sábado, 28 de março de 2015

FSM, na Tunísia, encerra propondo ações em defesa dos direitos humanos e ambientais

A partir dos informes de Frei Rodrigo Péret, direto da Tunísia e a seguir artigo do Padre Dario Bossi, no site da CPT nacional. 
 
Fórum Social Mundial encerrou-se hoje , em Tunis.
 Durante a realização do  Fórum Social Mundial (FSM) 2015, na Tunísia, a delegação da família franciscana promoveu junto com outras organizações e movimentos sociais quatro oficinas sobre os impactos da mineração: "Mineração, Território e Mudança Climática" e "Igrejas Cristãs e Mineração". E duas outras na área de Direitos Humanos: "Parando os abusos de direitos humanos e trabalhistas por parte das empresas: Novos desenvolvimentos na regulamentação internacional e nacional" e "Aderindo ao movimento global para um tratado sobre direitos humanos e atividade empresarial: uma sessão de informação e estratégia pelo Tratado de Aliança

Os eventos do FSM2015 foram realizados na Universidade El Mar, em Tunis (capital).
 
Foram quatro dias de muitas reuniões, conferencias e oficinas de discussão e planejamento.
 
A Delegação da Família Franciscana Internacional participou ativamente, juntamente com organizações parceiras dos países da África sub-saariana através da articulação Diálogo dos Povos e da rede latino americana "Igrejas e Mineração".
 
Uma agenda para se trabalhar em conjunto em vista da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP21), que será realizada em Paris, em dezembro deste ano é um dos resultados positivos do FSM2015.
 
O desafio é enorme: conter as mudanças climáticas que ameaça nossas sociedades e repensar nosso sistema e modelo de sociedade.
 
Foto de Rodrigo Péret.
 
 
 
Foi realizado um Painel sobre Violações de Direitos por Corporações Transnacionais - Formas de regulação e de participação de comunidades afetadas, na construção de um tratado internacional sobre direitos humanos e corporações.
 
 Artigo do site da cptnacional.org.br:
 
 As igrejas, o Fórum Social Mundial e a violência da mineração. Confira artigo do padre Dario Bossi, da articulação Justiça nos Trilhos sobre a participação da “Igrejas e Mineração” no Fórum Social Mundial 2015,em Túnis, na Tunísia.
 
 
Padre Dario Bossi – articulação Justiça nos Trilhos
 
O Fórum Social Mundial (FSM) é uma iniciativa dos movimentos sociais de diversas partes do mundo que entende contrapor à globalização econômico-financeira uma articulação daqueles que sonham, pensam e constroem um “outro mundo possível”.
 
Algo que se parece, em chave cristã, à “Globalização da Solidariedade”, que hoje papa Francisco interpreta como um urgente compromisso da Igreja frente ao pecado social do capitalismo, que gera desigualdades e descarta a pessoas e a criação.
 
Desde 2001, o FSM reúne militantes dos mais diversos movimentos, entidades e organizações sociais para debater a conjuntura, os desafios sociais, econômicos e políticos e as possíveis alianças entre quem trabalha junto às comunidades afetadas por esse modelo de desenvolvimento.
 
Entre os dias 24 a 28 de março de 2015, em Túnis, a articulação latino-americana Iglesias y Minería participará do FSM, apresentando sua história e objetivos, e tentando fortalecer a interação com outras forças para denunciar as violações provocadas pelo modelo extrativista no mundo.
 
Iglesias y Minería (IyM) é uma rede cristã ecumênica, nascida em 2013 por iniciativa de um grupo de religiosas/os, leigas/os já comprometidos frente à mineração, mas com a necessidade de buscar alianças em vista de uma maior proteção frente à criminalização, e de uma maior incidência junto à hierarquia das igrejas e às instituições internacionais de defesa dos direitos humanos e ambientais.
 
Em dezembro de 2014, IyM realizou um encontro internacional em Brasília, com a participação de cerca de cem pessoas dos diversos países do continente americano. A partir desse encontro, fortaleceram-se articulações velhas e novas, em particular uma significativa aliança com a Red Eclesial Panamazonica e uma interação com o Pontifício Conselho Justiça e Paz, na esperança de poder realizar em Vaticano um Encontro das comunidades latinoamericanas atingidas por mineração.
As igrejas cristãs têm um papel importante junto às comunidades na defesa dos bens comuns, do direito à autodeterminação no uso dos territórios e do direito intergeracional a uma relação viva e respeitosa com a Criação inteira.
 
Para assumir essa missão, urgente e por muitos aspectos nova e desafiadora, as igrejas precisam desconstruir algumas categorias bíblico-teológicas que, influenciadas por culturas antropocêntricas e utilitaristas, consideram a criação como um conjunto de recursos à disposição do desenvolvimento humano. Também, as igrejas devem saber pedir perdão pelas violações e a cultura da exploração que elas próprias instituíram ou legitimaram ao longo dos séculos.
 
Por outro lado, essas mesmas igrejas devem valorizar sua presença capilar e permanente ao lado dos mais pobres, escolha preferencial e inspiração profética de seus posicionamentos.
 
Nesse sentido, as comunidades cristãs podem representar o elemento de proximidade e continuidade na denúncia das violações socioambientais e no acompanhamento das reivindicações das comunidades, bem como dos processos de construção de alternativas ou de defesa das práticas ancestrais que preservam a Mãe Terra.
 
 
 
 
 

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