quarta-feira, 8 de abril de 2015

Chega em BH: "Assis Horta: Retratos" - exposição no Palácio das Artes


Assis Horta: registro de uma época e seus personagens
  

                                Assis Alves Horta no Foto Assis com sua RolleiFlex em 1956
 
 
Por trás de lentes centenárias 

Aos 97 anos, fotógrafo Assis Horta abre exposição para contar a história dos primeiros trabalhadores com CLT


 Como afirma o Curador da exposição Guilherme Rebello Horta:
 
¨Assis Horta, do alto dos seus 97 anos, ocupa um posto de honra na fotografia brasileira. ¨
 
¨ O seu estúdio fotográfico em Diamantina, Minas Gerais, o Foto Assis mantido entre 1936 e 1967 foi palco  de uma pequena revolução social-fotográfica brasileira.
 
Após a Consolidação das Leis do Trabalho, CLT em 1º de maio de 1943 Assis viu chegar uma imensa massa de trabalhadores em seu estúdio a fim de tirar uma foto 3x4 para a recém criada Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).
 
A fotografia, que até então se destinava a retratar a sociedade burguesa, começa a ser descoberta pela classe operária. O retrato entra na vida do trabalhador, realiza sonhos, dignifica, atenua saudade, eterniza esse ser humano, mostra a sua face.
 
E logo os amigos, a esposa, os filhos, todos em busca de um retrato.
 
Essa demanda impôs a Assis Horta  uma produção fotográfica vigorosa, que mesmo diante de um simples 3x4  se esmerava, não errava o foco, a luz e conseguia sempre de seu modelo a sua mais sincera expressão.
 
Com um único disparo, Assis criou deuses domésticos com a sociedade  diamantinense da época.¨ 

 
 

Assis Horta: registro de uma época e seus personagens. 
Assis Horta: registro de uma época e seus personagens
 
 
 
 
 
 
Durante 80 anos, o fotógrafo Assis Horta passou boa parte de seus dias carregando sua câmera Rolleiflex aonde quer que fosse para registrar tudo: festas, funerais, sorrisos, paisagens, prostitutas e muitos retratos. Ao longo dos anos, se tornou uma referência histórica ao catalogar desde os primeiros trabalhadores de Diamantina até absolutamente todas as ruas da cidade. Ainda anônimo há sete anos, quando inaugurou a primeira exposição da carreira, “Diamantina 360º”, agora ele ocupa a Grande Galeria do Palácio das Artes, a partir do dia 8 de abril, com o projeto “Assis Horta: Retratos”.
Fotógrafo desde os 16 anos, Assis Horta conquistou com sua habilidade autoditada uma vaga para fotógrafo do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – onde trabalhou durante toda a vida, desde a década de 30. Paralelamente ao emprego oficial, manteve em Diamantina o estúdio Foto Assis, entre 1936 e 1967, ano em que se mudou para Belo Horizonte a pedido do Iphan.
Trabalhou também no Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, cedido pelo IPHAN . 
 
Porém, durante os mais de 30 anos que esteve em sua cidade natal, ele se dedicou a retratos do trabalhador comum, que precisava da foto 3x4 para a recém-inaugurada Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “O Foto Assis foi palco dessa pequena revolução social fotográfica brasileira, o trabalhador teve acesso à arte ao ter que fazer fotos 3x4 para a carteira de trabalho.
 
Até então, esse tipo de fotografia estava muito ligada à sociedade burguesa”, explica o curador da exposição, Guilherme Horta – que adverte não ser parente do fotógrafo, apesar de ter o mesmo sobrenome.
 
Estudioso e pesquisador do trabalho de Assis Horta, em 2013 Guilherme venceu o XII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, na categoria reflexão crítica, pela exposição “Assis Horta: A Democratização do Retrato Fotográfico através da CLT”. Na época, o projeto contava com um acervo restrito do fotógrafo, além de uma pequena recomposição de seu laboratório pessoal, que será reproduzido de forma mais ampla agora.
 
EXPOSIÇÃO
Inaugurada hoje na Galeria Alberto da Veiga Guignard, a exposição “Assis Horta: Retratos” amplia pouco mais de 200 fotografias em diversos tamanhos, incluindo os 3x4 clássicos, até um painel enorme de 1 metro de altura por 10 metros de largura, que registra a cidade de Diamantina numa vista panorâmica, clicada por Assis Horta em 1954, do alto da Igreja do Amparo.
 
“Mostrando isso, pretendemos também expor seu modo de fotografar. Nessa panorâmica, ele fez dez fotos da cidade e fizemos uma colagem digital para o efeito panorâmico. Em suas fotos 3x4 mesmo, é possível observar um apuro grande de foco e luz incomum, principalmente porque ele fazia um clique só de cada imagem”, diz Guilherme.
 
Além das fotos, a exposição também traz quatro vitrines com equipamentos de trabalho do fotógrafo, como a coleção de câmeras Rolleiflex, os negativos, as banheiras de revelação e as chapas de vidro, consideradas um luxo para os anos 50, quando Assis Horta começou a adquiri-las com mais frequência. “Não era fácil importar uma chapa da Alemanha. Ele costumava dividir uma só chapa de vidro em outras seis, para aproveitar mais”, pontua o curador Guilherme Horta.
 
 
 
 
 
 
Em uma montagem fiel ao espaço de trabalho do fotógrafo, a exposição reproduz o laboratório de Assis Horta mantido em Diamantina, onde ele registrava seus personagens. Um pequeno cenário com uma cadeira de madeira, um tapete e um fundo falso, no qual o público poderá registrar sua própria lembrança ao fim da exposição. “A gente aconselha as pessoas a trazerem máquinas fotográficas e terem o prazer de voltar no tempo, inspiradas por Assis”, completa Guilherme.
 
 
 
Voltei no tempo:
 
 
 
 
 
 
 
História
Exposições. Apesar de não fotografar mais, Assis Horta, 97, consulta todos os dias seu arquivo fotográfico guardado em sua casa, no bairro Funcionários, que ele diz ser de 100 mil chapas de vidro. Desde 2008, expôs também em Ouro Preto, Tiradentes e no Palácio do Planalto, em Brasília.
 
Agenda
 
O QUE“Assis Horta: Retratos”
 
ONDEGaleria Alberto da Veiga Guignard, no Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1.537, centro)
 
QUANDOA exposição fica em cartaz de 8 de abril a 8 de junho. Os horários para visitação são de 9h30 às 21h (de terça-feira à sábado) e das 16h às 21h, aos domingos.
 
QUANTOEntrada gratuita
Fonte: Texto O Tempo



 

 

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