As relações entre a família Marinho, dona das Organizações Globo, e o empresário J. Hawilla, são mais próximas do que a de emissora e afiliada; João Roberto Marinho, responsável pelo jornal O Globo, é sócio da TV Aliança Paulista, de Sorocaba (SP); Paulo Daudt Marinho, filho de José Roberto Marinho e diretor do canal Gloob, é sócio da TV São José do Rio Preto; réu confesso nos Estados Unidos, Hawilla é o pivô do escândalo de corrupção que atinge o futebol mundial e se comprometeu a devolver mais de R$ 500 milhões; Hawilla confessou fraudes na compra de direitos de transmissão de torneios como a Copa do Brasil e a Copa América, que foram revendidos à Globo; segundo a emissora, grupos de mídia não estão sendo investigados (Brasil 247)
A CPI da CBF que deverá ser instalada e tendo como relator Romário tem a chance de prestar um serviço inestimável ao Brasil, mas seu trabalho só poderá ser levado realmente a sério se envolver uma organização histórica e umbilicalmente ligada ao à turma da CBF: a Globo.
Todo mundo tem direito à presunção de inocência e ao benefício da dúvida, mas depois de passar anos fazendo jornalismo na base da pré-condenação, testes de hipóteses, "domínio do fato" e do "ele não sabia?" para tentar fazer política demotucana, será difícil convencer o telespectador de que a Globo "não sabia" que seus sócios pagavam propinas a cartolas pela transmissão dos jogos que a emissora transmitiu. (Diário do Centro do Mundo)
Conseguirá a 'vênus platinada' convencer o público – e a Justiça – de que 'não sabia' que seus sócios pagavam propinas a cartolas pela transmissão de jogos de futebol?
Globo silencia sobre a corrupção no seu quintal
Um dos focos das investigações da Justiça americana sobre o escândalo de corrupção na Fifa são transações comerciais em que a Rede Globo, da família Marinho, atua diretamente há décadas; parceira incondicional da Fifa desde o mundial 1970, a Globo é detentora da transmissão no Brasil de praticamente todos os eventos investigados pelo FBI: Copa do Mundo, Libertadores, Copa América e até a Copa do Brasil; o elo mais forte entre Globo e Fifa é o brasileiro José Hawilla, da Traffic Group, que assumiu os crimes de extorsão, fraude, lavagem de dinheiro e vai devolver US$ 151 milhões; além disso, J. Hawilla é dono da TV TEM, maior afiliada da Globo no país; apesar das ligações perigosas, a Globo se limitou a dizer, no Jornal Nacional, que "o ambiente de negócio do futebol seja honesto"; também afirmou que "sobre essas empresas de mídia não pesam acusações ou suspeitas" (Brasil 247)
Globo esconde que J. Hawilla é sócio de filho de João Roberto Marinho
Conseguirá a 'vênus platinada' convencer o público – e a Justiça – de que 'não sabia' que seus sócios pagavam propinas a cartolas pela transmissão de jogos de futebol?
por Helena Sthephanowitz, para a Rede Brasil Atual
CC / JOAO32CARV
Ao noticiar o escândalo de corrupção internacional de subornos no futebol que levou à prisão do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, o Jornal Nacional da TV Globo omitiu informações relevantes ao telespectador.
A começar pelo fato de J. Hawilla ter sido diretor de esportes da própria Rede Globo em São Paulo – tendo sido antes repórter de campo – e já nessa época, começou paralelamente a comercializar placas de publicidade em estádios. Ali nascia o empresário com forte ligação com a emissora.
Em 2003 J. Hawilla fundou a TV TEM, sigla de Traffic Entertainment and Marketing, que forma uma cadeia de TVs afiliadas da Rede Globo no interior de São Paulo. As TVs de Hawilla cobrem quase metade do estado de São Paulo: 318 municípios e 7,8 milhões de habitantes, alcançando 49% do interior paulista. Entre as cidades cobertas estão, São José do Rio Preto, Bauru, Sorocaba e Jundiaí.
A dobradinha Hawilla-Globo não para por ai. Foi também do Grupo Globo que o empresário comprou, em 2009, o Diário de São Paulo. Ele já era dono da Rede Bom Dia, de jornais em cidades da área coberta pela TV TEM.
Faltou também o JN noticiar que os negócios da Globo com Hawilla que fazem parte da programação nacional da emissora. A produtora TV 7, que é da Traffic, faz os programas Auto Esporte e o Pequenas Empresas, Grandes Negócios, apresentados na Globo aos domingos, já há alguns anos.
Mas o que ninguém sabe e nem a Globo conta é que J. Hawilla é sócio de Paulo Daudt Marinho, filho e herdeiro de João Roberto Marinho, na TV TEM de São José do Rio Preto (SP).
João Roberto Marinho é um dos três filhos de Roberto Marinho que herdou o império da Rede Globo. O próprio João Roberto é sócio de dois filhos de J. Hawilla (Stefano e Renata) na TV TEM de Sorocaba (SP). Aliás a avenida em São José do Rio Preto onde fica a TV TEM ganhou o nome de Avenida Jornalista Roberto Marinho, em homenagem ao fundador da 'vênus platinada'.
No Jornal Nacional de quarta feira (27) , muito brevemente, William Bonner citou a Globo, como se quisesse dizer aos espectadores: "Não temos nada com isso". O jornalista leu: "A TV Globo, que compra os direitos de muitas dessas competições, só tem a desejar que as investigações cheguem a bom termo e que o ambiente de negócios do futebol seja honesto". Assim seco, sem entrar em detalhes.
J. Hawilla foi condenado nos Estados Unidos por extorsão, conspiração por fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. Os crimes foram cometidos na intermediação de subornos para cartolas da Fifa, da CBF e outras confederações de futebol por contratos de direitos televisivos e de marketing. Ele admitiu os crimes e, para não ir para a cadeia, delatou quem recebia propinas e negociou pagar multa de quase meio bilhão de reais.
Entre suas operações mais comuns estão propinas pagas à cartolagem dos clubes para intermediar a comercialização com emissoras de TV, como a TV Globo, dos direitos televisivos de transmissão dos jogos.
Segundo o departamento de Justiça dos Estados Unidos, as empresas de TV e de outras mídias pagavam à empresa de marketing de J. Hawilla, que conseguia os direitos de comercializar as transmissões, e depois repassava uma "comissão" aos cartolas.
As propinas acontecem há pelo menos 24 anos e envolveram jogos da Copa América, da Libertadores da América e do torneio Copa do Brasil, segundo os investigadores dos EUA.
Ao longo dos anos a maioria destes jogos no Brasil foram transmitidos com exclusividade pela TV Globo, que cedia alguns jogos para a TV Bandeirantes – mas sob limites rígidos – para livrar-se de acusações de concentração econômica e práticas anti-concorrenciais.
Se até o momento de fato não há acusações contra emissoras de TVs que tenham chegado ao conhecimento público, também é difícil afirmar que não pesam suspeitas. A Justiça dos Estados Unidos e o FBI disseram que as investigações estão apenas no começo.
Todo mundo tem direito à presunção de inocência e ao benefício da dúvida, mas depois de passar anos fazendo jornalismo na base da pré-condenação, testes de hipóteses, "domínio do fato" e do "ele não sabia?" para tentar fazer política demotucana, será difícil convencer o telespectador de que a Globo "não sabia" que seus sócios pagavam propinas a cartolas pela transmissão dos jogos que a emissora transmitiu.
A CPI da CBF só poderá ser levada a sério se Romário também investigar a Globo. Por Kiko Nogueira
Diário do Centro do Mundo:
Romário está cheio graça. Será o relator da CPI da CBF. Protocolou o pedido na quinta feira, na esteira da prisão de Marin e outros pilantras da Fifa. Quer investigar, principalmente, a venda de direitos de transmissão de eventos esportivos.
No Twitter, o senador escreveu o seguinte: “Acho que, como ex-jogador, tenho muito o que contribuir”.
Num discurso no plenário da Câmara, anunciou sua intenção de assumir a relatoria para que “tudo o que for apurado seja devidamente registrado”. O primeiro a depor será Marco Polo Del Nero, presidente da entidade (ao menos por enquanto).
Romário tem a chance de prestar um serviço inestimável ao Brasil, mas seu trabalho só poderá ser levado realmente a sério se envolver uma organização histórica e umbilicalmente ligada ao à turma da CBF: a Globo.
A cobertura do escândalo pelo Jornal Nacional parece, para um desavisado, equilibrada. No dia em que o caso estourou, foram 14 minutos em que nenhum nome foi poupado, inclusive o do empresário J Hawilla, devidamente identificado como dono de afiliadas. Ao final, Bonner leu um editorial curto lembrando da necessidade de um ambiente de negócios honesto no esporte. OK.
Mas espera um pouco.
Nesses 24 anos — o período sob o crivo do FBI —, a Globo não foi um personagem secundário da história. Neste tempo todo, com milhões de dólares voando, cartolas enriquecendo, a TV não viu nada?
O parceiro Ricardo Teixeira foi poupado completamente até cair de podre. Ele estava no comando da CBF quando a Globo fez uma transação para adquirir os direitos da Copa de 2002. A Receita a multou em 615 milhões de reais.
Uma empresa de fachada foi aberta num paraíso fiscal, as Ilhas Virgens Britânicas, com o objetivo exclusivo, segundo o Fisco, de sonegar. O DCM contou a história rocambólica do crime num documentário.
Hawilla, delator do esquema, dirigiu a área de esportes da Globo em São Paulo até 1979. Montou a Traffic, enriqueceu. Criou em 2003 a TV TEM (Traffic Entertainment and Marketing), o maior grupo de afiliadas da Globo no interior de São Paulo. De acordo com um perfil escrito pelo jornalista Nelson de Sá, foi também do grupo Globo que Hawilla comprou, em 2009, o Diário de S.Paulo.
A Globo tem a Copa há décadas. Os dinossauros não se lembram do campeonato brasileiro sem a narração de Cleber ou Galvão. Hawilla teria usado dinheiro da propina em suas negociações?
Romário já avisou que quer sair para prefeito do Rio em 2016. Pode poupar a Globo na comissão parlamentar de inquérito e ter uma campanha, digamos, sem solavancos. Essa decisão vai definir a verdadeira estatura do Baixinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário