quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A trajetória política de Eduardo Campos

Vida política de Eduardo Campos teve início no movimento estudantil e terminou no auge, na condição de candidato à Presidência da República e ganhando projeção nacional

eduardo campos miguel arraes
Eduardo Campos e seu avô, Miguel Arraes. Ambos morreram no mesmo dia, 13 de agosto (arquivo)

Marcelo Hailer, Fórum

Eduardo Henrique Accioly Campos nasceu em 10 de agosto de 1965, em Recife, filho de Ana Arraes, ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), e do escritor Maximiano Campos. Iniciou a sua vida política no movimento estudantil, quando se elegeu presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A entrada de fato na política oficial se deu em 1986, ao participar ativamente da campanha de seu avô, Miguel Arraes, ao governo do estado. No governo de Arraes, trabalhou como chefe de gabinete e criou Secretaria de Ciência e Tecnologia do Nordeste e a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco.

No ano de 1994, Campos foi eleito deputado federal com 133 mil votos. Na eleição seguinte, em 1998, veio a reeleição, com 173 mil votos. No primeiro mandato do ex-presidente Lula (2002-2010), assumiu o posto de ministro de Ciência e Tecnologia. Ele era tido como um dos favoritos de Lula e como grande nome para, no futuro, assumir a presidência do Brasil.

Em 2006, Campos disputou o governo estadual de Pernambuco e venceu no segundo turno, contra o candidato Mendonça Filho (DEM). Terminou seu primeiro mandato como um dos governadores mais bem avaliados do Brasil, fato que seria confirmado com a sua reeleição, em 2010, no primeiro turno, com mais de 70% dos votos. Em 2013, quando deixou o governo para concorrer à presidência da República, tinha avaliação positiva acima dos 40%.

Desde que lançou seu nome como presidenciável, Campos foi identificado como uma possível terceira via e contava com muitos simpatizantes do campo da esquerda política. Ao anunciar Marina Silva como sua vice, pegou todo mudo de surpresa. Especialistas questionaram até que ponto Silva repassaria os seus vinte milhões de votos, obtidos em 2010, ao socialista.

Em seus discursos, Eduardo Campos sempre ressaltou sua parceria com Lula e defendia o governo do ex-presidente. Explicava que o rompimento com a gestão Dilma não se deu por uma discordância política de fato: afirmava que faltava diálogo na atual administração e que, por conta disso, era o momento de um novo nome e modelo de se governar o Brasil. Lula tentou fazer com que ele permanecesse no governo e se lançasse candidato em 2018, com o apoio do PT.

A morte de precoce de Eduardo Campos aos 49 anos deixa um profundo vácuo na política brasileira. Algumas de suas posições podem ser confrontadas, mas é inegável sua contribuição à política recente – sua fulminante trajetória política e consequente aprovação pelo povo de Pernambuco são a prova disso. E a vida, como sempre, cheia de ironias, Campos morre no mesmo dia que seu avô e grande inspirador político, Miguel Arraes, falecido em 13 de agosto de 2005.

Campos deixa sua companheira, Renata, e cinco filhos.

BRASIL

Centrais e MST lembram ligação de Campos com trabalhador

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Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) lamentou a morte do "amigo" e "apoiador da luta pela terra e pela reforma agrária, fato que o fez ganhar notável confiança dos trabalhadores rurais do estado de Pernambuco"; "O país fica politicamente empobrecido com a perda de um de seus representantes mais promissores, cujo histórico familiar está intrinsecamente ligado às lutas em defesa das aspirações democráticas", afirmou também o presidente da UGT, Ricardo Patah .


Eduardo Campos agiu com ousadia e coragem contra o latifúndio pernambucano
Da Página do MST
É com muito pesar que recebemos a notícia da morte do ex-governador e candidato à presidência da República, Eduardo Campos.
Campos foi um grande amigo do MST e apoiador da luta pela terra e pela Reforma Agrária, fato que o fez ganhar notável confiança dos trabalhadores rurais do estado de Pernambuco.
Em muitos momentos, o jovem político agiu com ousadia e coragem a favor da luta dos Sem Terra contra o latifúndio pernambucano, desapropriando áreas históricas reivindicadas pelo MST. Conhecia a questão agrária brasileira, e como candidato à presidência, tinha clareza da necessidade de resolver o problema da concentração da terra no Brasil e os males causados pelo latifúndio.
Comprometeu-se com o projeto de desenvolvimento sustentável para o semiárido brasileiro e com a proposta de desenvolvimento da região canavieira do nordeste, uma das regiões mais pobres e com maior concentração de terra do Brasil, em consequência da monocultura canavieira.
Sem dúvida, sua morte prematura é uma grande perda para a política nacional, e os Sem Terra perdem um amigo e grande apoiador da luta pela terra e pela transformação social no país. O povo brasileiro também perde um político jovem e comprometido com as causas de um país mais justo.
Nosso pesar aos familiares e amigos, ao PSB e ao povo pernambucano.


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