sábado, 18 de abril de 2015

Pesquisas: manifestantes ganham bem, acreditam em boatos e são contra os avanços sociais e o PT


Pesquisas sobre os manifestantes do dia 12 de abril, em São Paulo feita pela USP/Unifesp, e em Belo Horizonte feita pela UFMG, revelaram que o público que saíram às ruas foram os que votaram em Aécio, acreditam em boatos, são contra os avanços sociais e o PT e que possuem uma indignação seletiva da corrupção. No final da matéria veja a entrevista com a cientista política Helcimara Telles, coordenadora do grupo que realizou a pesquisa em Belo Horizonte.



EM SÃO PAULO

Pesquisa indica que manifestantes do dia 12 ganham bem e creem em mentiras

Estudo de professor da USP com público que esteve na Avenida Paulista mostra que maioria confia em colunistas e políticos conservadores e acredita em boatos espalhados pelas redes
por Rodrigo Gomes, da RBA 

MARCIA MINILLO / RBA
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Desinformação política, econômica e social alimentam preconceitos e crença em boatos e resultam de distorções difundidas pela mídia tradicional

São Paulo – A manifestação pelo impeachment da presidenta da República, Dilma Rousseff, no último domingo (12), na avenida Paulista, reuniu em sua maioria pessoas brancas, com ensino superior completo, que ganham acima de cinco salários mínimos. E que acreditam em boatos espalhados pelas redes sociais, como o de que Fabio Luis Lula da Silva, o Lulinha, filho do ex-presidente Lula, é sócio da empresa frigorífica Friboi. Nada menos que 71,3% dos manifestantes entrevistados acreditam nessa estória.
Os dados são de uma pesquisa coordenada pelo professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP, Pablo Ortellado, e pela professora de relações internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Esther Solano, que ouviu 541 pessoas.
pesquisa identificou que 47,3% dos entrevistados “confiam muito” em informações obtidas pelo Facebook. Outros 26,6% têm a mesma percepção de informações repassadas pelo aplicativo de celular Whatsapp. Dos participantes do ato, 77,4% eram brancos, 68,5%, tinham ensino superior completo e 72,8% tinham renda superior a R$ 3.940 mensais, sendo que 48% ganham acima de R$ 7.780 por mês.
O professor se disse surpreso com a crença nas informações do aplicativo de celular, que é relativamente recente. “Nas redes entra tudo. Uma boa parte do conteúdo compartilhado no Facebook é de matérias da imprensa convencional. Mas existe uma grande quantidade de informações sem verificação. E isso permite a difusão de boatos”, avaliou.
Os pesquisadores misturaram informações opinativas com boatos que têm destaque nas redes. Assim a estória de Lulinha teve aceitação equivalente à afirmação de que “os desvios da Petrobras são o maior caso de corrupção da história do Brasil”, com 85% de concordância entre os manifestantes. Além desta, as afirmações “o PCC é um braço armado do PT” e “o PT trouxe 50 mil haitianos para votar na Dilma nas últimas eleições” foram aceitas como verdadeiras por 53,2% e 42,6%, respectivamente.
Coerentes com posições conservadoras, 70,9% dos manifestantes avaliam que “cotas raciais geram mais racismo” e 60,4% acreditam que o programa Bolsa Família “financia preguiçosos”. E demonstrando crença de que a guerra fria não acabou, 64,1% concordam que o PT quer implementar uma ditadura comunista no Brasil.
Para o professor, essa aceitação dos boatos e a rejeição a essas políticas está ligada também a “ascensão de comentaristas políticos que são conservadores e polemistas”. E que fazem parte da formação de opinião da maior parte dos manifestantes de domingo.



 
EM BELO HORIZONTE
 
PESQUISA EM BH REVELA QUE SÃO CONTRA OS AVANÇOS SOCIAIS E O PT
 
Rede Brasil Atual - Os cerca de 2,5 mil manifestantes que foram à Praça da Estação, no último domingo (12),  em Belo Horizonte, foram motivados por um forte sentimento de rejeição ao PT, mas também por severa intolerância às políticas de inclusão social implementadas nos últimos 12 anos. Essa é uma das conclusões de uma pesquisa realizada pelo grupo de estudos Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com 348 manifestantes, cujo objetivo foi traçar um perfil ideológico dos participantes.
 “Existe muita resistência à ideia de avanços sociais e de extensão de direitos às minorias. A rejeição ao PT deriva também de ser, até então, o partido mais comprometido com a ideia de igualdade”, avalia a professora de Ciências Políticas e coordenadora do grupo, Helcimara Telles.
 
A maior parte dos manifestantes era branca, com ensino superior completo e renda acima de cinco salários mínimos. Esse último dado, no entanto, acabou não sendo compilada, porque as pessoas começaram a evitar revelar a renda “para não parecer que só tem rico protestando”, disse a professora.
 
Pelo menos um terço dos manifestantes (36,1%) acha que negros, mulheres e homossexuais “têm direitos demais”. A pesquisa mostra que 70,1% são contra as cotas raciais, 77,8% avaliam que os programas assistências deixam as pessoas preguiçosas e 70,7% são contra o programa Mais Médicos.
 
A maioria do grupo também avalia que pobres são desinformados (75,6%) e que os nordestinos têm menos consciência política (56,8%).

Assista a entrevista sobre a pesquisa em BH, realizada pela TV Assembléia:


13/04/2015 | Mundo Político

Perfil dos manifestantes que protestam contra o governo Dilma e a presidente

Entrevista com a cientista política Helcimara Telles,
00:25:05 | (138595kb)

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