Caderno fHist
4 Festival de História - Diamantina
Evento único no Brasil do ofício, da literatura e das artes de contar a História, o festival de História (fHist) nasceu em Diamantina em 2011 e chegou à sua quarta edição esbanjando conteúdos. Entre os dias quatro e sete de outubro, o 4 fHist promoveu em Diamantina 35 atrações, de mesas e debates a minicursos, oficina e prosas. A edição 2017 teve como tema a "História a Quente", do tempo presente, e reuniu frente a frente com o público na Tenda da História, escritores, historiadores, jornalistas, mestres da cultura popular e artistas.
Neste domingo foi lançado o Caderno fHist com os destaques que marcaram o 4 Festival de História em Diamantina.
A partir de hoje, vou publicar alguns destes destaques, começando com o artigo do jornalista e coordenador do fHist Américo Antunes.
AMÉRICO ANTUNES
Por quê História?
Américo Antunes
Boa parte dos historiadores e estudiosos tem uma resposta na ponta da língua para a pergunta do título deste artigo. Porque conhecer e estudar História "é essencial para formar indivíduos com senso crítico em relação ao mundo no qual estão inseridos", pontua o mestre Ronaldo Vainfas. Ou porque a "História nos ensina a viver", responde, por sua vez, o historiador Bóris Fausto, para quem o indivíduo que "não conhece de onde veio, socialmente e coletivamente, não é um cidadão por inteiro".
De fato, a ignorância do papel dos atores e dos processos da História é um desastre tanto para a cidadania quanto para a própria democracia, como testemunhamos hoje no Brasil com os golpes dentro do golpe, que se sucedem ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff em 2016, e a propagação da cultura do ódio e da intolerância de cunho neofascista, fora e nas redes sociais. Olhando em retrospectiva, é como se as nefastas turbulências e rupturas das décadas de 1930, 1950 ou 1960 fossem apenas páginas esquecidas de pergaminhos antigos, de pouca ou nenhuma utilidade, e a História um passado morto.
Mas conhecer a História assegura que erros do passado não sejam repetidos no presente ou no futuro? Claro que não, até mesmo porque a História não se repete e está sempre em movimento. O que o conhecimento do passado pode oferecer-nos é um conjunto de informações e testemunhos sobre fatos e caminhos trilhados em determinado momento pelas sociedades e que, interpretados em toda a sua complexidade e dimensões históricas, ajudam a refletir sobre o presente, alertando sobre o que deve ser visto com cuidado ou evitado.
Portanto, não há então como refletir sobre tempos tão sombrios como os que o País atravessa hoje, desconhecendo contradições e legados de uma sociedade historicamente desigual, ainda fortemente marcada pela exclusão econômica, social, racial e cultural de milhões de brasileiros. É é exatamente a investigação da História em todas essas dimensões que a torna matéria imprescindível e obrigatória no presente, para a sensibilização e a formação de cidadãos críticos e " por inteiro".
Como ensinou Ângelo Carrara no 4 fHist em Diamantina, o historiador " não fala do passado pelo passado. O que a gente faz é conversar com o passado", para refletir sobre o presente.
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