Hoje, em Ouro Preto, João Pedro Stédile foi um dos agraciados com a tradicional comenda do 21 de abril. Veja a entrevista do líder do Movimento Sem Terra (MST) realizada pelo jornalista Paulo Henrique Amorin, publicada no dia 02 de abril em seu blog. Assista a primeira parte da entrevista logo em seguida e a segunda parte, mais abaixo, clicando no link.
O secretário de planejamento do governo de Minas Gerais, Helvécio Magalhães e o líder do MST, João Pedro Stédile receberam a medalha da Inconfidência, hoje em Ouro Preto.
PARTE 1:
O Conversa Afiada entrevistou João Pedo Stédile, lider do MST.
Ele trata de:
Exército do Stédile
João Pedro Stédile explicou que o verbete ‘exército’ foi mal utilizado por Lula. Trata-se da base social histórica do MST, com cerca de 800 mil famílias assentadas nos últimos 30 anos.
Otimismo no Incra
As melhores mudanças do governo Dilma foram com Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Agrário, homem de esquerda e comprometido com os trabalhadores. A nova presidenta do Incra (Maria Lúcia de Oliveira Falcón) é de Sergipe, é técnica, economista e conhecedora da realidade do Nordeste. Além disso, tem compromisso com a classe trabalhadora.
Exigência do MST no Incra
Stédile ressaltou que o MST não indica quadros para ministério. Mas ponderou que, para tratar da reforma agrária, é necessário que tenham pessoas com conhecimento de causa e compromisso com os trabalhadores.
Onde ficam as famílias não-assentadas ficam
O MST tem uma base de 90 mil famílias acampadas à espera de assentamento, ao longo de todo o Brasil. Desde o Rio Grande do Sul, em São Paulo, mas os Estados com mais contingente são Pernambuco e Bahia.
A expressão ‘exército do Stédile’
O clima do ato na ABI, de defesa da Petrobras e do pré-sal, influenciou a expressão utilizada por Lula. Stédile ressaltou que o mote principal do MST é a reforma agrária, mas que os movimentos populares cerrariam fileiras com os petroleiros e os brasileiros para defender a Petrobras da sanha do capital internacional. Corrupção se resolve com Reforma Política. A Petrobras está sob o alvo das grandes petroleiras internacionais. Eles querem o nosso pré-sal.
Arroz ecológico
É o arroz orgânico produzido pelo MST. A presença da Presidenta Dilma na abertura da colheita foi um reconhecimento público. O MST faz uma transição da matriz do agronegócio para uma matriz ecológica. Para isso, é preciso mão-de-obra e técnicas agrícolas. As plantações são feitas em grande escala, realizadas em quase 5 mil hectares de lavoura de arroz, em áreas de assentamento.
Haddad compra arroz
Uma lei, criada no Governo Lula, exige que municípios apliquem 30% dos recursos do MEC em produtos de agricultura familiar, com intuito de criar empregos. Gilberto Kassab, antigo prefeito de São Paulo, não cumpria a lei. Fernando Haddad, atual prefeito, fez licitação e compra arroz orgânico para merendas escolares de São Paulo. O mesmo acontece com São Bernardo do Campo e Santo André, no ABC paulista.
Onde comprar o arroz
Stédile explicou que a intenção é que o arroz ecológico não seja vendido em grandes redes de supermercado . Ele ressaltou que as empresas aplicariam altos valores para obterem lucro e, assim, o produto seria vendido apenas para classe média. A preferência por merendas escolares é para democratizar o arroz, com responsabilidade social.
Outros produtos
O MST também trabalha na produção de feijão, café e leite orgânico.
A ENTREVISTA CONTINUA
PARTE 2:
Entrevista: Parte 2 - clique abaixo para assistir:
O Conversa Afiada entrevistou João Pedro Stédile em dois blocos.
No primeiro, ele explicou o que Lula chamou de “exército” do Stédile e tratou da melhor noticia do segundo mandato da Presidenta Dilma: Patrus Ananias.
Neste segundo bloco, além de criticar a hegemonia do ajuste do Ministro Levy, ele tratou da Globo, como disse em evento, na presença da Presidenta Dilma:
Impeachment
Stédile acredita há risco de impeachment, porque a luta de classes é incontrolável. Para isso, a Direita precisaria controlar as grandes massas. Mas não há risco constitucional, já que a Presidenta Dilma não cometeu nenhum crime.
Golpe militar
Quem comete crime, segundo Stédile, são as pessoas que vão às ruas e pedem o Golpe, com a volta dos Militares. Eles têm o direito de se manifestar, mas pedir Golpe é falta de compostura da Direita.
Liderança do PT
Stédile não acredita na força do PT para liderar a sustentação política do Governo. As mobilizações mostram que os movimentos sociais – e populares – tomaram a frente da discussão. Grupos históricos, como CUT, UNE e MST, além de formações mais recentes, como Movimento pela Moradia e o Levante Popular da Juventude, levam ao menos 500 militantes em cada reunião.
Manifestações dos dias 13 e 15
Não pode haver comparação estatística entre as manifestações. O movimento do dia 13 foi realizado por militantes, conscientes da luta de classes. O dia 15 contou com a classe média, que não aceita as mudanças que ocorrem no Brasil desde o Governo Lula, e apela para o Golpe. O povão, a classe trabalhadora em geral, ainda está no sofá. Não foi para a rua. E é isso que está em jogo.
Papel da Globo nas manifestações
A Globo tem feito um papel perverso todo tempo, ao tentar tirar o povão do sofá e fazê-lo ir ao protesto do dia 15.
Movimentos sociais e a batalha no Congresso
A batalha do Congresso, infelizmente, só vai funcionar como um espelho das ruas. Assim como foi toda a história do Brasil.
Bancadas e financiamento privado
Conservadores dominam o Congresso porque a democracia brasileira foi sequestrada pelo financiamento privado das campanhas. Não existe mais bancada de partidos, mas sim dos financiadores da campanha, como bancos e empreiteiros. Para Stédile, não adianta levar a batalha para os poucos parlamentares de esquerda no Congresso. O ideal é levar a discussão para a rua. Assim, politiza a sociedade e faz a população refletir sobre questões como o Golpe. Por isso, é necessário jogar o confronto para a rua.
Movimentos na rua
O mês de abril terá manifestações. Dia 07 terá uma nova. E com a possibilidade de trazer a população para a rua, já que os tucanos, através do senador Cássio Cunha Lima, entraram com representação no Senado para fechar o programa Mais Médicos e mandar os médicos cubanos embora. Segundo Stédile, é a hora de fazer um trabalho de base, ir aos postos de saúde e mostrar para os 44 milhões de atendidos pelo programa que a saúde está em risco, porque os tucanos querem mandar os médicos embora. É a chance de levar o povão para rua, o único lugar para se fazer política.
Ajuste
Stédile considera que o ajuste realizado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é uma burrice. O líder do MST reconhece que o Brasil está em crise e diz que já conversou com a Presidenta Dilma com sugestões para a política econômica do Brasil. Ele recomendou que Levy sente-se com economistas, como Belluzzo e Coutinho, e os movimentos sociais. Assim, é possível construir um novo caminho, sem cortes nos gastos sociais, como o Minha Casa Minha Vida. Afinal, quem paga a conta são os trabalhadores, pois diminui o ritmo da chega das políticas sociais a quem precisa.
Superávit primário
Nenhum país do mundo pratica superávit primário como cláusula pétrea, segundo Stédile. Primeiro, você tem que garantir os gastos sociais. Depois, se sobrar, você paga os juros. Aqui no Brasil é o contrário. A receita foi dado pelo próprio Lula, em 2008. Ele transformou o tsunami em marolinha. Não adianta aumentar juros. Por isso, quer um diálogo, já que existe alternativas à essa política.
Imposto sobre grandes fortunas
Os movimentos sociais assinam embaixo no projeto da deputada Jandira Feghali, de taxar as grandes fortunas. O MST já defendia como tese, agora partirá para a prática, inclusive com panfletagem.
PHA e o antídoto
Em tom de brincadeira, Stédile nomeia PHA como agroecológico, um antídoto contra o PiG.
Globo, a mãe do Golpe
Stédile questiona: o povo de verde e amarelo, do dia 15, segue os tucanos? Claro que não. Não há partidos de Direita no Brasil. Caiado e Agripino estavam nas ruas contra corrupção e foram acusados nesta última semana. Portanto, nem DEM e nem tucanos comandam a Direita. Quem manda é a Globo. E com um canhão na mão, pois insulflam o povo para ir às ruas no dia 15. Stédile diz que é necessário que se acelere a reforma dos meios de comunicação. Mas o Governo Dilma só fará isso se as ruas pressionarem, já que apenas com a correlação de forças do Congresso não há chance.
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