Rousseff ao Congresso Nacional, logo após as manifestações populares, e depois deixada na gaveta por deputados e senadores, encabeçados pelo PMDB, que controla as duas casas e a vice-presidência da República. De acordo com Gebrim, a reforma política é o principal ponto reivindicado pela população nos atos de junho. No entanto, foi um dos poucos temas a não ter tido andamento – apesar de toda a discussão observada nos últimos meses.

O secretário-geral da OAB, Cláudio Pereira, aproveitou para falar sobre o desequilíbrio existente no sistema eleitoral. Pereira enfatizou que as distorções são “incompatíveis com os anseios do nosso povo”. Conforme acrescentou, 95% das doações para campanhas eleitorais saem de empresas da iniciativa privada. Além disso, apenas 7% dos deputados federais são eleitos com os próprios votos, os demais 93% são eleitos mediante votos puxados das coligações às quais pertencem. “Precisamos de um sistema mais transparente, que permita ao eleitor ser, de fato e de forma efetiva, o senhor da sua decisão”, colocou.

O trabalhador rural Valdir Misnerovicz, que participou da coletiva representando o MST, foi outro a destacar a importância da mobilização. Ele salientou que, se não houver qualquer mudança que leve a uma reforma política no país, “também não serão observados avanços em conquistas para os principais problemas da sociedade”.

Os resultados do plebiscito serão apresentados, ao final dos trabalhos, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Foi divulgado que todas as informações sobre a semana nacional que começa segunda-feira, assim como os locais dos comitês localizados mais próximos de cada cidadão. serão oferecidos no mesmo site em que as pessoas também poderão fazer suas votações.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

O Brasil espremido entre dentaduras e dentadas


O SUS, através do Programa Brasil Sorridente, oferece o serviço de próteses para a população.



O Brasil espremido entre
dentaduras e dentadas
Saul Leblon
Editorial: Carta Maior
O Brasil espremido entre dentaduras e dentadas

A dentadura que devolveu o sorriso à boca de uma sertaneja pobre de Paulo Afonso, na Bahia, foi transformada pela mídia isenta em um escândalo eleitoral.

As escolhas que ela envolve são mais sérias do que esse factoide.

Oito incisivos, 4 caninos e 20 molares de resina da sertaneja Nalvinha receberam da mídia um tratamento equivalente ao dispensado ao aeroporto de R$ 14 milhões que Aécio construiu com dinheiro público na fazenda do tio Múcio.

Mereceram a mesma gravidade atribuída ao misterioso jatinho Cessna, de R$ 24 milhões, cuja queda matou Eduardo Campos e abriu uma cratera de dúvidas quanto à origem, a legalidade e os interesses que embalam a candidatura do PSB.

Não importa que os trinta e dois dentes novos façam parte de um amplo programa federal lançado em março de 2004, destinado a devolver o sorriso a milhões de brasileiros cujo único vínculo com a saúde bucal era o velho boticão.

Não é uma miragem.

Ao completar uma década, o ‘Brasil Sorridente’ já entregou quase 500 mil próteses dentárias parecidas com a de Nalvinha. Estendeu o direito a tratamento dentário a 79,6 milhões de adultos e crianças em 4.971 municípios brasileiros.

A julgar pelo martelete midiático, tudo não passa de uma fraude.

A tola e/ou ingênua decisão de providenciar a prótese da sertaneja Nalvinha na véspera da visita da Presidenta Dilma a sua casa, também equipada de cisternas –o governo federal já financiou 481 mil delas em 1.426 municípios do semiárido nordestino e liberou R$ 1 bilhão este ano para chegar a 750 mil até dezembro— alimentou o banzeiro.

Foi o suficiente para que o maior programa de saúde bucal do mundo evaporasse na conveniência da narrativa conservadora.

O episódio seria só mais um embate em torno de um programa social, não fosse tão representativo da imensa dificuldade que é mover a fronteira da inclusão social no Brasil à margem do Estado e das políticas públicas.

Entre outras coisas, a polêmica da ‘dentadura eleitoral’ sonegou ao eleitor alguns paradoxos de uma matriz conhecida.

Por exemplo, o fato de o Brasil ser o país com o maior número de dentistas do mundo.

Tem-se aqui quase 20% dos profissionais de odontologia do planeta.

São cerca de 250 mil dentistas de um total pouco superior a um milhão no mundo; um contingente que mesmo em termos relativos impressiona. Com população superior a nossa, os EUA, por exemplo, dispõem de pouco mais que 170 mil dentistas; a Alemanha tem 70 mil deles; França, México e Argentina contam com 40 mil cada.

A dianteira pelo jeito veio para ficar.

A Associação Brasileira de Odontologia (ABO) informa que quase 15 mil novos dentistas chegam ao mercado brasileiro a cada ano, formados pelas 203 faculdades de odontologia existentes no país.

O segundo paradoxo: esse superlativo arsenal está longe de se refletir no sorriso de boa parte da população que não tem acesso ao cuidado odontológico.

Até entrar em campo o ‘Brasil Sorridente’, um contingente da ordem de 30 milhões de brasileiros nunca havia sentado em uma cadeira de dentista.

A razão é a mesma que levou o governo a importar mais de 14 mil médicos cubanos para levar assistência a 50 milhões de brasileiros pobres, através do ‘Mais Médicos’.

A mesma que gerou o Bolsa Família. A mesma que levou à criação do Prouni. A mesma que promoveu a instituição de cotas na universidade. A mesma que impulsionou o crédito subsidiado à agricultura familiar. A mesma que leva o BNDES a carrear recursos do Tesouro para áreas do interesse estratégico do país. A mesma que fez o governo Lula instituir uma regulação soberana para o pré-sal. A mesma que encorajou a Petrobrás a impor um índice de nacionalização de 60% nas encomendas de serviços e equipamentos necessários à exploração.

A razão é que o capitalismo deixado à própria sorte é incapaz de construir uma sociedade. E menos ainda uma democracia social como a que se pretende no Brasil.

O sorriso devolvido à sertaneja Nalvinha não é fruto das forças de mercado.

Ele só ressurgiu no rosto da sertaneja de Paulo Afonso porque os governos Lula e Dilma tomaram a decisão política de resgatá-lo investindo R$ 10 bilhões no ‘Brasil Sorridente’.

Vem daí a pergunta incomoda, abafada pela pauta dos operadores e herdeiros da alta finança.

Se nem mesmo uma dentadura chega à boca do brasileiro pobre, sem a ação do Estado, como conceber que um novo ciclo de desenvolvimento associado à justiça social possa florescer por força da lógica estrita da ‘racionalidade dos mercados’?

Aquela que inclui entre os seus preceitos a ideia de que a moeda de uma nação deve ser entregue à administração de um banco central independente do governo e da democracia.

A diretriz anunciada tanto pelo operador tucano Armínio Fraga, quanto pela coordenadora do programa do Partido Socialista, Neca do Itaú, vende como ciência aquilo que é a essência da dominação financeira no capitalismo: o manejo dos juros na economia.

Trata-se de ‘proteger’ as decisões monetárias das pressões originárias do mundo político, alega-se.

Por mundo político entenda-se o conflito de classes, ilegítimo aos olhos de quem enxerga a política como excrescência e o seu interesse como uma segunda natureza, e não parte de uma correlação de forças que disputa o destino da economia e o da sociedade.

A repartição do ônus gerado pela maior crise do capitalismo dos últimos 80 anos demonstra a pouca aderência dessa visão à realidade.

Seis anos após o colapso de 2008, a lucratividade dos bancos norte-americanos registrou lucros recordes nesse segundo trimestre.

Em contrapartida, a subutilização da força de trabalho –indicador que soma emprego parcial e desistência de buscar vaga- atinge assustadores 13%.

Na maior economia capitalista da terra, metade das vagas criadas no pós-crise é de tempo parcial, com salários depreciados.

Não é um aquecimento de motores. É o padrão de uma economia desossada em seus esteios produtivos , por obra da desregulação financeira promovida pelo ciclo neoliberal, a partir de Reagan.

É esse subenredo de uma recuperação tíbia que leva a criteriosa presidente do BC de lá, Janet Yellen, a resistir às pressões dos interesses rentistas para elevar as taxas de juros do mercado.

Pressões políticas, como se vê, partem muitas vezes de onde menos esperam os defensores da independência do BC por essas bandas.

Um dos maiores gargalos do Brasil nesse momento é justamente a ausência de espaço para a discussão madura dessas interações entre política e economia, entre opções, custos, concessões, salvaguardas e requisitos à ordenação de um novo ciclo de crescimento, que só virá por força de uma repactuação democrática da sociedade.

A eleição deveria servir para isso.

Mas enquanto a dentadura da boca sertaneja é tratada como escândalo, a dentada rentista subjacente ao BC independente desfruta do privilégio de pauta ‘séria’.

Sob a pressão desse maxilar ideológico o passo seguinte do desenvolvimento brasileiro gira em círculos que sonegam futuro ao país e esclarecimento à sociedade.

Não é uma combinação promissora. E a história já evidenciou isso algumas vezes. A ver.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Há dois projetos em jogo nestas eleições




O editor de cultura do Jornal Estado de Minas, João Paulo, em sua coluna ¨Olhar¨, no caderno ¨Pensar¨ afirmou que nestas eleições estão em jogo dois projetos e que ¨a comparação entre os dois projetos em jogo deve ser feita ainda com o senso histórico de um país que se acostumou covardemente com a desigualdade. O povo brasileiro começa a ficar visível, o que incomoda quem sempre gostou de área VIP e casa-grande.
A quem incomoda o aeroporto cheio, o povo no shopping, médicos cubanos atendendo 50 milhões de pessoas que nunca tiveram cuidados de saúde e os jovens pobres na universidade?


Alternância ou alternativa
Por João Paulo
Coluna ¨Olhar¨ - caderno Pensar - Estado de Minas
 
Há uma falácia em curso na campanha eleitoral que agora se tornou oficial : a ideia que a alternância de poder é um dos fundamentos da democracia. Ela aponta a possibilidade de que um projeto que perde o respaldo e a confiança popular seja substituído por outro capaz de convencer com melhores propósitos. Por trás da ideia de alternância, há uma crença saudável no poder da razão.
 
No entanto, o que se vê em debate hoje é a destituição do sentido da verdade em nome dos interesses particulares. Independentemente de argumentos, mudar se torna um valor. Em outras palavras, a alternância é a alternativa. O risco de tal postura é criar um jogo antidemocrático, como se o governo fosse a encarnação do Estado e, com isso, este precisasse ser desmontado a cada período. Nos parâmetros convencionais da democracia moderna, a máquina toca os projetos definidos pela sociedade.
 
Há dois projetos em jogo. E que precisam ser compreendidos em suas distinções e, algumas vezes, sutilizas. O caso das políticas sociais é um bom exemplo. Para o atual governo, trata-se de uma política que visa ao mesmo tempo diminuir a pobreza e diminuir renda. A oposição, mesmo quando defende as práticas compensatórias, concentra-se na ideia de focalização nos pobres. No primeiro caso, há a universalização de direitos de cidadania; no segundo, mero distributivismo.
 
A mesma lógica pode ser utilizada para o caso do trabalho e dos salários. Para os defensores do modelo desenvolvimentista, o aumento do salário mínimo e garantia das condições de trabalho são o núcleo da política. Para os cultores do liberalismo, o aumento do salário expande os ganhos do trabalho contra os interesses do rentismo, e a flexibilização das relações trabalhistas é uma garantia a mais para os empregadores e empresários. No primeiro caso, a ideia é transferir renda e aumentar os empregos; no segundo, o controle das relações trabalhistas e a valorização do setor financeiro.
 
Seguindo este método, é possível analisar ponto a ponto as propostas que estão em disputa no cenário eleitoral. É claro que nenhum candidato, mesmo ancorado em teorias econômicas consensuais em grande parte dos analistas da imprensa e do mercado, vai defender o aumento de juros da dívida pública, a garantia de superávit primário em desfavor das políticas sociais, a redução dos salários e benefícios, o corte de direitos trabalhistas e o arrocho salarial. Por isso o discurso da alternância precisa ser visto como ele é: a contraposição a um determinado estado de coisas.
 
E que coisas são essas? Os dois governos Lula e o primeiro mandato de Dilma Rousseff estabeleceram uma base de resultados que podem ser contestados (como não sendo os melhores ou mais eficazes), mas não podem ser negados (sob o risco de perda de terreno democrático de debate a partir de fatos). Em curtas palavras: o Brasil melhorou. A renda foi distribuída, a pobreza diminuiu, as políticas sociais criaram um novo patamar de qualidade de vida para milhões de pessoas, parcela significativa da população foi incluída no consumo, o mercado de massas foi incentivado, o país atravessou crises sem desemprego, o salário melhorou e a inflação - com todos os alarmes - está sob controle.
 
MAL ESTAR
 
Por que, então, há uma sensação tão forte de que tudo vai mal? Em primeiro lugar, pelo simples fato de que tem gente perdendo. Deixada ao sabor do vento, a economia do capitalismo clássico tende a concentrar renda e aumentar a desigualdade. Essa situação parecia completamente afastada desde que as mais rica nações do mundo passaram a intervir na economia para garantir o mínimo de qualidade de vida de toda a população. Foi a hera do chamado Estado de bem-estar social, sepultado pela recrudescência do ultraliberalismo em defesa do Estado mínimo. O chamado neoliberalismo devolveu a ausência de escrúpulos à humanidade.
 
Por isso, toda política que avança contra o ganho do capital vai sofrer oposição determinada dos think tanks liberais e de seus sucedâneos na imprensa. A forma como a opinião pública brasileira vem sendo informada sobre economia chega a ser patética: há uma valorização moral da competição, exatamente o único terreno no qual o mais ferrenho liberal sempre defendeu a ação do Estado. A noção de meritocracia deixou o terreno contido das organizações para ser um valor em si numa sociedade marcada pelas desigualdades. Em outras palavras, há um disfarçado apetite da reação em gerar confronto social e, mais ainda, exclusão.
 
Como afirma Thomas Piketty no pouco lido e muito citado O capital no século XXI: "a experiência histórica indica que desigualdades de fortuna tão desmesuradas não tem grande coisa a ver com o espírito empreendedor e não tem nenhuma utilidade para o crescimento". Este é o ponto: como crescer e para quem.
 
Outra contradição que emerge nesse terreno tem sido a demonização de todos os defensores do controle do crescimento, sejam eles de natureza ecológica ou política. Tudo que de alguma forma se opõe ao crescimento dos ganhos econômicos é visto como entrave ao desenvolvimento, quando muitas vezes são exatamente expressão de desenvolvimento humano. É o caso da sustentabilidade ambiental, das propostas de contenção do agronegócio em favor de modelos de distribuição de terras e diversificação da produção, de cuidado na forma de desenvolver a matriz energética e até na defesa de interesses dos povos indígenas.
 
Outro foco de insatisfação se localiza na praga da corrupção, que precisa ser combatida sem tréguas, com rígidos instrumentos públicos e mudança na cultura patrimonialista brasileira, que permitiu por séculos que a coisa pública fosse tomada como bem pessoal ou a seu interesse.
 
A comparação entre os dois projetos em jogo deve ser feito ainda com senso histórico de um país que se acostumou covardemente com a desigualdade. O povo brasileiro começa a ficar visível, o que incomoda quem sempre gostou de área VIP e casa-grande.
 
A quem incomoda aeroporto cheio, o povo no shopping, médico cubanos atendendo 50 milhões de pessoas que nunca tiveram cuidados de saúde e os jovens pobres na universidade? Possivelmente a sombra de uma meritocracia real que se avizinha e que vai tirar o lugar natural de muito play boy descansado.
 
Essa alternância, a perspectiva da igualdade real, está demorando até demais.



domingo, 24 de agosto de 2014

¨O Rádio Faz História¨ : como o rádio noticiou o suícídio de Getúlio Vargas?

O programa 'Todas as Vozes' é transmitido de segunda a sexta, das 7h05 às 10h, na MEC AM, 800Khz do Rio de Janeiro, nos celulares e na Internet. A apresentação é do conselheiro editorial do Portal Comunique-se e coordenador da UNIRR, Marco Aurélio. O programa, no quadro ¨ O Rádio faz História¨,  mostrou como foi apresentada a notícia da morte do presidente da República, em 24 de agosto de 1954.


COMO O RÁDIO NOTICIOU O SUICÍDIO DE GETÚLIO VARGAS

O programa Todas as Vozes, no quadro 'O rádio faz história', mostrou como foi apresentada a notícia da morte do presidente da república, em 24 de agosto de 1954, nas locuções, em edição ex...traordinária, de Heron Domingues (Repórter Esso, Rádio Nacional), Leo Batista (O Globo no Ar, Rádio Globo) e Sergio Caringi (Emissora Continental).

O programa Todas as Vozes é transmitido de segunda a sexta, das 7h05m às 10h, na MEC AM, 800Khz, nos celulares e na Internet.

Ouça aqui o áudio do quadro sobre a cobertura do suicídio de Vargas:
 

 


60 ANOS DO SUICÍDIO DE VARGAS: "VI OS CABELOS BRANCOS DE MUITOS DIRETORES DA RÁDIO NACIONAL E NÃO TIVE CORAGEM DE DAR A NOTÍCIA PRA ELES", ADMITIU O LOCUTOR DO REPÓRTER ESSO

Às 8 horas de 24 de agosto de 1954, Heron Domingues leu a edição ...normal do Repórter Esso. Trinta minutos depois, recebeu um telefonema do diretor da Rádio Nacional, Victor Costa, que estava no Palácio do Catete. Victor, com voz "totalmente alterada", segundo Heron, contava que o presidente Getúlio Vargas acabara de cometer suicídio.

"Fiquei perplexo. Em seguida, entrei na sala dos diretores da emissora, mas não tive coragem de dar a notícia para eles, pois me dei conta de que muitos eram idosos e podiam não resistir ao impacto de algo tão bombástico", contou Domingues, falecido em 1974. O locutor preferiu, então, correr para o microfone e veicular uma edição extraordinária do Repórter Esso.

Confira no quadro 'O rádio faz história' do programa Todas as Vozes, esse relato do principal locutor de notícias do rádio no Brasil nos anos 1940 e 1950 sobre o que aconteceu naquela manhã na sede da Rádio Nacional.

A fonte do áudio é um dos CD's encartados no livro 'Vargas, agosto de 54', da jornalista Ana Baum e estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF), lançado em 2004.

Todas as Vozes vai ao ar de segunda a sexta, das 7h50 às 10h, na MEC AM do Rio de Janeiro, com apresentação do jornalista, radialista e professor Marco Aurélio Carvalho.
 



Às 8 horas de 24 de agosto de 1954, Heron Domingues leu a edição normal do Repórter Esso. Trinta minutos depois,...



60 ANOS DO SUICÍDIO DE VARGAS: COMO REAGIRAM OS RADIOATORES?

Gerdal dos Santos e Osmar Frazão - atualmente apresentadores da Rádio Nacional - contam que os atores e cantores da emissora ficaram arrasados com a morte do presidente Getúlio V...argas. "A apreensão dos artistas foi muito grande", conta Gerdal. "Quando Getúlio morreu, todos daqui choraram, pois foi ele quem impulsionou a Rádio Nacional", afirma Osmar Frazão.

Nesta sexta-feira, 22 de agosto, o quadro 'O rádio faz história' do programa Todas as Vozes, mostra o relato completo dos dois atores e apresentadores sobre o que aconteceu naquela manhã de 24 de agosto de 1954 na sede da emissora. A fonte do áudio é um dos CD's encartados no livro 'Vargas, agosto de 54', da jornalista Ana Baum (organizadora) e estudantes da Universidade Federal Fluminense. O livro foi lançado em 2004.



 Todas as Vozes vai ao ar de segunda a sexta, das 7h50m às 10h, na MEC AM do Rio de Janeiro, com apresentação do jornalista, radialista e professor Marco Aurélio Carvalho.

  
 



 

sábado, 23 de agosto de 2014

Entrevistas com Lira Neto, o biógrafo de Getúlio Vargas


GETÚLIO, UMA BIOGRAFIA, POR LIRA NETO


O MAIS CONTROVERTIDO PERSONAGEM DA HISTÓRIA POLÍTICA BRASILEIRA, EM TRÊS VOLUMES 


BANCADA DO " ESPAÇO PÚBLICO " DEBATE BIOGRAFIA DE GETÚLIO
Para assistir ao programa na íntegra, clique aqui.

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LIRA NETO ENTREVISTADO POR KENNEDY ALENCAR

Autor da biografia “Getúlio” fala sobre o legado do ex-presidente e traça analogias entre a polarização da época e o cenário político contemporâneo  









sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Programa Ciência sem Fronteiras abre inscrições para 21 países





Lançado em 2011, o programa tem como meta a concessão de 101 mil bolsas
Lançado em 2011, o programa tem como meta a concessão de 101 mil bolsas

Programa Ciência sem Fronteiras está com inscrições abertas para graduação-sanduíche. Segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), os candidatos podem escolher entre 21 países: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, China, Coréia do Sul, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Japão, Noruega, Nova Zelândia, Polônia, Reino Unido e Suécia.

As inscrições podem ser feitas até 30 de setembro, na página do programa na Internet. Para concorrer é preciso ter nota global no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) igual ou superior a 600 pontos, em exames feitos a partir de 2009, apresentar teste de proficiência no idioma aceito pela instituição de destino e ter concluído no mínimo 20% e no máximo 90% do currículo previsto para o curso no momento do início previsto da viagem de estudos.

Além disso, é necessária a homologação da inscrição pela instituição de educação superior de origem. O candidato precisa estar cursando uma das áreas contempladas pelo programa: ciências exatas, matemática, química e biologia, engenharias, áreas tecnológicas e da saúde.
Os estudantes selecionados recebem uma mensalidade na moeda local, auxílio-instalação, seguro-saúde, auxílio-deslocamento para aquisição de passagens aéreas e auxílio-material didático para compra de computadores portáteis ou tablets.

O que é o Programa Ciência sem Fronteiras (CsF)

Ciência sem FronteirasO Programa Ciência sem Fronteiras é uma iniciativa conjunta entre o Ministério da Educação (MEC) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) através de suas instituições de fomento, o CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa) e Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e das Secretarias de Ensino Superior e Tecnológico do MEC. Esse programa estimula o intercâmbio de conhecimento, permitindo a ida de brasileiros a outros países para estudar nos mais renomados centros de pesquisa de todo o globo.
O investimento nesses jovens estudantes é também um investimento no futuro do Brasil, visto que o Programa busca expandir e internacionalizar a ciência e a tecnologia do país. A inovação e a competitividade do mercado nacional avançarão em conjunto com a maior profissionalização dos nossos alunos.

Quais são os objetivos do Ciência sem Fronteiras?

O principal objetivo é permitir a mobilidade de estudantes brasileiros para os países conveniados ao projeto, oferecendo bolsas para alunos de graduação e doutorado e interessados em fazer doutorado que queiram aperfeiçoar seus conhecimentos no exterior.
Milhares de bolsas serão disponibilizadas e utilizadas para incentivar o intercâmbio de estudantes de graduação e pós-graduação no exterior e também para incentivar que esses jovens estagiem, trazendo novas e agregadoras experiências para o mercado profissional brasileiro.

Quais são as metas do Programa Ciência sem Fronteiras?

O CsF pretende fazer com que os alunos brasileiros tenham contato e adquiram conhecimento científico em suas áreas de atuação, tendo a oportunidade de frequentar instituições internacionais conceituadas. Simultaneamente, popõe-se abrir portas para pesquisadores estrangeiros que queiram se aperfeiçoar em unidades de ensino nacionais. O resultado disso deve ser um importante passo na ciência e tecnologia, oferecendo inovação e competitividade, ampliando os horizontes de estudantes brasileiros e atraindo jovens qualificados para o país.

Quais são as áreas contempladas no Ciência sem Fronteiras?

As áreas contempladas no programa são:
- Engenharias;
- Biologia;
- Ciências biomédicas e da Saúde;
- Ciências Exatas e da Terra;
- Ciências da Computação e Tecnologias da Informação;
- Tecnologia Aeroespacial;
- Biotecnologia;
- Nanotecnologia;
- Fármacos;
- Produção Agrícola Sustentável;
- Energias renováveis, Petróleo, Gás e Carvão Mineral;
- Tecnologia Mineral;
- Tecnologias de Prevenção e Mitigação de Desastres Naturais;
- Biodiversidade e Bioprospecção;
- Ciências do Mar;
- Indústria Criativa, focada em produtos e processos para desenvolvimento tecnológico e inovação;
- Novas Tecnologias de Engenharia Construtiva;
- Formação de Tecnólogos.


Quais são as modalidades do Programa?
No exterior, as modalidades disponíveis de bolsa são para graduação, formação tecnológica, desenvolvimento tecnológico, doutorado sanduíche, doutorado pleno e pós doutorado. Para o Brasil, estão disponíveis a Atração de Cientistas para o Brasil, Pesquisador Visitante Especial e Bolsa Jovens Talentos.
Através de uma inscrição online e do preenchimento de alguns pré-requisitos, o estudante será avaliado e encaminhado para o processo de matrícula das Universidades do grupo ATN (Australian Technology Network of Universities), que reúne cinco universidades australianas que estão entre as melhores do país.

O que é preciso para participar?

Para participar do programa o estudante deve estar devidamente matriculado em um curso de graduação no Brasil nas áreas específicas de Biologia, Tecnologia, Engenharia, Ciências Biomédicas ou Saúde.
O candidato também deverá apresentar um bom desempenho acadêmico e ter o nível de inglês avançado (o que deve ser comprovado através exames de proficiência).

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Papa Francisco derruba veto à beatificação de Dom Óscar Romero





Papa suspende proibição à beatificação de bispo salvadorenho

Da BBC                                
                   
Igreja Católica bloqueou processo por temor de que Óscar Romero tivesse ideias marxistas.

O Papa Francisco suspendeu nesta segunda-feira (18) a proibição que vigorava contra a beatificação do arcebispo salvadorenho Óscar Romero (1917-1980).

Durante anos, a Igreja Católica bloqueou o processo por temor de que Romero tivesse ideias marxistas.

Crítico aberto do regime militar durante a sangrenta guerra civil de El Salvador, o arcebispo foi assassinado enquanto celebrava uma missa em 1980. Ele tinha 62 anos.

Na Igreja Católica, a beatificação – cerimônia na qual o papa declara digna de veneração alguma pessoa falecida - é o passo anterior à santificação.

Romero era um dos principais advogados da chamada \"Teologia da Libertação\" – uma interpretação da fé cristã por meio da perspectiva dos mais pobres.

Esquadrões de morte

O Papa Francisco afirmou esperar uma mudança no processo de beatificação. \"Para mim, Romero é um homem de Deus\", afirmou o pontífice a jornalistas dentro do avião que o trazia de volta a Roma de uma viagem à Coreia do Sul.

\"Não há nenhum problema doutrinal e isso (a beatificação) deve ser feito rapidamente\", acrescentou Francisco.

Então arcebispo da capital San Salvador, Romero denunciou a formação de esquadrões de morte de direita no país e a opressão contra os pobres. Em seus discursos, o religioso costumava pedir o fim de toda \"violência política\".

Cerca de 75 mil pessoas foram mortas durante a guerra civil de El Salvador, que começou em 1980 e terminou em 1992 com um acordo de paz mediado pelas Nações Unidas.

Romero foi assassinado no dia 24 de março de 1980, após terminar uma missa na capital do país, San Salvador. Até hoje, ninguém foi preso pelo crime.

Em 2010, o então presidente de El Salvador, Mauricio Funes, o primeiro líder de esquerda a ser eleito desde o fim da guerra civil, emitiu um pedido de desculpas oficial pela morte do arcebispo. \"Estou buscando um perdão em nome do Estado\", afirmou Funes ao revelar um painel em homenagem a Romero no aeroporto internacional do país.

O arcebispo, acrescentou o então presidente salvadorenho, foi uma vítima do que chamou de esquadrões de morte de direita \"que, infelizmente, agiram sob a proteção, colaboração ou participação de agentes estatais\".