A brisa que fica
13 anos, e ainda lembro bem do dia 21 de junho de 2004, o dia em que Leonel Brizola deixou de ser polêmica para experimentar uma (quase) unanimidade que nunca foi, nem poderia ser, sendo o que foi.
A morte tem este condão de, ao menos, serenar os ódios ou ao menos calá-los por algum tempo.
Mas , embora eu vivesse, naquele dia, a desorientação de quem via se encerrarem 22 anos de convivência – que foi se tornando próxima sem deixar de ser tumultuada (e que deve sua duração mais à paciência dele do que à minha) -, havia outra coisa a alimentar a perplexidade, em mim e em outros.
É que desaparecia, com a morte de Brizola, a última lembrança viva das lutas políticas e sociais do pré-64 e de um projeto nacional que se iniciara nos anos 30 e 40, no qual o Brasil começava a se tornar um país em modernização e uma sociedade de massas.
Aliás, a última deste tempo e a penúltima do renascimento destas lutas no pós-ditadura, porque ainda sobrava (e nos sobra, ainda) Lula, irmão mais novo, com quem as relações de amor e ódio do velho gaúcho são de todos conhecida e que ele próprio explicava com um dito da sua terra natal: “lenha boa é a que sai faísca”.
É o início do inverno e os anos vividos vão nos ensinando que há a época de desfolhar, recolher-se, aprender que o viço verdadeiro não é o da vaidade juvenil, mas o do brilho e da chama que nos anima o amor a este país, a seu povo e aos seres humanos, falem qualquer língua ou vistam peles de qualquer cor.
O que eu aprendi de melhor com Brizola? Aprendi a perseverar e a acreditar que os invernos, mesmo os mais ásperos, duros, frios terminam, afinal, em primavera.
Mas só se a gente não desiste do improvável, mesmo quando ele parece impossível.
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