Uma vida iluminada, de realizações extraordinárias, que deixou-se ficar eternizada depois de sua partida. Um profeta do nosso tempo, portador da Boa Nova que chegava aos corações pela verdade com que era propagada. Pronto para lutar por causas verdadeiras e entregar-se à doçura de ser simples, fácil de ser tocado pelas pessoas, fossem elas do jeito ou origem que fossem...
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Por Geovane Saraiva*
Dom Helder Câmara leu, quando Arcebispo de Olinda e Recife, um conjunto de crônicas, no microfone da Rádio Olinda de Pernambuco, intituladas: “Um olhar sobre a cidade”. Trata-se de mensagens da melhor qualidade, mensagens ricas e profundas, assim como foi rica, profunda, intensa, preciosa e de ótima qualidade a vida do pastor dos empobrecidos, humano ao extremo, nascido aos 07 de fevereiro de 1909, na cidade de Fortaleza – Ceará.
Mensagens de amor e de esperança para o seu povo, sua gente muito querida, em primeiro lugar nas cidades de Olinda, Recife e demais cidades de sua então arquidiocese, mas também para o mundo inteiro, porque sua emblemática palavra, por seu significado social, profético e profundamente humano, chegava aos confins do mundo. Mensagens de um pastor que soube amar a todos, mas, sobretudo, seu imenso amor à causa dos empobrecidos, os “sem voz e sem vez”. "Quem estiver sofrendo, no corpo ou na alma; quem, pobre ou rico, estiver desesperado, terá lugar especial no coração do bispo", dizia ele.
Artífice da paz o foi. E o caminho cristão no campo social orienta-se na linha da não violência ativa, encontrando em Dom Helder Câmara, segundo Pe. João Batista Libânio, falecido no dia 30/01/2014, a figura certa e emblemática de tal via. Daí olharmos para a força desse irmão querido como o homem dos grandes sonhos e utopias: “Quando sonhamos sozinhos é só um sonho; mas quando sonhamos juntos é o início de uma nova realidade”; “Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante... Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do mundo (...)”.
A Carta aos Hebreus nos assegura: “Nós não temos aqui na terra cidade permanente, estamos à procura da cidade que há de vir” (Hb 13, 14). Hoje a grande maioria da humanidade mora em cidades. Daí o nosso olhar para a cidade e que seja o mesmo olhar do artesão da paz, desejando tirar dela coisas boas e positivas. O mundo é bom e as cidades são boas. Como seria bom viver bem e em harmonia com este mundo, que Deus criou para nós, suas criaturas, na assertiva do próprio Deus: “O que vos peço é que não tireis do mundo, mas livreis do mal” (Jo 17, 15).
Mensagens do Profeta que viveu bem nessa “cidade”, que não é permanente, mas com um grande desejo que todos compreendessem o sentido da vida neste mundo, voltando-se, é claro e evidente, para a outra vida, para a transcendência. Mensagens do “irmão dos pobres” que encarnou o Concílio Vaticano II, quando diz: “Não se encontra nada verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração” (GS, 200).
Nós moramos numa cidade e por vontade do Criador e Pai, a exemplo do Apóstolo dos gentios, de Dom Hélder Câmara e de outros homens de Deus, sonhamos com a cidade do céu, a Jerusalém do Alto. Santo Agostinho, na sua obra, “A cidade de Deus” fala que “dois amores fundaram duas cidades, a saber: O amor próprio, levado ao desprezo a Deus, a terrena e o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial”.
Que o aniversário de nascimento de Helder, pequeno na estatura, mas grande e obstinado nos ideais de peregrino da paz, o qual na qualidade de místico e maestria de rara originalidade procurou ser fiel a Jesus de Nazaré, com os pés no chão e no permanente esforço de unir o céu a terra, com os olhos, a mente e o coração fixos e voltados para a cidade lá do alto, que na alegria e na esperança cristã jamais iremos esquecê-lo.
Que ao celebrarmos sua memória, uma vida toda pelos irmãos, produza-nos os melhores frutos, para a maior glória de Deus e o bem do povo brasileiro e da humanidade inteira. Assim seja!
Dom Helder Câmara leu, quando Arcebispo de Olinda e Recife, um conjunto de crônicas, no microfone da Rádio Olinda de Pernambuco, intituladas: “Um olhar sobre a cidade”. Trata-se de mensagens da melhor qualidade, mensagens ricas e profundas, assim como foi rica, profunda, intensa, preciosa e de ótima qualidade a vida do pastor dos empobrecidos, humano ao extremo, nascido aos 07 de fevereiro de 1909, na cidade de Fortaleza – Ceará.
Mensagens de amor e de esperança para o seu povo, sua gente muito querida, em primeiro lugar nas cidades de Olinda, Recife e demais cidades de sua então arquidiocese, mas também para o mundo inteiro, porque sua emblemática palavra, por seu significado social, profético e profundamente humano, chegava aos confins do mundo. Mensagens de um pastor que soube amar a todos, mas, sobretudo, seu imenso amor à causa dos empobrecidos, os “sem voz e sem vez”. "Quem estiver sofrendo, no corpo ou na alma; quem, pobre ou rico, estiver desesperado, terá lugar especial no coração do bispo", dizia ele.
Artífice da paz o foi. E o caminho cristão no campo social orienta-se na linha da não violência ativa, encontrando em Dom Helder Câmara, segundo Pe. João Batista Libânio, falecido no dia 30/01/2014, a figura certa e emblemática de tal via. Daí olharmos para a força desse irmão querido como o homem dos grandes sonhos e utopias: “Quando sonhamos sozinhos é só um sonho; mas quando sonhamos juntos é o início de uma nova realidade”; “Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante... Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do mundo (...)”.
A Carta aos Hebreus nos assegura: “Nós não temos aqui na terra cidade permanente, estamos à procura da cidade que há de vir” (Hb 13, 14). Hoje a grande maioria da humanidade mora em cidades. Daí o nosso olhar para a cidade e que seja o mesmo olhar do artesão da paz, desejando tirar dela coisas boas e positivas. O mundo é bom e as cidades são boas. Como seria bom viver bem e em harmonia com este mundo, que Deus criou para nós, suas criaturas, na assertiva do próprio Deus: “O que vos peço é que não tireis do mundo, mas livreis do mal” (Jo 17, 15).
Mensagens do Profeta que viveu bem nessa “cidade”, que não é permanente, mas com um grande desejo que todos compreendessem o sentido da vida neste mundo, voltando-se, é claro e evidente, para a outra vida, para a transcendência. Mensagens do “irmão dos pobres” que encarnou o Concílio Vaticano II, quando diz: “Não se encontra nada verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração” (GS, 200).
Nós moramos numa cidade e por vontade do Criador e Pai, a exemplo do Apóstolo dos gentios, de Dom Hélder Câmara e de outros homens de Deus, sonhamos com a cidade do céu, a Jerusalém do Alto. Santo Agostinho, na sua obra, “A cidade de Deus” fala que “dois amores fundaram duas cidades, a saber: O amor próprio, levado ao desprezo a Deus, a terrena e o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial”.
Que o aniversário de nascimento de Helder, pequeno na estatura, mas grande e obstinado nos ideais de peregrino da paz, o qual na qualidade de místico e maestria de rara originalidade procurou ser fiel a Jesus de Nazaré, com os pés no chão e no permanente esforço de unir o céu a terra, com os olhos, a mente e o coração fixos e voltados para a cidade lá do alto, que na alegria e na esperança cristã jamais iremos esquecê-lo.
Que ao celebrarmos sua memória, uma vida toda pelos irmãos, produza-nos os melhores frutos, para a maior glória de Deus e o bem do povo brasileiro e da humanidade inteira. Assim seja!
* Geovane Saraiva é padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso. É autor dos livros “O peregrino da Paz”, “Nascido Para as Coisas Maiores”, “A Ternura de um Pastor”, “A Esperança Tem Nome”, "Dom Helder: sonhos e utopias" e "25 Anos sobre Águas Sagradas”.
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