Quando falta o pão, mais circo. A guerra cobre a crise
Nunca vi, ao longo da vida, tamanha balbúrdia institucional e tanta morbidez espalhada pela mídia sobre a sociedade.
Quanto mais se aprofunda a crise econômica, o imenso acordo das elites e da direita em torno do governo Temer mais vai se transformando em uma guerra que já nem esconde as garras.
A começar pelo conflito entre os maiores responsáveis pela deterioração da institucionalidade no país: a trinca Polícia Federal-MP-Judiciário versus Legislativo no triste episódio da votação das falecidas “Dez Medidas contra a Corrupção” e da lei de abuso de autoridade de policiais, promotores e juízes.
Jamais na história brasileira viu-se juízes em comício, promotores ameaçando largar casos sob sua responsabilidade e policiais conspirando abertamente contra os legisladores. Tudo desaguando nas marchas que eles e a mídia convocaram e insuflaram no domingo.
Depois dela, os atores mudaram. A decisão inopinada de Marco Aurélio Mello – para que não decidir, como no caso de Eduardo Cunha, diretamente no plenário? – e a reação da Mesa do Senado – que atiraram o país num impasse inédito.
Qualquer que seja a decisão tomada pelo plenário do Supremo – e não referendar a decisão de Marco Aurélio equivalerá a jogar o STF na fogueira moralista que incendeia a mídia.
Fogueira moralista? Basta que se veja como as prisões passaram a justificarem a si mesmas, não precisam mais ter legalidade ou fundamentação convincente.
Que guris de 18 anos queiram resolver as coisas assim é imaturidade natural e até saudável. Quando este tipo de comportamento chega a quem tem responsabilidades de Estado, sobre a liberdade e a dignidade de terceiros é mais que preocupante: é apavorante.
Mas se isso está acontecendo, há razões, não apenas loucura.
E a razão essencial é que o país enveredou por uma crise econômica para a qual não há saída visível e o grande instrumento de dominação da população – o império da mídia – açula e estimula agentes públicos totalmente desconectados de responsabilidades com a população, mas apenas com o poder para fornece diversionismo, inimigos, culpados pela “bandalheira” que protejam o grande processo de saque que se executa sobre o país.
Tudo isso num país presidido por um fraco, que só é capaz de bajular, intrigar, conspirar e esconder sob seus maneirismo o imenso vazio que é.
Pelo poder, não hesita em propor a liquidação dos serviços públicos e nem mesmo em praticar covardias como condenar os brasileiros ao “trabalho eterno”, com uma aposentadoria de meio século e abertamente propor que pensionistas, deficientes e desamparados percam até a garantia do salário mínimo.
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