segunda-feira, 30 de julho de 2018

Lula é mesmo uma ideia, por Hildegard Angel

Hildergard Angel

Jornal do Brasil

#FreeLula
O que particularmente encantou no Festival Lula Livre é que ele não foi uma iniciativa do PT. Partiu de um grupo de admiradores de Lula.  Marcelo Laffitte, cineasta, Lucélia Santos e Silvia Buarque, atrizes, Chico Diaz, ator, Adair Rocha e Eric Nepomuceno, intelectuais e outros poucos, que fizeram tudo, tiveram a ideia, formataram, redigiram o manifesto, conseguiram a adesão de Chico, Gil, Beth Carvalho e os demais, e só então veio o PT e endossou, empoderou, possibilitou a infraestrutura, com palco, som, tendas. Ou seja, uma manifestação do povo, para o povo e pelo povo. Talvez, justamente por essa legitimidade, a adesão tenha sido tão espetacular. Não houve ônibus fretado nem convocação de sindicato. Foi o povo, o povão, mobilizado pelas manifestações culturais. 
A cultura fez acontecer. Lá estavam praticamente todos os movimentos de arte de rua da cidade. Do passinho, de dança, ao Tá na Rua, do teatro. Do circo às bordadeiras da democracia. Todos unidos em defesa das liberdades democráticas. Manifestando a intenção de poder votar no candidato de sua preferência. Pugnando pela sua liberdade de escolha, não com ofensas ou pugilatos, mas declamando poesias, frequentando oficinas de literatura, aulas de grafite, laboratório de fazer flores ou ensinando a confeccionar e empinar pipas.  A cultura é transformadora, reveladora, revolucionária e emancipadora. A horas tais, chegaram lá os fiscais do TRE - Tribunal Regional Eleitoral, e começaram a arrancar bandeiras, esvaziar balões e recolher cartazes. O critério era não haver bandeiras de partidos nem propaganda de candidatos. Não achei errado. Aquela era uma festa do povo pela liberdade do Lula, não para eleger candidatos. E o objetivo estava sendo cumprido.
Chico é Lula, Lula é Chico
A Praça dos Arcos da Lapa lotou. Mas, tanto, de as pessoas ficarem ali, espremidinhas, apertadinhas umas nas outras. A Policia Militar tem elementos para calcular o número certo. Falavam em 60 mil, 70 mil. Sabe-se lá quantos mil foram. Mas comentava-se principalmente que aquele era um novo “Diretas já”. Tamanha a vibração emocionada, a pujança, o ímpeto que mobilizava a todos. E como foi comovente ver o povão colocando máscaras com o rosto do Lula, todos eram Lula. Lula era uma ideia, éramos todos nós.  Fiquei orgulhosa de ter sido um pequeno parafuso naquele mecanismo que botou o Festival para bombar. 
Mas turbina mesmo foi o Chico Buarque. Gente, pra mim o Chico é um abençoado, praticamente um Padim Ciço da MPB, tanto ele está fazendo pela causa democrática em nosso país, corajoso, impávido, impassível, enfrentando ofensas e apedrejamentos, porém convicto de que está fazendo o certo pelo nosso Brasil e o nosso povo desvalido. Lá estava ele, botando e tirando a máscara do Lula, que de Curitiba escreveu carta bonita aos artistas, agradecendo a solidariedade de todos. Dela, ficou-me a frase: “onde querem silêncio, seguiremos cantando”. 
Chico e Gil querem Lula Livre
Borbulhou no Lula Livre
BETH CARVALHO foi insuperável quando subiu ao palco no festival Lula Livre. Ela levou o público ao delírio quando cantou a música “Vou Festejar”, com o refrão “Você pagou com traição, a quem sempre lhe deu a mão”, e não houve um único espectador que não tenha pensado no golpe que depôs a presidente Dilma Rousseff ... MELHOR DO QUE a indireta de Beth Carvalho ao Temer, foi a surpresa da MC Carol, que, ao encerrar seu show cantando a música “100% feminista”, homenageou a deputada Jandira Feghali, autora da Lei Maria da Penha... LUCÉLIA SANTOS, das mais animadas nos bastidores do Festival Lula Livre, orientava as fotos dos políticos e participava das rodas de conversa nos camarins dos cantores, tudo junto e ao mesmo tempo... NO ENTREOUVIDO do palco, artistas que não se viam a longa data se reencontravam e tratavam de colocar a conversa em dia. O assunto principal era se a esquerda se uniria para disputar as eleições no Rio... OS ORGANIZADORES serviram cachorro-quente, bolo de mandioca, salgadinho e mini pizza aos convidados. Teve cerveja e suco à vontade... O CAMARIM coletivo que serviu a Chico Buarque, Gilberto Gil e Beth Carvalho foi dos mais disputados. Um segurança e duas produtoras do evento faziam o controle da entrada e saída... ALIÁS, O TRIO SE divertiu à beça antes de o show começar. Em princípio, Chico fecharia o show, mas ele fez questão de que Gil encerrasse o evento na Lapa. O baiano aceitou e terminou agitando o povão na praça com “Deixa a vida me levar”.  
Vista de cima dos Arcos da Lapa, lembrando as Diretas Já
Ausência sentida…
Caetano Veloso foi a grande ausência do Festival Lula Livre. Está em turnê pela Europa, acompanhado de Paula Lavigne. Na noite da Lua de Sangue, passeavam pelas ruas de Barcelona, após um jantar com direito a vinhos e boa comida, à procura do eclipse, discutindo a lua, estrelas e até a rotação terrestre. Jamais poderiam ter imaginado que, ao virar a esquina iriam dar de frente com uma manifestação imensa dos taxistas locais, que cobram do Governo maior regulação sobre o serviço do Uber. Por lá, a manifestação não durou apenas algumas horas, mas, sim, a noite toda. Os taxistas pararam as ruas com seus carros e dormiram dentro deles, e por ali ficaram, inclusive, durante a manhã. São milhares de taxistas por toda cidade, sem circular em protesto contra a “concorrência desleal no mercado de transporte privado”. Feliz o país em que o protesto é apenas contra o Uber e não contra as restrições ao livre processo democrático. 
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LULA ESCREVEU aos artistas que fizeram o Festival Lula Livre, nos Arcos da Lapa. Eis um trecho:  “Vocês não imaginam quantas vezes a música, os livros, a arte têm me ajudado a atravessar essa provação, que não é maior que a de tantos pais e mães de família brasileiros, que hoje não sabem como irão trazer comida para casa. É em nome deles que não podemos desanimar jamais”.

domingo, 29 de julho de 2018

KOTSCHO: GLOBO PERDE DE NOVO O BONDE DA HISTÓRIA



Ricardo Kotscho

Já havia mais de 50 mil pessoas na maior empolgação na praça em frente aos Arcos da Lapa, no Rio, quando o Jornal Nacional resolveu dar um breve registro do maior fato político das últimas semanas, em defesa da libertação de Lula.
Foi apenas uma “nota coberta” de 40 segundos, que é como, no jargão da televisão, os profissionais se referem às matérias que precisam ser exibidas, mas sem destaque.
Lembrou muito o que fizeram no primeiro grande comício das Diretas Já, na praça da Sé, em São Paulo, em 25 de janeiro de 1984, quando o JN deu a notícia como se fizesse parte das comemorações do aniversário da cidade.
Hoje, era o dia de Alexandre Garcia, o William Bonner dos sábados, ex-assessor de João Figueiredo, o último general da ditadura militar, que estava visivelmente constrangido e contrariado com a grande festa pela libertação de Lula que aconteceu ali perto de onde ele estava nos estúdios da Globo.
Capaz até de ter ouvido os cantos e gritos pela libertação de Lula, mas reagiu como se aquilo estivesse acontecendo no Afeganistão.
A esta altura, eu já havia publicado três notas no Facebook mostrando o contraste entre o que acontecia na vida real do país, no Rio da Globo, e o que estava sendo exibido nas emissoras abertas e nos canais de notícias, solenemente ignorando a manifestação nos Arcos da Lapa, a mais bela festa democrática a que assistimos nos últimos tempos no Brasil do Centrão de Temer, agora de Alckmin.

Mas, ao vivo, só vimos estas imagens nas redes sociais, nos blogs e canais alternativos.
A Globo, mais uma vez, tão presente nas manifestações pelo impeachment de Dilma, perdeu o bonde da história e, daqui a mais 30 anos, é capaz de admitir o erro.
O Brasil velho e caquético, que fez do anti-lulismo e do anti-petismo seu ideal de vida, arrastando chinelos pelas casas do seu passado anônimo e sombrio, até vibrou com a “nota coberta” do JN, como se aquilo fosse uma demonstração de jornalismo isento.
Pois ficou pior a emenda do que o soneto.
Teria sido melhor fingir que não viram aquela multidão na Lapa cantando e gritando horas seguidas pela libertação do ex-presidente Lula, com a participação de muitos artistas globais.
O passado sempre volta: lembrou aquele JN, às vésperas da eleição de 2006, em que caiu um avião na Amazônia, e preferiram dar imagens de montes de dinheiro dos aloprados petistas, o que levou a reeleição de Lula para o segundo turno.
Não esquecem, não perdoam e não aprendem. No Brasil, o tempo passa, o mundo dá muitas voltas, e voltamos sempre ao ponto de partida, para criar narrativas paralelas à realidade.
Parece que o Brasil está condenado a viver eternamente no passado, com medo do futuro.
Vida que segue

segunda-feira, 23 de julho de 2018

O obscurantismo e a ignorância despudorados empurram um país para trás

Jornal do Brasil

O obscurantismo e a ignorância despudorados empurram um país para trás

Gilberto Scofield Jr.

 Vivi um tempo em que as pessoas ignorantes morriam de constrangimento de sua ignorância.

Quando eu falo em ignorância, não estou me atendo à educação. Falo do ato de ignorar, aquela coisa de ter opinião formada com base em mentiras, por preconceito, convicções religiosas com base em textos escritos há dois milênios ou apesar do desconhecimento. Exemplos: a terra é plana, o homem nunca pisou na lua, transfusões de sangue corrompem a pureza humana, Elvis não morreu.
 Ocorre que a vida passa em ciclos e vivemos tempos sombrios, onde a ignorância não apenas saiu do armário como se exibe pelas redes sociais com um orgulho de raiz. Essa ignorância-roots-ufanista não seria problema algum se ela se limitasse a quem a exibe com convicção. Paciência. Mas quando a ignorância começa a se tornar perigosa, seja porque coloca em risco a saúde ou integridade do outro, seja quando ela é característica de um governante cujas decisões afetam milhões, então é hora de reagir.

 Eu não consigo pensar em outra coisa quando assisto ao retorno de doenças que consideramos coisa do século passado, como sarampo, pólio, difteria, caxumba, entre outras, porque pais deliberadamente deixam de vacinar seus filhos, apesar de toda a pesquisa científica mostrando as vantagens da vacinação pública e que vacinas não dão autismo (já li isso em grupo de Whatsapp). Sobre isso, uma parcela da culpa é dos governos, que afrouxaram as campanhas de conscientização sobre vacinas básicas ou não as colocam à disposição nos postos e hospitais públicos com a devida eficiência. Outra é dos pais, cuja ignorância coloca em risco a saúde dos filhos.

Conta Natália Taschner, bióloga, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, no blog “Cientistas explicam”, do excelente portal “Saúde”: “O mais surpreendente é que famílias que escolhem não vacinar seus filhos reportam abertamente que usam, como fonte de informação, as redes sociais!
Curiosamente, o medo das vacinas espalhado pelas redes começou por causa de um médico que ... queria ficar rico vendendo um imunizante contra o sarampo. Para isso, fraudou um trabalho científico a afim de relacionar a vacina tríplice viral MMR, que protege frente a sarampo, rubéola e caxumba, com o autismo.

A história aconteceu em 1998 e o protagonista foi o médico britânico Andrew Wakefield. Seu estudo, embora tenha sido publicado em um periódico respeitado no meio científico, contava com apenas 12 pacientes e não dispunha de fundamento. Forjando uma relação inexistente, Wakefield afirmava categoricamente que a vacina era a causa do autismo de seus pacientes. Anos depois, descobriu-se não apenas que a pesquisa era uma fraude, com todos os dados e prontuários alterados, como também o estimado doutor havia sido financiado por um advogado que pretendia lucrar milhões processando os fabricantes da vacina. Ele mesmo tinha ambição de patentear uma nova vacina para substituir a MMR”.

 Informar-se exclusivamente por posts de redes sociais, sem uma fonte confiável por trás, é das nossas maiores e mais prejudiciais fontes de ignorância coletiva. Recentemente, o presidente Donald Trump – um clássico ignorante roots-ufanista – tuitou: “Crianças saudáveis vão ao médico, são bombardeadas com um monte de vacinas, não se sentem bem e mudam — AUTISMO. Muitos casos”.
 Precisamos de uma vacina de iluminismo já. Porque a tentativa de ignorantes obscurantistas de empurrar todo um país para a Idade Média parece ter crescido nos últimos anos.

 A problemática das vacinas é apenas um exemplo. Em fevereiro, a Anistia Internacional produziu um relatório em que dizia que “diversas propostas que ameaçavam direitos humanos e retrocediam adversamente as leis e políticas existentes avançaram” no Brasil. O documento critica a proposta de redução da maioridade penal, as tentativas de flexibilizar o acesso às armas de fogo, a criminalização dos protestos, a proibição absoluta do aborto até em casos de estupro, as mudanças nos processos de demarcação de terras indígenas, a precarização da reforma trabalhista e a Lei 13.491/2017, que diz que crimes cometidos por militares devem ser julgados em tribunais militares.
A esses pontos eu somaria a liberação dos agrotóxicos, as agressões a locais de culto de religiões de matrizes africanas, a pressão pela inexistência de educação sexual nas escolas ou o próprio Escola Sem Partido, entre outros.

É certo que muitos desses pontos não são frutos da ignorância sozinha, mas de uma complacência ignorante a serviço de interesses de grupos poderosos. Como defender o uso indiscriminado de armas de fogo se, na semana passada, um cabo da PM – uma pessoa que, em tese, é treinada para lidar com a posse de armas – atirou e matou um rapaz de 16 anos porque ele estaria “fazendo barulho demais”?
Mas há 100% de ignorância no ataque a locais de culto de religiões de matrizes africanas, na pressão pela falta de educação sexual nas escolas, na proibição do aborto até em casos de estupro, enfim, ignorância de várias origens que é preciso combater. Ignorância se combate com educação. E no dia a dia, dando acesso às pessoas a informações confiáveis, embasadas em dados empíricos ou investigações e estudos sérios. Nas urnas, diluindo as danosas bancadas BBB (da bala, do boi e da Bíblia) e devolvendo-as à Idade Média e ao faroeste de onde nunca deveriam ter saído.

domingo, 22 de julho de 2018

Caminhos para crescimento do PIB, redução das desigualdades e ampliação da renda , por Amir Khair


CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO – DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

Amir Khair 
Do facebook


Segundo Estudo do Ipea (2011), entre 1960 e 1981 o crescimento do PIB veio acompanhado de uma piora na concentração da renda. Entre 1981 e 2003, a renda per capita manteve-se estagnada, e a desigualdade na distribuição da renda permaneceu inalterada. No período entre 2004 e 2010, o crescimento do PIB veio acompanhado da redução das desigualdades e ampliação da renda do trabalho. 

O crescimento econômico é fator essencial para a distribuição de renda, combate à miséria e às desigualdades sócio econômicas. Mas, são necessárias políticas públicas para que o crescimento se traduza em melhoria para o conjunto da população.

Podemos destacar três frentes fundamentais para atuação: Educação, Salário Mínimo e os Programas de Transferência de Renda. 

As relações entre desigualdade de renda e a educação são evidentes. Além da baixa escolaridade, o País convive com uma profunda desigualdade educacional, tanto em relação a renda como na comparação entre o urbano e rural e entre regiões. Fundamental na inclusão produtiva, a educação tem papel importante na formação da cidadania. 

A melhora da educação profissional e humana requer a melhor formação dos professores, dos diretores de escolas e de técnicas motivacionais de ensino aos estudantes, e das condições dos equipamentos da educação. Para tanto, são necessários mais recursos, especialmente, às regiões de maior carência, o que passa pelo fortalecimento do FUNDEB elevando a participação da União nos fundos estaduais.

O salário mínimo é poderoso agente na ampliação da massa salarial pelo efeito direto sobre os salários da base da pirâmide social e indireto sobre a geração de emprego que advém do maior rendimento dessa base. Ele mexe com as estruturas de cargos e salários nas empresas e no setor público.

Já os programas de renda são poderosos estimuladores diretos do consumo por se endereçarem fundamentalmente às camadas de menor renda que estão na categoria do subconsumo. O "Bolsa Família" e o "Benefício de Prestação Continuada" (BPC) consomem relativamente pouco recurso público e deveriam ser fortalecidos orçamentariamente. O “Bolsa Família”, inclusive, por meio de suas condicionalidades, contribui para permanência de crianças e adolescentes na escola. 

O desenvolvimento de uma nação depende que o crescimento econômico traga uma melhora das condições de vida do conjunto da população.


quinta-feira, 19 de julho de 2018

Lula: "Afaste de mim este cale-se"


Impedido de dar entrevista, Lula vai de 'Cálice' a 'Opinião' em artigo

Carta Capital


Em artigo publicado pelo jornal Folha de S. Paulo nesta quinta-feira 19, o ex-presidente Lula faz um balanço do País nesses 100 dias em que ficou preso. No texto intitulado "Afaste de mim este cale-se", verso consagrado da canção de Chico Buarque e Gilberto Gil sobre o silêncio imposto pela ditadura, o petista critica a decisão da juíza Carolina Lebbos, que o impediu de dar entrevistas ou gravar vídeos. 


Ao fim do artigo, ele termina com mais uma provável referência musical dos tempos de repressão, em uma aparente adaptação dos versos de "Opinião", canção-tema do musical homônimo de 1964: "Podem me prender. Podem tentar me calar. Mas eu não vou mudar esta minha fé nos brasileiros". Na canção original, os versos iniciais são: "Podem me prender, podem me bater / Podem até deixar-me sem comer / Que eu não mudo de opinião."

Em 11 de julho, Lebbos negou pedidos de entrevistas e gravação de vídeos do jornal Folha de S.Paulo, do site Uol, da emissora SBT, do site Diário do Centro do Mundo e do fotógrafo Ricardo Stuckert.

Além de afirmar que não é direito de Lula a "liberdade de manifestação", por seu contato com o mundo exterior não ser "total e absoluto", ela afirmou que o ex-presidente está atualmente "inelegível" com base na Lei da Ficha Limpa.

O caso ainda não foi, porém, deliberado pela Justiça Eleitoral ou mesmo pelo Supremo Tribunal Federal. Nesta quarta-feira 18, Rosa Weber negou um pedido do Movimento Brasil livre para declarar Lula inelegível desde já. Segundo a ministra, o nome de Lula sequer foi escolhido em convenção partidária.

Sobre a recusa de Carolina Lebbos em autorizá-lo a conceder entrevistas, ele diz: "Parece que não bastou me prender. Querem me calar". "Aqueles que não querem que eu fale, o que vocês temem que eu diga? O que está acontecendo hoje com o povo? Não querem que eu discuta soluções para este País? Depois de anos me caluniando, não querem que eu tenha o direito de falar em minha defesa."

"É para isso que vocês, os poderosos sem votos e sem ideias, derrubaram uma presidente eleita, humilharam o país internacionalmente e me prenderam com uma condenação sem provas, em uma sentença que me envia para a prisão por "atos indeterminados", após quatro anos de investigação contra mim e minha família? Fizeram tudo isso porque têm medo de eu dar entrevistas?", questiona o ex-presidente.

Lula fez ainda um desafio a seus críticos. "Querem me derrotar? Façam isso de forma limpa, nas urnas."
Leia a íntegra do artigo:
Na Folha de São Paulo

Lula: "Afaste de mim este cale-se"


Estou preso há mais de cem dias. Lá fora o desemprego aumenta, mais pais e mães não têm como sustentar suas famílias, e uma política absurda de preço dos combustíveis causou uma greve de caminhoneiros que desabasteceu as cidades brasileiras. Aumenta o número de pessoas queimadas ao cozinhar com álcool devido ao preço alto do gás de cozinha para as famílias pobres. A pobreza cresce, e as perspectivas econômicas do país pioram a cada dia.

Crianças brasileiras são presas separadas de suas famílias nos EUA, enquanto nosso governo se humilha para o vice-presidente americano. A Embraer, empresa de alta tecnologia construída ao longo de décadas, é vendida por um valor tão baixo que espanta até o mercado.

Um governo ilegítimo corre nos seus últimos meses para liquidar o máximo possível do patrimônio e soberania nacional que conseguir - reservas do pré-sal, gasodutos, distribuidoras de energia, petroquímica -, além de abrir a Amazônia para tropas estrangeiras. Enquanto a fome volta, a vacinação de crianças cai, parte do Judiciário luta para manter seu auxílio-moradia e, quem sabe, ganhar um aumento salarial.

Semana passada, a juíza Carolina Lebbos decidiu que não posso dar entrevistas ou gravar vídeos como pré-candidato do Partido dos Trabalhadores, o maior deste país, que me indicou para ser seu candidato à Presidência. Parece que não bastou me prender. Querem me calar.

Aqueles que não querem que eu fale, o que vocês temem que eu diga? O que está acontecendo hoje com o povo? Não querem que eu discuta soluções para este país? Depois de anos me caluniando, não querem que eu tenha o direito de falar em minha defesa?

É para isso que vocês, os poderosos sem votos e sem ideias, derrubaram uma presidente eleita, humilharam o país internacionalmente e me prenderam com uma condenação sem provas, em uma sentença que me envia para a prisão por "atos indeterminados", após quatro anos de investigação contra mim e minha família? Fizeram tudo isso porque têm medo de eu dar entrevistas?

Lembro-me da presidente do Supremo Tribunal Federal que dizia "cala boca já morreu". Lembro-me do Grupo Globo, que não está preocupado com esse impedimento à liberdade de imprensa - ao contrário, o comemora.

Juristas, ex-chefes de Estado de vários países do mundo e até adversários políticos reconhecem o absurdo do processo que me condenou. Eu posso estar fisicamente em uma cela, mas são os que me condenaram que estão presos à mentira que armaram. Interesses poderosos querem transformar essa situação absurda em um fato político consumado, me impedindo de disputar as eleições, contra a recomendação do Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas.

Eu já perdi três disputas presidenciais - em 1989, 1994 e 1998 - e sempre respeitei os resultados, me preparando para a próxima eleição.

Eu sou candidato porque não cometi nenhum crime. Desafio os que me acusam a mostrar provas do que foi que eu fiz para estar nesta cela. Por que falam em "atos de ofício indeterminados" no lugar de apontar o que eu fiz de errado? Por que falam em apartamento "atribuído" em vez de apresentar provas de propriedade do apartamento de Guarujá, que era de uma empresa, dado como garantia bancária? Vão impedir o curso da democracia no Brasil com absurdos como esse?

Falo isso com a mesma seriedade com que disse para Michel Temer que ele não deveria embarcar em uma aventura para derrubar a presidente Dilma Rousseff, que ele iria se arrepender disso. Os maiores interessados em que eu dispute as eleições deveriam ser aqueles que não querem que eu seja presidente.

Querem me derrotar? Façam isso de forma limpa, nas urnas. Discutam propostas para o país e tenham responsabilidade, ainda mais neste momento em que as elites brasileiras namoram propostas autoritárias de gente que defende a céu aberto assassinato de seres humanos.

Todos sabem que, como presidente, exerci o diálogo. Não busquei um terceiro mandato quando tinha de rejeição só o que Temer tem hoje de aprovação. Trabalhei para que a inclusão social fosse o motor da economia e para que todos os brasileiros tivessem direito real, não só no papel, de comer, estudar e ter moradia.

Querem que as pessoas se esqueçam de que o Brasil já teve dias melhores? Querem impedir que o povo brasileiro - de quem todo o poder emana, segundo a Constituição - possa escolher em quem quer votar nas eleições de 7 de outubro?

O que temem? A volta do diálogo, do desenvolvimento, do tempo em que menos teve conflito social neste país? Quando a inclusão dos pobres fez as empresas brasileiras crescerem?

O Brasil precisa restaurar sua democracia e se libertar dos ódios que plantaram para tirar o PT do governo, implantar uma agenda de retirada dos direitos dos trabalhadores e dos aposentados e trazer de volta a exploração desenfreada dos mais pobres. O Brasil precisa se reencontrar consigo mesmo e ser feliz de novo.

Podem me prender. Podem tentar me calar. Mas eu não vou mudar esta minha fé nos brasileiros, na esperança de milhões em um futuro melhor. E eu tenho certeza de que esta fé em nós mesmos contra o complexo de vira-lata é a solução para a crise que vivemos.

Luiz Inácio Lula da Silva - Ex-presidente da República (2003-2010)

segunda-feira, 16 de julho de 2018

O Brasil e as eleições

Por Ivo Lepauspin

O momento eleitoral é uma oportunidade para discutirmos a sociedade que queremos. Temos hoje uma política econômica que  prejudica os mais pobres e atende somente aos ricos. É preciso mudar isto.

Desde 2016, com o impeachment da presidente Dilma, as regras democráticas estão sendo frequentemente atropeladas: foi um golpe contra a democracia. O governo Temer, em menos de um ano, fez aprovar no Congresso leis que retiram direitos e jogam no lixo a Constituição Cidadã: a PEC do Teto dos Gastos, que reduz recursos da saúde e da educação para os próximos 20 anos, a reforma do Ensino Médio, a Lei da Terceirização, a Reforma Trabalhista e outras. E ainda tenta aprovar uma reforma da Previdência que acabaria com o direito à aposentadoria para a maioria. Do ponto de vista da legislação trabalhista, o Brasil voltou setenta anos para trás.
Neste meio tempo, parte do Judiciário brasileiro, sob pretexto de combate à corrupção no país, desencadeou, com apoio da grande mídia, uma perseguição a um partido político, o PT, e suas lideranças, o PT. Nunca se viu com tanta clareza a utilização de “dois pesos e duas medidas” para pessoas de partidos diferentes. Uns, denunciados com provas, são protegidos e vivem tranquilamente, enquanto outros são presos e humilhados publicamente. Para coibir práticas ilegais (corrupção), se utilizam medidas ilegais (conduções coercitivas, vazamentos seletivos de depoimentos, ampla veiculação mediática de conversas particulares, prisões para obter delações, direcionamento de depoimentos, prisão sem provas, etc.).
Temos hoje em dia um verdadeiro monopólio dos meios de comunicação, liderado pela Globo, onde só se expressam os interesses dos grandes, dos banqueiros, do agronegócio. No entanto, a grande maioria da população brasileira não se dobrou à propaganda da grande mídia. Rejeita a situação atual: Temer é apoiado por apenas 3% da população, a mais baixa popularidade do mundo. A maioria se opõe às privatizações (70%), é contra a reforma da Previdência (69%), é contra a reforma trabalhista (81%).
O primeiro compromisso de qualquer candidato que queira se apresentar como nosso representante nas eleições deve ser o de revogar estas leis anticidadãs propostas por um governo corrupto e aprovadas à custa da compra de votos, sem qualquer debate com a sociedade. É a condição para voltarmos à democracia, ao respeito à vontade popular, à vontade da maioria.
Do mesmo modo, é preciso que as eleições sejam livres. Neste momento, o candidato Lula, que está à frente em todas as pesquisas de opinião, está sendo impedido de se apresentar: foi condenado e preso sem provas. Para respeitar o Estado de Direito, esta prisão teria de ser suspensa. É condição para termos eleições democráticas, onde o povo pode escolher aquele que melhor o representa.
Devemos investir na eleição de deputados federais, estaduais e senadores que sejam capazes de defender os nossos interesses. E, ao mesmo tempo, impedir que aqueles parlamentares que aprovaram a retirada de direitos retornem ao Congresso: eles não nos representam. Não basta ter um bom governante, é necessário que haja bons parlamentares.
O momento eleitoral é uma oportunidade para discutirmos a sociedade que queremos. Temos hoje uma política econômica que atende apenas aos interesses dos mais ricos: o chamado “ajuste fiscal” prejudica os mais pobres e atende somente aos ricos. É preciso mudar isto. Temos um sistema político que favorece a corrupção e os negócios escusos, precisamos mudar este sistema. Temos de lutar pela democratização dos meios de comunicação. E, ao mesmo tempo, precisamos saber discernir as informações que nos chegam, manter a capacidade crítica, discutir em grupo, trocar ideias, pensar propostas.
Finalmente, sempre é bom lembrar que eleição não é o único modo de fazer democracia. As mobilizações, a pressão nas ruas, os protestos, são fundamentais, inclusive através das redes sociais (sem jamais ceder ao ódio ou às falsas notícias, que só favorecem os grandes).
Ivo Lepauspin

domingo, 15 de julho de 2018

A voz da violência e da barbárie, por Jânio de Freitas


O candidato troglodita faz apologia à violência.

Janio de Freitas observa hoje, na Folha: a inércia cúmplice  da Justiça e da imprensa ante a pregação da barbárie feita por jair Bolsonaro.
A apologia do ódio –  e, agora, a do crime – feita por  este senhor passou de todos os limites do tolerável.
No Pará, ele defendeu a chacina que matou 19 pessoas e que ficou conhecida como o Massacre de Eldorado de Carajás.

Anteriormente, já tinha feito apologia ao estupro.

E ainda afirmou que a criminalidade se combate com mais bala.



A voz da violência

Janio de Freitas, na Folha
Os limites legais e os limites dos costumes caem no Brasil sem cessar e sem obstáculos. Mas Jair Bolsonaro, contribuinte para os dois ramos da ceifa, avançou demais a pretexto da pré-candidatura à Presidência. Sua pregação da violência, mesmo que criminosa como a das milícias, passou a fazer o incentivo explícito e público aos assassinatos.
Ei-lo, depois de vestir uma faixa presidencial, no sul do Pará, uma das duas regiões rurais de maior criminalidade: “Esses marginais que cometeram esse crime [morte de um açambarcador de terras] não merecem lei, não. Merecem é bala.” E foi por aí.
Um defensor de menos injustiça social não precisaria chegar a tanto para que estivesse atolado em processos criminais. E preso.
Bolsonaro jamais correu tal risco, nem qualquer outro decorrente de leis. Desde o início como agitador da violência, quando usou a então mulher para ameaçar com o corte explosivo da água para o Rio, caso sua turma de tenentes não recebesse aumento, Bolsonaro aplica à vontade a sua vocação. Para ele não há Procuradoria-Geral da República, Ministério Público, Judiciário, como não houve Justiça Militar. Há pouco, o comandante do Exército posou com o pré-candidato para foto logo incluída na campanha eleitoral.
Bolsonaro está levando pelo país afora, com maior presença nas áreas mais conturbadas, a sua pregação da violência e da arma como “um direito dos cidadãos”, em detrimento das condutas legais. É propaganda contra a Constituição. E não só. Também se contrapõe às ansiedades da população e aos esforços, tantas vezes fatais, pela contenção da violência.
Bolsonaro mobiliza o que há de pior no Brasil. Sob os olhares viciados dos que deveriam agir sem distinções na proteção do Estado de Direito.
Um exemplo pelo avesso desse vício faccioso está na repercussão da sentença que absolveu Lula (e mais seis) de “obstrução à Justiça”.
A absolvição ressaltou-se por fugir ao esperado, interrompendo uma sequência de fatos similares já no quarto ano. Solução reveladora para um caso revelador: o próprio juiz federal Ricardo Soares Leite refere-se à sua percepção de uma montagem suspeita. A do encontro em que o então senador Delcídio do Amaral insiste em fantasiosa fuga de Nestor Cerveró, cuja anomalia facial bastaria para repeli-la.
O Ministério Público não esteve alheio a esse episódio. E muito menos à segunda montagem, em que o nome de Lula entrou no depoimento de um Delcídio do Amaral desesperado por obter dos procuradores da Lava Jato, a qualquer custo, o prêmio da liberdade. Recebeu-o sem demoras.
Se estava dito todo o desejado, para que as provas de repente exigidas pelo juiz de Brasília? Não foram apresentadas, nem existiam. Os procuradores estavam, e continuam, habituados com Curitiba. Assim como o deputado Bolsonaro com a ética da Câmara, com a Justiça Eleitoral e com o Ministério Público.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

As vísceras expostas do arbítrio, por Jeferson Miola



As vísceras expostas do arbítrio fascista

Por Jeferson Miola, em seu blog:

O desrespeito do Moro, da pf e dos desembargadores do trf4 à decisão judicial de libertar Lula da prisão política expôs as vísceras do arbítrio fascista.

A ordem dada à pf pelo desembargador Rogério Favretto para libertar Lula é legítima, legal e se deu no marco das regras do Estado de Direito.

Como toda decisão judicial, a tomada por Favretto durante plantão judicial poderia ser oportunamente reformada, se fosse o caso – porém, em sede judicial adequada, que seria o stj, mas jamais por seus colegas de tfr4 Gebran Neto e Thompson Flores e, menos ainda, por Sérgio Moro, juiz de primeira instância que, movido por ódio incontrolável que o impede de continuar julgando Lula, interrompeu as férias em Portugal para se dedicar à perseguição implacável do ex-presidente e se intrometer indevidamente no processo para avacalhar os efeitos da decisão.

As quase 12 horas da contenda judicial entre Favretto, os juízes-carcereiros do Lula e a Rede Globo expuseram de maneira catedrática o funcionamento da engrenagem fascista que domina o judiciário brasileiro.

A articulação de agentes do judiciário, do mp e da pf com a mídia capitaneada pela Rede Globo para manter Lula em prisão política tem a sofisticação organizativa típica das associações mafiosas.

Nunca antes da história do judiciário o descumprimento de uma ordem judicial foi transmitido ao vivo na televisão durante 10 horas. O evento serviu de autópsia do regime de exceção, e mostrou ao mundo inteiro a farsa jurídica da perseguição ao Lula.

Pôde-se testemunhar, por exemplo, o presidente do trf4 usurpar a atribuição exclusiva do poder executivo para reforçar o papel da pf como polícia política do arbítrio fascista.

Para a ditadura Globo-Lava Jato, a normalidade é Lula preso. Eles têm pânico da hipótese do Lula livre, e por isso atropelaram as regras do Estado de Direito e agiram imperialmente para evitar, a qualquer custo, a libertação do ex-presidente por 1 minuto sequer.

A oligarquia golpista jogou o país no abismo totalitário. Com os eventos de ontem, sinalizou sua disposição de sujar as mãos de sangue, se necessário para impedir a eleição do Lula à Presidência do Brasil.

Com sua dignidade, Lula outra vez venceu os indignos, e amanheceu a segunda-feira ainda mais forte e imbatível.

terça-feira, 10 de julho de 2018

Todos os 12 meninos e técnico são resgatados de caverna na Tailândia



“Não temos certeza se isso é um milagre, uma ciência ou o que é. Todos os 13 Javalis agora estão fora da caverna ”, comemorou a Marinha tailandesa em post no Facebook.
Javalis Selvagens é o nome do time de futebol dos meninos.


Meninos da Tailândia já estão todos fora da caverna, em operação de sucesso que fez o mundo inteiro rezar, torcer e chorar

O resgate que manteve o mundo de coração na mão durante mais de duas semanas acaba de terminar: os 12 meninos e seu treinador de futebol, presos desde o final de junho em uma caverna da Tailândia, estão de volta!

Jornal do Brasil


Todos os 12 meninos e seu técnico foram resgatados da caverna na Tailândia nesta terça-feira (10), em uma corrida contra o tempo e as chuvas torrenciais que atingem o país. Um primeiro menino saiu no início da tarde, hora local, e foi seguido por mais dois, já no início da noite, segundo confirmaram fontes consultadas pela AFP.
Uma equipe de mergulhadores especializados e auxiliados por elementos de elite da marinha tailandesa conduziu as operações, que foram meticulosamente planejadas. Entre os túneis inundados e estreitos, o percurso era longo e cheio de obstáculos. 

Fotos: YE AUNG THU, LILLIAN SUWANRUMPHA / AFP
Clique para ver mais fotos

Os meninos foram submetidos a vários exames, como de sangue e raio X. Dois jovens, que apresentavam sintomas de pneumonia, receberam antibióticos e estão bem, revelou o secretário. Todos permanecerão em observação no hospital durante uma semana.
Mais cedo, uma fonte que atua nas operações de resgate tinha afirmado à AFP que as autoridades não fixaram horário para a missão. "Mas garanto que todos estarão seguros."
A Tailândia acompanha a saga dos 12 menores de idade (de 11 a 16 anos), membros de um time de futebol, e do treinador de 25 anos, que ficaram presos na caverna em 23 de junho com o aumento do nível da água. O drama também é acompanhado em  todo mundo: centenas de jornalistas estrangeiros estão na região.
Os meninos, do time "Javalis Selvagens", passaram nove dias na caverna até que dois mergulhadores britânicos conseguiram localizar o grupo, na segunda-feira da semana passada. Abatidos, os jovens estavam em uma rocha a mais de quatro quilômetros da entrada da caverna.
Após a localização, as equipes de resgate examinaram todas as soluções possíveis, desde a perfuração de túneis nas montanhas até a possibilidade, descartada, de aguardar por várias semanas pelo fim da temporada de monção.
Com a ameaça de mais chuva e o nível reduzido de oxigênio na galeria em que o grupo encontrou refúgio, as autoridades decidiram no domingo iniciar o resgate.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

A Copa do Mundo é da Tailândia


A Copa do Mundo é da Tailândia

Roberto Vieira

Eles não são craques.
Duvido que haja um Rivelino entre eles.
Mas nenhuma seleção na Copa da Rússia teve mais raça.
Mais fibra.
Mais heroísmo.
Nenhuma sofreu tanto nestes dias de Copa.
Exemplos de sofrimento existem no futebol.
Os atletas assassinados do Dínamo de Kiev.
Os sobreviventes do Manchester.
A morte do Alianza e da Chapecoense.
Porém, me desculpem os adultos.
Crianças não foram feitas para as cavernas.
Crianças são seres de luz.
Portanto, a Copa do Mundo de 2018
Não será da França.
Nem da  Bélgica.
Nem de croatas e ingleses.
A Copa já é dessas maravilhosas crianças tailandesas.
Crianças que sonham voltar a fazer o que mais gostam de fazer.
Simplesmente jogar futebol.

Fonte: Blog do Juca Kfouri

domingo, 8 de julho de 2018

Virou Zona, por Mauro Santayana

VIROU ZONA

Mauro Santayana


(Do blog com equipe) - A atitude de certo juiz de Curitiba de interferir na decisão de um desembargador do TRF-4 que mandou soltar o ex-presidente Lula ainda neste domingo é a gota que faltava para mostrar que a justiça está sendo descaradamente desobedecida e vilipendiada por bufões e tartufos de  primeira instância no Brasil.

Caso o comportamento não seja coibido, isso equivalerá a um reles golpe de estado dado por um juiz de piso contra a República e o Estado de Direito em nosso país.

A mídia de sempre quis dar a impressão que se trata de um imbróglio judiciário quando não há imbróglio algum.

Moro não é o delegado da Polícia  Federal encarregado de cumprir a determinação da justiça, não é o dono da custódia de Lula e não tem que se meter, interceptando ou prejudicando o cumprimento - especialmente no fim de semana - de uma decisão tomada pela autoridade competente, hierarquicamente superior, de um desembargador de plantão.

O que vai ocorrer daqui pra frente quando um juiz de primeira instância discordar da determinação - que se sequer estava dirigida a ele - de um desembargador?

Independente do desfecho desse episódio, a palavra e a responsabilidade estão com o órgão máximo do Judiciário, que deve assumir o seu papel de fazer cumprir a lei e a Constituição e a velha máxima de que decisão judicial não é para ser desobedecida e sim para ser cumprida incontinenti, evitando que se abram precedentes que irão transformar a justiça brasileira em uma balbúrdia em que terá maior poder quem espernear ou gritar mais alto, no lugar de obedecer aos prazos e ritos previstos no trâmite judiciário normal.

Caso o STF se exima de manifestar-se sobre esse gravíssimo ato, absolutamente político, será o mesmo que confessar que quem manda no Brasil é a famigerada república que se instalou solertemente em Curitiba.

Nesse caso é melhor abandonar o prédio da Suprema Corte ao porteiro que estiver de plantão com as chaves de arquivos e gabinetes para que sejam entregues em prazo hábil ao insolente - e totalmente desequilibrado - juiz de piso que está agindo como se estivesse no comando da Nação.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Ecossocialismo: críticas e contribuições de outros setores ao Marxismo, por Michael Löwy

Outras Palavras

Löwy: Marxismo além do Progresso e do Trabalho

Pensamento de Marx está vivo, mas apenas se admitir suas próprias lacunas e insuficiências — e ouvir vozes rebeldes como as Mariategui, Benjamin e Rosa Luxemburgo
Michael Löwy, entrevistado por Marco Álvarez*, no site da Fundação Miguel Enríquez | Tradução: Vivian Neves Fernandesda Brasil de Fato
O franco-brasileiro Michael Löwy é um dos mais destacados intelectuais revolucionários em nível mundial. O sociólogo e filósofo marxista é um dos principais impulsionadores da alternativa ecossocialista. Em uma entrevista para a Fundação Miguel Enríquez, do Chile, ele dialoga sobre o marxismo na América Latina, movimentos sociais, o novo internacionalismo e os desafios do anticapitalismo.
Michael, no seu livro O Marxismo na América Latina, você assinala três períodos na história do marxismo na região: um “período revolucionário”, a partir dos anos de 1920 até meados dos anos 30, no qual se sobressaem o aporte teórico de [José Carlos] Mariátegui e a experiência de insurreição em El Salvador, em 1932; um “período stalinista”, iniciado em meados dos anos 1930 até 1959, marcado pela hegemonia soviética; e um terceiro que você denomina “novo período revolucionário”, iniciado com o triunfo da revolução cubana. Continuando com essa classificação, como você denominaria a etapa do marxismo na América Latina dos últimos 25 anos e quais seriam suas principais características?
Michael Löwy: Boa pergunta… É difícil saber se o período revolucionário aberto pela Revolução Cubana segue até hoje, de alguma forma, ou se ele terminou logo depois de 1990 (derrota dos Sandinistas [Nicarágua], dos Acordos de Paz em El Salvador). Talvez o futuro nos dê a resposta. Outra hipótese é considerar terminado o capítulo iniciado em 1959 e definir os últimos 25 anos como “a batalha antineoliberal”: é um período no qual se ensaia, em vários países do continente, saídas do inferno neoliberal. Uma hipótese mais otimista seria falar de um período de “socialismo do século 21”, mas isso é, por enquanto, mais um horizonte de esperanças que uma realidade social. O que caracteriza esse período é: 1) a grande dispersão da referência marxista, que já não é limitada às correntes “clássicas” da esquerda; 2) a vitória eleitoral da esquerda na maioria dos países, mas com uma diferenciação muito clara entre os governos social-liberais (Brasil, Uruguai, Chile) e os anti-imperialistas (Venezuela, Bolívia, Equador), com várias situações intermediárias.
No prefácio da reedição do livro A Teoria da Revolução no Jovem Marx, você se refere às “numerosas lacunas, limitações e insuficiências de Marx e da tradição marxista” e sugere corrigi-las “por meio de um comportamento aberto, uma disposição a aprender e se enriquecer com as críticas e contribuições de outros setores”. Nesse contexto, como se expressaria esse comportamento aberto e quais são esses “outros setores” chaves para corrigir a teoria marxista e suas contribuições?
Em primeiro lugar, acredito que nós, os marxistas, temos que estar dispostos a aprender com os movimentos sociais: sejam os mais “clássicos”, como o movimento operário e o camponês, ou os mais “heterodoxos”, como o feminismo, o indigenismo, as redes de luta contra o racismo. Trata-se, nestes últimos casos, de problemáticas – as formas não classistas de opressão – pouco desenvolvidas na tradição marxista. Vale a pena também “reinventar” as outras correntes revolucionárias do socialismo – incluindo as que Marx e Engels já haviam “refutado” – como os socialistas utópicos, os anarquistas e o que eu chamaria de “socialistas românticos”: William Morris, Georges Sorel, Charles Péguy. Temos também que estar abertos às contribuições do pensamento social não marxista, de Max Weber a Sigmund Freud, ou de Karl Mannheim a Hannah Arendt, o que não significa, claro, aceitar todos seus apontamentos.
Mas penso que a principal insuficiência da tradição marxista – ainda que se encontrem alguns elementos importantes sobre essa temática na obra de Marx e Engels – é a questão ecológica. Uma reflexão marxista no século 21 tem que dar a isso uma importância central pela ameaça que representa, para a humanidade, o processo de destruição capitalista acelerada do meio ambiente e dos equilíbrios ecológicos (mudança climática). Isso implica uma revisão da visão tradicional do “desenvolvimento das forças produtivas” e mesmo do socialismo. O conceito de “ecossocialismo” busca traduzir essa nova visão ecológica e antiprodutivista da revolução socialista.
No Chile, desde 2011, encontramos um forte protagonismo dos movimentos sociais, como o estudantil, os regionalistas, etc. Que avaliação você faz desses movimentos sociais e qual deve ser, na sua opinião, a relação entre eles e as organizações anticapitalistas?
O movimento da juventude estudantil no Chile e a luta dos Mapuche são alguns dos movimentos sociais mais importantes da América Latina nos últimos anos. Creio que os anticapitalistas devem apoiar sem reservas essas mobilizações, tratando de impulsionar sua dimensão antissistêmica e fazendo propostas concretas que enfrentem a lógica do capitalismo neoliberal.
Duas das referências históricas do marxismo que você estudou são Walter Benjamin e Rosa Luxemburgo. Quais seriam, na atualidade, as principais contribuições ao marxismo dessas referências?
O que os dois têm em comum é a ênfase na luta de classes como eixo central do pensamento e da ação marxista. Rosa Luxemburgo representa uma das formas mais radicais da filosofia da práxis: é na ação coletiva, na luta, que se desenvolve a consciência de classe e a auto-organização dos oprimidos. Por isso, a democracia, ou seja, a participação efetiva da classe explorada nas decisões, é uma condição fundamental do processo de transformação revolucionária da sociedade.
Walter Benjamin se propôs a entender a história “à contramão”, do ponto de vista dos oprimidos. A partir dessa perspectiva, ele rechaça a visão burguesa – compartilhada por boa parte da esquerda – da história como “progresso”. Para ele, a revolução não é a conclusão de uma longa evolução “progressista”, mas a interrupção da cadeia milenar da dominação.
Você militou junto com Daniel Bensaïd [filósofo francês, teórico do movimento trotskista na França e dirigente da Quarta Internacional] durante muitos anos. Qual é, no seu ponto de vista, o principal legado teórico dele?
São muitas as contribuições de Daniel Bensaïd, mas a mais importante me parece ser seu apontamento – inspirado por Pascal e pelos trabalhos do marxista heterodoxo Lucien Goldmann – da revolução como “aposta melancólica”. “Aposta” porque não há nenhuma certeza no triunfo do socialismo, na emancipação dos oprimidos. O revolucionário só pode apostar em um futuro possível, jogando sua vida e sua ação nessa esperança, correndo o risco da derrota. E “melancólica” porque, até agora, os grandes revolucionários – Rosa Luxemburgo, León Trotsky, Che Guevara, Miguel Enríquez – foram derrotados e assassinados.
Você também escreveu bastante sobre Che Guevara. Onde você acredita que se encontra a vigência de seu pensamento?
Por um lado, no seu apontamento estratégico: “não há outra revolução a fazer – ou é revolução socialista ou caricatura de revolução”. Por outro lado, em sua tentativa, durante sua estada em Cuba, de propor um caminho em direção ao socialismo alternativo ao modelo soviético, com maior democracia e um conteúdo ético comunista. É um erro reduzir Guevara ao “guerrilheiro heroico”. Ele foi um dos pensadores marxistas mais importante da América Latina. O humanismo marxista dele encontra sua máxima expressão em seu internacionalismo, na convicção de que um comunista tem que sentir como uma agressão pessoal um golpe que atinge um lutador em qualquer país do mundo.
Você sempre foi um internacionalista. Existe um novo internacionalismo? De que forma se expressa hoje esse novo internacionalismo?
Parece-me que o novo internacionalismo, tal como se apresenta em movimentos como a Via Campesina, em iniciativas como o altermundialismo ou nos levantes dos “indignados”, tem um conteúdo anticapitalista e/ou antissistêmico. Já não apresenta, como nos anos 1960, a “solidariedade” com as lutas do Sul, mas sim uma aliança entre movimentos do Norte e do Sul contra seus inimigos comuns: o neoliberalismo, o FMI, o Banco Mundial, as multinacionais, o imperialismo. Os herdeiros das melhores tradições do internacionalismo do passado – os anarquistas, os marxistas da Quarta Internacional, os guevaristas – participam das mobilizações do novo internacionalismo.
Você é um dos grandes impulsionadores da alternativa ecossocialista. O livro O Que É o Ecossocialismo? compila vários artigos seus sobre o tema. A respeito disso, poderia explicar brevemente o que é o ecossocialismo e quais são seus principais fundamentos teóricos?  
O ecossocialismo reivindica a herança marxista, da crítica da economia política capitalista por Marx e o programa socialista. Ao mesmo tempo, se dissocia das vertente produtivistas do marxismo – que predominaram no curso do século 21 – e rompe com o modelo soviético (antidemocrático e antiecológico) de pretensa “construção do socialismo”.
Muitos ecologistas criticam Marx por considerá-lo um produtivista. Tal crítica nos parece equivocada: ao fazer a crítica do fetichismo da mercadoria, é justamente Marx quem coloca a crítica mais radical à lógica produtivista do capitalismo, a ideia que a produção de mais e mais mercadorias é o objeto fundamental da economia e da sociedade.
O objetivo do socialismo, explica Marx, não é produzir uma quantidade infinita de bens, mas sim reduzir a jornada de trabalho, dar ao trabalhador tempo livre para participar da vida política, estudar, jogar, amar. Portanto, Marx proporciona as armas para uma crítica radical do produtivismo e, notavelmente, do produtivismo capitalista. No primeiro volume de O Capital, Marx explica como o capitalismo esgota não só as forças do trabalhador, mas também as próprias forças da terra, extinguindo as riquezas naturais. Assim, essa perspectiva, essa sensibilidade, está presente nos escritos de Marx, e, no entanto, não foi suficientemente desenvolvida.
Uma reorganização do conjunto dos modos de produção e de consumo é necessária, baseada em critérios exteriores ao mercado capitalista: as necessidades reais da população e a defesa do equilíbrio ecológico. Isso significa uma economia de transição ao socialismo ecológico, na qual a própria população – e não as “leis de mercado” ou um comitê político central autoritário – decidam, em um processo de planejamento democrático, as prioridades e os investimentos. Essa transição conduziria não só a um novo modo de produção e a uma sociedade mais igualitária, mais solidária e mais democrática, mas também a um modo de vida alternativo, uma nova civilização ecossocialista, para além do reino do dinheiro e da produção ao infinito de mercadorias inúteis.
Quais seriam, na sua opinião, as principais tarefas das e dos militantes ecossocialistas nos países da América Latina?
Participar em todas as lutas e mobilizações socioecológicas, dos indígenas e dos camponeses contra a fúria destruidora do agronegócio e das multinacionais, com a juventude e a população periférica pelo transporte público e gratuito, etc. No seio dessas lutas, contribuir na tomada de consciência anticapitalista e na apresentação de propostas concretas e uma perspectiva alternativa radical, o ecossocialismo.
Para finalizar, você poderia falar sobre a importância que, na atualidade, adquire a unidade das e dos anticapitalistas?
Permita-me citar um bonito artigo de José Carlos Mariátegui para o Primeiro de Maio de 1924: “Uma variedade de tendências e grupos bem definidos e distintos não é um mal; ao contrário, é um sinal de um período avançado no processo revolucionário. O que importa é que esses grupos e essas tendências saibam como atuar em conciliação, frente à realidade concreta do dia a dia. (…) Que não empreguem suas armas (…) para ferir um ao outro, mas sim para combater a ordem social, suas instituições e seus crimes”.
É importante constituir, em um primeiro momento, uma Frente Única das e dos anticapitalistas, com base nas tarefas concretas da luta social e ecológica; e, em um segundo momento, tratar de criar, pela convergência de múltiplas correntes, uma Federação Anticapitalista capaz de atuar com uma perspectiva de transformação revolucionária da sociedade.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Eleição de Obrador interrompe projeto que levou México a catástrofe social

Igor Fuser: eleição de Obrador interrompe projeto que levou México a catástrofe social

Políticas de receita neoliberal extremada, de morte e de destruição em curso naquele país, são as mesmas que Michel Temer e os golpistas aplicam no Brasil, afirma professor da Ufabc
por Eduardo Marett, da Rede Brasil Atual 
CARLOS TISCHLER/ FOTOARENA/FOLHAPRESS
Obrador
'Eu não vou falhar com você, eu não vou decepcionar você, eu não vou trair o povo', disse o presidente eleito do México
São Paulo – "A vitória de Andrés Manuel López Obrador é uma demonstração muito clara do colapso do neoliberalismo como alternativa politica e econômica para os países da América Latina." A opinião é de Igor Fuser, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC.
Obrador foi eleito presidente do México, após vencer as eleições do domingo (1°). Membro do partido Movimento Regeneração Nacional (Morena), já foi prefeito da Cidade do México (2000-2005). A eleição repercutiu em todo o mundo. Segundo o jornal espanhol El país, "pela primeira vez, um político com experiência como líder social e olhar voltado para a esquerda governará o mais populoso país de língua espanhola, a segunda maior economia da América Latina".
Igor Fuser lembra que o México aplica há 20 anos e de "forma extrema" a receita neoliberal, com privatizações, desregulamentação da economia, desmonte do sistema de proteção social, diminuição da presença do Estado na economia, abandono de projetos de desenvolvimento próprio. "Essa agenda está provocando uma catástrofe social no México."
Graças a essa política, o país vive níveis alarmantes de pobreza crescente e a população está sem perspectivas. Uma parte importante da juventude encontra no narcotráfico uma alternativa de sobrevivência. Além disso, parcela da população pobre busca na imigração para os Estados Unidos um meio de sobreviver e ter acesso a algo minimamente próximo de uma vida digna.
"O México está mergulhado numa guerra social, a partir das operações policiais-militares de combate ao narcotráfico. A imigração está deixando de ser um caminho, porque a política de imigração dos Estados Unidos é hoje refratária ao ingresso de imigrantes. O símbolo disso é o projeto de Donald Trump de construção de um muro na fronteira", analisa o professor da Ufabc. "A votação maciça que recebeu Lopez Obrador é uma votação pela vida. O projeto em curso no México, o mesmo que Temer e os golpistas aplicam no Brasil, é um projeto de morte, de destruição."
Para Igor Fuser, Obrador pode começar a reverter a situação de "catástrofe social" com simples medidas, de início, na medida em que começar a desenvolver políticas de defesa de direitos sociais, do ensino e da saúde públicas; de proteção às pessoas em situação de miséria extrema; conter a privatização do petróleo mexicano, voltando o governo à defesa da soberania nacional, para que o país seja capaz de formular políticas próprias sem se limitar a "obedecer as ordens de Washington".
"Por muitos anos, a mídia neoliberal brasileira apresentou o México como um modelo de país moderno, que soube se adaptar ao mundo da globalização, escondendo o verdadeiro México. O México da miséria, da exclusão social, do retrocesso industrial, do bloqueio de qualquer política de desenvolvimento. Esse México verdadeiro apareceu agora, na eleição de Andrés Manuel López Obrador", diz Igor Fuser.
Em discurso após se confirmar sua eleição, o presidente eleito disse que não vai trair "a confiança que milhões de mexicanos depositaram em mim". "Eu não vou falhar com você, eu não vou decepcionar você, eu não vou trair o povo", disse segundo a Rede Telesur.
Com a eleição, rompe-se uma hegemonia de quase nove décadas do PRI e do PAN no poder.  Obrador assume a presidência em 1º de dezembro.