domingo, 24 de maio de 2015

Uma multidão, em San Salvador, na beatificação de Dom Romero - O Profeta da América Latina

Dom Vincenzo Paglia, recordou publicamente o testemunho luminoso do arcebispo mártir, assassinado durante a celebração eucarística pelos esquadrões da morte ligados ao governo militar, porque denunciava a violência do regime.
No altar a camisa azul manchada de sangue
“Com a missa de hoje”, disse Dom Paglia, “se cumpriu aquela celebração que foi interrompida pelo sangue” e a das exéquias igualmente marcadas pelo massacre perpetrado pelo Exército contra os fiéis. Vermelho, cor do martírio. No grande altar montado para a cerimônia foi exposta, junto com outras relíquias, a camisa azul de Dom Romero, manchada de sangue. A mensagem foi clara: a morte não venceu.


Papa: Dom Romero soube guiar, defender e proteger seu rebanho



Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco enviou uma carta, neste sábado (23/05), ao Arcebispo de San Salvador, Dom José Luis Escobar Alas, Presidente da Conferência Episcopal de El Salvador, pela beatificação de Dom Oscar Arnulfo Romero.
“A beatificação de Dom Romero, que foi pastor desta querida arquidiocese, é um motivo de grande alegria para os salvadorenhos e para aqueles que se alegram com o exemplo dos melhores filhos da Igreja. Dom Romero, que construiu a paz com a força do amor, deu testemunho da fé com a sua vida entregue até o fim”, frisa o Papa na nota.
“O Senhor nunca abandona o seu povo nas dificuldades e se mostra solícito com as suas necessidades. Ele vê a opressão, ouve os gritos de seus filhos e vem em seu auxílio para libertá-los da opressão e levá-los para uma nova terra, fértil e espaçosa, onde jorra leite e mel. Como um dia escolheu Moisés para que, em seu nome, guiasse o seu povo, Ele continua suscitando pastores segundo o seu coração, que apascentem com ciência e prudência o seu rebanho.”
“Neste bonito país centro-americano, banhado pelo Oceano Pacífico, o Senhor concedeu à sua Igreja um bispo zeloso que, amando a Deus e servindo aos irmãos, tornou-se imagem de Cristo Bom Pastor. Em tempos difíceis de convivência, Dom Romero soube guiar, defender e proteger o seu rebanho, permanecendo fiel ao Evangelho e em comunhão com toda a Igreja. O seu ministério se destacou pela atenção especial aos  pobres e marginalizados. No momento de sua morte, enquanto celebrava o Santo Sacrifício de amor e reconciliação, recebeu a graça de identificar-se plenamente com Aquele que deu a vida por suas ovelhas”, sublinha Francisco na missiva.
“Neste dia de festa para a Nação salvadorenha e também para os países irmãos latino-americanos, damos graças a Deus porque concedeu ao bispo mártir a capacidade de ver e ouvir o sofrimento de seu povo. Ele foi modelando o coração do povo para que no nome de Deus, o orientasse e iluminasse, fazendo de sua obra um exercício pleno da caridade cristã

Vaticano \ Eventos
Oscar Romero é beato. Grande multidão em San Salvador

Multidão participa da missa de beatificação de Dom Romero - EPA


San Salvador (RV) - Dom Oscar Arnulfo Romero é beato. Mais de 200 mil pessoas, dentre elas vários chefes de Estado, participaram neste sábado (23/05), em San Salvador, capital salvadorenha, da cerimônia de beatificação do arcebispo mártir, assassinado por ódio à fé, em 24 de março de 1980.
“Um homem de fé profunda e esperança inquebrantável”, disse o Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, que presidiu a missa de beatificação. A festa litúrgica de Dom Romero será em  24 de março, dia de sua morte.
A opção pelos pobres feita por Romero era evangélica, não ideológica
“O sangue do arcebispo mártir, derramado em 24 de março de 1980, se misturou no altar com o sangue redentor de Cristo. Homem virtuoso, sacerdote bom e bispo sábio. Amava Jesus, Maria, a Igreja e o seu povo. A sua opção pelos pobres não era ideológica, mas evangélica. Romero permanece ainda hoje conforto para os desfavorecidos e marginalizados da terra, luz das nações e sal da terra”, frisou o purpurado.
O martírio de Romero não foi uma improvisação
O Cardeal Amato recordou que o “martírio de Romero não foi uma improvisação, mas o ápice de um caminho espiritual.  Com o seu tudo e com o meu nada faremos muito”, escreveu Dom Romero em seu diário quando era seminarista. O purpurado lembrou que uma reviravolta em sua vida de pastor manso e quase tímido aconteceu com a morte de Padre Rutilio Grande, em 12 de março de 1977, jesuíta salvadorenho, pároco dos campesinos oprimidos e marginalizados. “A partir daquele momento, ele recebeu do Espírito Santo o dom da fortaleza que o tornou cada vez mais explícito na defesa do povo oprimido e dos sacerdotes perseguidos”, disse ainda o Cardeal Amato.
Romero não é símbolo de divisão, mas de paz e fraternidade
“A sua caridade se estendia também aos perseguidores para os quais pregava a conversão ao bem. Portanto, ele não é símbolo de divisão, mas de paz, concórdia e fraternidade”, concluiu o purpurado.
Grande alegria entre os mais de 200 mil fiéis
Incontentável a alegria de milhares de fiéis reunidos na Praça do Divino Salvador do Mundo, em San Salvador. O postulador da causa de beatificação, Dom Vincenzo Paglia, recordou publicamente o testemunho luminoso do arcebispo mártir, assassinado durante a celebração eucarística pelos esquadrões da morte ligados ao governo militar, porque denunciava a violência do regime.
No altar a camisa azul manchada de sangue
“Com a missa de hoje”, disse Dom Paglia, “se cumpriu aquela celebração que foi interrompida pelo sangue” e a das exéquias igualmente marcadas pelo massacre perpetrado pelo Exército contra os fiéis. Vermelho, cor do martírio. No grande altar montado para a cerimônia foi exposta, junto com outras relíquias, a camisa azul de Dom Romero, manchada de sangue. A mensagem foi clara: a morte não venceu.

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