Prêmio Nobel da Paz e símbolo maior da luta contra a desigualdade racial, Nelson Mandela morre aos 95 anos, na África do Sul; depois de passar 27 anos num cárcere de 2,5 m por 1,5 m, ele teve forças para liderar todo um país na derrubada do apartheid
5 de Dezembro de 2013 às 19:48
Do site Brasil247:
¶ Uma das figuras mais celebradas do mundo, primeiro presidente negro da África do Sul, com sua face estampada em todas as notas de dinheiro de seu país, o Prêmio Nobel da Paz Nelson Mandela também foi um dos mártires que pagaram mais caro, na própria pele, por acreditar e lutar por sua causa, a igualdade racial. Nesta quinta-feira 5, aos 95 anos de idade, Mandela deu seu último suspiro – e da condição de lenda viva passou a imortal da humanidade. Seu exemplo de resistência às injustiças será sempre celebrado por todo o sempre, em todo o mundo.
Na condição de um dos líderes do Congresso Nacional Africano, partido que comandou a resistência ao regime do apartheid ao longo do século 20, Mandela, após uma série de prisões, foi condenado à pena perpétua em 11 de junho de 1964. Naquele período, apenas 20% dos habitantes da África do Sul eram brancos, contra uma esmagadora maioria de negros, mas o país não era deles. Toda a circulação era restrita, feita por meio de passes com autorizações para deslocamento até mesmo entre bairros das grandes cidades.
Com o número de prisioneiro 46664, Mandela foi jogado numa cela de 2,5 m por 1,5 m na ilha de Robben, onde seria privado do contato com o mundo exterior. Impedido de ver seus filhos e obter notícias de fora, tinha como único alento visitas esporádicas de sua mulher Winnie. Ele só sairia de lá, pela força de uma série de campanhas internacionais e forte pressão do CNA, em 1990, depois de 26 anos no cárcere. Estava, porém, politicamente mais forte do que nunca. Uma multidão foi recebê-lo. "Quando me vi no meio da multidão, alcei o punho direito e estalou um clamor. Não havia podido fazer isso desde há vinte e sete anos, e me invadiu uma sensação de alegria e de força", disse Mandela na ocasião.
Mesmo tendo um mundo completamente estranho à sua volta – ao ser preso pela primeira vez, em 1958, a África do Sul não permitia a negros terem televisão, mas na década de 1990, para assombro de Mandela, já era possível telefonar de dentro de aviões –, Mandela não teve dificuldades em ser eleito presidente do CNA. Mais complicada foi a vitória presidencial, na eleição de 1993, quando teve de enfrentar atentados contra figuras importantes de seu partido. Dono de enorme prestígio internacional, tendo dividido o Prêmio Nobel da Paz de 1993 com o então presidente Frederik de Klerk, Mandela superou todos os obstáculos para chegar ao governo com um discurso de conciliação dos negros com os brancos, apesar de todas as perseguições. Hoje, avalia-se que essa era a única estratégia possível para superar aquele momento.
Depois de ter perdido filhos e netos de maneira trágica, ter sido traído por sua mulher e enfrentado até incompreensões entre seus partidários, que exigiam dele uma postura mais agressiva frente ao regime que superava, Mandela mostrou-se ao longo da vida um político maior do que as circunstâncias imediatas. Sob sua condução serena nos anos 1990, como presidente – e de revolucionários que estudou técnicas de guerrilhas e participou de ações de enfrentamento direto com o regime nas décadas de 1950 e 1960, até ser preso –, Mandela temperou agressividade e conciliação, para entrar para a história como figura única que sofreu todas as dores do racismo e soube ultrapassar a ira que seus adversários tentaram lhe impor. Essa característica serena de Mandela o torna um líder até maior que sua própria causa, um verdadeiro exemplo de superação e fraternidade à toda prova.
Na condição de um dos líderes do Congresso Nacional Africano, partido que comandou a resistência ao regime do apartheid ao longo do século 20, Mandela, após uma série de prisões, foi condenado à pena perpétua em 11 de junho de 1964. Naquele período, apenas 20% dos habitantes da África do Sul eram brancos, contra uma esmagadora maioria de negros, mas o país não era deles. Toda a circulação era restrita, feita por meio de passes com autorizações para deslocamento até mesmo entre bairros das grandes cidades.
Com o número de prisioneiro 46664, Mandela foi jogado numa cela de 2,5 m por 1,5 m na ilha de Robben, onde seria privado do contato com o mundo exterior. Impedido de ver seus filhos e obter notícias de fora, tinha como único alento visitas esporádicas de sua mulher Winnie. Ele só sairia de lá, pela força de uma série de campanhas internacionais e forte pressão do CNA, em 1990, depois de 26 anos no cárcere. Estava, porém, politicamente mais forte do que nunca. Uma multidão foi recebê-lo. "Quando me vi no meio da multidão, alcei o punho direito e estalou um clamor. Não havia podido fazer isso desde há vinte e sete anos, e me invadiu uma sensação de alegria e de força", disse Mandela na ocasião.
Mesmo tendo um mundo completamente estranho à sua volta – ao ser preso pela primeira vez, em 1958, a África do Sul não permitia a negros terem televisão, mas na década de 1990, para assombro de Mandela, já era possível telefonar de dentro de aviões –, Mandela não teve dificuldades em ser eleito presidente do CNA. Mais complicada foi a vitória presidencial, na eleição de 1993, quando teve de enfrentar atentados contra figuras importantes de seu partido. Dono de enorme prestígio internacional, tendo dividido o Prêmio Nobel da Paz de 1993 com o então presidente Frederik de Klerk, Mandela superou todos os obstáculos para chegar ao governo com um discurso de conciliação dos negros com os brancos, apesar de todas as perseguições. Hoje, avalia-se que essa era a única estratégia possível para superar aquele momento.
Depois de ter perdido filhos e netos de maneira trágica, ter sido traído por sua mulher e enfrentado até incompreensões entre seus partidários, que exigiam dele uma postura mais agressiva frente ao regime que superava, Mandela mostrou-se ao longo da vida um político maior do que as circunstâncias imediatas. Sob sua condução serena nos anos 1990, como presidente – e de revolucionários que estudou técnicas de guerrilhas e participou de ações de enfrentamento direto com o regime nas décadas de 1950 e 1960, até ser preso –, Mandela temperou agressividade e conciliação, para entrar para a história como figura única que sofreu todas as dores do racismo e soube ultrapassar a ira que seus adversários tentaram lhe impor. Essa característica serena de Mandela o torna um líder até maior que sua própria causa, um verdadeiro exemplo de superação e fraternidade à toda prova.
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