sexta-feira, 29 de junho de 2018

Gestão golpista do SUS: destruição e aniquilação de vidas

Revista Fórum

Ao destruir o SUS, golpistas aniquilam vidas e programas internacionalmente reconhecidos

Alexandre Padilha, em novo artigo: “Voltamos a ter altos índices de mortalidade infantil e de pessoas não vacinadas no país, após tanto progresso. Os golpistas preferem coalizões perversas que aniquilam vidas e programas reconhecidos pelo mundo”
Por Alexandre Padilha
Mais uma notícia inimaginável sobre o nosso sistema público de saúde veio à tona nesta terça-feira (19) nos principais canais de comunicação: pela primeira vez, o Brasil teve queda do número de crianças vacinadas, o pior índice em 16 anos. Todas as vacinas indicadas a menores de um ano ficaram abaixo da meta de vacinação, segundo o Ministério da Saúde, com índices de 70,7% e 83,9%, sendo a meta 95% de cobertura da população. A única que não sofreu muita redução foi a BCG – que é aplicada em maternidades, assim que as crianças nascem, 91,4%.
Como pode o nosso Programa Nacional de Imunizações, reconhecido internacionalmente pelo excelente resultado no combate a doenças – inclusive fez com que muitas delas fossem erradicadas –, tenha tamanho abatimento?
Tenho orgulho de quando Ministro da Saúde termos atingido, já em 2012, a meta da redução da mortalidade infantil estabelecida pela ONU para 2015. Infelizmente, o que vimos agora é o crescimento. Também tenho muito orgulho de, como Ministro, ter incorporado novas vacinas no SUS, como a do HPV, e ampliado o perfil de pessoas que podem receber vacinas para Hepatite A e B, entre outras.
Esse é o Sistema Único de Saúde (SUS) da gestão golpista, onde a saúde leva – todos os dias – um novo sopapo deste governo que quer destruir nosso sistema.


Não há dúvidas do quanto querem diminuir o SUS. Já mostraram que não estão de brincadeira, congelando por 20 anos novos recursos para a saúde, revisando e aprovando a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) – norteadora do SUS -, sem consultar os gestores e trabalhadores, usuários, conselho nacional de saúde, especialistas e professores em saúde pública -. A PNAB norteia o trabalho das equipes que atuam na atenção básica, exatamente a responsável pela vacinação das nossas crianças -, e com ela preterindo e modificando o papel de trabalho dos mais de 300 mil agentes comunitários de saúde e 100 mil agentes de endemias no país, profissionais de saúde essenciais para a cobertura da população das equipes no programa Estratégia Saúde da Família (ESF).
O governo alterou a lei que dispunha de atribuições e jornadas de trabalho e, após reinvindicações, foi criada uma comissão mista no Senado para aprovação de medida provisória, com o objetivo de garantir a obrigatoriedade desses profissionais nas equipes ESF e vigilância epidemiológica e ambiental, além do oferecimento de cursos de aperfeiçoamento. A medida era para ser votada ontem, mas foi adiada pelo governo para hoje para que um consenso seja feito nas duas casas do Congresso Nacional.
Também não podemos esquecer da redução da atuação dos profissionais do Programa Mais Médicos, que foi esvaziado pós-golpe. O programa já contou com cerca de 14 mil médicos cubanos espalhados pelo país e, até o final do ano que vem, o governo quer apenas 7 mil profissionais cubanos no programa.
O governo federal tem uma postura de atrasar a reposição dos profissionais que deixaram o programa nos municípios. Quando foi criado o Mais Médicos, também quando era Ministro da Saúde, havia o compromisso e planejamento para que, a partir de 2019, todo médico, depois de formado, se quisesse fazer residência médica, uma parte dela aconteceria nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da periferia e regiões remotas, sob a supervisão das universidades. Ou seja, teríamos um grande aporte de profissionais para Atenção Básica de nosso país.
E o atual governo não deu os passos finais para isso. Suspendeu esse planejamento, reduziu a formação de preceptores e o envolvimento das universidades, o que faz com que o programa sobreviva única e exclusivamente pela capacidade e compromisso dos médicos envolvidos e de secretários municipais de saúde, de não perderem esses profissionais no momento em que tanto se perde na área da saúde.
São esses profissionais – médicos, agentes comunitários e de endemias – que auxiliam na redução da mortalidade infantil, materna e de a outras faixas etárias no país! São eles que fazem o atendimento, acompanhamento e monitoramento – inclusive vacinal – da situação de saúde dos pacientes.
E vejam: voltamos a ter altos índices de mortalidade infantil e de pessoas não vacinadas no país, após tanto progresso. Os golpistas preferem coalizões perversas que aniquilam vidas e programas reconhecidos pelo mundo.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Disputa de poderes: degradação das instituições

Preliminares do Caos

Fernando Brito

O nome da crise no Brasil é legitimidade.
Desde que o país passou a fazer do policialismo – e de sua versão judicial – o método de disputa do poder, assiste-se à uma degradação das instituições que vai chegando a um impasse que nos leva a um completo caos e, portanto, à mais completa imprevisibilidade sobre o que se vai passar na política e na economia.
Transferido o cenário da disputa política para a Polícia Federal, para o Ministério Público e para os tribunais – hoje, qualquer juiz federal vale mais que uma bancada inteira de parlamentares – a transição para o arbítrio tornou-se óbvia, até porque eles tornaram-se parte ativa e incontestável desta disputa.
O Brasil das oligarquias políticas, ao longo do século passado, passou a ser o Brasil das oligarquias da mídia. Como esta, porém, não tem os instrumentos de decisão, passamos à oligarquia da toga, que dá efetividade ao controle da sociedade que os intérpretes do sistema dominante desejam.
Tornamo-nos um país governado por uma casta judicial que, mesmo com os conflitos internos que possa ter, adere integralmente ao sistema de dominação do país.
Como toda a ditadura corporativa, porém, ela não consegue deter seu processo de erosão por uma realidade que pretende moldar pelos seus desígnios e ordens.
E racha.
Está evidente a inutilidade dos movimentos de Edson Fachin e Cármem Lúcia para retardarem aquilo que Gilmar Mendes disse hoje sobre “o Supremo voltar a ser Supremo” e não mais o “puxadinho” da Lava Jato.
Inúteis, mas terríveis, porque será inevitável que se coloque em julgamento o que a atual presidente vem postergando desde o final do ano passado: a inconstitucionalidade da prisão “automática” após as sentenças de segunda instância, mas antes do julgamento de recursos que podem anulá-las.
Se ela não o fizer, é certo que, com o grau de acirramento que esta questão tomou, o novo presidente do Tribunal, Dias Toffoli, terá de fazê-lo.
E isso, quase que certamente, resultará na libertação de Lula a poucos dias – ou poucos dias depois – da eleição que, todos sabem, ele venceria, se pudesse delas participar.
Dá para imaginar em que grau isso comprometeria a legitimidade de quem for eleito num pleito realizado nestas condições?

Ou se acelera, pois, as decisões que, inevitavelmente,  devem ser tomadas ou não se encontrará saída para a crise de legitimidade do poder no Brasil.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Dom Quixote : pensar a realidade na perspectiva mais ampla do sonho


(Desenho: Portinari)

 Desde sua publicação Dom Quixote tem se mantido como fontes de inspiração e de referência.
Cervantes não só anuncia os impasses da cultura nascente, quanto denuncia o esvaziamento da fantasia e do idealismo num mundo cada vez mais submetido aos rigores da razão prática e dos interesses materiais.
O livro de Cervantes mantém uma viva atualidade, permitindo comparar, desde então até nossos dias, os níveis do desencontro entre uma visão generosa, sublime e heroica do mundo, e outra voltada para os interesses mais imediatos e comezinhos, para os pensamentos mais convencionais e as atitudes mais convenientes.

Veja, a seguir, as interpretações da obra sobre diversos ângulos: 

Dom Quixote de La Mancha
"Quais são os moinhos de vento do direito contemporâneo? Lendo Dom Quixote percebe-se que o sistema jurídico não mudou tanto nestes séculos."

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Nesse programa Lenio Streck aborda a obra Dom Quixote, com Ruben Daniel Castiglioni, professor do PPG em Letras da UFRGS, e Carlos Gímez-Jara…


Cervantes cria um louco com dignidade. A obra nos lembra que precisamos ser justos. E ainda fala de idealismo x prática; sonho x realidade.
A capacidade de sonhar.
O livro ensina a construir fantasias e o mais importante a desconstruí- las. Segundo Janice Theodoro, o livro é uma aula de como passamos do sonho para a realidade e da realidade para o sonho; o que nós fazemos o tempo todo. Construindo e desconstruindo.
Vai se dar bem que souber fazer essa interligação, essa mistura entre sonho e realidade. E isso é uma arte se soubermos trabalhar bem estes elementos.

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Nós vivemos em uma sociedade em crise de responsabilidades, na qual os jovens não embarcam…



LENDO DOM QUIXOTE TALVEZ NOS TORNEMOS MAIS HUMANOS 

"Uma história extremamente moderna. Dom Alonso Quijano quando estava quase desistindo da vida ao invés de mergulhar na melancolia, na tristeza e na depressão, características da nossa vida atual, mergulha nas suas fantasias... É loucura ou excesso de razão?
As lições em relação a liberdade, a razão e a loucura.
O que é ser livre? Até onde vai a loucura de Dom Quixote? Onde está a verdadeira razão? Onde está a verdadeira loucura?
Cervantes denuncia através do
Dom Quixote a redução da realidade ao senso científico, colocando o desafio de pensar a realidade na perspectiva mais ampla do sonho.
O que são as coisas? O que é a realidade? Desafio adequado para nossos tempos. 
Ler Dom Quixote hoje é quase uma obrigação, é uma necessidade que temos de nos libertar da razão estreita, da razão que pensa a realidade apenas do ponto de vista daquilo que podemos tocar ou que a razão científica pode explicar.
Pensar a razão na perspectiva de Dom Quixote. Ele se libertou da melancolia, se tornou mais corajoso, mais verdadeiro, mais galante, mais simpático.

Lendo Dom Quixote talvez nos tornemos mais humanos. "



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Consulte os cursos no site da Casa do Saber: http://www.casadosaber.com.br/ Inscreva-se no canal…

sábado, 23 de junho de 2018

As crianças enjauladas da globalização


Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A imagem de crianças aprisionadas em modernos campos de concentração cercados de arame nos Estados Unidos tem provocado reações de choque, repulsa e indignação no mundo inteiro.

O fato de que não tenham sido capazes de tirar o sono de nenhuma autoridade do planeta é a demonstração escancarada do ambiente geral de conformismo e derrota de nossa época. Também expressa a hipocrisia passageira, torcendo para que um escândalo dessa envergadura, possa ser esquecido após duas ou três manchetes inofensivas.

O problema dessa imagem é seu caráter inaceitável, explosivo. Num universo no qual 0,1% da população controla uma riqueza mundial de US$ 73,7 trilhões, nunca fomos tão ricos. Poucas vezes fomos tão canalhas. Estamos vendo, agora, que nunca houve tanto dinheiro para se fazer o mal.

Depois de desembarcar das versões contemporâneas dos velhos navios negreiros, os adultos são enjaulados e separados de seus filhos - que também serão encarcerados.

As crianças, algumas ainda bebês, que choram à noite num ponto mal iluminado e incerto, são os personagens-símbolo de tamanha injustiça e sofrimento. Encarnam, no entanto, uma tragédia previsível, dolorosamente construída.

Vivemos um tempo de pilhagem de riquezas e destruição de nações inteiras, de injustiça social e regressão. Produto da pior devastação econômica desde 1929, assiste-se em todo planeta a um processo de empobrecimento e perda de direitos que atinge jovens, adultos e velhos num movimento perverso -- mas de lógica irretocável.

As crianças sofrem em função de uma regra conhecida da existência nas sociedades humanas. Se as leis da natureza ensinam os pais a cuidar dos filhotes - sejam humanos, caninos ou leoninos, por exemplo - ao longo dos anos centenas de milhões de adultos foram alijados de qualquer oportunidade de trabalho e progresso. Em consequência, perderam toda capacidade de oferecer proteção, conforto ou alimento. Simples assim.

Sem destino, sem pouso e, dizendo com simplicidade, sem emprego e sem descanso, perto de 70 milhões de pessoas foram expelidas de suas casas, de seu mundo, e agora vagam pelo planeta em barcos, comboios clandestinos e acampamentos improvisados. "O mundo assiste a pior crise de deslocamento involuntário de todos os tempos", informa a Folha, empregando o termo técnico para falar de realidades muito mais chocantes e doloridas, assombrações que não assombram porque estamos sendo habituados a elas.

Formando uma massa maior do que a maioria dos países reconhecidos pela ONU, essa multidão em movimento é a parcela visível de um universo infinitamente maior, que caminha cotidianamente para a regressão e o atras. É assim num ponto qualquer de Bogotá, nas ruas de São Paulo, nas estradas do Iraque ou ruínas da Indonésia. Onde você quiser imaginar -- mesmo nas periferias pobres da Europa e Estados Unidos.

São os deserdados do colapso de 2008-2009, que deu impulso a um novo processo concentração de renda e de poder político em escala mundial, minando, cedo ou tarde, a resistência e luta por um destino melhor que se manifestava em tantos lugares - inclusive no Brasil, convém, lembrar, numa homenagem às 49 brasileirinhas e brasileirinhos que foram separadas dos país ao chegar aos EUA e até agora não tiveram direito a qualquer reação indignada por parte do Planalto de Temer.

O cenário e os personagens da tragédia contem algo de bíblico mas a realidade é absolutamente material, econômica e política. Também pode ser explicada racionalmente. Basta evitar qualquer hipocrisia sentimental.

Os pedantes do pensamento único me desculpem mas essa realidade terrível foi anunciada com clareza peculiar por Karl Marx, explicada por John Maynard Keynes e enriquecida por corajosos sábios contemporâneas que vieram mais tarde e hoje se encontram silenciados. Não há debate possível aqui. Nem lugar para lágrimas de crocodilo.

O que estamos vendo é o óbvio, o saldo inevitável de um projeto político de concentração mundial de renda, riqueza e força militar. A partir de Washington, e suas várias correias de transmissão espalhadas pelo mundo, tenta-se impor uma nova ordem de cima para baixo, em todo o planeta, visando a consolidação de um poder econômico administrado pelo império norte-americano.

O ponto central é tratar o bem-estar do povo como desperdício e ameaça a seus lucros gigantescos. Também é preciso encarar a dignidade devida a todo ser humano desde o fim da Idade Média como que poucos merecem e um número ainda menor irá alcançar. Também é preciso destruir o que ainda resta de espaço público e privatizar o resto, sem nada poupar, inviabilizando por fim as democracias, regimes onde as maiorias têm de ser ouvidas.

No cotidiano de cada país, esse universo produz o fascismo e suas variantes. Nos Estados Unidos, início e fim de tudo, o melhor retrato é o campo de concentração para crianças.

Alguma dúvida?

terça-feira, 19 de junho de 2018

Ações ilegais de Moro, omissão do STF: não há coincidências, por Bob Fernandes


Por Bob Fernandes

Sexta-feira, 4 de Março de 2016. Lula é coagido a depor na Polícia Federal. Como não havia se recusado a depor, coerção sem sentido.

O juiz, Moro, disse ter determinado a coerção para “evitar tumultos”. Então já estava marcada, para 9 dias depois, a grande manifestação pelo impeachment: o13 de Março.

Não há coincidências. Há tática e estratégia, Política e Comunicação. Judiciário e Mídia se retroalimentando. A coação atiçou noticiários, ânimos e a manifestação.

Só agora, quatro anos três meses e 227 coerções depois o Supremo decidiu: está proibida condução coercitiva para interrogatório...

...Não há coincidências. Lula já esta preso. E, embora tardiamente, agora existe o risco de atingir amigos, parceiros de classe.

Não há coincidências. Três dias depois daquele 13 de Março Moro vazou conversa entre Dilma e Lula. Dilma não era investigada. Portanto, ilegal.

E a gravação ultrapassou em mais de uma hora o tempo legal determinado.

No Supremo, Teori Zavaski e Marco Aurélio Mello definiram claramente: tais ações foram ilegais.

Mas o Supremo não agiu. Outra vez era preciso atiçar ânimos. Gigantesca repercussão do vazamento e conversas... e o Supremo impediu Lula de ser ministro.

Ministro, Lula teria foro privilegiado, seria o operador político às vésperas do impeachment.  Sem Lula, um mês depois  se deu a queda de Dilma na Câmara.

Onze meses depois, em situação semelhante, o mesmo Supremo manteria Moreira Franco ministro.

Tempos de facilidade para uns, dificílimo para outros. Tempos de rotular para tentar enquadrar quem se opusesse às manadas. Muitos se renderam.

O escritório dos advogados de Lula teve telefone grampeado. A operadora confirmou os grampos, contou  Sergio Rodas no site Consultor Jurídico (Conjur).

O então relator da Lava Jato, Teori Zavaski, repreendeu Moro, diz o Conjur. Moro alegou desconhecer os grampos e “prometeu destruir as gravações”.

Não foram destruídas então. Só muito tempo depois de feito o serviço.

Agora, no Encontro Brasileiro de Advocacia Criminal, a advogada Valeska Teixeira Zanin Martins denunciou:

-... Moro disponibilizou mais de 400 conversas nossas gravadas... não há precedente de atitude tão violenta, tão antidemocrática em países democráticos.

Foi assim que procuradores e Policia tiveram acesso às estratégias da defesa...

Não há coincidências.

sábado, 16 de junho de 2018

Grampos ilegais, ouvindo 400 ligações do escritório de defesa seria espionagem? Morogate?

 

Após grampear o ramal central do escritório Teixeira, Martins e Advogados, que defende o ex-presidente Lula na “lava jato”, e ouvir mais de 400 ligações, a força-tarefa da operação montou um organograma apontando as medidas que seriam tomadas pelos procuradores do petista em diversos cenários. Isso é o que afirmou, nesta sexta-feira (15/6), a sócia da banca Valeska Teixeira Zanin Martins.  

Espionagem? Com grampos ilegais, Lava Jato mapeou defesa de Lula, diz Valeska


Conjur:

JOGADAS PREVISTAS

"Lava jato" mapeou defesa de Lula depois de grampear escritório, diz advogada

Por Sérgio Rodas

Após grampear o ramal central do escritório Teixeira, Martins e Advogados, que defende o ex-presidente Lula na “lava jato”, e ouvir mais de 400 ligações, a força-tarefa da operação montou um organograma apontando as medidas que seriam tomadas pelos procuradores do petista em diversos cenários. Isso é o que afirmou, nesta sexta-feira (15/6), a sócia da banca Valeska Teixeira Zanin Martins.



Lula está sendo vítima de lawfare, disse advogada Valeska Zanin Martins.
Paulo Pinto/Agência PT

A interceptação dos telefones da firma foi revelada pela ConJur em 2016. O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro, declarou que não sabia dos grampos no ramal central do escritório. Mas a operadora de telefonia responsável pela linha havia informado ao juízo que um dos telefones grampeados pertencia ao escritório em duas ocasiões.
Após ser repreendido pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, Moro prometeu destruir os áudios. Só que isso nunca foi feito, disse Valeska no IX Encontro Brasileiro da Advocacia Criminal, que ocorre no Rio de Janeiro.
Após grampear o ramal central do escritório Teixeira, Martins e Advogados, que defende o ex-presidente Lula na “lava jato”, e ouvir mais de 400 ligações, a força-tarefa da operação montou um organograma apontando as medidas que seriam tomadas pelos procuradores do petista em diversos cenários. Isso é o que afirmou, nesta sexta-feira (15/6), a sócia da banca Valeska Teixeira Zanin Martins.. Chegando lá, havia um ‘organograma da defesa’, desenhando a estratégia dos advogados do Lula. Ele foi baseado em conversas dos integrantes do escritório com outros advogados, como o Nilo Batista. Não há nenhum precedente de uma atitude tão violenta, tão antidemocrática como essa em países democráticos”, contou a defensora de Lula, lembrando que as gravações só foram destruídas há pouco.
Defesa acuada
O processo do tríplex no Guarujá atribuído a Lula — no qual o ex-presidente foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão —, segundo a advogada, mostra como o lawfare passou a ser usado no Brasil. O termo define o uso abusivo do Direito para deslegitimar ou incapacitar um inimigo.
Uma das principais características dessa tática é a união entre imprensa e Judiciário, diz Valeska. Ou seja, informações publicadas por veículos de comunicação, e que costumam ter procuradores e delegados como fontes, logo viram acusação no processo. E as investidas são frequentes, de forma a convencer as pessoas de que o investigado é culpado, segundo a advogada.
Ao mesmo tempo, há um esforço de intimidar a defesa, apontou Valeska Martins. Procuradores e juízes ironizam ou criticam atos dos advogados em pareceres e despachos, reclama. E quando os advogados questionam a linha da acusação, são criticados por abusar do direito de defesa.
Essa investida deveria ser combatida por toda a advocacia, destacou Valeska. Para ela, a OAB não está reagindo com rapidez e energia suficientes às violações de prerrogativas profissionais. Ao contrário de entidades de classe como a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), que prontamente soltam notas criticando a defesa.
“Esse fenômeno atinge a todos — não é só Lula. É contra isso que a advocacia deveria se unir. E com rapidez. Não podemos sofrer os ataques que sofremos e, seis meses depois, recebermos um desagravo em uma sala da OAB. As violações de prerrogativas se dão no Jornal Nacional. Temos Ajufe e outras entidades soltando notas contra a defesa. E as OABs se calam. Hoje é com o ex-presidente Lula, amanhã pode ser com qualquer um”, alertou.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

O golpe tem como objetivo acabar com a Petrobrás e com soberania do Brasil

Engenheiro que descobriu o pré-sal, diz que as petroleiras estrangeiras estão saqueando o Brasil, levando nosso petróleo e pré-sal a preço de banana e que isso roubará o futuro do país.
Depoimento de Guilherme Estrella, que foi diretor de Exploração e Produção da Petrobras, líder do trabalho que levou à descoberta do pré-sal, a maior reserva de petróleo descoberta .
ASSISTA:

quarta-feira, 13 de junho de 2018

O carinho do Papa por Lula, por Mauro Lopes




Após duas notas confusas, o Vaticano confirma na terceira nota que o Papa Francisco enviou um terço e uma mensagem para Lula, através do consultor Juan Grabois.

A posição oficial do Vaticano neste momento, pode ser resumida da seguinte forma: Grabois é consultor do pontífice e veio ao Brasil com a missão de trazer a Lula um terço abençoado e também AS PALAVRAS do Santo Padre – o que evidencia o caráter institucional – e não meramente pessoal – da sua visita. O fato de comunicados anteriores terem sido apagados também sugere que o próprio comando do Vaticano pode ter determinado a revisão dos procedimentos antes adotados pela comunicação da Santa Sé.

Por Mauro Lopes

O carinho do Papa por Lula, maior líder político católico da história brasileira







Lula é o maior líder político católico da história brasileira. E o Papa Francisco fez nesta segunda (11) uma demonstração inequívoca de seu carinho por ele. Enviou a Lula, prisioneiro político há 67 dias, um terço e um bilhete pessoal, escrito a mão. Se o Papa tem afeto por Lula, o regime dos golpistas tem ódio. E, com a mesquinharia típica das ditaduras, proibiram o enviado especial de Francisco de entregar o terço pessoalmente e conversar com o ex-presidente. O episódio é grave. Barrar um enviado do Papa numa visita a um preso político terá ampla repercussão contra o golpe, nacional e internacionalmente. Com o gesto de Francisco, fica claro que sua homilia há cerca de um mês, condenando os golpes de Estado patrocinados pelas mídias conservadoras referia-se de fato ao Brasil.
É um aparente paradoxo: no maior país católico do mundo, o maior líder político católico da história é odiado por milhares e milhares de católicos e católicas, a começar pelo líder do golpe, Michel Temer, e pelo ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ligado à Opus Dei. Nas rede sociais, católicos conservadores ofendem Lula, como ofenderam sua mulher, Marisa Letícia, até a morte, em 2017, e mesmo depois disso. A campanha persistente de ódio destes católicos a Lula não acontecem por serem católicos, mas por serem ferozmente de direita.  
O enviado do Papa à prisão foi ninguém menos que seu assessor para Assuntos de Justiça e Paz, o argentino Juan Grabois, homem da mais absoluta confiança de Francisco. Ao lado do cardeal Peter Turkson, prefeito do Departamento para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano, Grabois é o responsável pela organização dos Encontros Mundiais dos Movimento Populares, que reúne anualmente o Papa e lideranças de movimentos sociais de todo o planeta. Nestes encontros, Francisco tem feito críticas contundentes ao capitalismo. No segundo Encontro, em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), em julho de 2015, o papa qualificou o sistema de "ditadura sutil". Para Francisco Papa, o capitalismo "é insuportável: não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as comunidades, não o suportam os povos...".
Lula deve ter recebido, se a Polícia Federal de fato o entregou, o terço enviado por Francisco -uma peça de contas pretas. O terço é um instrumento de oração e meditação de católicos usado há 800 anos e se compõe de uma sucessão de 10 Aves-Marias entremeadas por um Pai Nosso e uma invocação à Trindade. Os católicos de direita tentam estigmatizar Lula dizendo que ele é "comunista", "ateu" e "bêbado", mas o ex-presidente tem relações profundas com a Igreja Católica, com sua mulher tinha. 
As comunidades eclesiais de base da Igreja Católica foram decisivas para a formação do PT nos anos 1970/80. O partido foi criado pela confluência entre essa comunidades, o sindicalismo combativo liderado por Lula e seus companheiros e intelectuais de esquerda. O teólogo Leonardo Boff e Frei Betto são os principais conselheiros espirituais de Lula. Além de ambos, o padre Júlio Lancellotti e o monge católico Marcelo Barros foram até a prisão em Curitiba e, com eles, Lula tem comungado. 
No dia 17 de maio, na missa matinal em Santa Marta, que o papa preside sempre que está no Vaticano, o pontífice condenou o golpe de maneira dura. Sem citar o Brasil ou o nome de Lula diretamente, fez uma descrição perfeita do que acontece no país: "Criam-se condições obscuras para condenar uma pessoa. A mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a difamação essas pessoas ficam manchadas. Depois chega a Justiça, as condena, e no final, se faz um golpe de Estado".
A declaração do Papa aconteceu logo depois de um encontro com uma delegação de jovens brasileiros que foram a Roma para o encontro das Scholas Ocurrentes, um projeto político pedagógico para os jovens de Francisco inspirado nas comunidades eclesiais de base.
Os golpista imaginaram que Lula seria rapidamente esquecido e abandonado no cárcere em Curitiba. Não imaginaram a onda de solidariedade nacional e internacional que se levantaria a seu redor, a denúncia do caráter político de sua condenação e, menos ainda, os gestos do maior líder político do planeta, o Papa Francisco
Fonte: Brasil 247

segunda-feira, 11 de junho de 2018

“Não dá para vestir a camisa da Seleção, que virou símbolo de uma massa de manobra comandada por golpistas”, diz Marcelo Paiva

“Não dá para vestir a camisa da Seleção, que virou símbolo de uma massa de manobra comandada por golpistas”, Marcelo Paiva para Época


Da Época:
Depois do impeachment, o escritor Marcelo Rubens Paiva jogou fora as duas camisas que tinha da Seleção, uma amarela e a outra azul. Ainda não decidiu, mas é provável que torça com a camisa do Corinthians. “Não dá para vestir a camisa da Seleção, que virou símbolo de uma massa de manobra comandada por golpistas”, afirmou. O perfil dos atuais jogadores não contribui para que mude de posição. “São despolitizados. Não estão nem aí com a situação do país. Gostam de andar de helicóptero. Esta é a Seleção Ostentação.”
O uso do uniforme da Seleção pelos “coxinhas”, alcunha utilizada pela esquerda, não é o único motivo das resistências à camisa. As acusações de recebimento de propina contra Ricardo Teixeira, a prisão do ex-presidente da CBF José Maria Marin nos Estados Unidos e o banimento de Marco Polo Del Nero do futebol, ordenado pela Fifa, reforçam o repúdio ao escudo da entidade máxima do futebol brasileiro.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Relatório destaca aumento da violência no campo e dos conflitos pela água



Relatório anual da CPT destaca o aumento da violência no campo e dos conflitos pela água


A atividade teve início com a palavras de Dom Leonardo Steiner, secretário geral da CNBB, que destacou a manutenção da violência no campo. Já Dom André, presidente da CPT, chamou a atenção para a importância do trabalho de documentar todos os anos esses dados e da significativa denúncia que eles representam.

(Foto: Elvis Marques – CPT Nacional)
Carlos Walter Porto-Gonçalves, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), destacou a importância do trabalho de utilidade pública que a CPT faz com o relatório Conflitos no Campo Brasil, desde 1985. “A qualidade e o rigor que esses dados são tratados são inquestionáveis”, disse ele.
“Do ponto de vista epistemológico é um momento de abertura de compreensão da realidade da sociedade. É o contraponto da ideia de que o agro é tudo. As contradições e as dimensões que não aparecem no dia a dia. O conflito pela água em Correntina, é a mudança no uso da terra. As populações sempre usaram a água da superfície e já não podem mais usar. A população em desespero ocupa uma fazenda de ponta e quebra tudo. Como dizem os zapatistas, há raivas que são dignas. A água tinha que ter um destino digno”, analisou o professor.
De acordo com os dados da CPT, mais de 60% dos conflitos pela água foram protagonizados por mineradoras. 33 conflitos, 17%, aconteceram no contexto das hidrelétricas. Outros 26 conflitos, 13%, em áreas dominadas por fazendeiros. No contexto dos conflitos pela água, em área de mineradora, registrou-se um assassinato em Barcarena, Pará. Fernando Pereira, liderança da Comunidade de Jardim Canaã, fortemente impactada pela operação da mineradora Hydro Alunorte, e membro daAssociação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia – Cainquiama, foi assassinado a tiros no dia 22 de dezembro de 2017. A organização estava envolvida na denúncia de conflitos fundiários na região e no combate aos crimes socioambientais protagonizados pela Hydro, que explora bauxita para produção de alumínio e tem um rol extenso de ilícitos cometidos ao longo de mais de três décadas. Minas Gerais concentrou o maior número de conflitos pela água, 72 ocorrências, seguido da Bahia com 54.
Adalgisa Maria de Jesus, a dona Nena, trouxe o depoimento do levante popular de Correntina, na Bahia. De um povo que se revoltou por ver seu bem mais precioso ser usurpado, a água. “Água é a vida de cada um e cada uma de nós. Correntina ficou conhecida depois daquele 2 de novembro de 2017, pouca gente conhecia. O povo de Correntina está perdendo esse bem precioso que é a água. As comunidades por conta da falta da água começaram a não conseguir mais fazer o engenho funcionar. Começou a ter apagão e a faltar energia também. E perceberam que era quando a fazenda Igarashi funcionava a pleno vapor, que a cidade ficava desabastecida. Isso não está certo. Além disso ela tinha um piscinão que se enchesse, não correria mais água dentro do rio. O povo não aguentou e foi lá e quebrou os diques que estavam secando o rio. Ninguém vai morrer de sede nas margens do rio Arrojado e ninguém vai morrer parado, sem lutar!”.
“Se tem tanto conflito isso indica que tem problemas, apesar de muitos dizerem que o campo não é mais tão importante no cenário nacional”, destacou o professor Carlos Walter. Desde 2015 há um crescimento exponencial da violência no campo. “Eu analisei o período de 2015 a 2017 como um período de ruptura política, e ao compará-lo aos anteriores, cheguei à média de homicídios de 60,6. Entre os anos de 2011 a 2014, durante o governo Dilma, a média foi de 33,7. Portanto, estamos em um momento muito mais violento”.
Para a subprocuradora da República, Débora Duprat, “a ruptura do pacto constituinte de 2015, com a ascensão do governo Temer já iniciou suas ações levando as questões agrárias para a Casa Civil, tirando a expertise de quem sempre trabalhou com esses temas e levando para a esfera política as questões técnicas e específicas do campo. Da mesma forma fizeram com a Funai, colocando em risco o trabalho especializado que se precisa ter com essas questões”.
Para Polliane Barbosa, do acampamento Hugo Chávez, no Pará, despejado em dezembro de 2017, e dirigente nacional do MST no estado, há um aumento das opressões sobre todos trabalhadores brasileiros em geral, sobretudo contra camponesas e camponeses que lutam por terra, água e liberdade. Para ela, os números contidos no relatório da CPT evidenciam a luta que ela e tantos trabalhadores e trabalhadoras vivem em seu dia a dia no Brasil. “São dados que quantificam uma realidade concreta da qual trabalhadores do campo tem sofrido no nosso país. Eles partem da concretude da luta por terra!”.
Ao analisar os dados de violência, Antônio Canuto, membro fundador da CPT, destacou que é possível identificar que o lado mais “macabro” de 2017 foram os massacres. Do total de mortos, 31 pessoas morreram em cinco massacres pelo país. 71 assassinatos foi o maior número registrado desde 2003, quando se computaram 73 vítimas. “É 16,4% maior que em 2016, quando houve o registro de 61 assassinatos, praticamente o dobro de 2014, que registrou 36 vítimas”, apontou Canuto.
Fonte: CNBB, CPT e IHU

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Jornais escondem Lula e o Papa Francisco

Manchetômetro: o dia em que os jornais quiseram esconder Lula e o papa Francisco

Em ações coincidentes, Folha, Estadão e O Globo deram espaço reduzido a fatos relevantes envolvendo figuras de notória popularidade no Brasil e no mundo
por Rede Brasil Atual 
REPRODUÇÃO/LE MONDE/FOLHA
Lula e Papa Francisco
Lula, capa na França, some dos jornais brasileiros e crítica do papa à mídia é retratada como "confusão" pela Folha
São Paulo – Pesquisadores do Manchetômetro – observatório dos meios de comunicação do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Uerj – publicaram artigo nesta quarta-feira (6) com uma análise do comportamento dos três principais jornais do país – Folha, Estadão e O Globo –, que trataram de esconder dos seus leitores fatos com "óbvio potencial noticioso" envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o papa Francisco.
No dia 17 de maio, o Le Monde, maior jornal francês, publicou carta assinada por Lula na qual o ex-presidente explicita os motivos de sua candidatura e denuncia "campanha sistemática" de difamação promovida pelos principais meios de comunicação contra ele e o PT.
No mesmo dia, em missa realizada no Vaticano, o papa Francisco criticou intrigas promovidas pela mídia e ações da Justiça que culminam em golpes de Estado, sem tratar de um caso específico. 
Para o Manchetômetro, além de serem figuras "de inconteste popularidade", os eventos relacionados a Lula e ao papa são "sensíveis" para a mídia brasileira por razões objetivas: "o primeiro por dar a Lula um espaço bem diverso daquele que a grande imprensa nacional lhe vem dando, e o segundo, por ser uma crítica frontal à própria atuação da mídia". Ainda assim, O texto de Lula e a mensagem do papa foram praticamente ignorados pelos jornais brasileiros.
"A despeito deste importante jornal francês ser frequentemente citado na mídia brasileira, o texto de Lula, outro personagem onipresente nas páginas de nossa imprensa, foi praticamente ignorado", apontam os pesquisadores Juliana Gagliardi e João Feres Junior.
Já sobre as declarações do líder da Igreja Católica, a Folha online publicou matéria e ilustrou com uma foto do pontífice com o rosto encoberto pela sua roupa erguida pelo vento. "A imagem sugere confusão ou mesmo vergonha, e tem o claro intuito de desqualificar os argumentos de Francisco", anotam os integrantes do Manchetômetro.
Dias antes, O Globo havia "conferido grande autoridade" ao Le Monde, com matéria na qual o ex-editor do jornal francês anunciava riscos à liberdade de informação. Em 2014, o portal G1– também pertencente à Globo – dava matéria com o título "Papa tem rosto coberto após vento forte no Vaticano".
Os pesquisadores destacam a contradição. "Ainda que o papa Francisco seja um personagem de absoluta relevância, a ponto do vento em sua roupa ter merecido espaço anos antes no portal G1O Globo não fez nenhuma menção à homilia do dia 17 e a sua crítica à mídia."
Ao final, os pesquisadores do Manchetômetro criticam os critérios jornalísticos adotados pelos para atribuir ou sonegar valor noticioso a fatos determinados, e a maneira articulada com que os principais jornais fazem isso. Eles dizem que, no Brasil, ações desse tipo são ainda mais graves devido ao nível de concentração da imprensa, e defendem a necessidade da democratização dos meios de comunicação.
"Vemos aqui duas evidências claras de agendamento, ou seja, da prática de escolher, de acordo com interesses corporativos ou políticos, as matérias que são e as que não são publicadas, mesmo quando seu potencial noticioso seja óbvio. Do ponto de vista da saúde do debate público em nosso pais o problema é mais grave, contudo."