Eles não se conhecem ainda. São militantes, ativistas, pesquisadores, ambientalistas, músicos, poetas; de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e interior de Minas. Movidos pelas mais diversas causas, 50 caminhantes vão mergulhar juntos, no próximo sábado, em uma jornada que tem tudo para ser no mínimo transformadora. Entre veredas e buritis, eles vão percorrer 160 km em sete dias de caminhada pelos cenários sertanejos do clássico “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa. Como escreveu o autor, um dos mais importantes do país: “O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”.
Essa travessia se propõe ser uma imersão cultural, em que literatura e geografia se misturam e se completam. De Sagarana, distrito de Arinos, no Noroeste, ao Parque Nacional Grande Sertão Veredas, em Chapada Gaúcha, no Norte – próximo à divisa com Bahia e Goiás –, o grupo vai trilhar a pé parte do caminho feito pelo protagonista Riobaldo rumo ao Liso do Sussuarão. Pelo trecho, cenários e pessoas do cerrado mineiro se fundem, dando vida à ficção roseana.
Essa travessia se propõe ser uma imersão cultural, em que literatura e geografia se misturam e se completam. De Sagarana, distrito de Arinos, no Noroeste, ao Parque Nacional Grande Sertão Veredas, em Chapada Gaúcha, no Norte – próximo à divisa com Bahia e Goiás –, o grupo vai trilhar a pé parte do caminho feito pelo protagonista Riobaldo rumo ao Liso do Sussuarão. Pelo trecho, cenários e pessoas do cerrado mineiro se fundem, dando vida à ficção roseana.
Em trajetos que percorrem em média 20 km a 30 km por dia, os caminhantes poderão vivenciar a fauna e a flora típicas do sertão mineiro. No entanto, mais do que a desafiadora aventura, a ideia é também possibilitar troca de experiências e aprendizado com a simplicidade própria do povo sertanejo. Em cada pouso nas comunidades, a jornada dos caminhantes se entrelaça, por meio de histórias, folias de reis, tradições e memórias, aos saberes e fazeres dos habitantes dos vales dos rios Urucuia e Carinhanha. Como disseram os organizadores, baseados em Rosa, “ninguém atravessa essa paisagem impunemente – ao final, revela-se e apura-se que o sertão está dentro da gente”.
“Estando lá a gente entende de onde vem tanta inspiração. Os personagens são muito intensos”, afirma o produtor cultural Leonardo Yu Marins, 29, que participou da primeira edição do projeto. “Eu me senti dentro da obra. A gente encontra os personagens o tempo inteiro pelo caminho, montados no cavalo, fumando cigarro de palha, fazendo folia de reis”.
Marins nunca havia feito uma caminhada tão longa e recomenda a experiência. “Fácil não é. É um exercício bem intenso em vários sentidos, da questão física à psicológica. Mas o contexto todo te motiva. No fim dá uma sensação de dever cumprido e de envolvimento com o lugar. É uma troca de experiências muito forte. Apesar de cada um (dos caminhantes) ser de um canto, no fundo tínhamos algo em comum e nos identificamos”.
Entenda. Criado em 2014, o projeto O Caminho do Sertão é um dos principais produtos oriundos de um trabalho de desenvolvimento social e territorial feito há mais de uma década na região. A intenção é que o roteiro se torne rota permanente de turismo ecocultural e literário de base comunitária, que desperte o interesse de públicos diversos para o valor e a diversidade locais.
“No esforço de entender o pertencimento daquelas comunidades ao território, a gente se aproxima de Rosa. A obra dele serve para trabalhar a cultura da região, promover a autoestima pessoal e auxiliar a identificação das pessoas com a riqueza do território”, afirma o empreendedor social e ativista cultural Almir Paraka, 52, um dos idealizadores do projeto e ex-deputado estadual.
“Estando lá a gente entende de onde vem tanta inspiração. Os personagens são muito intensos”, afirma o produtor cultural Leonardo Yu Marins, 29, que participou da primeira edição do projeto. “Eu me senti dentro da obra. A gente encontra os personagens o tempo inteiro pelo caminho, montados no cavalo, fumando cigarro de palha, fazendo folia de reis”.
Marins nunca havia feito uma caminhada tão longa e recomenda a experiência. “Fácil não é. É um exercício bem intenso em vários sentidos, da questão física à psicológica. Mas o contexto todo te motiva. No fim dá uma sensação de dever cumprido e de envolvimento com o lugar. É uma troca de experiências muito forte. Apesar de cada um (dos caminhantes) ser de um canto, no fundo tínhamos algo em comum e nos identificamos”.
Entenda. Criado em 2014, o projeto O Caminho do Sertão é um dos principais produtos oriundos de um trabalho de desenvolvimento social e territorial feito há mais de uma década na região. A intenção é que o roteiro se torne rota permanente de turismo ecocultural e literário de base comunitária, que desperte o interesse de públicos diversos para o valor e a diversidade locais.
“No esforço de entender o pertencimento daquelas comunidades ao território, a gente se aproxima de Rosa. A obra dele serve para trabalhar a cultura da região, promover a autoestima pessoal e auxiliar a identificação das pessoas com a riqueza do território”, afirma o empreendedor social e ativista cultural Almir Paraka, 52, um dos idealizadores do projeto e ex-deputado estadual.
Iniciativa
Realização. O projeto é promovido por Agência de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Vale do Rio Urucuia, Instituto Cultural e Ambiental Rosa e Sertão e Centro de Referência em Tecnologias Sociais do Sertão.
Realização. O projeto é promovido por Agência de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Vale do Rio Urucuia, Instituto Cultural e Ambiental Rosa e Sertão e Centro de Referência em Tecnologias Sociais do Sertão.
Descritivo
Travessia. A caminhada começa em Sagarana, o primeiro assentamento de reforma agrária da região e onde ocorre anualmente o festival Sagarana: Feito Rosa para o Sertão. O ponto final é Chapada Gaúcha, onde em julho acontece o Encontro dos Povos do Grande Sertão Veredas – a travessia termina no evento. “O caminho nasce como uma tentativa de homenagear o Encontro dos Povos, e é produto de um esforço, na cadeia do turismo, de promover a melhoria da autoestima do povo sertanejo”, explica Almir Paraka. Feita em julho de 2014, a primeira edição teve trajeto de 150 km e reuniu 70 pessoas.
Seleção. A segunda caminhada acontece de 4 a 12 de julho e está sendo organizada de forma voluntária e colaborativa pelos caminhantes de 2014. Os 50 participantes foram escolhidos entre 243 inscritos, com prioridade para moradores da região, lideranças que militam na área, ativistas de movimentos sociais, pesquisadores e amantes da obra de Guimarães Rosa.
Programação. As caminhadas começam por volta das 6h e se estendem pela manhã e às vezes até o início da tarde. Ao terminar o trajeto do dia, os caminhantes são recepcionados com música pela comunidade, almoçam e montam barracas, normalmente nos quintais das casas. À noite, a comunidade apresenta folias e danças.
Custo. Nas trilhas, veículos de apoio transportam barracas e mochilas dos participantes, prestando primeiros- socorros e transporte em emergências. As despesas com transporte até Sagarana e de retorno à cidade de origem são de responsabilidade dos participantes. Cada caminhante paga R$ 195 para custar todas as refeições.
Travessia. A caminhada começa em Sagarana, o primeiro assentamento de reforma agrária da região e onde ocorre anualmente o festival Sagarana: Feito Rosa para o Sertão. O ponto final é Chapada Gaúcha, onde em julho acontece o Encontro dos Povos do Grande Sertão Veredas – a travessia termina no evento. “O caminho nasce como uma tentativa de homenagear o Encontro dos Povos, e é produto de um esforço, na cadeia do turismo, de promover a melhoria da autoestima do povo sertanejo”, explica Almir Paraka. Feita em julho de 2014, a primeira edição teve trajeto de 150 km e reuniu 70 pessoas.
Seleção. A segunda caminhada acontece de 4 a 12 de julho e está sendo organizada de forma voluntária e colaborativa pelos caminhantes de 2014. Os 50 participantes foram escolhidos entre 243 inscritos, com prioridade para moradores da região, lideranças que militam na área, ativistas de movimentos sociais, pesquisadores e amantes da obra de Guimarães Rosa.
Programação. As caminhadas começam por volta das 6h e se estendem pela manhã e às vezes até o início da tarde. Ao terminar o trajeto do dia, os caminhantes são recepcionados com música pela comunidade, almoçam e montam barracas, normalmente nos quintais das casas. À noite, a comunidade apresenta folias e danças.
Custo. Nas trilhas, veículos de apoio transportam barracas e mochilas dos participantes, prestando primeiros- socorros e transporte em emergências. As despesas com transporte até Sagarana e de retorno à cidade de origem são de responsabilidade dos participantes. Cada caminhante paga R$ 195 para custar todas as refeições.
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