domingo, 23 de setembro de 2018

Amédée Péret e Annete - Emperaire no sítio arqueológico pré-histórico onde foi encontrado o crânio de Luzia

Das 20 milhões de peças do Museu Nacional no Rio de Janeiro, devastado por um incêndio, os brasileiros lamentam em particular a perda de Luzia, "a primeira brasileira" , que  viveu  cerca de 12 mil anos atrás nessa parte das Américas e foi descoberta em Minas Gerais.

Os restos mortais de Luzia foram encontrados na década de 1970 pela antropológa  Annete Laming Emperaire. 

Annette Laming - Emperaire se dedicou à sua paixão pelas pesquisas e escavações, que lhe trouxeram ao Brasil e como diretora de pesquisas da École Pratique des Hautes Etudes, de Paris, Annette foi, nos anos 1970, coordenadora científica da missão franco-brasileira de Lagoa Santa, e atuou no abrigo de Lapa Vermelha IV, em Pedro Leopoldo, na Grande BH. 
Nesse local foi possível, pela primeira vez, obter a datação mínima para pinturas rupestres brasileiras e encontrou o fóssil humano com datação mais antiga do país, a Luzia.

Registro do encontro

O diretor do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais  (Iepha/MG), o arquiteto Luciano Amédée Péret acompanhando os trabalhos da equipe franco-brasileira, chefiada por Annette Laming - Emperaire no sítio arqueológico na região de Lagoa Santa.

     Luciano Amédée Péret com Annette Emperaire


Amédée Péret com pesquisadores da missão franco-brasileira  (primeiro à direita: André Prous). No encontro o diretor do Iepha/MG reafirmou o apoio do instituto e do Estado aos trabalhos dos pesquisadores.









A missão franco-brasileira em Lagoa Santa, sob a chancela da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), ficou na região entre 1974 e 1976 e concentrou as escavações principalmente na Lapa Vermelha de Pedro Leopoldo. Foi nessa caverna que Annette encontrou Luzia, cujo crânio estava no Museu Nacional, no Rio de Janeiro (RJ) que foi consumido pelo fogo entre a noite de domingo (02/09) e a madrugada de segunda-feira (03/09).

Um riquíssimo acervo foi destruído, composto, entre muitas peças, pelos milhares de vestígios arqueológicos retirados da gruta Lapa Vermelha IV, em Pedro Leopoldo, na Grande BH, e levados para  o Museu, na década de 70.

Em 1998, a primeira mulher da América, como entrou para a história, ganhou um rosto e uma história. Ao fazer o levantamento de coleções de fósseis no museu, o antropólogo Walter Neves, da Universidade de São Paulo (USP), fez estudos aprofundados sobre os ossos e providenciou a datação, que é de 11,4 mil anos.

Um dos grande méritos da missão franco-brasileira foi resgatar a importância , no cenário científico mundial, de Lagoa Santa, onde Peter Lund, em mais de quatro décadas, coletou mais de 12 mil fósseis, os quais foram enviados, em 1845, ao rei da Dinamarca. 


Linha do tempo

1801 – Nasce na Dinamarca Peter W. Lund, que viveu 46 anos na região de Lagoa Santa e é considerado o pai da paleontologia, arqueologia e espeleologia brasileiras


1832 –Lund (1801-1880) faz as primeiras descobertas de fósseis em cavernas e abrigos de Lagoa Santa


1845 – Lund envia ao rei da Dinamarca a coleção de fósseis encontrados na região de Lagoa Santa


Década de 1950 – Pesquisadores da Academia Mineira de Ciências e do Museu Nacional do Rio de Janeiro retomam as escavações na região


1974 –Missão franco-brasileira, chefiada por Annette Laming Emperaire (1917-1977), faz escavações, até 1976, em Lagoa Santa

1975 – Annette Laming encontra na Lapa Vermelha IV o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo com datação do Brasil

1998 – Antropólogo Walter Neves, da Universidade de São Paulo, estuda e data (11,4 mil anos) o crânio de Luzia



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