Nessa terça-feira, 29 de novembro, manifestantes de todo Brasil reuniram-se em Brasília para ato unificado contra a aprovação da PEC 55, que destroça os investimentos públicos brasileiros em todas as áreas - inclusive saúde e educação - pelos próximos 20 anos. Estudantes, professores, servidores públicos, camponeses, trabalhadores urbanos, sem teto e indígenas participavam do ato para pressionar os senadores pelo lado de fora do Congresso Nacional.
Havia estudantes das cinco regiões do país - muitos deles, ocupados em suas instituições pelo Brasil afora. Estavam ainda algumas entidades sindicais, categorias reunidas e comunidades indígenas do norte do Brasil.
A concentração deixou o Museu Nacional às 17h em direção ao Congresso Nacional. Foi uma caminhada bonita, repleta de esperança e gritos contra o presidente Michel Temer e, especialmente, contra a sua mais perversa medida, a Proposta de Emenda Constitucional 55. O grupo atravessou a Esplanada e chegou ao gramado do Congresso.
A multidão correu para ocupar a entrada daquilo que deveria ser a Casa do Povo brasileiro. Alguns, pacificamente, entraram no espelho d'água.
Dentro do Congresso, as repartições pararam: todos foram para janela ver a multidão. Mas os deputados, no salão verde, seguiam fazendo pouco-caso da manifestação. Instigado a mandar um recado aos estudantes, o deputado Espiridião Amim (PP-SC) respondeu: "achem outra solução para o déficit das contas públicas". O deputado Onix Lorenzoni (DEM-RS) passou o olhou pela janela da entrada, percebeu o início das hostilidades da polícia e seguiu sua conversa com um assessor.
Quando o Senado iniciava a sessão, do lado de fora, a polícia iniciava seus ataques. Em poucos minutos, mais de 300 policiais do Batalhão de Choque, da ronda motorizada e do Cavalaria violentaram a democracia, reprimindo até mesmo manifestantes parados, que fotografavam ou ajudavam seus colegas. Muitos jovens correram, chorando. Outros reagiam com violência, quebrando placas, carros e fazendo barricadas para dificultar o avanço da polícia. A Esplanada, o coração da República, virou uma praça de guerra.
Deputados como Alessandro Molon, Benedita da Silva, Léo de Britto e Elvino Bohn Gass deixaram o Congresso e intervieram junto aos policiais. No caminhão de som, coordenadores do ato pediam para a multidão recuar até o Museu Nacional e para a polícia parar de atacar o povo. A multidão recuou, mas a polícia não deteve seu avanço ostensivo e inconstitucional.
Manifestantes foram presos. Alguns caíram desmaiados com o gás. Na altura do Ministério do Desenvolvimento, a batalha recrudesceu. A polícia atacou com spray, mesmo manifestantes pacíficos.
Até as 21h, pelo menos, a polícia permanece suas rondas, com carros, motos e helicópteros. À procura do quê? Talvez da Constituição, rasgada, outra vez, pelos cantos de Brasília.
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