segunda-feira, 4 de junho de 2018

Lesa pátria, por Décio Lima



Por Décio Loma
Brasil 247

LESA-PÁTRIA

E, mesmo diante da comoção nacional frente à política de preços, expressa na chamada greve dos caminhoneiros, apoiada por gritante maioria da população, o Presidente da Petrobrás determinou um novo aumento no preço da gasolina; Não estão nem aí para a opinião pública, querem apenas os aplausos da plutocracia financeira

Consta em um dicionário (dicionarioinformal.com.br), resumidamente, que crime de lesa-pátria é "qualquer aliança política, traiçoeira, que causa prejuízos ao país ..."
Analisando os termos essenciais dessa definição, é lícito deduzir o seguinte: aliança (MDB, PSDB, DEM e demais componentes do golpe), traição (o que o Temer e comparsas fizeram com a Dilma), prejuízos ao país (quase tudo que o governo golpista tem feito contra o povo brasileiro).
Focando somente a gestão da Petrobrás encontraremos um festival de absurdos, mais que suficiente para a comprovação de grande parte dos prejuízos impostos à nação. Exemplo ululante: no ano passado exportaram 328,2 milhões de barris de petróleo bruto e importaram 25,4 milhões de barris de gasolina e 82,2 milhões de barris de diesel, ou seja, exportaram matéria prima e importaram produtos industrializados, deixando nossas refinarias ociosas (operam atualmente com apenas 31,9% da sua capacidade).

Além dos custos da ociosidade das nossas refinarias, acrescente-se que estamos pagando US$ 730 milhões anuais pelo refino de nosso óleo no exterior. Fora o desemprego e a entrega de ativos da Petrobrás a preço irrisório. Na prática enquanto assistimos o sucateamento das nossas empresas, observamos a absorção da capacidade ociosa dos nossos concorrentes. Isso é "privatização branca", é crime de lesa-pátria.
Contudo, tem muito mais. O Conselho de Administração da Petrobras, sem levar em conta o impacto do preço do petróleo e derivados na economia e indiferente aos reclamos da imensa maioria do povo, insiste em manter a política que se alinha com a volatilidade do mercado internacional.
E, mesmo diante da comoção nacional frente à política de preços, expressa na chamada greve dos caminhoneiros, apoiada por gritante maioria da população, o Presidente da Petrobrás determinou um novo aumento no preço da gasolina. Não estão nem aí para a opinião pública, querem apenas os aplausos da plutocracia financeira.
Para acabar com a greve o governo fez algumas concessões aos movimentos, entre as quais o desconto de 46 centavos por litro de diesel, contudo, em total afronta ao superior interesse público, em outro flagrante de lesa-pátria, os golpistas decidiram compensar a Petrobras (ou melhor, os seus acionistas) mediante indenização dos valores relativos ao desconto no diesel. E, pasmem, para viabilizar essa manobra pretendem retirar recursos já combalidos da saúde, educação, segurança pública, reforma agrária, das políticas para juventude e mulheres, entre outras áreas vitais para a diminuição da desigualdade social.
Como se não bastasse, outra frente, sem alardes, sem divulgação na mídia e portanto despercebido pela maioria da população, o Ministério das Minas e Energia efetivou uma consulta pública relâmpago (por duas semanas, entre meados de abril e começo de maio) onde propôs novas diretrizes para a exploração e produção do petróleo e gás. Fizeram-na de forma sorrateira porque a minuta do texto beneficia claramente as operadoras estrangeira.

Em editorial, publicado em seu site, a FUP denunciou: "a proposta do governo escancara as reservas de petróleo, principalmente as do Pré-Sal, para as empresas estrangeiras. Fixa um planejamento de leilões até 2019, quando nenhum país estabelece leilão plurianual, pois ninguém sabe o que acontecerá com o setor no dia seguinte. Fazer isso com patrimônio público, sem ao menos submeter a proposta a uma audiência pública, é inaceitável". É importante acrescentar que, sem mecanismos de proteção, os grupos privados se apropriarão de tecnologias já desenvolvidas pela Petrobrás.
Com o levante popular um dos criminosos já se foi, falta agora a renúncia do títere maior. Fora Temer! Eleições livres e diretas!

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