domingo, 1 de dezembro de 2013

A magia da cena do nascimento de Jesus

 Do site iepha.mg.gov.br:
 
O presépio, também chamado de presepe, é a representação da cena do nascimento de Jesus. Comumente representado por um estábulo, a cena também é representada em uma lapa (gruta) – o que, muitas vezes, aproxima a cena de Belém aos cenários montanhosos de Minas Gerais.


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Presépio de maquineta, século XVIII, exposto no Museu da Inconfidêcia, em Ouro Preto


A recriação do cenário em que Jesus teria nascido foi uma inspiração de São Francisco de Assis que encontrou assim uma oportunidade para a catequese da população de Greccio, na Itália. Num bosque do povoado, em 1223, Francisco festejou a noite de Natal com uma missa solene, diante de um estábulo armado, onde não faltaram o boi e o jumento. Desde então, os franciscanos tornaram-se os principais propagadores do costume. Aliás, Nápoles (Itália) se destacou como um dos principais centros produtores de imagens para presépio. A perfeição das figuras produzidas e comercializadas na famosa Rua San Gregori Armeno ainda fazem do lugar um dos mais procurados pela arte presepista.

Com figuras de animais, pastores, casinhas, pequenas conchas e plantas, a cena de um presépio varia de acordo com os costumes do lugar. No interior paulista, de acordo com o livro Cultura Popular Brasileira, de Alceu Maynard Araújo, o chamado presépio-caipira reúne, além da manjedoura, 21 figuras: “Deus menino, José, Maria, Anjo Glória (com a faixa e inscrição), Anjo da guarda, os reis magos Gaspar, Melchior e Baltasar, Pastor (com a ovelha nos ombros), músico (pastor tocando pífano), outro músico (pastor tocando saltério ou sanfona), camponesa (com flores e frutos na cesta), caçador (com o cão ao lado), o profeta Simeão (apoiado no bastão), galo do céu, carneirinho de São João, vaca, jumenta, gambá, cabrito e mula.” 

São comuns grandes armações de presépios contarem com inúmeras miniaturas de diferentes espécies de animais. Assim, leões, bois, galinhas, vacas, pavões, elefantes, macacos, serpentes e girafas “convivem” naturalmente no presépio, ilustrando a profecia da calma dos animais selvagens quando do nascimento do Salvador.

Em Minas, a tradição dos presépios está presente desde o século 18, com muitos desses montados nos chamados oratórios-lapinha e maquinetas, como os que podem ser conferidos no Museu Mineiro, em Belo Horizonte, e nos Museus da Inconfidência e do Oratório, em Ouro Preto. Os oratórios-lapinhas, típicos do estado e procedentes da região de Santa Luzia e Sabará, geralmente acolhiam cenas ligadas à natividade de Jesus quando a sua estruturação era feita em dois andares: na parte superior se dedicava nichos aos santos de devoção do proprietário e, na inferior, caberia o acolhimento da cena do nascimento com as figuras principais – Menino Jesus, Maria, José e os Reis Magos.

Variações

Um dos mais antigos presépios de Minas Gerais de que se tem registro é o da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, de Diamantina. Construído em uma maquineta – uma redoma protegida por um vidro – o presépio foi uma doação do frade Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré, em 3 de agosto de 1797. O artista, desconhecido, utilizou materiais alternativos como conchas, flores secas, malacachetas, areia e papelão para retratar a cena. Outro aspecto peculiar dessa recriação é utilização de uma ruína – que na retórica clássica simboliza o passado – como pano de fundo para abrigar a Sagrada Família.

As superstições populares também estão relacionadas à montagem do presépio. Quem arma um presépio, deverá fazê-lo por sete anos seguidos, aconselhando que, em caso de casal, o marido arme durante os primeiros sete anos e sua esposa em outros sete também.

Outro costume popular difundido para as pessoas que não tinham condições para custear a armação de um presépio é a montagem da “lapinha” para colocar a imagem do Menino Jesus. Essa lapinha deve ser feita com varetas que, saindo dos quatro cantos de uma base, se unem ao centro, formando uma abóbada. Sob esse encontro é colocado o Anjo Glória. Recoberta por papel de seda e enfeitada com flores, a “lapinha” deve abrigar a imagem do Menino até o dia 6 de janeiro, quando então é feita uma reza e a “lapinha” guardada até o próximo ano. Alguns lugares conservam a tradição de destruí-la ao final dos festejos natalinos para que não seja profanada.

FOTO: Divulgação Museu da Inconfidência
 

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