O Tempo
“O efeito principal e inevitável da proposta de emenda constitucional elaborada para forçar um congelamento orçamentário como demonstração de prudência fiscal será o prejuízo aos mais pobres nas próximas décadas”. A constatação não é de nenhum petista ou sindicalista: é do relator especial da ONU para extrema pobreza e direitos humanos, Philip Alston. Para ele, a PEC 55 colocará “o Brasil em uma categoria única em matéria de retrocesso social”. Alston ainda alerta para o óbvio. Temer e seus fiadores no Congresso – Renan Calheiros (PMDB), Rodrigo Maia (DEM), Aécio Neves (PSDB), Paulinho da Força (Solidariedade) etc. – representam uma elite derrotada nas eleições, no voto popular. O projeto deles, como demonstrou todas as enquetes e pesquisas feitas a respeito da PEC 55, não tem o apoio da maioria da população. Mas isso não importa. Seus interesses estão atrelados ao mercado – nome fantasia em que se escondem banqueiros, especuladores financeiros, grandes empresários.
Se tomarmos por base o cenário de hoje e o projetado para as próximas décadas, R$ 20 bilhões deixarão de ser investidos em saúde por ano (dados do Conselho Nacional de Saúde) e R$ 25,5 bilhões em educação (estudo da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados). E o salário mínimo, hoje de R$ 880, seria de R$ 400 caso a medida já vigorasse há 20 anos.
O país assiste a um enorme acerto das grandes corporações para se manterem no poder à revelia da desgraça e da insatisfação popular. Nesse esquema vale tudo, inclusive fechar os olhos para as denúncias contra Renan Calheiros e mantê-lo no cargo, com aval do STF. Afinal, sem Renan as medidas de Temer correm o risco de não vigorar no Legislativo. E essa turma ainda precisa aprovar a reforma da Previdência, aquela na qual o trabalhador comum precisará trabalhar pelo menos 49 anos para ter a integralidade do benefício pelo qual ele pagou.
E ainda tem gente seriamente preocupada com vandalismo em manifestações.
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