"Lula, a essa altura, faria bem se pedisse apoio ostensivo no campo internacional: deveria entrar numa embaixada estrangeira, e repetir o papel de Julian Assange: denunciar o consórcio midiático-conservador que tentar tomar de assalto o Estado brasileiro."
"Lula numa embaixada seria o símbolo de que o Brasil já não é mais uma democracia. E essa – sim – seria uma imagem simbólica desmoralizadora para os golpistas."
Gilmar, Moro e Globo: O golpe avança!
Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:
Foi estranho ir para a Paulista, e não ver ninguém gritando: “morre, fulano”; “fechem o partido XX”; “deem um tiro na cabeça de YY”. Foi isso que eu havia visto nas manifestações dos chamados “coxinhas”, desde março de 2015.
Nesse dia 18 de março de 2016, ao contrário, não houve ódio. Na rua, mostrou-se a firme disposição de defender a democracia e as conquistas dos últimos 13 anos. Houve também a denúncia da ação de um juiz – Sérgio Moro – que rompeu com a lei e se transformou num baderneiro da Justiça. E houve o ataque firme ao golpismo descarado da Globo.
Lula falou ao povo, que se mostrou em sua diversidade: negros, brancos, mestiços; mulheres e negros; gays, travestis; funcionários, estudantes classe média, operários e agricultores. Tudo junto e misturado. Havia muito mais do que 100 mil pessoas na Paulista. Pelo menos o dobro disso.
Muita gente com quem conversei na Paulista se sentiu aliviada porque, Brasil afora, milhares de pessoas se manifestaram contra o golpe. Isso, avaliam alguns, será um freio para os golpistas.
Hum… Tenho o dever de ser realista. E dizer: não!
Em 13 de março de 1964, Jango foi à Central do Brasil e mostrou força num comício diante de milhares de operários/trabalhadores, além de militantes trabalhistas e da esquerda. Três semanas depois, Jango foi derrubado.
A ação de Gilmar Mendes na noite de 18 de março de 2016, suspendendo a posse de Lula como ministro, foi tomada exatamente no momento em que as manifestações se dispersavam, e não deixa dúvidas: o golpe não vai parar.
Lula no governo não é importante para escapar da Justiça. Isso é uma mentira. Gilmar sabe disso. Impedir a posse é estratégico para impedir que Lula aglutine a base de centro, e barre o impeachment. É disso que se trata.
A Justiça coloca-se então a serviço da oposição, de forma descarada. O jogo político está irreversivelmente desequilibrado. O juiz torce para um dos times, e apita penaltis sem parar.
Gilmar e Moro são dois baderneiros. Não teriam condições, em nenhuma democracia de verdade, de exercer a magistratura. Mas lembremos que na Itália fascista também havia gente que formalmente exercia o cargo de “juiz”. Sob a ditadura de 64, havia “juízes” aplicando as leis da ditadura.
O fato é que as instituições cercaram o projeto que se saiu vitorioso nas urnas, nas últimas 4 eleições. No Judiciário, no Congresso, na PF e na mídia: há um cerco absoluto. E sem volta.
Há vários meses, Moro testa os limites da institucionalidade. Prendeu várias pessoas de forma ilegal. Viu que não seria detido, e seguiu adiante.
Desde o dia 4 de março, a rigor, assistimos a um golpe em câmera lenta: 1) a condução coercitiva de Lula, precedida de intensa manipulação midiática produzida pela Globo; 2) a invasão de sindicatos pela PM paulista; 3), a queima de sedes de partidos e sindicatos Brasil afora; 4) os ataques fascistas no meio da rua, intimidando homens e mulheres; 5) a divulgação ilegal de grampos da presidenta da República; 6) a violação do sigilo telefônico de 25 advogados, por parte do “juiz” Moro.
A escalada está clara. Só não enxerga quem não quer.
O STF, ao invés de dar um freio em Moro, preferiu “responder” às falas de Lula extraídas de conversas informais. Não há qualquer dúvida de que o STF não vai parar Moro, não vai parar a escalada de arbitrariedades.
Vivemos, definitivamente, um golpe paraguaio. Um golpe promovido pelas instituições, com ampla agitação midiática.
De outro lado, sem convocação pela Globo, sem apoio institucional, cercados por todos os lados, e contando apenas com blogs e ativismo digital, os democratas desse país foram capazes de produzir grandes atos populares dia 18.
Sim! Isso foi importante, para levantar o moral, e para sinalizar que esse projeto pode ser retomado logo adiante. Mas isso, apenas, não deterá o golpe agora.
Nesse dia 18 de março de 2016, ao contrário, não houve ódio. Na rua, mostrou-se a firme disposição de defender a democracia e as conquistas dos últimos 13 anos. Houve também a denúncia da ação de um juiz – Sérgio Moro – que rompeu com a lei e se transformou num baderneiro da Justiça. E houve o ataque firme ao golpismo descarado da Globo.
Lula falou ao povo, que se mostrou em sua diversidade: negros, brancos, mestiços; mulheres e negros; gays, travestis; funcionários, estudantes classe média, operários e agricultores. Tudo junto e misturado. Havia muito mais do que 100 mil pessoas na Paulista. Pelo menos o dobro disso.
Muita gente com quem conversei na Paulista se sentiu aliviada porque, Brasil afora, milhares de pessoas se manifestaram contra o golpe. Isso, avaliam alguns, será um freio para os golpistas.
Hum… Tenho o dever de ser realista. E dizer: não!
Em 13 de março de 1964, Jango foi à Central do Brasil e mostrou força num comício diante de milhares de operários/trabalhadores, além de militantes trabalhistas e da esquerda. Três semanas depois, Jango foi derrubado.
A ação de Gilmar Mendes na noite de 18 de março de 2016, suspendendo a posse de Lula como ministro, foi tomada exatamente no momento em que as manifestações se dispersavam, e não deixa dúvidas: o golpe não vai parar.
Lula no governo não é importante para escapar da Justiça. Isso é uma mentira. Gilmar sabe disso. Impedir a posse é estratégico para impedir que Lula aglutine a base de centro, e barre o impeachment. É disso que se trata.
A Justiça coloca-se então a serviço da oposição, de forma descarada. O jogo político está irreversivelmente desequilibrado. O juiz torce para um dos times, e apita penaltis sem parar.
Gilmar e Moro são dois baderneiros. Não teriam condições, em nenhuma democracia de verdade, de exercer a magistratura. Mas lembremos que na Itália fascista também havia gente que formalmente exercia o cargo de “juiz”. Sob a ditadura de 64, havia “juízes” aplicando as leis da ditadura.
O fato é que as instituições cercaram o projeto que se saiu vitorioso nas urnas, nas últimas 4 eleições. No Judiciário, no Congresso, na PF e na mídia: há um cerco absoluto. E sem volta.
Há vários meses, Moro testa os limites da institucionalidade. Prendeu várias pessoas de forma ilegal. Viu que não seria detido, e seguiu adiante.
Desde o dia 4 de março, a rigor, assistimos a um golpe em câmera lenta: 1) a condução coercitiva de Lula, precedida de intensa manipulação midiática produzida pela Globo; 2) a invasão de sindicatos pela PM paulista; 3), a queima de sedes de partidos e sindicatos Brasil afora; 4) os ataques fascistas no meio da rua, intimidando homens e mulheres; 5) a divulgação ilegal de grampos da presidenta da República; 6) a violação do sigilo telefônico de 25 advogados, por parte do “juiz” Moro.
A escalada está clara. Só não enxerga quem não quer.
O STF, ao invés de dar um freio em Moro, preferiu “responder” às falas de Lula extraídas de conversas informais. Não há qualquer dúvida de que o STF não vai parar Moro, não vai parar a escalada de arbitrariedades.
Vivemos, definitivamente, um golpe paraguaio. Um golpe promovido pelas instituições, com ampla agitação midiática.
De outro lado, sem convocação pela Globo, sem apoio institucional, cercados por todos os lados, e contando apenas com blogs e ativismo digital, os democratas desse país foram capazes de produzir grandes atos populares dia 18.
Sim! Isso foi importante, para levantar o moral, e para sinalizar que esse projeto pode ser retomado logo adiante. Mas isso, apenas, não deterá o golpe agora.
A decisão de Gilmar (tomada numa sexta, às vésperas de período de recesso no STF) mostra que há uma inteligência operando entre Judiciário/Globo/PSDB. A foto ao lado mostra quem são os operadores do golpe.
Mas há outros: os irmãos Marinho, Temer, Moro com suas camisas negras e a embaixada dos EUA promovem uma tabelinha. Não podemos ter mais dúvidas.
Lula pode ser preso nos próximos dias. Juristas acham que não, que Moro não poderia agir antes de uma decisão do pleno do STF. Mas não estamos mais dentro da normalidade institucional.
E o STF é sim, hoje, um tribunal acovardado e ajoelhado diante do avanço midiático.
A Constituição de 88 está sendo pisada, a institucionalidade destruída. Os votos de 54 milhões de pessoas, jogados no lixo.
É um ataque frontal à Democracia.
Na sequência, viria um governo Temer/Serra/Cunha, vendido como “governo de “união nacional”.
A esquerda e os movimentos iriam para a rua?
Sim. Mas lhes faltaria um símbolo. E lhes sobraria a pecha de “corruptos” que estão simbolicamente liderados por um “ladrão preso em Curitiba”.
Caminhamos para um regime em estilo colombiano: aparência de democracia, com a esquerda e os movimentos expurgados do sistema político. Essa é a tragédia que nos aguarda, e que pode durar 5, 10 ou 20 anos – a depender de nossa capacidade de reação.
Lula, a essa altura, faria bem se pedisse apoio ostensivo no campo internacional: deveria entrar numa embaixada estrangeira, e repetir o papel de Julian Assange: denunciar o consórcio midiático-conservador que tentar tomar de assalto o Estado brasileiro.
Reparem que a mídia estrangeira (inclusive jornais e revistas conservadoras) é a única que faz a denúncia desse processo.
Precisamos de símbolos vigorosos! 200 mil, 1 milhão de pessoas na rua. Isso é importante, mas não basta.
Lula numa embaixada seria o símbolo de que o Brasil já não é mais uma democracia. E essa – sim – seria uma imagem simbólica desmoralizadora para os golpistas.
Não há exagero nem dramatismo nessa análise. Estamos a um passo de um novo 1964 – mas muito mais grave. Porque será desfechado por aqueles que deveriam ter a obrigação de cumprir as leis.
Dessa vez, pessoas não vão sumir. Muito pior: serão destruídas moralmente, terão sua vida revirada e exposta à execração pública. Em 3 ou 4 anos, parte da classe média vai se arrepender de ter gerado esse monstro. Mas será tarde.
O monstro está aí, à nossa frente. Lula é o último símbolo a ser destruído, antes do ataque final.
Lula precisa ser preservado, para ser uma voz de denúncia. E o Estado brasileiro não é mais um lugar seguro para oferecer essa segurança a Lula. É preciso buscar a proteção de outros estados, em que a lei ainda vale e a democracia não foi pisoteada.
No Brasil, já vivemos num estado de exceção jurídico e midiático.
É essa a realidade que vejo.
Mas há outros: os irmãos Marinho, Temer, Moro com suas camisas negras e a embaixada dos EUA promovem uma tabelinha. Não podemos ter mais dúvidas.
Lula pode ser preso nos próximos dias. Juristas acham que não, que Moro não poderia agir antes de uma decisão do pleno do STF. Mas não estamos mais dentro da normalidade institucional.
E o STF é sim, hoje, um tribunal acovardado e ajoelhado diante do avanço midiático.
A Constituição de 88 está sendo pisada, a institucionalidade destruída. Os votos de 54 milhões de pessoas, jogados no lixo.
É um ataque frontal à Democracia.
Na sequência, viria um governo Temer/Serra/Cunha, vendido como “governo de “união nacional”.
A esquerda e os movimentos iriam para a rua?
Sim. Mas lhes faltaria um símbolo. E lhes sobraria a pecha de “corruptos” que estão simbolicamente liderados por um “ladrão preso em Curitiba”.
Caminhamos para um regime em estilo colombiano: aparência de democracia, com a esquerda e os movimentos expurgados do sistema político. Essa é a tragédia que nos aguarda, e que pode durar 5, 10 ou 20 anos – a depender de nossa capacidade de reação.
Lula, a essa altura, faria bem se pedisse apoio ostensivo no campo internacional: deveria entrar numa embaixada estrangeira, e repetir o papel de Julian Assange: denunciar o consórcio midiático-conservador que tentar tomar de assalto o Estado brasileiro.
Reparem que a mídia estrangeira (inclusive jornais e revistas conservadoras) é a única que faz a denúncia desse processo.
Precisamos de símbolos vigorosos! 200 mil, 1 milhão de pessoas na rua. Isso é importante, mas não basta.
Lula numa embaixada seria o símbolo de que o Brasil já não é mais uma democracia. E essa – sim – seria uma imagem simbólica desmoralizadora para os golpistas.
Não há exagero nem dramatismo nessa análise. Estamos a um passo de um novo 1964 – mas muito mais grave. Porque será desfechado por aqueles que deveriam ter a obrigação de cumprir as leis.
Dessa vez, pessoas não vão sumir. Muito pior: serão destruídas moralmente, terão sua vida revirada e exposta à execração pública. Em 3 ou 4 anos, parte da classe média vai se arrepender de ter gerado esse monstro. Mas será tarde.
O monstro está aí, à nossa frente. Lula é o último símbolo a ser destruído, antes do ataque final.
Lula precisa ser preservado, para ser uma voz de denúncia. E o Estado brasileiro não é mais um lugar seguro para oferecer essa segurança a Lula. É preciso buscar a proteção de outros estados, em que a lei ainda vale e a democracia não foi pisoteada.
No Brasil, já vivemos num estado de exceção jurídico e midiático.
É essa a realidade que vejo.
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