Faço das palavras deste artigo as minhas...Espero que Frei Cláudio continue com as suas celebrações.
Leia o artigo de José Aparecido Ribeiro (sosmobilidadeurbana.org ):
Nascido em família católica, durante toda a vida frequentei missas aos domingos. As lembranças mais remotas incluem as celebrações católicas. Mas após longos anos me dei conta de que tratava-se de um hábito e não um desejo natural, percebi que não havia renovação e a repetição pura e simples daqueles rituais passou a não fazer mais sentido. A principio relutei, continuei indo, mas não foram poucas as vezes que dormi durante as celebrações. Então resolvi não frequentar mais as missas de domingos e me afastei da Igreja por um longo período.
Até que fui convidado por amigos para conhecer a Comunidade do Carmo, isto há 13 anos. Amigos que - diga-se de passagem - viveram as mesmas experiências. Aceitei o convite e conheci uma igreja que marcaria minha vida positivamente e para sempre. Com o tempo, voltei a ser católico. Hoje sinto prazer em ir às missas dominicais e convido outros amigos. Na Igreja do Carmo conheci uma religiosidade que liberta, ao contrário da que experimentei ao longo da vida que me dava a sensação de vazio, as vezes até subestimando a minha inteligência, ludibriando a minha fé, e me deixando por vezes em estado de letargia, como mero espectador.
Na Igreja do Carmo conheci o significado de comunidade, consegui recuperar a fé e encontrar sentido novamente para a religião. Isso se deu através das palavras de um Frei Carmelita, que todos conhecem pelo jeito diferente de falar de Deus e de religião, (Frei Cláudio Van Balen). Nas suas pregações, descobri que Deus não está fora de nós, nem tampouco no céu como a maioria das religiões pregam. Ele na verdade está em tudo e em todos os lugares. Deus está, antes de tudo, dentro de nós e nós ‘nele existimos e nos movemos’...
Entre nós não há trocas, barganhas e nem tampouco condições pré estabelecidas, cobranças ou acordos; conversamos intimamente, sem medo, nossos diálogos são francos e as vezes até ficamos contrariados um com o outro, mas no final, sempre encontramos um bom caminho e a vida flui, como deve ser, sem muitos mistérios; envolvida, no entanto, no seu mistério. Na Igreja do Carmo que, há 46 anos é comandada pelo Frei Cláudio, consegui, sem me afastar dos rituais tradicionais, recuperar a religiosidade, fiquei mais otimista e passei a ter atitudes que antes não tinha diante da realidade.
A lida com o cotidiano ficou mais leve, passei a acreditar mais em mim mesmo, nos meus potenciais, sobretudo enquanto cidadão. Deus pode nos ajudar no nosso destino, mas os responsáveis por traçá-lo somos nós mesmos. Frei Cláudio sabe lidar com a palavra de um modo especial, ele consegue imprimir um ritmo prosaico na missa, tornando-a atraente e útil, sem complicações ou palavras vazias, desconectadas da realidade. Na voz dele tudo ganha forma, o que parece distante sem sentido por ter sido escrito há milênios, torna-se lúdico, claro e de fácil compreensão, atual.
Suas pregações são diferentes, instigantes, animam, nos fazem pensar, revelam um Jesus que serviu de exemplo não só pela religiosidade, mas sobretudo pelos gestos de amor, rebeldia e inquietude. Um bons Pastor, que se estivesse de corpo e alma entre nós hoje não ficaria assistindo, passivo, aos absurdos do nosso tempo. Já teria se rebelado como fez antes, lançando mão mais de cidadania do que simplesmente de religiosidade. Isto por que não é a religião sozinha que transforma o mundo, mas aliada à política, a boa política, a que liberta e faz a história.
No coletivo e no particular, Deus nos serve de inspiração e sustento, mas quem arremata nossa "sorte", somos nós mesmos. Ao trazer o Evangelho para o nosso tempo, Frei Claudio supera as barreiras da linguagem e nos faz compreende-lo. Ele nos dá provas de que é possível viver a razão e a fé de forma construtiva e complementar. Embora alguns sacerdotes insistam em dizer o contrário, entre nós e Deus não existem pontes ou cancelas, ele é disponível para todos, indistintamente e a qualquer hora.
Por isso acredito em Frei Cláudio, na sua pedagogia didática e sugiro à Cúria que deixem uma porta aberta para o diálogo adulto, que permita a continuidade de frei Cláudio naquela Paróquia. Fica difícil aceitar e até imaginar que numa Instituição como a Igreja, o diálogo não seja o meio utilizado para superar quaisquer animosidades que por ventura existam. Sobretudo quando essas não comprometem a essência da liturgia. Ao contrário, agrega e aumenta o número de pessoas que recuperam a fé perdida. Tolerância e diálogo são as duas palavras chaves. Com o Frei Cláudio no comando da Igreja do Carmo o conjunto da Igreja Católica tem muito mais a ganhar do que perder.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos e Mobilidade
Presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana da ACMinas
Presidente da ONG SOS Mobilidade Urbana
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