O Papa Francisco escreveu uma carta a amigos argentinos em que se referiu ao linchamento, em Rosário, de David Moreira, de 18 anos. David foi morto após um espancamento promovido por dezenas de pessoas. Fora flagrado roubando a bolsa de uma mulher.
“A cena doeu em mim”, escreveu Francisco na carta. ¨ Sentia os chutes na alma. Não era um marciano, era um rapaz de nosso povo; é verdade, um delinquente. E me lembrei de Jesus. O que ele diria se estivesse de árbitro ali? Quem esteja livre de pecado que dê o primeiro chute”.
“Me doía tudo”, prossegue Francisco. “Me doía o corpo do rapaz, me doía o coração dos que o chutavam. Pensei que esse garoto foi feito por nós, cresceu entre nós, foi educado entre nós. O que falhou? O pior que pode acontecer é que nos esqueçamos da cena. E que o Senhor nos dê a graça de poder chorar… chorar pelo rapaz delinquente, chorar também por nós”.
Por Francisco Peregil (brasil.elpais.com):
O Papa Francisco expressou a dor que sentiu ao saber do linchamento do jovem David Moreira, de 18 anos, morto na cidade de Rosário, ao norte de Buenos Aires na terça-feira dia 25 de março, depois da surra que recebeu três dias antes de vários vizinhos que o flagraram roubando a bolsa de uma mulher.
Moreira ia de moto com um amigo. O amigo fugiu, mas sobre ele caiu uma surra pesada de dezenas de vizinhos. Aquele ato de barbárie não serviu como lição à sociedade, já que teve réplicas em outras cidades do país onde mais de dez supostos ladrões pegos em flagrante apanharam de pedestres. A única pessoa morta, até o momento, é Moreira. Uma parte da surra que sofreu pode ser vista em um vídeo arrepiante de poucos segundos. O Papa se refere a ele em uma carta dirigida aos irmãos argentinos Rodolfo e Carlos Luna, que moram na Suécia, responsáveis pela publicação da missiva no Facebook.
Na carta, Francisco lamenta: "A cena doeu em mim. Fuenteovejuna, eu me disse. Sentia os chutes na alma. Não era um marciano, era um rapaz de nosso povo; é verdade, um delinquente.
E me lembrei de Jesus. O que ele diria se estivesse de árbitro ali? Quem esteja livre de pecado que dê o primeiro chute". Na mensagem fez referência à obra publicada no século XVII de autoria do espanhol Lope de Vega, Fuenteovejuna, que conta a história de um povo que se une para se vingar da tirania e injustiça a que é submetido.
Carlos Luna relatou à Radio Vorterix que enviou para o Papa a documentação sobre o linchamento no último sábado e no dia seguinte, no domingo, recebeu sua carta.
"Me doía tudo", lamentava Francisco, "me doía o corpo do rapaz, me doía o coração dos que o chutavam. Pensei que esse garoto foi feito por nós, cresceu entre nós, foi educado entre nós. O que falhou?
O pior que pode acontecer é que nos esqueçamos da cena. E que o Senhor nos dê a graça de poder chorar... chorar pelo rapaz delinquente, chorar também por nós".
Os sucessivos linchamentos geraram declarações de todo tipo por parte dos políticos argentinos. A presidenta, Cristina Fernández de Kichener, evitou pronunciar a palavra "linchamento" mas fez um chamado em várias ocasiões para evitar a violência. Em um discurso emitido na terça-feira pela emissora nacional -isto é, em todos os canais de rádio e televisão-, disse: "Uma das coisas que nos distinguem do Reino Animal é poder falar, embora alguns não pareçam porque falam. Mas realmente o que nos distingue verdadeiramente do resto da escala animal é que podemos pensar, raciocinar e falar. Não percamos, por favor, esses traços que nos distinguem como humanidade, ainda que tenhamos que enfrentar dificuldades ou fatos que nos provocam raiva e indignação. Transformemos isso".
E me lembrei de Jesus. O que ele diria se estivesse de árbitro ali? Quem esteja livre de pecado que dê o primeiro chute". Na mensagem fez referência à obra publicada no século XVII de autoria do espanhol Lope de Vega, Fuenteovejuna, que conta a história de um povo que se une para se vingar da tirania e injustiça a que é submetido.
Carlos Luna relatou à Radio Vorterix que enviou para o Papa a documentação sobre o linchamento no último sábado e no dia seguinte, no domingo, recebeu sua carta.
"Me doía tudo", lamentava Francisco, "me doía o corpo do rapaz, me doía o coração dos que o chutavam. Pensei que esse garoto foi feito por nós, cresceu entre nós, foi educado entre nós. O que falhou?
O pior que pode acontecer é que nos esqueçamos da cena. E que o Senhor nos dê a graça de poder chorar... chorar pelo rapaz delinquente, chorar também por nós".
Os sucessivos linchamentos geraram declarações de todo tipo por parte dos políticos argentinos. A presidenta, Cristina Fernández de Kichener, evitou pronunciar a palavra "linchamento" mas fez um chamado em várias ocasiões para evitar a violência. Em um discurso emitido na terça-feira pela emissora nacional -isto é, em todos os canais de rádio e televisão-, disse: "Uma das coisas que nos distinguem do Reino Animal é poder falar, embora alguns não pareçam porque falam. Mas realmente o que nos distingue verdadeiramente do resto da escala animal é que podemos pensar, raciocinar e falar. Não percamos, por favor, esses traços que nos distinguem como humanidade, ainda que tenhamos que enfrentar dificuldades ou fatos que nos provocam raiva e indignação. Transformemos isso".
Nenhum comentário:
Postar um comentário