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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Faleceu J. B. Libanio, que dedicou a vida por uma teologia do diálogo com a Igreja e com o mundo



Morreu na manhã desta quinta-feira o padre João Batista Libanio, vigário da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Vespasiano, na Grande BH. O jesuíta de 81 anos estava em Curitiba (PR) e sofreu um infarto. Reconhecido mundialmente por seu profundo conhecimento na área teológica e sua ação pastoral junto aos mais simples.

João Batista Libanio também é conhecido como Teólogo da Libertação, sendo considerado um dos fundadores da linha teólogica da opção preferencial pelos pobres.

O religioso era licenciado em Teologia em Frankfurt (Alemanha) e doutor pela Universidade Gregoriana (Roma).
Libanio publicou mais de 125 livros, dos quais 36 de autoria exclusiva e os demais em colaboração com outros autores.

No ano passado, João Batista Libanio recebeu com entusiasmo o fato de Francisco ser escolhido como o primeiro latino-americano a se tornar papa.

Comecei a conhecer o pensamento do teólogo J. B. Libanio quando adquiri videostextos produzidos por ele, nos finais dos anos 90. A série  de vídeos ( VHS)  constituía um verdadeiro curso, constando de três módulos:
- módulo 1 : Sempre Jesus
- módulo 2 : Deus Pai
- módulo 3 : Deus Espírito Santo
 Os vídeos são de grande valor para reflexão pessoal ou para estudos.

Continuei acompanhando-o através dos seus artigos em jornais, sites e entrevistas na tv.

Autor de 36 livros e co-autor de mais de 125 obras, traduzidas em vários idiomas, Libanio era professor da Faculdade Jesuíta (Faje) desde sua fundação, em 1982. Segundo o diretor do Departamento de Teologia da Faje, padre Geraldo de Mori, seu amigo pessoal Libanio marcou época. "Ele deu a vida por uma teologia preocupada com o diálogo com a Igreja e com o mundo. Era um homem simples, de Deus, de espírito jovem e mente sempre aberta. Um verdadeiro formador de gerações".

Assista a entrevista no programa Religare da TV Horizonte, realizada em 2011:
  1. Miniatura 14:39   
  2. Religare Conhecimento e Religião com João Batista Libanio (Parte 1)

  3. .

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Natal , por J. B. Libânio



Jesus nasceu num dia, num lugar, em circunstâncias concretas. Fascina-nos esse lado de acontecimento histórico bem definido e limitado. É a humanidade situada que prende o Verbo nas malhas do tempo e do espaço.

             Mas Jesus nasce também cada dia na nossa vida. Há um Natal de sempre. Por ser um Natal de sempre, vela-nos e desvela-nos simultaneamente o mistério divino. Vela-nos, porque nos deixa surpresos e perplexos diante da pequenez de uma criança-sacramento da divindade. Revela-nos, porque só pode ser de Deus a originalidade de assumir a forma humana de uma criança para manifestar-se.
                   No Natal de hoje, concreto e situado, ele é antes uma pergunta que uma resposta. Onde Jesus está a nascer? Outrora foi na manjedoura. E hoje? Ele nasce debaixo dos viadutos, no meio dos meninos de rua, nas periferias da miséria urbana, nas favelas, nos acampamentos dos Sem-terra, nos galpões dos catadores de papel e em tantos outros lugares da exclusão humana.
                   Os pastores de hoje são tantos e tantos, que, quer nas pastorais, quer em projetos humanistas, se aproximam dessas pessoas na intenção pura do acolhimento, sem juízo e sem pretensões salvadoras. Exatamente no espírito da voz do anjo interior que lhes diz que nesses lugares lhes "nasceu hoje um Salvador" (Lc 2,11)) e não que eles nasceram salvadores.
                   Natal é a lição da humanidade de Deus no sentido de que Deus na pessoa do Verbo assumiu nossa humanidade e de que o coração de Deus se vestiu de "humanidade" (Tt 3,4). Paradoxo de nossa linguagem! Para exprimir a faceta da misericórdia, da bondade, da benevolência, da delicadeza, da acolhida por parte de Deus usamos o termo "humanidade", como se nós humanos fôssemos exemplos de tais virtudes.
                   Mas na carta a Tito, Paulo quis marcar o escandaloso contraste entre a absoluta grandeza de Deus e nossa miséria, não pela distância, mas, pelo contrário, pela capacidade infinita de Deus de aproximar-se de nós, cabendo na fragilidade de uma criança. Deus nos surpreende não pelo poder a modo dos grandes desse mundo, mas pela simplicidade, pela fraqueza, pela gratuidade indefesa de nascer menino.
                   Natal supera a simples memória do evento. Insere-nos na onda do mistério, do "sacramentum", diria S. Leão Magno, ao anunciar e realizar a presença da salvação entre nós na forma mais cativante da comunhão por parte de Deus de nossa humanidade.
                   Além do Natal de Belém, dos infinitos natais na história, a Igreja celebra cada dia o Natal na Liturgia Eucarística. É nesse momento que percebemos o presente que Jesus nos fez. Antes de tudo, de ter vindo à terra, nascendo. Além disso, de continuar nascendo no Sacramento até o final dos tempos pelo ministério de sua Igreja e nela de seus sacerdotes.  Se a festa de Natal se celebra uma só vez por ano, os natais eucarísticos se multiplicam. Se somos gratos pelo Natal anual, mais ainda devemos sê-lo pelos natais de cada Eucaristia.
 
Texto de 2007
João Batista Libânio é teólogo e jesuíta