Do Fala Chico:
Por Frei Rodrigo Péret
A história desta foto: Esse menino dormia sereno na véspera do despejo das famílias de sem teto, do MTM - Movimento Terra e Moradia, acampadas, no bairro Ipanema na cidade de Uberlândia (MG), neste ano de 2014.
Hoje, igual a essa criança, mais de 8 mil famílias, estão ocupando várias áreas em Uberlândia. Estão acampados buscando moradia. Querem um lote de terra para nossas famílias. Buscam fugir do aluguel. Procuram uma casa, um lar.
Os pássaros tem seus ninhos, os animais suas tocas.
Nesse tempo de Natal, nós recordamos que chegada a hora de Maria dar a luz, ela e José procuraram um lugar, um abrigo, mas não encontraram,. Bateram em muitas portas e lhes foi negado um abrigo. Tiveram que ocupar uma estrebaria (um curral) e ali nasceu um menino, Jesus, que foi envolvido em panos e colocado num cocho, numa manjedoura.
Nosso Salvador nasceu numa ocupação. Certamente uma ocupação diferente. Uma ocupação de um só casal, uma mulher grávida, prestes a dar a luz. Pode parecer para nós uma pequena ocupação, mas aquele casal representa, na verdade, toda humanidade. De certo não ficaram ali, mas aquele menino ocupou nossos corações, nossas vidas e nossa história. E aquela família se tornou o modelo para todas as famílias da humanidade. A natureza os acolheu com alegria, uma estrela anunciou o seu nascimento, os animais naquela estrebaria assistiram ao nascimento. Os pobres pastores vieram visitar, anunciados pelos anjos, e ate os reis vieram adorar o menino, e respeitaram o Deus Menino, numa ocupação.
Deus assumiu nossa fragilidade, por amor quis ser como nós. Herodes tremeu em seu poder, teve medo da frágil criança, nascida numa ocupação de um curral, na pequena vila de Belém.
O projeto de salvação que esse menino trouxe exige para nós conversão, exige partilha para que a justiça aconteça e sua presença se realize entre nós. O livro dos Atos dos Apóstolos nos dá um exemplo de como viver esse projeto: "Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. Apossava-se de todos o temor, pois numerosos eram os prodígios e sinais que se realizavam por meio dos apóstolos. Todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um. Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no Templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o povo. E o Senhor acrescentava cada dia ao seu número os que seriam salvos." (At 2, 43-47).
Feliz Natal!!!!!
Frei Rodrigo de Castro Amédée Péret, ofm
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