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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Morre Dom Paulo, o cardeal "amigo do povo "

Cardeal, que tinha 95 anos, apoiou os mais pobres e enfrentou a ditadura


Foi chamado de cardeal da liberdade, bispo dos oprimidos, cardeal dos trabalhadores, bispo dos presos, bom pastor, cardeal da cidadania, guardião dos direitos humanos e tantos outros.

Mas já ao final da vida, quando lhe perguntaram como gostaria de ser lembrado, deu uma resposta singela: "amigo do povo".

D. Paulo Evaristo Arns morre em São Paulo aos 95 anos




Arcebispo emérito estava internado com broncopneumonia desde o dia 28 de novembro. Com 50 anos de bispado, teve atuação importante no combate à repressão na ditadura militar.
Morreu nesta quarta-feira (14) o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Emérito da Arquidiocese de São Paulo. Ele estava internado no Hospital Santa Catarina em decorrência de uma broncopneumonia. Arns tinha 95 anos.
D. Paulo foi internado no dia 28 de novembro para tratar de problemas pulmonares. Com o passar do dia o estado de saúde piorou e ele teve de ir para a UTI por causa de dificuldades na função renal.
O velório de D. Paulo será na Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, e deve durar 48 horas. Ele deve ser sepultado na cripta da catedral.
O comunicado da morte de Arns foi feito em nota divulgada pela Arquidiocese de São Paulo. O arcebispo metropolitano, Dom Odilo Scherer, afirmou em nota que Arns “entregou sua vida a Deus, depois de tê-la dedicado generosamente aos irmãos neste mundo”.
GALERIA DE FOTOS: Veja a trajetória de D. Paulo Evaristo Arns
Em nota, o arcebispo Dom Odilo Scherer, da Arquidiocede de São Paulo afirmou: "Comunico, com imenso pesar, que no dia 14 de dezembro de 2016 às 11h45, o Cardeal Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Emérito de São Paulo, entregou sua vida a Deus, depois de tê-la dedicado generosamente aos irmãos neste mundo.
Louvemos e agradeçamos ao "Altíssimo, onipotente e bom Senhor" pelos 95 anos de vida de Dom Paulo, seus 76 anos de consagração religiosa, 71 anos de sacerdócio ministerial, 50 de episcopado e 43 anos de cardinalato.
Glorifiquemos a Deus pelos dons concedidos a Dom Paulo, e que ele soube partilhar com os irmãos. Louvemos a Deus pelo testemunho de vida franciscana de Dom Paulo e pelo seu engajamento corajoso na defesa da dignidade humana e dos direitos inalienáveis de cada pessoa.
Agradeçamos a Deus por seu exemplo de Pastor zeloso do povo de Deus e por sua atenção especial aos pequenos, pobres e aflitos. Dom Paulo, agora, se alegre no céu e obtenha o fruto da sua esperança junto de Deus!
Convido todos a elevarem preces de louvor e gratidão a Deus e de sufrágio em favor do falecido Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. Convido também a participarem do velório e dos ritos fúnebres, que serão realizados na Catedral Metropolitana de São Paulo".
D. Paulo Evaristo Arns está com 95 anos e completou 50 anos de bispado
D. Paulo Evaristo Arns está com 95 anos e completou 50 anos de bispado (Foto: TV Globo/Divulgação)

Vida

Quinto de 13 filhos de imigrantes alemães, Dom Paulo Evaristo Arns nasceu em 1921 em Forquilhinha, Santa Catarina. Ingressou na Ordem Franciscana em 1939, e iniciou seus trabalhos como líder religioso em Petrópolis, no Rio de Janeiro.
Formou-se em teologia e filosofia em universidades brasileiras. Ordenado sacerdote em 1945, ele foi estudar na Sorbonne, em Paris, onde cursou letras, pedagogia e também defendeu seu doutorado.
Foi bispo e arcebispo de São Paulo entre os anos 60 e 70. Teve uma atuação marcante na Zona Norte da cidade, região em que desenvolveu inúmeros projetos voltados para a população de baixa renda. Em julho deste ano, foi celebrado os 50 anos de sua ordenação episcopal.
Ao longo de sua trajetória, trabalhou como jornalista, professor e escritor, tendo publicado 57 livros. Durante a Ditadura Militar, destacou-se por sua luta política, em defesa dos direitos humanos, contra as torturas e a favor do voto nas Diretas Já.
Ganhou projeção na militância em janeiro de 1971, logo após tornar-se arcebispo de São Paulo, e denunciar a prisão e tortura de dois agentes de pastoral, o padre Giulio Vicini e a assistente social Yara Spadini.
No mesmo ano, apoiou Dom Hélder Câmara e Dom Waldyr Calheiros que estavam sendo pressionados pelo regime militar.
Em 1972 criou a Comissão Justiça e Paz de São Paulo e, como presidente regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), liderou a publicação do “Testemunho de paz”, documento com fortes críticas ao regime militar que ganhou ampla repercussão à época.
Presidiu celebrações históricas na Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, em memória de vítimas da Ditadura Militar. Dentre eles, do estudante universitário Alexandre Vannucchi Leme, assassinado em 1973, e o ato ecumênico em honra do jornalista Vladimir Herzog, assassinado no DOI-CODI, em São Paulo, em 75.
Lideranças na defesa dos direitos humanos homenageam os 95 anos de Dom Paulo Evaristo Arns durante evento na Pontifícia Universidade Católica (PUC), em São Paulo, em outubro de 2016
Lideranças na defesa dos direitos humanos homenageam os 95 anos de Dom Paulo Evaristo Arns durante evento na Pontifícia Universidade Católica (PUC), em São Paulo, em outubro de 2016 (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Atuou contra a invasão da PUC em 1977, em São Paulo, comandada pelo coronel Erasmo Dias, à época secretário de Segurança, e a operação para entregar ao presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, uma lista com os nomes de desaparecidos políticos.
Também teve papel importante em favor das vítimas da ditadura na Argentina, em 1976. O ativista de direitos humanos argentino Adolfo Perez Esquivel, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1980, disse que foi "salvo duas vezes" por dom Paulo Evaristo Arns durante a ditadura no Brasil.
Em 1980, acompanhou a primeira visita do papa João Paulo II ao Brasil, em 1980. Em São Paulo, João Paulo II falou no estádio do Morumbi para 200 mil operários.
Em 1983, foi um dos criadores da Pastoral da Criança, com o apoio de sua irmã, Zilda Arns, que morreu no terremoto de 2010 no Haiti, onde realizava trabalhos humanitários.
Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo emérito de São Paulo, participa de celebração eucarística dos 65 anos de sua Ordenação Sacerdotal na Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, em novembro de 2010
Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo emérito de São Paulo, participa de celebração eucarística dos 65 anos de sua Ordenação Sacerdotal na Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, em novembro de 2010 (Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo/Arquivo)
Em 28 anos de arcebispado, criou 43 paróquias, construiu 1200 centros comunitários, incentivou e apoiou o surgimento de mais de 2000 comunidades eclesiais de base (CEBs) na capital paulista.
Por seus feitos, recebeu inúmeros prêmios e homenagens no Brasil e no exterior. Dentre eles, o Prêmio Nansen do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), o Prêmio Niwano da Paz (Japão), e o Prêmio Internacional Letelier-Moffitt de Direitos Humanos (EUA), além de 38 títulos de cidadania.
Sua biografia foi relatada em dez livros, sendo o mais recente lançado em outubro deste ano, no Tuca, teatro da PUC, na Zona Oeste de São Paulo, durante uma homenagem pelos 95 anos de Dom Paulo.
Arns organizou o Projeto Brasil: Nunca Mais desenvolvido ao lado do rabino Henry Sobel, Pastor presbiteriano Jaime Wright e equipe, no qual reuniram informações em 707 processos do Superior Tribunal Militar (STM) revelando a extensão da repressão política no Brasil e sistematizada em um livro.
Dom Paulo era corintiano fanático e escreveu o livro "Corintiano Graças a Deus".

sábado, 2 de julho de 2016

D. Paulo Evaristo Arns celebra 50 anos de ordenação episcopal e Papa Francisco exalta dedicação à defesa dos direitos dos pobres

D. Paulo Evaristo Arns celebra 50 anos de ordenação episcopal em missa na Sé

Celebração teve a participação de 200 padres e 40 bispos; mensagem do Papa Francisco exalta dedicação de d. Paulo à defesa dos direitos dos pobres
por Redação RBA publicado 02/07/2016 
MARCELL RONCON/FUTURA PRESS/FOLHAPRESS
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Missa de jubileu de ouro da ordenação episcopal de d.Paulo foi realizada na catedral da Praça da Sé
São Paulo – O arcebispo emérito de São Paulo, o cardeal d. Paulo Evaristo Arns celebrou hoje (2) 50 anos de sua ordenação episcopal, com missa na Praça da Sé. Participaram cerca de 200 padres e 40 bispos em cerimônia presidida pelo cardeal-arcebispo, d. Odilo Scherer.
Em mensagem ao cardeal Arns pelo jubileu de ouro, o Papa Francisco escreveu: “Quem, de fato, não conheceu a tua grande dedicação na promoção dos direitos dos pobres, na defesa da vida digna para todos, na ajuda às famílias e aos oprimidos! No entanto, não achamos necessário que sejam recordados cada um dos teus encargos e méritos, que são muitíssimos e que, por certo, somente por Deus são conhecidos.”
Na homilia para a missa, d. Odilo enfatiza sobre a importância da esperança cristã e diz que “Dom Paulo exerceu seu ministério episcopal, animado por essa esperança, deixando marcas profundas na cidade e na arquidiocese. Hoje, aqui nos reunimos em torno dele para agradecer a Deus pelos 50 anos de sua ordenação episcopal. Foi muita graça de Deus para ele e para a Igreja”.


Dom Paulo foi ordenado bispo em dia 3 de julho de 1966 e começou como auxiliar na Região Episcopal Santana.
Biografia
Filho de imigrantes alemães, Dom Paulo Evaristo Arns nasceu em 1921 em Forquilhinha, Santa Catarina. Ordenado sacerdote em 1945, ele foi estudar na Sorbonne, em Paris. Formou-se em estudos brasileiros, latinos, gregos e literatura antiga.

No Brasil, foi bispo e arcebispo de São Paulo entre os anos 60 e 70 e se destacou por sua luta política, como contra as torturas praticadas durante a Ditadura Militar e a favor do voto, nas Diretas Já.

Em 1985, o cardeal criou a Pastoral da Infância com o apoio da irmã Zilda Arns, que morreu no Haiti vítima do forte terremoto que destruiu parte do país, em 2010. Ela realizava trabalhos humanitários.

No Brasil, sua atuação pastoral foi voltada aos habitantes da periferia, aos trabalhadores, à formação de comunidades eclesiais de base (CEB) nos bairros, principalmente os mais pobres, e à defesa e promoção dos direitos da pessoa humana. Ordenado sacerdote em 1945, foi estudar na Sorbonne, em Paris. Formou-se em estudos brasileiros, latinos, gregos e literatura antiga. Foi bispo e arcebispo de São Paulo entre os anos 1960 e 1970. Destacou-se por sua luta política contra as torturas praticadas pela ditadura, para que documentos não fossem eliminados, e também a favor do voto, no movimento Diretas Já.
Sua atuação contra a repressão da ditadura ganhou destaque já em 1969, quando passou a defender seminaristas dominicanos presos por ajudarem militantes opositores. Três anos depois, como presidente da Regional Sul-1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), após um encontro com todos os bispos do estado de São Paulo em Brodósqui, liderou a publicação de “Testemunho de paz”, documento com fortes críticas ao regime que ganhou ampla repercussão.
Em março de 1973, presidiu a “Celebração da Esperança”, em memória de Alexandre Vannucchi Leme, estudante universitário morto pela ditadura. No ano seguinte, acompanhado de familiares de presos políticos, apresentou ao general Golbery do Couto e Silva um dossiê sobre os casos de 22 desaparecidos. Em outubro de 1975, celebrou na Catedral da Sé o histórico culto ecumênico em honra de Vladimir Herzog, jornalista morto pelo regime. Em 1978, apoiou o Movimento contra o Custo de Vida, que protestava contra a carestia.
Entre 1979 e 1985, coordenou com o pastor Jaime Wright, de forma clandestina, o Projeto Brasil: Nunca Mais. O trabalho foi realizado em sigilo e o resultado foi a cópia de mais de um milhão de páginas de processos do Superior Tribunal Militar (STM). Entre outros episódios de sua trajetória, destacam-se sua atuação contra a invasão da PUC comandada pelo então secretário de Segurança, coronel Erasmo Dias, em 1977; e o planejamento da operação para entregar ao presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, uma lista com os nomes de desaparecidos políticos.
Em 1972, criou a Comissão Justiça e Paz de São Paulo. Incentivou a Pastoral da Moradia e a Pastoral Operária. Em 1985, o cardeal criou a Pastoral da Infância, com o apoio da irmã Zilda Arns, que morreu no terremoto de 2010 no Haiti, onde realizava trabalhos humanitários.
Como reconhecimento por sua obra humanitária, Dom Paulo recebeu vários prêmios no Brasil e no exterior, como o Prêmio Nansen do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), o Prêmio Niwano da Paz (Japão), e o Prêmio Internacional Letelier-Moffitt de Direitos Humanos (EUA). Em outubro de 2012, o jornalista Ricardo Carvalho lançou a biografia “O cardeal da resistência – As muitas vidas de dom Paulo Evaristo Arns”.

DOM PAULO EVARISTO ARNS: CORAGEM E FÉ



HOMENAGEM A DOM PAULO, REALIZADA NO ENCERRAMENTO DA CELEBRAÇÃO DOS 65 ANOS DE ORDENAÇÃO SACERDOTAL DO ARCEBISPO EMÉRITO DE SÃO PAULO.



DOM PAULO ARNS - LANÇAMENTO DO LIVRO “BRASIL NUNCA MAIS” - NATAL (RN)





Livro narra a luta de D. Paulo pela democracia
Em 2012 foi lançado o livro “O Cardeal da Resistência - As muitas vidas de Dom Paulo Evaristo Arns”, Ricardo Carvalho conta muitas histórias do religioso que enfrentou generais-presidentes em plena ditadura ao abrir as portas da igreja para abrigar perseguidos políticos e denunciar os crimes do governo.



Fontes:
Rede Brasil Atual
memoriasdaditadura/biografia-da-resistencia


domingo, 16 de fevereiro de 2014

Dom Paulo: A trajetória do cardeal que resistiu à ditadura

Livro conta luta de Dom Paulo Evaristo Arns em busca da democracia
Globo News Miriam Leitão
 
Em “O Cardeal da Resistência - As muitas vidas de Dom Paulo Evaristo Arns”, Ricardo Carvalho conta muitas histórias do religioso que enfrentou generais-presidentes em plena ditadura ao abrir as portas da igreja para abrigar perseguidos políticos e denunciar os crimes do governo.



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