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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Lendo / relendo Roberto Drummond



Por Luiz Ricardo Péret 

Além de Machado de Assis, que é uma unanimidade, cito outros três escritores preferidos: Guimarães Rosa, Jorge Amado, que dispensam comentários. São reconhecidos internacionalmente. 

O outro pode ser surpresa para muitos. Anda esquecido e precisa ser revalorizado pela qualidade de seus livros. Me refiro a Roberto Drummond. 

Em 1971 publicou o conto, " A Morte de D.J. em Paris". 

Em 1975 ganhou o prêmio Jabuti. 

Foi considerado um divisor de águas na literatura contemporânea brasileira. Inovador tanto na forma como no conteúdo. 

Em seus livros Belo Horizonte sempre é citada, indicando locais onde passa algumas cenas. 
Acredito ser o escritor que mais escreveu citando a cidade.

Frequentava muito a Savassi e era comum cruzar com ele andando pela praça. 

 Roberto Drummond foi jornalista, escreveu durante muitos anos uma coluna sobre futebol chamada "Bola na Marca" no jornal Estado de Minas. 
Comentava sobre o Atlético. Diferenciava dos cronistas esportivos tradicionais pela maneira de escrever sobre futebol, sempre tinha um aspecto poético. 

Em uma de suas crônicas escreveu a frase que ficou imortalizada e que define bem a paixão do torcedor atleticano: " Se houver uma camisa branca e preta pendurada no varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento."
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Comecei o ano de 2020 com um projeto: ler/reler toda a obra de Roberto Drummond em ordem cronológica.

Obras do autor:

. A Morte de D.J. em Paris (1975)
. O  dia em que Ernest Hemingway morreu crucificado (1978)
. Sangue de Coca-Cola (1980)
. Quando fui morto em Cuba (1982)
. Hitler manda lembranças (1984)
. Ontem à noite era sexta-feira  (1988)
. Hilda Furacão (1991)
. Inês é morta  (1993)
. O homem que subornou a Morte & Outras histórias (1993)
. Magalhães navegando contra o vento *O cheiro de Deus  (2001)
. Dia de São Nunca à tarde  (publicação póstuma)
. Os mortos não dançam  valsa  (publicação póstuma)
. O Estripador da Rua G (publicação póstuma pela Fundação de Cultura de Belo Horizonte)
. Uma Paixão em Preto e Branco  (publicação póstuma das melhores crônicas de Roberto Drummond sobre o Clube Atlético Mineiro)

Para completar minha coleção faltavam 5 livros.

 E aí tive uma triste surpresa. Não encontrei nenhum livro do RD em 6 livrarias de BH e quando tentei encomendar, outra triste surpresa, não foi possível. Estava tudo zerado.

 Aí recorri a um sebo, na Savassi, onde encontrei 2 livros. Depois fui ao centro procurar os outros 3, em outros sebos. 

Como me referi antes, o Roberto Drummond infelizmente está esquecido. E na cidade que ele tanto amava , imagina no resto do país.

Consegui mais 2 livros na famosa livraria de livros usados, a Livraria Amadeu. E deixei encomendado o último livro que me falta.
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Reli o primeiro livro do R. D. 

 Em poucas horas, devorei o livro que foi definido pelo próprio autor como inovador e tornou-se símbolo da literatura pop. 

(Já estou no terceiro livro, depois irei comentar sobre eles)

" A Morte de D.J. em Paris" foi considerado um divisor de águas na literatura contemporânea brasileira. 

Roberto Drummond, em seu livro de contos
 "A Morte de D.J. em Paris" ,  constrói seus personagens a partir de um delicado exercício sobre a existência humana e seus paradoxos. Perdidos em meio à selva iluminada das metrópoles, seus personagens só sobrevivem porque sonham. Sonham tanto, que já não é tão importante saber exatamente onde estão.
São dez contos emblemáticos, em que o escritor mineiro revela a delicada fronteira entre realidade e fantasia.
O clima urbano, a linguagem pop e direta permitem que o leitor se torne cúmplice destas narrativas curtas sobre o homem contemporâneo e seu mundo fragmentado e paradoxal."
( Editora Objetiva, quando relançou o livro em 2002)

 Sílvia de Cássia Rodriguez Damacena de Oliveira, em seu estudo (2008) sobre a literatura pop de Roberto Drummond afirma que este é o primeiro livro do chamado Ciclo da Coca-Cola ( os primeiros 4 livros do escritor fazem parte desta fase) cujo enfoque é a presença da cultura de massa na sociedade. 

Para isso, escolheu a coca-cola como forma de representação do domínio cultural dos Estados Unidos e também das suas mutinacionais. 

Para fazer frente a este cenário, o escritor criou uma literatura contestadora, embora não parecesse.

 Depois irei abordar mais sobre este tema. 

 Como curiosidade: R D , como eu afirmei, me parece o escritor que mais citou Belo Horizonte. E nos contos do seu primeiro livro podemos citar alguns lugares da cidade citados por ele (alguns não existem mais) : Sloper, Cine Alvorada, Avenida Oiapoque, Sebo do Amadeu, Armazém Colombo, Cine Art-Palácio, bar Flor de Minas, Igreja da Boa Viagem e até se refere ao passeio de Belo Horizonte.


terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Parte 4 (final) - R D afirma: sonhar é ser livre

Na última parte da entrevista (parte 4),  Roberto Drummond continua falando do sucesso de "Hilda Furacão " e  também do livro que ia ser lançado, o "Cheiro de Deus".

Fala sobre a genialidade de Reinaldo. Ele escrevia quase todo dia sobre o Rei...naldo, na sua coluna do "Estado de Minas ".

Afirma seu amor por Belo Horizonte e por Minas.

Ele conta que era considerado o que não ia dar certo : ovelha negra, ovelha vermelha da família.
Mas que sonhava: sonhava em ser escritor.

Roberto Drummond afirma: quem sonha é livre.

O paradoxo: na entrevista ele diz que se preocupava com a saúde, fazia atividade física, musculação, boa alimentação, não fumava.  Apesar disso, faleceu de enfarto no dia 21 de junho de 2002, a poucas horas antes do jogo Brasil X Inglaterra pela Copa do Mundo.
A Copa que o Brasil venceu e sagrou-se penta campeão.

Assista a Parte 4 (final ):



domingo, 9 de fevereiro de 2020

Na parte 3, R D fala sobre o Prêmio Jabuti, Hilda Furacão e BH

Na terceira parte da entrevista Roberto Drummond fala sobre a vitória do seu conto " A Morte de D.J. em Paris" no Prêmio Jabuti, no Paraná.

Aborda o sucesso do seu livro "Hilda Furacão" e como ele se transformou em mimi-série, também, de sucesso, na TV Globo.

E mais uma vez a presença de Belo Horizonte como cenário das ações e com o sucesso do livro e da
mini-série, como BH foi divulgada internacionalmente.

Assista a parte 3:


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Parte 2: Roberto Drummond por ele mesmo

Nesta segunda parte, Roberto Drummond fala sobre sua mudança do interior para Belo Horizonte com o objetivo de fazer o curso científico. Estudou no Colégio Santo Antônio e depois no Colégio Arnaldo.
Morou em uma pensão no centro da cidade.

Em BH, descobriu a literatura engajada de Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Amando Fontes e assim, mudou radicalmente sua personalidade.

Em BH sentiu um choque cultural. Com pensamento no jornalismo e na revolução.

Roberto Drummond fala dos jornais conservadores da época que não
noticiavam greves e conta que quando participou da greve dos estudantes secundaristas passou pelas redações dos jornais para divulgá-la e aí conheceu  Felipe Drummond que o convidou para trabalhar na  "Folha de Minas", onde passou a assinar uma coluna.

Passou também pelo jornal " O Debate " , " Binômio", "Edição Mineira", Revista Alterosa, Jornal do Brasil. Trabalhou na Asa Propaganda, Jornal dos Sports e depois foi para o "Estado de Minas" escrever sobre futebol, pois estava proibido pelos militares de escrever sobre "outras coisas", porque era considerado subversivo .

Depois ganhou o prêmio literário brasileiro.

R D conta que foi em Guanhães que escolheu o que queria ser:  escritor e o time que queria torcer .
Escolheu o Atlético e diz que é atleticano sobre todas as coisas do mundo.
Ele relata como criou a famosa frase sobre a camisa do Galo pendurada no varal durante uma tempestade: " Eu viu isso e torci contra o vento".

Explicou ainda a causa de sua saída do jornal " Estado de Minas" e a ida para o jornal " Hoje em Dia" (anos depois ele retornaria ao " Estado de Minas")

Assista a parte 2:


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Roberto Drummond por ele mesmo - Parte 1

Roberto Drummond foi um grande jornalista e escritor.

Sou fã dos seus livros e eu era leitor assíduo da sua coluna no jornal "Estado de Minas ". Na sua coluna "Bola na Marca" ele escrevia sobre futebol e em especial sobre o Clube Atlético Mineiro, seu time do coração.

É importante relembrarmos dele e de seus livros.

 Nesta entrevista, abaixo, Roberto Drummond fala sobre seus pais, sua infância, sua adolescência. O conservadorismo da cidade que nasceu e a outra cidade que morou e que era " livre". A influência das radionovelas. As leitura das revistas em quadrinhos (Capitão Marvel) , do Tarzan, da Geografia de D. Benta, da revista O Cruzeiro.
Ele revela o acontecimento que o fez sentir que podia ser escritor.

Roberto Drummond por ele mesmo - Parte 1
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