quarta-feira, 8 de julho de 2015

Reações contra o Golpe

Pode-se não gostar da Dilma, pode-se não gostar do Governo, pode-se não gostar do PT, mas tentar derrubar a presidente sem ter um fato específico, comprovadamente. que a incrimine é Golpe. O resultado das urnas deve ser respeitado.

Imperdível: Deputado Silvio Costa diz tudo o que deveria ser dito






Por Haroldo Lima

A situação política brasileira evolui por caminhos inesperados, tortuosos e preocupantes. Núcleos em posições de Poder confrontam-se com o Governo e planejam desbancá-lo. O afastamento da presidenta da República é objeto de especulação, colunas de jornais tratam do tema abertamente, nomes de políticos são citados para sucedê-la. Como não há fatos jurídicos para permitir o afastamento da presidenta dentro da lei, procura-se produzir feitos que justifiquem um “impeachment”. É um ardil torpe. É a “direita” na ofensiva.

Esse quadro vem se formando do início do ano para cá, incentivado pela inconformidade dos que perderam a eleição presidencial, pelas dificuldades advindas da crise internacional do capitalismo, pelos erros do Governo e pela gravidade da corrupção descoberta. Não há sombra de dúvida que problemas subsistem. Mas o dramático é pretender enfrentá-los rompendo com a democracia, a duras penas conquistada.  

Percebe-se que um golpe vem sendo urdido pacientemente por setores oposicionistas-judiciais-midiáticos, passo a passo, para asfixiar a democracia e varrer a Constituição que chamávamos de “cidadã”.

... Hoje, não se vê militares na trama que se gesta. Por enquanto. O golpe seria “moderno”, no estilo do ocorrido no Paraguai, em 2012: sem canhões, com juízes; sem tropa, com delegados, tribunais de contas, apoio midiático e “representante do povo”, temerariamente dispostos a afastar governo legal com pretextos vis. 

Nesse período recente, a Nação teve seu tecido social esgarçado por contínua, longa, unilateral e exacerbada exposição de problemas e defeitos. Tudo era creditado a uma só corrente política e a alguns líderes. Resultou no despertar do rancor, do desrespeito e do ódio. Os preconceitos foram sublimados, sendo deprimente a estupidez com que se tem investido contra a presidenta por ser mulher. Uma vergonha.    

O golpe ousadamente tramado não passará. O povo que se levantou no Araguaia, que derrotou a ditadura, que fez as “Diretas Já” não aceitará golpe algum. O Brasil é muito, mas muito mais complexo que o Paraguai. E a presidenta Dilma, uma guerreira.

Todo um corpo de ideias atrasadas brota, como ervas daninhas, especialmente na Câmara dos Deputados. Um conservadorismo raivoso ali avança. Estava certo o Departamento Intersindical de Assistência Parlamentar, o DIAP, quando disse que “esse Congresso é o mais conservador desde 1964”.  

Embalado em tanto reacionarismo, a Câmara vem impondo à Nação uma agressiva pauta retrógrada, em que estão: a terceirização de atividades-fim; o financiamento empresarial das campanhas eleitorais; uma legislação repressora para a comunidade LGBT; restrições aos direitos dos homossexuais; redução da maioridade penal. De passagem, o Estado laico é desrespeitado, a intolerância religiosa é fomentada. 

A redução da maioridade penal pode desorganizar nossa legislação. Atualmente, jovens com 16 anos não podem consumir bebida alcoólica, comprar cigarro, dirigir carro ou ônibus, ser submetido a atividades insalubres ou noturnas. Se esses menores já são maiores para efeito da lei penal, como seriam menores para outros fins? Juridicamente isto não se sustenta, já dizem especialistas.

A marcha ascensional dos povos não é retilínea, nem irreversível, tem altos e baixos, comporta recuos. Mas o grave, o perigoso, é quando maiorias ocasionais comportam-se como predestinadas e enchem-se da pretensão de moldar a sociedade à sua imagem e semelhança. Aí os recuos vão se repetindo, se generalizando e se consolidando. As posições contrárias vão sendo reprimidas. Na história recente da humanidade isto deu no fascismo.

Protestar é preciso, denunciar os golpistas é imperioso, desmascará-los é vencê-los.

O grande dramaturgo alemão Bertolt Brecht e antes dele o poeta russo Maiakovski, em famosos poemas, mostraram o risco que as sociedades correm quando, ante o avanço do obscurantismo, não protestam desde o início. Quando resolvem protestar, já é tarde.    


   
Outras considerações:

O PSDB, em toda sua história, nunca flertou tão íntimo com os grupos que rejeitam o Estado Democrático de Direito. Para uma plateia de 3 mil pessoas, Aécio ergueu vergonhosamente a bandeira do golpe.(Jandira Feghali)

Aécio não faz outra coisa a não ser tramar a queda da presidenta Dilma Rousseff.(Ribamar Fonseca)

Haverá sim uma tentativa de golpe, numa conjuntura extremamente negativa para o campo progressista. Os exércitos golpistas avançam por todos os lados. E haverá também resistência.(Miguel do Rosário)

Desde que a convenção tucana assumiu o golpismo, os movimentos sociais se uniram, a presidente Dilma saiu da toca, e governadores, ministros e parlamentares da base aliada passaram a apoiá-la explicitamente em um discurso uníssono de que qualquer tentativa para tirá-la do poder será vista como "golpe"; por um longo tempo sem se manifestar diretamente sobre o tema, Dilma reagiu energicamente nesta terça-feira (7); "As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair", afirmou em entrevista à Folha.(Brasil 247)

“Eu não sou Getúlio, não sou Jango, não sou Collor. Não vou me suicidar, não faço acordo, não renuncio”, teria dito a presidente Dilma Rousseff em conversa reservada com aliados, segundo o colunista Kennedy Alencar; ela monta estratégia de reação ao golpismo da oposição.

‘Derrotar’ Dilma impondo-lhe um impedimento, sem um fato concreto típico, previsto constitucionalmente, como já se ensaiou, é não olhar para o Brasil.(Jean Menezes de Aguiar)

Governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B) defendeu a presidente Dilma em meio à onda golpista por parte da oposição; "No presidencialismo, impopularidade não legitima cassação de mandatos. Até porque os 3 Poderes são 'impopulares' hoje. Basta ver pesquisas", escreveu Flávio Dino em sua página no Twitter.(Brasil 247)


Nota dos deputados petistas:
Os tucanos mostram oportunismo ao distorcer informações para tentar confundir a população e envolver setores da sociedade em suas aventuras golpistas, sob o suposto amparo da lei.

A única coisa que o PSDB ganhará ao levantar irresponsavelmente a bandeira do impeachment é deixar gravado na sua biografia, de forma indelével, a digital golpista que outrora pertenceu à famigerada União Democrática Nacional (UDN), partido cujo maior legado é ser o símbolo máximo do entreguismo e do golpismo na história política brasileira.

O partido tucano assumiu de vez, e sem qualquer pudor, a camisa do golpismo

“A convenção do PSDB, no último domingo, constituiu-se num ato cujo principal objetivo foi incensar o ambiente golpista. O seu presidente demonstrou estar cada vez mais abraçado à tese do golpe de Estado, buscado por meio de manobras jurídicas e com o apoio de parcela expressiva da mídia comercial”.

“Inconformado e inconsolável com a derrota que sofreu no ano passado, Aécio Neves dedica-se a devaneios golpistas desprovidos de qualquer alicerce na realidade. Essa posição, aliás, pode ser estendida a outros tucanos e a algumas vestais de partidos satélites que orbitam em tornam do ninho do PSDB”.

“Se o PSDB deseja voltar a governar o País, precisa, antes, vencer as eleições. O voto e a liberdade de escolha são valores imprescindíveis de um regime democrático e devem ser protegidos contra quaisquer tentações golpistas”.
Em nota intitulada Não ao Golpe!, os senadores do PT, diante dos ataques à normalidade democrática, reiteram: Aécio é cada vez mais UDN e prega o golpe, sim.
Na nota (na íntegra, ao final), os senadores petistas afirmam:
Se o PSDB, em conluio com a imprensa que se autodenomina um partido de oposição, quer criminalizar o PT e seu governo no TCU por ações contábeis normais que sempre foram feitas em suas administrações, isso é golpe, sim!
Se o PSDB quer criminalizar doações legais e transparentes de campanhas feitas ao PT, quando se sabe que aquele partido oposicionista recebeu, em valores maiores, doações feitas pelas mesmas empresas, isso é golpe, sim!
O PSDB parece também desconhecer que o Brasil não é mais uma “república de bananas”, que dá ensejo a golpes com base em pretextos jurídicos canhestros e no ressentimento dos derrotados nas urnas.
Aécio Neves, que parece cada vez mais inspirado pelo espírito golpista da UDN de Carlos Lacerda, deveria se inspirar mais na figura democrática e visceralmente antigolpista de seu avô, Tancredo Neves.

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