" E a radicalidade de sua atuação política foi sempre alimentada por um intransigente humanismo e solidariedade em defesa de todas as vítimas do sistema opressor. Sabia que uma nova realidade seria protagonizada pelo povo oprimido. Escreveu: “o corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos faz crer a religião. O corpo é uma festa”. Uma festa que um dia, sob o legado que esse companheiro nos deixou, irá se realizar nesse continente, onde não haverá exploradores e explorados.
Detentor de um texto primoroso, sem abrir mão de suas convicções políticas e da identidade cultural do seu povo, sabia, como sábio que era, que o aprendizado verdadeiro é o que jorra do povo. Por isso, não hesitou em dizer que “a solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A maioria de nós tem muito o que aprender com as outras pessoas”.
(Da página do MST)
Do Fala Chico:
Morre o escritor uruguaio Eduardo Galeano
O escritor uruguaio Eduardo Galeano morreu em Montevidéu, sua cidade natal, aos 74 anos. Galeano, escritor e jornalista, é conhecido por seu trabalho essencial Veias Abertas da América Latina. Trabalho lendário em tom anti-imperialista, publicado em 1971, quando a maioria dos países do continente latino americano, estavam submetidos a ditaduras. Esse livro tornou-se um “clássico libertário”, um inventário da dependência e expolição de que a América Latina tem sido vítima, desde que aqui aportaram os europeus no final do século XV. No começo, espanhóis e portugueses. Depois vieram ingleses, holandeses, franceses, e os os norte-americanos. Este cenário permanece, a mesma submissão, a mesma miséria, a mesma espoliação.
Direito ao Delírio (Derecho al Delirio) Eduardo Galeano
Outras obras, como a trilogia "Memory of Fire" (1986), "Dias e Noites de Amor e Guerra" (1978) ou "O Livro de Abraços" (1989) foram traduzidos para mais de 20 idiomas.
Ele estava internado desde sexta-feira no Casmu 2 a causar câncer no mediastino, confirma El Pais.
Galeano nasceu em 3 de setembro de 1940 em Montevidéu e começou a escrever aos 14 anos no jornal El Sol. Em 1958, passou também a escrever crônicas de arte. Nos anos 1960, trabalhou como editor do jornal semanal Marcha e no diário Época.
Após o golpe de estado em 1973, Galeano é preso e foi forçado a deixar o Uruguai e se exilar na Argentina. Quando voltou ao seu país em 1985, ele fundou o semanário Brecha.
Galeano deixa esposa, Helena Villagra, com quem era caso desde 1976, e os filhos Claudio, Florencia e Verónica.
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