Casa Fiat inaugura sede na Praça da Liberdade com grande exposição sobre o barroco
Após oito anos no Belvedere, instituição ocupará o antigo Palácio dos Despachos
por Raíssa Pena | Veja BH
O painel Civilização Mineira (à esq.), de Portinari, a Livraria da Casa e o Café Frau Bondan: atrações do hall
A partir de terça (10), não dá mais para reclamar que é “fora de mão”. Após oito anos de funcionamento no Belvedere, a Casa Fiat de Cultura vai se mudar para o antigo Palácio dos Despachos, integrando o Circuito Cultural da Praça da Liberdade. A rede de museus - que, em dezembro, também passará a contar com o Oi Futuro - recebeu mais de 780 000 pessoas em 2013. Com a chegada do centro cultural, a expectativa é atingir 1 milhão de visitantes em 2014. Recordista em público de exposições de arte em Beagá e com localização privilegiada, a nova Casa Fiat deve formar filas cada vez maiores em sua porta. “Não miramos em um público específico. Gostaríamos de encher as galerias não só de fãs e entendidos de arte, mas de gente de todas as idades e tipos”, diz o presidente José Eduardo de Lima Pereira.
Instalado atrás do Palácio da Liberdade, o Palácio dos Despachos funcionou como sede administrativa do governo de Minas Gerais. Lá era o lugar de atos oficiais (como o que autorizou a vinda do complexo industrial da Fiat para Betim), de entrevistas coletivas com o governador e de armazenamento de papéis, muitos papéis. Pensando no volume e no peso dessa papelada, o arquiteto Luciano Amedée Péret projetou em 1967 uma estrutura robusta que permite à Casa Fiat realizar hoje com segurança exposições de grande porte. O edifício de cinco andares abriga no hall o painel Civilização Mineira, pintado por Candido Portinari (1903-1962) em 1959 e inteiramente restaurado no ano passado. Ainda na entrada ficam a Livraria da Casa (a mesma do Centro Cultural Banco do Brasil) e uma unidade do Café Frau Bondan. No 3º e 4º andares estão os espaços expositivos, cada um com 700 metros quadrados. A fachada, as mangueiras centenárias do jardim e a Capela de Santana, localizada no pátio posterior, são tombadas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). Construída em 1957 a pedido da então primeira-dama do estado, Francisca Bias Fortes - a Dona Queridinha -, a pequena igreja também vai integrar as atividades da Casa Fiat. A capela será preparada para abrigar concertos de música clássica a partir de 2017, quando devem ser inaugurados um restaurante e um auditório subterrâneo com capacidade para 250 pessoas.
Para abrir o calendário e as atividades deste ano, a Casa Fiat traz a exposição Barroco Itália Brasil - Prata e Ouro. A mostra vai exibir gratuitamente quarenta esculturas barrocas dos mais importantes acervos italianos e brasileiros. Inaugurada a dois dias do início da Copa e no ano em que se homenageia o bicentenário de morte de Aleijadinho (1738-1814), ícone do barroco nacional, a atração será também uma boa oportunidade para apresentar aos turistas um período marcante da arte e da história de Minas Gerais.
Conhecida pelas formas rebuscadas e pela maneira dramática de retratar personagens da iconografia cristã, a escultura barroca nasceu na Itália, no fim do século XVI, e chegou ao Brasil no século seguinte. “A abundância do ouro em Minas Gerais influenciou o estilo e favoreceu a exuberância das esculturas que vemos hoje em nossas cidades históricas”, explica o curador e ex-prefeito de Ouro Preto Ângelo Oswaldo. Responsável pela parte brasileira da exposição, ele escolheu vinte peças de madeira de grandes nomes da arte no estado. Dezoito são de ícones como Mestre Valentim, Mestre de Piranga e do próprio Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. As outras duas são dos artistas contemporâneos Alfredo Ceschiatti (1918-1989) e Maurino de Araújo. A metade italiana da mostra foi organizada por Giorgio Leone e Rossella Vodret e reúne vinte peças de prata vindas de importantes coleções, como a do Museu do Tesouro de São Genaro, em Nápoles. Foram selecionados bustos e esculturas de até 2,20 metros de altura, como a Santa Rita de Cássia, de Luigi de Luca.
E vem mais Itália por aí. Estão em andamento as negociações de uma grande exposição do Renascimento italiano para o ano que vem. Para o primeiro semestre de 2016, a Casa Fiat trará pinturas de Artemisia Gentileschi (1593-1656), uma das discípulas de Caravaggio que integraram a exposição Caravaggio e Seus Seguidores, em 2012. Desta vez, pelo menos, as filas de espera terão vista para a Praça da Liberdade.
Barroco Itália Brasil - Prata e Ouro.
Casa Fiat de Cultura. Praça da Liberdade, 10, Funcionários, ☎ 3289-8900.
Terça a sexta, 10h às 21h; sábado, domingo e feriados, 14h às 21h. Grátis. Até 7 de setembro. A partir de terça (10).
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