Memória e reparação
Dia histórico: hoje é um dia de encontro do Brasil com sua história.
Abaixo, reportagem sobre a Cerimônia na Base Aérea de Brasília, onde os restos mortais de João Goulart foram recebidos com honras militares.
Em seguida, reproduzo texto do jornalista Paulo Henrique Amorim e áudio de trecho do discurso histórico na Central do Brasil, quando Jango prega a reforma tributária, reforma eleitoral, reforma agrária e justiça social.
Da Agência Brasil
Brasília - Os restos mortais do ex-presidente da República João Goulart foram
recebidos hoje (14) com honras militares, pela presidenta Dilma Rousseff. O
corpo de Jango, como era conhecido, começou a ser exumado ontem, em São Borja
(RS), e será submetido a perícia da Polícia Federal, na capital. A exumação faz
parte de uma investigação para esclarecer se a causa da morte de João Goulart
foi mesmo um ataque cardíaco, conforme divulgaram na ocasião as autoridades do
regime militar.
Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, José Sarney e Fernando Collor
também acompanharam a cerimônia. Fernando Henrique Cardoso, que se recupera de
uma diverticulite, não pode participar da homenagem.
A presidenta Dilma Rousseff disse, em sua conta no Twitter, que a solenidade
de honra ao ex-presidente João Goulart “é uma afirmação da democracia” no
Brasil, que se consolida com este gesto histórico. “Hoje é um dia de encontro do
Brasil com a sua história. Como chefe de Estado da República Federativa do
Brasil participo da recepção aos restos mortais de João Goulart, único
presidente a morrer no exílio, em circunstâncias ainda a serem esclarecidas por
exames periciais. Junto comigo estarão ex-presidentes da República, o presidente
do Senado e políticos de todas as vertentes. Este é um gesto do Estado
brasileiro para homenagear o ex-presidente João Goulart e sua memória”.
Deposto pelo regime militar (1964-1985), Goulart morreu no exílio, no dia 6
de dezembro de 1976, na Argentina. O objetivo da exumação é descobrir se ele foi
assassinado. Por imposição do regime militar brasileiro, Goulart foi sepultado
em sua cidade natal, São Borja, no Rio Grande do Sul, sem passar por uma
autópsia. Desde então, existe a suspeita que a morte de Jango tenha sido
articulada pelas ditaduras do Brasil, da Argentina e do Uruguai.
Após os exames, que serão feitos em Brasília e em laboratórios
internacionais, os despojos voltarão para São Borja em 6 de dezembro, data de
morte do ex-presidente. A exumação é coordenada pelo Instituto Nacional de
Criminalística, da Polícia Federal e ocorrerá em duas etapas.
A primeira etapa é a análise antropológica, que detalhará informações sobre
substâncias venenosas que eram usadas no Brasil, na Argentina e no Uruguai e
podem ter causado o envenenamento do ex-presidente. Nesse momento, serão
reunidos dados médicos e pessoais do ex-presidente. Além disso, será feita a
análise do DNA. A segunda etapa constará do exame toxicológico dos restos
mortais de Goulart para confirmar se houve envenenamento.
JANGO NÃO FOI DEPOSTO
Por Paulo Henrique Amorin
Do site Conversa Afiada:
A convite da Presidenta Dilma Rousseff, o ansioso blogueiro participou da solenidade em que os restos mortais do grande presidente João Goulart foram recebidos na Base Aérea em Brasília com honras de chefe de Estado.
Representantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica entregaram para a Presidenta – para que passasse às mãos da viúva D. Maria Tereza Goulart – a bandeira nacional.
Na comovente homenagem, com a presença dos Ministros e da família, além dos ex-Presidentes José Sarney, Fernando Collor e Luis Inácio Lula da Silva, o ansioso blogueiro ouviu do Presidente do Senado, Renan Calheiros, providências que serão brevemente tomadas.
Será rasgada a ata da sessão em que o então presidente paulista do Senado, Auro de Moura Andrade, declarou vaga a Presidência da República, enquanto Jango ainda estava em território nacional.
Este foi o gesto que “legalizou” o Golpe militar.
A sessão, portanto, deixará de existir.
Logo, Jango não foi deposto e o Marechal Castelo Branco, primeiro Presidente do ciclo militar, deixará de ser Presidente para se tornar o que sempre foi: um gorila golpista.
Ele e seus sucessores da mesma estirpe.
Outro ato que se avizinha é a consagração do Plenário do Senado como Plenário João Goulart.
Como vice-Presidente da República, segundo a Constituição de 1946, Jango presidiu o Senado por seis anos.
Na Câmara, o Plenário se chama Ulysses Guimarães.
Reprodução do trecho do discurso de João Goulart na Central do Brasil, em 13 de março de 1964:
http://www.youtube.com/watch?v=32H235KirIo&feature=player_embedded
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