sábado, 29 de março de 2014

Papa aponta os pecados da mídia: desinformação, calúnia e difamação

       

Papa: "Os pecados da mídia são desinformação, calúnia e difamação"




RealAudioMP3 Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco recebeu no dia 22 de março, sábado pela manhã, na Sala Clementina, no Vaticano, cerca de 400 membros da Associação “Corallo”, uma rede de comunicação na Itália, que expressa o compromisso da Igreja de estar próxima a todas as pessoas, onde quer que estejam, vivam, trabalhem, amem e sofram.

No discurso entregue ao término da audiência, o Papa partiu da expressão “rede” de comunicação. Esta imagem nos leva a pensar nos primeiros discípulos de Jesus, que trabalhavam como pescadores, que utilizavam redes para pescar. Jesus os convidou para segui-lo, tornando-os “pescadores de homens”. Mas antes de entregar seu discurso escrito previamente, e após a saudação do Presidente da rede, o Pontífice falou de improviso. Eis a íntegra do pronunciamento:

“Agradeço tanto por aquilo que o senhor disse e agradeço pelo trabalho que vocês fazem. Esta verdade....buscar a verdade com a mídia. Mas não somente a verdade! Verdade, bondade, beleza, as três coisas juntas. O vosso trabalho deve desenvolver-se nestes três caminhos: o caminho da verdade, o caminho da bondade e o caminho da beleza. Mas verdades, bondades e belezas que sejam consistentes, que venham de dentro, que sejam humanas. E, no caminho da verdade, nos três caminhos, podemos encontrar erros, e mesmo armadilhas. “Eu penso, busco a verdade...”: estejais atentos a não tornarem-se intelectuais sem inteligência. “Eu vou, busco a bondade...”: estejais atentos a não tornarem-se eticistas sem bondade. “Me agrada a beleza...”: estejais atentos a não fazer aquilo que se faz frequentemente, “maquiar” a beleza, buscar os cosméticos para fazer uma beleza artificial que não existe. A verdade, a bondade e a beleza é como vem de Deus e estão no homem. E este é o trabalho da mídia, o vosso trabalho.

O senhor acenou para duas coisas e eu gostaria de retomá-las. Antes de tudo, a unidade harmônica do vosso trabalho. Existem as grandes mídias, as pequenas... Mas se nós lermos no Capítulo 12 da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, vemos que na Igreja não existe nem grande nem pequeno: cada um tem a sua função, o seu ajuda o outro, a mão não pode existir sem a cabeça, e assim por diante. Todos somos membros e também as vossas mídias, quer sejam maiores ou menores, são membros, e harmonizados pela vocação do serviço na Igreja. Ninguém deve sentir-se pequeno, muito pequeno em relação ao outro muito grande....

Eu faria esta pergunta: quem é mais importante na Igreja? O Papa ou aquela velha senhora que todos os dias reza o Rosário pela Igreja? Que o diga Deus, eu não posso dizê-lo. Mas a importância é de cada um nesta harmonia, pois a Igreja é a harmonia da diversidade. O Corpo de Cristo é esta harmonia da diversidade, e quem faz a harmonia é o Espírito Santo: Ele é o mais importante de todos. Isto é o que o senhor disse e eu gostaria de destacar. É importante: buscar a unidade e não seguir a lógica de que o peixe grande engole o peixe pequeno.

O senhor disse também outra coisa, que também eu menciono na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Falou de clericalismo. É um dos males, é um dos males da Igreja. Mas é um mal “cúmplice”, porque aos sacerdotes agrada a tentação de clericalizar os leigos, mas tantos leigos, de joelhos, pedem para ser clericalizados, pois é mais cômodo, é mais cômodo!. E isto é um pecado num duplo sentido! Devemos vencer esta tentação. O leigo deve ser leigo, batizado, tem a força que vem do seu Batismo. Servidor, mas com a sua vocação laical, e isto não se vende, não se negocia, não se é cúmplice com o outro...Não! Eu sou assim! Porque está na identidade!, alí. Tantas vezes escutei isto, na minha terra: “Eu na minha paróquia, sabe? Tenho um leigo bravíssimo, este homem sabe organizar... Eminência, porque não o tornamos diácono?”. É a proposta do padre, imediata: clericalizar. Este leigo façamo-o.... E porque? Porque é mais importante o diácono, o padre, do que o leigo? Não! É este o erro! É um bom leigo? Que continue assim e cresça assim. Porque está na sua identidade de pertença cristã, alí. Para mim, o clericalismo impede o crescimento do leigo. Mas tenham presente aquilo que eu disse: é uma tentação cúmplice a duas mãos. Pois não existiria o clericalismo se não existissem leigos que querem ser clericalizados. Está claro isto?

Por isto agradeço aquilo que vocês fazem. Harmonia: Também esta é uma outra harmonia, pois a função do leigo não pode fazer o sacerdote, e o Espírito Santo é livre: algumas vezes inspira o padre a fazer uma coisa, outras vezes inspira o leigo. Se fala, no Conselho Pastoral. Tão importantes são os Conselhos Pastorais: uma paróquia – e nisto cito o Código de Direito Canônico – uma paróquia que não tem um Conselho Pastoral e Conselho de Assuntos econômicos, não é uma boa paróquia, falta vida.

Depois, são tantas as virtudes. Acenei para isto no início: seguir a estrada da bondade, da verdade e da beleza, e tantas virtudes neste caminho. Mas existem também os pecados da mídia! Permito-me falar um pouco sobre isto. Para mim, os pecados da mídia, os maiores, são aqueles que seguem pelo caminho da mentira e são três: a desinformação, a calúnia e a difamação. Estes dois últimos são graves, mas não tão perigosos como o primeiro. Por que? Vos explico. A calúnia é pecado mortal, mas se pode esclarecer e chegar a conhecer que aquela é uma calúnia. A difamação é um pecado mortal, mas se pode chegar a dizer: ‘esta é uma injustiça, porque esta pessoa fez aquela coisa naquele tempo, depois se arrependeu, mudou de vida’. Mas a desinformação é dizer a metade das coisas, aquilo que para mim é mais conveniente e não dizer a outra metade. E assim, aquilo que vejo na TV ou aquilo que escuto na rádio não posso fazer um juízo perfeito, pois não tenho os elementos e não nos dão estes elementos. Destes três pecados, por favor, fujam! Desinformação, calúnia e difamação.

Vos agradeço por aquilo que fazem. Disse a Dom Sanchirico para entregar a vocês o discurso que havia escrito: mas as suas palavras (do Presidente) inspiraram-me para vos dizer isto espontaneamente e o disse com uma linguagem do coração. Sintam o que disse desta maneira. Não com a língua italiana, porque eu não falo com o estilo de Dante!. Vos agradeço tanto e agora vos convido a rezar uma Ave maria a Nossa Senhora para vos dar a bênção.”

(MT – JE)

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