terça-feira, 30 de setembro de 2014

Um debate para vomitar... e a farsa da corrupção como arma, por Bob Fernandes


 Por Bob Fernandes
O debate presidencial na Record provocou tristeza e vergonha, tamanho o despreparo de certos candidatos. Em alguns momentos chegou a dar ânsia de vômito. Um e outro dos chamados "nanicos" avacalham qualquer conversa já ao abrir a boca.
Avacalham pela profunda ignorância, grosseria, falta de inteligência e ausência de senso do ridículo. Alguns nanicos dão sentido ao apelido, "nanicos". E são uma tomografia do bioma político-partidário. Aqui e ali alguma tentativa de discutir o Brasil - em míseros um minuto e meio ou 30 segundos.
 No mais, uma sinalização do que será a reta final, com Aécio chegando e ameaçando Marina. Não há um projeto redentor como foram e têm sido a estabilização da moeda e o arrancar dezenas de milhões de brasileiros da miséria, da fome e da senzala.
Na ausência de uma nova ideia-síntese, a corrupção como tema central. Como se TODOS os partidos grandes, também alguns pequenos, não tivessem dezenas de escândalos no prontuário. O escândalo da Petrobras é fato grave. Está sendo investigado e será estrela e arma até o final da eleição. A fatura política desse escândalo vai pra quem está no governo, Dilma. Como foi para o PT a conta do chamado "mensalão".
 Mas por que, ao debater corrupção, escolher quais escândalos criticar, manchetar, e quais esconder ou "esquecer"? Imaginam que o eleitor não percebe isso? O escândalo na Petrobras, se investigações comprovarem todas as manchetes, atinge a refinaria em Pernambuco e também o PSB onde Marina está. E o jatinho que matou Eduardo Campos? E o mensalão do PSDB mineiro? E a milionária gatunagem no metrô e trens do PSDB em SP? E o mensalão do DEM? E o Cachoeira? E a chamada "privataria tucana" ? E a compra de votos para a reeleição?
Alardear apenas a corrupção do "outro" enquanto esconde a própria corrupção é mais uma vez ensaiar uma farsa.
É apostar que o eleitor é otário.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Papa muda interlocutores da Igreja: chama os movimentos sociais

 Por Frei Betto
 
É a primeira vez na história da Igreja que um papa convoca líderes de movimentos sociais para um encontro de três dias, e não uma simples audiência protocolar, como a que monitorei em 1980, em São Paulo, ao levar um grupo de sindicalistas, entre os quais Lula e Olívio Dutra, para um encontro com João Paulo II, na capela do colégio Santo Américo.


Líderes de movimentos populares de vários países terão encontro com o papa Francisco nos próximos dias 27, 28 e 29 de outubro, em Roma. Do Brasil estarão presentes João Pedro Stédile, pelo MST e Via Campesina, e representantes da Central de Movimentos Populares, Levante Popular da Juventude, Coordenação Nacional de Entidades Negras,  Central Única dos Trabalhadores, Movimento de Mulheres Camponesas e um indígena do povo Terena.   
 
A carta convite é assinada por Stédile e por Juan Grabois, que representa o Movimento dos Trabalhadores Excluídos e a Confederação de Trabalhadores da Economia Popular, da Argentina.

O evento é um desdobramento do simpósio As emergências dos excluídos, realizado em dezembro de 2013, no Vaticano, do qual Stédile e Grabois participaram. 
 
Denominado Encontro Mundial de Movimentos Populares, contará ainda com a participação de 30 bispos, “de distintas regiões, que mantêm fortes vínculos com o trabalho social e os movimentos populares.”
 
O evento resulta da articulação do Conselho Pontifício de Justiça e Paz, presidido pelo cardeal ganês Peter Turkson, com diversas organizações populares. Tem como objetivos partilhar o pensamento social de Francisco; elaborar uma síntese da visão dos movimentos populares em torno das causas da crescente desigualdade social e do aumento da exclusão no mundo; refletir sobre as práticas organizativas dos movimentos populares; propor alternativas populares para “enfrentar os problemas que o capitalismo financeiro e as transnacionais impõem aos pobres, com a perspectiva de construir uma sociedade global com justiça social, a partir da realidade dos trabalhadores excluídos”, frisa o convite. Enfim, “discutir a relação dos movimentos populares com a Igreja e como avançar nesse sentido.”
 
Entre painéis e oficinas previstas, destacam-se: “Exclusão social e desigualdade”; “Desigualdade social à luz do documento Alegria do Evangelho”; “Doutrina social da Igreja”; “Meio ambiente e mudanças climáticas”; “Movimentos pela paz”; e “Articulação Igreja e Movimentos populares”.
 
É a primeira vez na história da Igreja que um papa convoca líderes de movimentos sociais para um encontro de três dias, e não uma simples audiência protocolar, como a que monitorei em 1980, em São Paulo, ao levar um grupo de sindicalistas, entre os quais Lula e Olívio Dutra, para um encontro com João Paulo II, na capela do colégio Santo Américo.
 
Há, nessa iniciativa, algo inédito: outrora os papas, ao debater a conjuntura mundial, convocavam banqueiros, empresários, homens de negócio. Francisco, coerente com a sua opção pelos pobres, quer ouvir aqueles que os representam, provocando uma mudança significativa na qualidade de interlocutores da Igreja Católica.
 
Em seu documento Alegria do Evangelho (novembro 2013), Francisco considera o capitalismo intrinsecamente injusto: “Enquanto não se eliminar a exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos será impossível erradicar a violência. Isto não acontece apenas porque a desigualdade social provoca a reação violenta de quantos são excluídos do sistema, mas porque o sistema social e econômico é injusto na sua raiz” (59).
 
 

domingo, 28 de setembro de 2014

Os vergonhosos dados de desenvolvimento do Maranhão, por Sakamoto

 
 
 
 
Nós, de São Paulo e do Rio de Janeiro, com nossos Felicianos e Bolsonaros, apenas para citar o que dói mais, não temos moral alguma para falar de candidatos de outras unidades da federação.
Mas creio que é dever cívico lembrar a todos e a todas que a holding Sarney está disputando novamente o governo do Maranhão.
E já que o IBGE foi jogado para o centro da campanha eleitoral com a papagaiada sobre a divulgação dos índices de desigualdade social, gostaria de compartilhar com vocês alguns dados desse estado gerados pelo instituto.
O Maranhão apresenta a menor expectativa de vida na média de homens e mulheres (68,6 anos). São oito anos a menos que Santa Catarina (76,8), que ocupa o primeiro lugar, e cinco abaixo da média nacional (73,76).
Possui a segunda pior taxa de mortalidade infantil do país, apenas atrás de Alagoas (terra de Collor), com 29 crianças com menos de um ano mortas para cada mil nascidas vivas. A média nacional é de 16,7 para 1000. A menor taxa está, novamente, em Santa Catarina (9,2/1000).
As três piores cidades em renda per capita pertencem ao Maranhão, de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) – Marajá do Sena (R$ 96,25), Fernando Falcão (R$ 106,99) e Belágua (R$ 107,14). Na média dos municípios, o Estado possui o segundo pior IDHM do país, perdendo apenas para Alagoas.
Sem desmerecer todas as denúncias de corrupção, nepotismo, desvio de verbas públicas, entre outras, que recaem contra o ex-presidente da República e do Senado, a miséria em que se encontra boa parte do povo maranhense já era motivo suficiente para qualquer cidadão exigir não apenas a sua já anunciada aposentadoria, mas também a aposentadoria de sua influência.
O Maranhão, sob o domínio dos Sarney e amigos por décadas, não só permaneceu nas piores posições nos indicadores sociais, mas também viu suas terras serem desmatadas e poluídas, latifúndios crescerem, trabalhadores serem escravizados e assassinados, comunidades tradicionais serem ameaçadas e expulsas, a educação ser sucateada, os meios de comunicação ficarem concentrados nas mãos de poucos políticos.
Isso é assustador, considerando que o Maranhão é um dos Estados mais ricos da federação. Possui jazidas minerais e gás natural. Água doce em abundância. Partes de seu território estão na Amazônia e no Cerrado. Tem localização privilegiada, com um porto mais próximo dos Estados Unidos e da União Europeia do que os do Sul e Sudeste.
A culpa é do povo que os elege, bradarão alguns.
Como já disse aqui antes, não é tão simples – Sarney teve que fugir e virar senador pelo Amapá para não ficar fora do jogo político em um determinado momento. E sua filha, Roseana, já perdeu uma eleição para o governo.
O Maranhão possui importantes movimentos sociais e uma sociedade civil atuante. O problema é o desalento de boa parte da população mais pobre, que já não acredita que a política possa fazer diferença em sua vida.
 
Mas, acreditem, ela faz.
                                           -------------
 
Novas esperanças para o Maranhão:
 
Do Brasil 247:
 
:

Pesquisa DataM divulgada neste domingo aponta o candidato do PCdoB ao governo do Maranhão com folga na liderança sobre Edinho Lobão (PMDB), que caiu de 27,5% para 19,9%; se eleições fossem hoje, Flávio Dino seria eleito no primeiro turno
 

 

sábado, 27 de setembro de 2014

Sobre o desespero do PSDB em Minas Gerais, por Rudá Ricci

Por Rudá Ricci
(sociólogo e cientista político)
 
PSDB Perdido
(ou “nada será como antes, amanhã”)
 
Estou recebendo muitas mensagens comentando o que seria o desespero por que passam os tucanos neste momento da eleição em Minas Gerais.
 
Realmente, percebi muito desespero, de lado a lado (petistas e tucanos), ao longo da campanha. O que demonstra falta de preparo na formação política da maioria dos militantes desses dois partidos.
Mas não me parece que o sentimento seja este neste atual momento.
 
Nas últimas duas semanas, a campanha de Pimenta da Veiga deu sinais de ter entrado em situação pré-falimentar. Recolheu cabos eleitorais, cortou pagamentos, perdeu apoios importantes no interior. São sinais que indicam o caminho da roça. Qualquer político experiente sabe quando toca o sinal de recolher.

Minha suposição é que o comando tucano vive um estado de torpor aqui em Minas.
 
A derrota que deve doer, de fato, é para os tucanos paulistas. Foram cruéis e em nenhum momento desta campanha deixaram de minar a candidatura do senador mineiro. Deram munição para a imprensa. Entregaram a cabeça de Aécio Neves em eventos esvaziados na capital paulista. Alckmin apresentou no seu programa eleitoral o vice de Marina. Seu vice, aliás, é do PSB. Serra apoia Roberto Freire, que está no comando da campanha de Marina. Deve ter doído porque os tucanos paulistas trataram os tucanos mineiros como amadores.
 
Perder Minas Gerais passou a ser o último prego do caixão. Apenas a entrega da prova que deixa claro o que o candidato já sabia em seu íntimo, mas que, agora, a sala toda sabe.
 
Por este motivo, imagino que o sentimento reinante nas hostes aecistas é de algo próximo da alienação em relação à disputa, emocionalmente entregues e alheios à gravidade da situação para o PSDB. Há, é verdade, a possibilidade de estar ocorrendo, com alguns, o inverso: adrenalina sendo bombeada, criando uma realidade paralela, quase esquizofrenia paranoide.

O baque não é pequeno. É todo um império montado em doze anos que se esvai pelos dedos. É verdade que havia sinais de crise na base, com derrota eleitoral em 2008 e uma leve – apenas leve – recuperação na eleição de 2012.
 
Quem perdeu
 
Há perdedores mais agudos. É o caso de todo pessoal de marketing político. Foi um desastre e uma demonstração de grande incompetência. A estratégia de ontem, no debate da Record (27), foi um escândalo. Deveriam devolver o dinheiro à campanha. Mas também parte da imprensa mineira. Esconderam os dados de pesquisa na primeira página. Não informaram. Fizeram campanha. Erraram como profissionais e não estiveram à altura de Minas Gerais.
 
Para onde vai Aécio?
 
Outra pergunta que me enviam é sobre o futuro de Aécio Neves.
 
Vou repetir minha cantilena preferida: Aécio vivo, embora ferido, é mais útil para Pimentel (e para o PT) que dizimado. Salvo por Pimentel, poderá resistir ao avanço dos tucanos paulistas e até fechar o Estado de Minas para a campanha de 2018.
 
Mas há outro caminho possível: o PSB. Parte do PSB mineiro (parte significativa e majoritária) é aecista. E o acordo Aécio/Campos era real e foi amplamente divulgado na imprensa nacional.
Enfim, Aécio Neves sai derrotado e não terá recursos para alimentar seu amplo séquito de prefeitos e deputados, além de partidos nanicos que sobrevivem sem votos porque possuem cargos comissionados.
 
Terá que se reinventar.
 
Nada será como antes, amanhã.
 
 

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Medicina de família e comunidade: "outra complexidade"

Profissionais que optaram pela especialidade relatam sofrer preconceito entre professores e colegas, apesar da importância da categoria no atendimento aos problemas de saúde mais básicos que afetam os brasileiros.
Falta conhecimento sobre a complexidade que envolve esta especialidade.
ilustração: agmfc.org.br




'Outro tipo de complexidade'
BBC Brasil:
A médica Natália Ferreira afirma que parte do preconceito com relação aos médicos de família parte de acreditar que o trabalho nos postos de saúde é "simples".
"Os recém-formados acham que ir para a atenção básica até passar em uma residência é mais fácil do que ir para uma urgência, onde os problemas são mais agudos e é preciso ter mais experiência. Mas não é tão fácil assim, é outro tipo de complexidade", disse à BBC Brasil.
"Na atenção básica você não precisa tanto da tecnologia, dos exames complexos. Mas nós lidamos com a situação do indivíduo e com a complexidade clínica. Se um sujeito é hipertenso e eu fosse um cardiologista, meu foco seria na doença dele. Quando eu, médica de família, recebo um hipertenso, eu considero que ele é idoso, que tem outras doenças associadas. É como se eu montasse o quebra-cabeça das especialidades."
Mesmo encaminhando o paciente para um especialista, segundo Natália, o médico da família deve, idealmente, continuar fazendo o controle da sua situação. "Somos nós que lidamos com a dificuldade de a família cuidar dele, de ele não saber entender a receita, de não querer tomar o remédio", afirma.
A médica de 29 anos, que hoje orienta recém-formados na residência de medicina da família e comunidade da Universidade Federal de Uberlândia, diz que os novatos "se espantam com a quantidade e com o tipo" de pacientes que procuram o posto de saúde.
Um médico de família divide sua carga horária semanal em atendimentos no posto ou unidade básica de saúde - que ocupam a maior parte do seu tempo - e visitas às casas dos pacientes quando é necessário. Em alguns casos, um trabalho de investigação chega a ser necessário para solucionar problemas que atingem pacientes de um bairro ou comunidade.
Há cerca de três meses, Natália e outras médicas de seu posto de saúde foram até uma creche em Uberlândia descobrir por que três crianças atendidas por elas permaneciam abaixo do peso normal. "Descobrimos que a creche servia as refeições às crianças com um intervalo muito pequeno entre uma e outra e não controlava se elas comiam", diz.
"Algumas não tinham fome na hora da refeição e tomavam só leite o dia inteiro. Por isso não estavam ganhando peso". A solução provisória encontrada foi negociar o acompanhamento especial das três crianças pela professora, mas as médicas questionaram junto às autoridades o cardápio das creches do município e aguardam resposta.
Nos postos de saúde e unidades básicas, uma equipe de médicos, enfermeiros e agentes comunitários deve acompanhar até quatro mil pessoas – desde crianças até idosos. O bom funcionamento do modelo, que também é adotado por países como Reino Unido, Canadá e Austrália, ajudaria a evitar a superlotação de emergências e hospitais, um dos principais gargalos do atendimento médico no país.



O que é a Medicina de Família e Comunidade (MFC)?

agmfc.org.br :
A MFC é uma especialidade médica, reconhecida pela Associação Médica Brasileira, que defende o cuidado da saúde das pessoas de uma maneira integral. A MFC é hoje a especialidade mais importante em vários países cujos sistemas de saúde são de excelente qualidade, como o Canadá, a Espanha, a Inglaterra e a Holanda.

Quem é o médico de família e comunidade (mfc)?

É um especialista na abordagem dos problemas mais frequentes que interferem com a saúde de pessoas, famílias e comunidades. É, portanto o médico especialista em prestar cuidado à saúde de crianças, adultos, idosos e gestantes, resolvendo a grande maioria dos problemas e coordenando a necessidade de cuidado em outros níveis e especialidades.

Além disso, o médico de família e comunidade tem uma formação especializada em abordar os determinantes familiares e sociais das doenças. Faz parte das suas atribuições elaborar diagnósticos individuais, familiares e comunitários e a partir daí priorizar adequadamente a atenção aos diversos problemas de saúde que se apresentam num indivíduo, família ou comunidade.

É um médico com formação especializada e específica para prestar cuidados à saúde em Atenção Primária à Saúde, levando em conta uma série de aspectos, tais como:
  • Resolutividade acima de 85% dos problemas apresentados pelas pessoas;
  • Humanização do atendimento;
  • Preocupação com prevenção e diagnóstico precoce,
  • Preocupação com custos dos cuidados à saúde;
  • Realiza abordagem centrada na pessoa;
  • Atende todos os problemas de saúde trazidos, independentemente do sexo e idade do paciente, ou seja atende adultos, crianças, pré-natal, faz exame ginecológico, pequenas cirurgias, etc.
No Brasil, o médico de família e comunidade recebe esta denominação após realizar especialização através da residência médica credenciada pela Comissão Nacional de Residência Médica ou prova de titulação da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.

Tem capacidade de responsabilizar-se por uma população de cerca de 1.500 a 2.500 pessoas dependendo das condições socioeconômicas e de saúde existentes.

Deve responsabilizar-se, juntamente com sua Equipe, por esta população no que se refere a promoção da saúde, prevenção de doenças, tratamento e reabilitação.

Em síntese deve:
  • Identificar e resolver os problemas de saúde de cada pessoa.
  • Prestar um serviço de atenção à saúde efetivo para a comunidade como um todo.

Perspectivas profissionais do médico de família e comunidade (MFC)

Atualmente uma importante fatia do mercado de trabalho do mfc está na Estratégia Saúde da Família (ESF), uma estratégia de atenção primária à saúde que vem sendo implementada pelo Ministério da Saúde desde 1994. Mas a ESF é apenas um dos ramos de atividade que o mfc pode escolher. O mercado privado em geral está muito carente de médicos que se comprometam com a saúde dos seus pacientes de uma maneira integral e contínua. Além disso, os mfc’s estão em ótima posição para dedicarem-se à carreira científica, como docentes ou investigadores, nas áreas clínicas ou de saúde coletiva.



quinta-feira, 25 de setembro de 2014

7,7 milhões votaram no plebiscito popular da reforma política

Frente ao boicote da imprensa tradicional e com a campanha presidencial em curso, entidades organizadoras consideram o resultado um sucesso

Por Marcelo Hailer

Aconteceu na tarde desta quarta-feira (24), no Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, a coletiva de imprensa onde foram divulgados os dados do Plebiscito Popular da Assembleia Constituinte e Soberana da Reforma Política. Segundo as entidades organizadoras, 7,75 milhões de pessoas de todo o Brasil participaram do plebiscito. Deste número, 1,74 milhão de votos se deram na plataforma digital e 6,9 nas urnas físicas. 97,05% votaram favoráveis a uma constituinte da reforma política e 2,57% contra.

Para o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, o resultado é um sucesso. “Nós conseguimos coletar quase 8 milhões de votos, isso significa o país de Portugal e, para se ter uma ideia, no referendo da Escócia (pela independência do Reino Unido) votaram 4 milhões. Isso é um resultado extraordinário, levando em conta que a mídia tradicional boicotou o plebiscito”, avaliou.

Freitas considera que este resultado revela um Brasil “ávido por uma reforma política”. “Temos que ter o marco regulatório da comunicação para que não tenhamos essa desinformação”. Para o presidente da CUT, o papel da imprensa tradicional em torno do plebiscito, além do notório silenciamento, representou também uma forte desinformação. O sindicalista também informou que entre os dias 14 e 15 haverá um encontro com os representantes dos poderes Judiciário, Executivo e Legislativo para entregar os quase 8 milhões de votos. Um grande ato em Brasília também está previsto para acontecer nessas datas.

João Paulo Rodrigues, da Coordenação Nacional do MST (Movimento dos Sem Terra), considerou que a realização do plebiscito popular foi importante para colocar em pauta “o sistema político que queremos”. Para Rodrigues, a realização da consulta popular sobre a reforma política deixou três heranças: “1) demonstrou que a sociedade que fazer mudança, já que 97,5% votaram a favor; 2) esse resultado é fruto das mobilizações de rua; 3) uma ótima injeção de ânimo. Perdeu aqueles que ficaram de fora”.

Rodrigues também ressaltou que a reforma política vai beneficiar setores da sociedade que não são representados pelo Estado. “Essa reforma vai beneficiar a classe trabalhadora, mulheres, negros, sem terra, homossexuais, todos estes que ainda não têm representação no Estado”, finalizou.

 
 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O discurso de Dilma na abertura da 69 Assembléia Das Nações Unidas

NEW YORK, NY - SEPTEMBER 24: President of Brazil Dilma Roussef speaks at the 69th United Nations General Assembly on September 24, 2014 in New York City. The annual event brings political leaders from around the globe together to report on issues meet and look for solutions. This year's General Assembly has highlighted the problem of global warming and how countries need to strive to reduce greenhouse gas emissions. Andrew Burton/Getty Images/AFP == FOR NEWSPAPERS, INTERNET, TELCOS & TELEVISION USE ONLY ==

Veja o vídeo ou leia o discurso da presidenta Dilma na ONU :






Presidente Dilma Rousseff


Embaixador Sam Kutesa, Presidente da 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas,
Senhor Ban Ki-moon, Secretário-Geral das Nações Unidas,
Excelentíssimos Senhores e Senhoras Chefes de Estado e de Governo,
Senhoras e Senhores,
Para o Brasil – que tem a honra e o privilégio de abrir este debate – é grande a satisfação de ver na Presidência desta Sessão da Assembleia Geral um filho da África.  Os brasileiros somos ligados por laços históricos, culturais e de amizade ao continente africano, cuja contribuição foi e é decisiva para a constituição da identidade nacional de meu país. 
Senhor Presidente,
Abro este Debate Geral às vésperas de eleições, que vão escolher, no Brasil, o Presidente da República, os Governos estaduais e grande parte de nosso poder legislativo. Essas eleições são a celebração de uma democracia que conquistamos há quase trinta anos, depois de duas décadas de governos ditatoriais. Com ela muito avançamos na estabilização econômica do país. 
Nos últimos doze anos, em particular, acrescentamos a essas conquistas a construção de uma sociedade inclusiva baseada na igualdade de oportunidades.
A Grande Transformação em que estamos empenhados produziu uma economia moderna e uma sociedade mais igualitária. Exigiu, ao mesmo tempo, forte participação popular, respeito aos Direitos Humanos e uma visão sustentável de nosso desenvolvimento. 
Exigiu, finalmente, uma ação na cena global marcada pelo multilateralismo, pelo respeito ao Direito Internacional, pela busca da paz e pela prática da solidariedade. 
Senhor Presidente,
Há poucos dias a FAO informou que oBrasil saiu do mapa da fome.
Essa mudança foi resultado de uma política econômica que criou 21 milhões empregos, valorizou o salário básico, aumentando em  71%  seu poder de compra. Com isso, reduziu a desigualdade.
Trinta e seis milhões de brasileiros deixaram a miséria desde 2003; 22 milhões somente em meu governo. Para esse resultado contribuíram também políticas sociais e de transferência de renda reunidas no Plano Brasil Sem Miséria. 
Na área da saúde, logramos atingir a meta de redução da mortalidade infantil, antes do prazo estabelecido pelas Metas do Milênio.
Universalizamos o acesso ao ensino fundamental. Perseguimos o mesmo objetivo no ensino médio. Estamos empenhados em aumentar sua qualidade, melhorando os currículos e valorizando o professor. 
O ensino técnico avançou com a criação de centenas de novas escolas e a formação e qualificação tecno-profissional de 8 milhões de jovens, nos últimos 4 anos.
​Houve uma expansão sem precedentes da educação superior: novas Universidades Públicas e mais de 3 milhões de alunos contemplados com bolsas e financiamentos que garantem acesso a universidades privadas.  
Ações afirmativas permitiram o ingresso massivo de estudantes pobres, negros e indígenas na Universidade. 
Finalmente, os desafios de construção de uma sociedade do conhecimento ensejaram a criação do Programa Ciência sem Fronteiras, pelo qual mais de 100 mil estudantes de graduação e pós-graduação são enviados às melhores universidades do mundo. 
Por iniciativa presidencial, o Congresso Nacional aprovou lei que destina 75% dos royalties e 50% do fundo de recursos do PRÉ SAL para a educação e 25% para a saúde. 
Vamos transformar recursos finitos –  como o petróleo e o gás -  em algo perene: educação,  conhecimento científico e tecnológico e inovação. Esse será nosso passaporte para o futuro. 
Senhor Presidente, 
Não descuramos da solidez fiscal e da estabilidade monetária e protegemos o Brasil frente à volatilidade externa. 
Assim, soubemos dar respostas à grande crise econômica mundial, deflagrada em 2008. Crise do sistema financeiro internacional, iniciada após a quebra do Lehman Brotehers e, em seguida, transformada em muitos países em crise de dívidas soberanas. 
Resistimos às suas piores conseqüências: o desemprego, a redução de salários, a perda de direitos sociais e a paralisia do investimento.
​Continuamos a distribuir renda, estimulando o crescimento e o emprego, mantendo investimentos em infraestrutura. 
​O Brasil saltou da 13ª para 7ª maior economia do mundo e a renda per capita mais que triplicou. A desigualdade caiu.  
Se em 2002, mais da metade dos brasileiros era pobre ou muito pobre, hoje 3 em cada 4 brasileiros integram a classe média e os extratos superiores.
No período da crise, enquanto o mundo desempregava centena demilhões de trabalhadores, o Brasil gerou 12 milhões de empregos formais.
Além disso, nos consolidamos como um dos principais destinos de investimentos externos.
Retomamos o investimento em infraestrutura numa forte parceria com o setor privado.
Todos esses ganhos estão ocorrendo em ambiente de solidez fiscal. Reduzimos a dívida pública líquida de aproximadamente 60% para 35% do PIB. 
A dívida externa bruta em relação ao PIB caiu 42% para 14%.
As reservas internacionais foram multiplicadas por 10 e assim, nos tornamos credores internacionais. 
A taxa de inflação anual tb tem se situado nos limites da banda de variação mínima e máxima fixada pelo sistema de metas em vigor no País. 
Senhor Presidente,
Ainda que tenhamos conseguido resistir às consequências mais danosas da crise global, ela tb nos atingiu, de forma mais aguda, nos últimos ano.
Tal fato decorre da persistência, em todas as regiões do mundo, de consideráveis dificuldades econômicas, que impactam negativamente nossocrescimento.
Reitero o que disse, no ano passado na abertura do Debate Geral.
É indispensável e urgente retomar o dinamismo da economia global. Ela deve funcionar como instrumento de indução do investimento, do comércio internacional e da diminuição das desigualdades entre países.
No que se refere ao comércio internacional, impõe-se um compromisso de todos com um programa de trabalho para a conclusão da Rodada de Doha.
É imperioso também, Senhor Presidente, pôr fim ao descompasso entre a crescente importância dos países em desenvolvimento na economia mundial e sua insuficiente participação nos processos decisórios das instituições financeiras internacionais,  como o FMI e o Banco Mundial. É inaceitável a demora na ampliação do poder de voto dos países em desenvolvimento nessas instituições. 
O risco que estas instituições correm é perder sua legitimidade e eficiência. 
Senhor Presidente,  
Com grande satisfação o Brasil abrigou a VI Cúpula dos BRICS. Recebemos os líderes  da China, da India, da Rússia e da África do Sul num encontro fraterno, proveitoso que aponta para importantes perspectivas para o futuro. 
Assinamos os acordos de constituição do Novo Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas. 
O Banco atenderá às necessidades de financiamento de infraestrutura dos BRICS e dos países em desenvolvimento. 
O Arranjo Contingente de Reservas protegerá os países de volatilidades financeiras.
Cada instrumento terá um aporte de US$ 100 bilhões.
Senhor Presidente,
A atual geração de líderes mundiais – a nossa geração – tem sido chamada a enfrentar tb importantes desafios vinculados aos temas da paz,  da segurança coletiva e do meio ambiente. 
Não temos sido capazes de resolver velhos contenciosos nem de impedir novas ameaças. 
O uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos. Isso está claro na persistência da Questão Palestina; no massacre sistemático do povo sírio; na trágica desestruturação nacional do Iraque; na grave insegurança na Líbia; nos conflitos no Sahel e nos embates na Ucrânia. 
A cada intervenção militar não caminhamos para a Paz mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos.
Verifica-se uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas humanitários. Não podemos aceitar que essas manifestações de barbárie recrudesçam, ferindo nossos valores éticos, morais e civilizatórios. 
Tampouco podemos ficar indiferentes ao alastramento do vírus Ebóla no oeste da África. Nesse sentido, apoiamos a proposta do Secretário-Geral de estabelecer a Missão das Nações Unidas de Resposta Emergencial ao Ebóla.
Senhor Presidente,
O Conselho de Segurança tem encontrado dificuldade em promover a solução pacífica desses conflitos. Para vencer esses impasses será necessária uma verdadeira reforma do Conselho de Segurança, processo que se arrasta há muito tempo.
Os 70 anos das Nações Unidas, em 2015, devem ser a ocasião propícia para o avanço que a situação requer. Estou certa de que todos entendemos os graves riscos da paralisia e da inação do CSNU.
Um Conselho mais representativo e mais legítimo poderá ser também mais eficaz. 
Gostaria de reiterar que não podemos permanecer indiferentes à crise israelo-palestina,  sobretudo depois dos dramáticos acontecimentos na Faixa de Gaza. Condenamos o uso desproporcional da força, vitimando fortemente a população civil, especialmente mulheres e crianças. 
Esse conflito deve ser solucionado e não precariamente administrado, como vem sendo.  Negociações efetivas entre as partes têm de conduzir à solução de dois Estados – Palestina e Israel – vivendo lado a lado e em segurança, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas. 
Em meio a tantas situações de conflito,a América Latina e o Caribe buscam enfrentar o principal problema que nos marcou, por   séculos  – a desigualdade social.
Fortalecem-se as raízes democráticas e firma-se a busca de um crescimento econômico mais justo, inclusivo e sustentável. Avançam os esforços de integração, por meio do Mercosul, da UNASUL e da CELAC.

Senhor Presidente,
A mudança do clima é um dos grandes desafios da atualidade. Necessitamos, para vencê-la, sentido de urgência, coragem política e o entendimento de que cada um deverá contribuir segundo os princípios da equidade e das responsabilidades comuns, porém diferenciadas.
A Cúpula do Clima, convocada em boa hora pelo Secretário-Geral, fortalece as negociações no âmbito da Convenção-Quadro.
O Governo brasileiro se empenhará para que o resultado das negociações leve a um novo acordo equilibrado, justo e eficaz.
O Brasil tem feito a sua parte para enfrentar a mudança do clima.
Comprometemo-nos, na Conferência de Copenhague, com uma redução voluntária das nossas emissões em 36% a 39%, na projeção até 2020.  
Entre 2010 e 2013, deixamos de lançar na atmosfera, a cada ano, em média, 650 milhões de toneladas de dióxido de carbono. 
Alcançamos em todos esses anos as 4 menores taxas de desmatamento da nossa história. 
Nos últimos 10 anos, reduzimos o desmatamento em 79%, sem renunciar ao desenvolvimento econômico nem à inclusão social.
Mostramos, que é possível crescer, incluir, conservar e proteger. Uma conquista como essa  resulta do empenho - firme e contínuo – do Governo, da sociedade e de agentes públicos e privados.
Esperamos que os países desenvolvidos - que têm a obrigação não só legal, mas também política de liderar,pelo exemplo, demonstrem de modo inequívoco e concreto seu compromisso de combater esse mal que aflige a todos.
Na Rio+20 tivemos a grande satisfação de definir uma nova agenda, baseada em Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), aplicáveis tanto a países desenvolvidos, quanto aos em desenvolvimento.
Será crucial definirmos meios de implementação que correspondam à magnitude das dificuldades que nos comprometemos a superar. Precisamos ser ambiciosos em matéria de financiamento, cooperação, construção de capacidades nacionais e transferência de tecnologias, sobretudo em favor dos países menos desenvolvidos.
Destaco, nesse contexto, a necessidade de estabelecer um mecanismo para o desenvolvimento, a transferência e a disseminação de tecnologias limpas e ambientalmente sustentáveis.
Senhor Presidente,
Ao lado do desenvolvimento sustentável e da paz, a ordem internacional que buscamos construir funda-se em valores.
Entre eles, destacam-se o combate a todo o tipo de discriminação e exclusão. 
Temos um compromisso claro com a valorização da mulher no mundo do trabalho, nas profissões liberais, no empreendedorismo, na atividade política, no acesso à educação entre outros. O meu governo combate incansavelmente a violência contra a mulher em todas as suas formas. Consideramos o século 21, o século das mulheres.
Da mesma maneira, a promoção da igualdade racial é o resgate no Brasil dos séculos de escravidão a que foram submetidos os afro-brasileiros, hoje mais da metade de nossa população.
​Devemos a eles um inestimável legado permanente de riquezas  e valores culturais, religiosos e humanos. Para nós, a miscigenação é um fator de orgulho.
​    O racismo, mais que um crime inafiançável é uma mancha que não hesitamos em combater, punir e erradicar.
​O mesmo empenho que temos  em combater a violência contra as mulheres e os afrobrasileiros temos tb contra a homofobia. A suprema corte do meu País reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo, assegurando-lhes todos os direitos civis, daí decorrentes. 
Acreditamos firmemente na dignidade de todo ser humano e na universalidade de seus direitos fundamentais. Estes devem ser protegidos de toda seletividade e de toda politização.
Outro valor fundamental é o respeito à coisa pública e o combate sem tréguas à corrupção . 
A história mostra que só existe uma maneira correta e eficiente de combater a corrupção: o fim da impunidade com o fortalecimento das instituições que fiscalizam, investigam e punem atos de corrupção, lavagem de dinheiro e outroscrimes financeiros.  
Essa é uma responsabilidade de cada governo. Responsabilidade que nós assumimos, ao fortalecer nossasinstituições.
Construímos o Portal Governamental da Transparência que assegura, ao cidadão, acessar os gastos governamentais, em 24 horas.
Aprovamos a lei de acesso à informação que permite ao cidadão brasileiro o acesso a qualquer informação do governo, exceto aquelas  relativas àsoberania do País.
Fortalecemos e demos autonomia aos órgãos que investigam e também ao que faz o controle interno do governo. 
Criamos leis que  punem tanto o corrupto, como o corruptor.
O fortalecimento de tais instituições   é essencial para o aprimoramento de umagovernança aberta e democrática. 
A recente reeleição do Brasil para o Comitê Executivo da "Parceria para o Governo Aberto" vai nos permitir contribuir para governos + transparentes no plano mundial.
Senhor Presidente:
É indispensável tomar medidas que protejam eficazmente os direitos humanos tanto no mundo real como no mundo virtual, como preconiza resolução desta Assembleia sobre a privacidade na era digital. 
O Brasil e a Alemanha provocaram essa importante discussão em 2013 e queremos aprofundá-la nesta Sessão. Servirá de base para a avaliação do tema o relatório elaborado pela Alta Comissária de Direitos Humanos.
Em setembro de 2013, propus aqui a criação de um marco civil para a governança e o uso da Internet com base nos princípios da liberdade de expressão, da privacidade, da neutralidade da rede e da diversidade cultural. 
Noto, com satisfação, que a comunidade internacional tem se mobilizado, desde então, para aprimorar a atual arquitetura de governança da Internet. 
Passo importante nesse processo foi a realização, por iniciativa do Brasil, da Reunião Multissetorial Global sobre o Futuro da Governança da Internet - a NETmundial - em São Paulo, em abril deste ano. 
O evento reuniu representantes de várias regiões do mundo e de diversos setores. Foram discutidos os princípios a seguir e as ações a empreender para garantir que a Internet continue a evoluir de forma aberta, democrática, livre, multissetorial e multilateral.
Senhor Presidente,
Os Estados-membros e as Nações Unidas têm, hoje, diante de si desafios de grande magnitude.
Estas devem ser as prioridades desta Sessão da Assembleia Geral. 
O ano de 2015 desponta como um verdadeiro ponto de inflexão. 
Estou certa de que não nos furtaremos a cumprir, com coragem e lucidez, nossas altas responsabilidades na construção de uma ordem internacional alicerçada na promoção da Paz, no desenvolvimento sustentável, na redução da pobreza e da desigualdade.
O Brasil está pronto e plenamente determinado a dar sua contribuição. 
Muito obrigada.