Peças arqueológicas do Rio Pré-Histórico são encontradas em área de obras do metrô
Achados são de três a quatro mil anos atrás
Peças arqueológicas do Rio Pré-Histórico são encontradas em área de obras do metrô, na Leopoldina
Uma curiosidade desta descoberta do período Pré-Histórico é que as peças estavam misturadas à chamada “camada histórica” – o material foi achado de 30 cm até 120 cm de profundidade -, o que não é comum. Normalmente, estariam na parte mais profunda da escavação, que em algumas partes chegou até 2,50m de profundidade. Claudio trabalha com a forte hipótese de que uma pequena elevação (morrote) que existia próxima ao Matadouro Imperial tivesse restos de um sambaqui.
Sambaquis
A área de São Cristovão tinha algumas elevações ou morros que foram destruídos na chamada ‘Era das Demolições’ do Rio de Janeiro, ocorrida principalmente de 1870 a 1920. O morrote na Leopoldina aparece em uma foto-gravura de Victor Frond, de 1862. Mas após a decisão do Governo Imperial de transferir o Matadouro para Santa Cruz em 1881, o prédio começou a ser demolido e as áreas no entorno, terraplanadas. "Ao acharmos este material pré-histórico chegamos a pensar que os artefatos poderiam ser da tribo de Arariboia (que ficava bem ao lado do atual terreno da Leopoldina), mas para isso, precisariam estar numa profundidade um pouco maior e no fundo da camada de solo, coincidindo com a ocupação dos índios Tememinos, que ocorreu nos anos 1570. Mas, à medida em que fomos aprofundando a pesquisa do relevo da Leopoldina, a pesquisa histórica e a análise estilística (visual) das peças, concluímos que não estavam ligadas à fase de contato entre indígenas e portugueses. São bem mais antigas", explica o arqueólogo.
Sítio Arqueológico Matadouro Imperial
Empreendimento do Governo do Estado do Rio de Janeiro, toda a obra da Linha 4 do Metrô é acompanhada por serviço especializado de Arqueologia, contratado pelo Consórcio Linha 4 Sul. No sítio arqueológico Matadouro Imperial, na Lepoldina, foram encontradas mais de 220 mil peças, inteiras ou fragmentadas. Neste local, onde hoje estão armazenadas as aduelas que formam os túneis da Linha 4 entre Ipanema e Gávea, funcionava o Matadouro Imperial e uma área de descarte, próxima ao Palácio Imperial da Quinta da Boa Vista. Ali foram recuperados artefatos que remontam ao Rio de Janeiro dos séculos XVII, XVIII e XIX e também - como sabemos agora - ao período Pré-histórico ou Pré-Colonial.
Um dos objetos mais impressionantes do Período Histórico encontrados por Claudio e sua equipe foi uma escova de dentes íntegra, em marfim, com a inscrição em francês: “S M L’EMPEREUR DU BRESIL“ (Sua majestade, o imperador do Brasil). Acredita-se que a escova tenha pertencido a Dom Pedro II ou outro membro da família imperial, que vivia ali perto, em São Cristóvão. Também foram achadas duas peças de ouro, como um anel e alfinete de gravata tipo fíbula, além de porcelanas, pratos, cachimbos e garrafas de vidro e Stoneware (cerâmica alemã) - algumas inclusive com líquido dentro, como perfumes e produtos químicos.
Todo o trabalho de Arqueologia na Linha 4 do Metrô é coordenado pelo Governo do Estado e pelo Consórcio Linha 4 Sul e tem a fiscalização federal do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e municipal do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). O sítio arqueológico Matadouro Imperial foi aberto em meados de 2013 e, depois de quatro meses de escavação, foi coberto em setembro com uma manta tecnológica, que preserva as condições originais da escavação. Nestes últimos dois anos, a equipe de Arqueologia tem se concentrado em identificar e catalogar as centenas de milhares de peças encontradas. Quando as obras da Linha 4 do Metrô terminarem, em 2016, o sítio será novamente aberto, para novas pesquisas e coletas, e os resultados finais desta pesquisa serão compartilhados com o público.
Achados na Zona Sul
Em Ipanema e Leblon, a equipe de Arqueologia encontrou mais de 1.400 fragmentos de alvenaria, enfeites de telhado, balaustrados, peças de porcelana, pratos, tigelas, talheres, moedas, vidro e até penicos, além de trechos do antigo sistema de trilhos de bonde. Estes artefatos são parte da história cotidiana das chácaras que ocupavam esta área da Zona Sul do Rio de Janeiro, no século XIX e início do século XX, antes do loteamento sistemático.
Mais de 300 mil pessoas vão usar a Linha 4 do Metrô
A Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro é uma obra do Governo do Estado do Rio de Janeiro e vai transportar, a partir de 2016, mais de 300 mil pessoas por dia, retirando das ruas cerca de 2 mil veículos por hora/pico. Serão seis estações e aproximadamente 16 quilômetros de extensão. A ligação metroviária entre Ipanema e Barra da Tijuca estará à disposição dos passageiros em julho de 2016, com a operação comercial da nova linha nos mesmos horários das demais linhas do metrô. Será possível ir da Barra a Ipanema em 13 minutos e, da Barra ao Centro, em 34 minutos. Os usuários poderão ainda deslocar-se da Pavuna até a Barra da Tijuca pagando apenas uma tarifa.
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