domingo, 7 de dezembro de 2014

Tricentenário do Mosteiro de Macaúbas, em Santa Luzia

¨A Comunidade de Macaúbas e as Irmãs Concepcionistas do Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas celebram com entusiasmo o Tricentenário do início da construção da Ermida primitiva por Félix da Costa, origem da história de fé, religiosidade, educação e cultura de Macaúbas.
 
É com alegria, recompensada pelo espírito de gratidão a todos os colaboradores das ações de conservação e preservação do Mosteiro que as freiras celebram 300 anos de fé e tradição do Mosteiro de Macaúbas, preciosidade das Minas Gerais. A casa é de Deus, relíquia de Nossa Senhora¨  
 
Madre  Marta Auxiliadora - OIC
Abadessa do Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição  de Macaúbas
 
 
 
 
 
Antigo recolhimento e uma das primeiras escolas femininas de Minas, Mosteiro de Macaúbas, em Santa Luzia, completa 300 anos de história. Complexo colonial abriga freiras enclausuradas.
 
 
O dia principal das comemorações é nesta segunda-feira, dia 8 de dezembro.  
 
 

 
 
Do ESTADO DE MINAS
Por Gustavo Werneck:
 
Conhecer o Convento de Macaúbas, como é carinhosamente chamado, representa experiência única: ali estão 16 freiras, roseiras para fazer vinho, muitas orações e trabalho duro. Na entrada principal, onde se lê a palavra clausura, vê-se em destaque a pintura de um personagem fundamental nesta história tricentenária: o eremita Félix da Costa, que veio da cidade de Penedo (AL), em 1708, pelo Rio São Francisco, na companhia de irmãos e sobrinhos. Demorou três anos para chegar a Santa Luzia, onde construiu uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, de quem era devoto. Mas, antes disso, bem no encontro das águas do Velho Chico com o Rio das Velhas, na Barra do Guaicuí, em Várzea da Palma, Região Norte do estado, ele teve a visão de um monge com hábito branco, escapulário, manto azul e chapéu caído nas costas. “Ele se viu ali. Foi o ponto de partida para a fundação do Recolhimento de Macaúbas”, conta a madre superiora, explicando que o quadro e uma estátua de Félix da Costa foram feitos no século passado por uma irmã concepcionista.

RECOLHIMENTO No século 18, quando as ordens religiosas estavam proibidas de se instalar nas regiões de mineração por ordem da coroa portuguesa, para que o ouro e os diamantes não fossem desviados para a Igreja, havia apenas dois recolhimentos femininos em Minas: além de Macaúbas, em Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha. Conforme os estudos, tais espaços recebiam mulheres de várias origens, as quais podiam solicitar reclusão definitiva ou passageira. Havia, portanto, uma complexidade e diversidade de tipos de reclusas, devido à falta de estabelecimentos específicos para suprir as necessidades delas. Assim, os locais abrigavam meninas e mulheres adultas, órfãs, pensionistas, devotas, algumas que se estabeleciam temporariamente, para “guardar a honra”, enquanto maridos e pais estavam ausentes da colônia, ou ainda como refúgio para aquelas consideradas desonradas pela sociedade da época.

Na época do recolhimento, Macaúbas recebeu figuras ilustres, como as filhas da escrava alforriada Chica da Silva, que vivia com o contratador de diamantes João Fernandes. A casa na qual Chica se hospedava fica ao lado do convento. Como parte do pagamento do dote das filhas, Fernandes mandou construir, entre 1767 e 1768, a chamada Ala do Serro, com mirante e 10 celas (quartos para as religiosas). Em 1770, o mestre de campo Ignácio Correa Pamplona assinou contrato para construir a ala da direita da sacristia (Retiro), igualmente dividida em celas. A construção tem ainda as alas da Imaculada Conceição, Félix da Costa (a mais antiga) e a de Santa Beatriz, onde se encontra o noviciado do mosteiro.



Em 1847, o recolhimento passou a funcionar também como colégio, tornando-se um dos mais tradicionais de Minas. Essa situação durou até as primeiras décadas do século 20, quando a escola entrou em decadência, devido à chegada de congregações religiosas europeias com grande experiência na educação de meninas. O tempo passou até que, em 1933, a construção passou a abrigar o mosteiro da Ordem da Imaculada Conceição.

Nesta história, um dos principais nomes é o da irmã Maria da Glória, que ficou mais de duas décadas doente sobre uma cama e morreu em 21 de janeiro de 1986. Muitos católicos atribuem à intercessão da freira diversas graças alcançadas. Em 1965, a extinta revista O Cruzeiro, dos Diários Associados, documentou momentos do cotidiano no mosteiro: as irmãs lavando roupas ou caminhando pelo pátio e a imponente construção colonial em meio ao coqueiral. Muito tempo depois, o Estado de Minas registrou a irmã Maria da Glória, enferma, acompanhada de outra religiosa.

A capelinha erguida por Félix da Costa em 1714, início de toda a trajetória, não existe mais, embora algumas peças primitivas estejam guardadas. “Temos ainda o cofre que Félix da Costa usava para pedir esmolas a fim de erguer o templo”, explica a irmã Maria Imaculada. De acordo com as pesquisas, o eremita seguiu, em 1712, para o Rio de Janeiro, onde obteve do bispo dom frei Francisco de São Jerônimo – na época, ainda não havia a diocese de Mariana, a primeira de Minas – licença para usar hábito e pedir esmolas. Mais tarde, recebeu autorização para abrir o recolhimento feminino, no qual ficaram suas irmãs.


 
Do IEPHA/MG:
 
 
O Mosteiro de Macaúbas está localizado na margem direita do Rio das Velhas, a 11 quilômetros do centro da cidade de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em estilo colonial, é um monumento sóbrio e imponente, inserido numa planície em meio a palmeiras de macaúbas. A edificação é cercada por mureta baixa, em alvenaria, que também funciona como arrimo. O corpo principal do prédio, erguido na segunda metade do século XVIII, tem o partido em forma quadrangular, com pátio claustral interno, todo pavimentado em pedras, onde está um cruzeiro.
 
No ano de 1768, o mosteiro sofreu uma intervenção de grande porte. Em cada lateral da fachada principal foram construídos anexos chamados “mirantes”, com vedação na frente, feita por treliças. Um deles está localizado sobre a sacristia, e o outro sobre a área correspondente ao parlatório da antiga construção.
 
Na parte anterior da edificação, está a Capela de Nossa Senhora da Conceição, que conserva belíssimo conjunto de talha no estilo rococó, da segunda metade do século XVIII. Há ainda capelas secundárias como a dos Aflitos, a de Nossa Senhora do Carmo, a de Santo Antônio, entre outras.
 
 
 
 
 
Destaque para a Capela dos Aflitos, cuja pintura dos painéis e do forro, de inspiração rococó, é considerada como a de maior apuro no conjunto do mosteiro. Nas laterais e na parte posterior, no 2º pavimento, estão as celas, distribuídas em duas alas ao longo de um corredor que termina em salões. No andar térreo, encontramos mais celas e as dependências de serviços.
 
História
 
A edificação que hoje abriga o mosteiro foi construída por Félix da Costa, um alagoano devoto de Nossa Senhora da Conceição, que a criou para ser um recolhimento e um educandário. A casa abrigava viúvas e mulheres abandonadas pelos maridos. Muitas filhas de ricos senhores passaram por ali. Entre elas há registro de algumas das filhas de Francisca da Silva de Oliveira, a Chica da Silva, cujo companheiro, o contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira, construiu uma das alas e um dos mirantes do prédio.
 
Considerado o maior educandário feminino de Minas Gerais da época, foi convertido, em 1926, em Mosteiro de Ordem Contemplativa, ligado à Ordem Imaculada Conceição, fundada pela Santa Beatriz da Silva Menezes, na Espanha, em 1484. Lá vivem, em regime de clausura, as irmãs da Ordem da Imaculada Conceição.
 
O tombamento estadual é de 22 de agosto de 1978, com complementação de entorno em 2002. O Mosteiro de Macaúbas também é tombado na esfera nacional. Totalmente restaurado pelo IEPHA/MG em 1994, três anos depois teve inaugurada a Casa de Retiro, montada, numa das alas, especialmente para receber pessoas que buscam paz espiritual e silêncio.
 

Referências: Dossiê de tombamento do IEPHA/MG - Mosteiro de Macaúbas
 
 
 
 
 
 

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