Sociólogo e Cientista Político
Folha dá a dimensão do refluxo dos atos golpistas
Em março, a Folha registrava 2 milhões de manifestantes nas ruas. A manchete de hoje (17) dá conta de 750 mil nos atos de ontem. Não dá para enganar: nítido refluxo. Mas o pior foi Belo Horizonte: 6 mil na terra do senador mineiro que veio à capital só para ser empossado simbolicamente como Presidente da República na reserva. O fiasco foi comentado por todos jornalistas que faziam cobertura do evento.
O que teria acontecido?
Em primeiro lugar, uma incapacidade já percebida das oposições em realizar diagnósticos da conjuntura com velocidade e frieza. Parecem contaminados por uma lógica normativa, estática, em que o desejo parece se constituir num imperativo mágico.
Em segundo lugar, a guinada de vários órgãos da grande imprensa e do alto empresariado, no acordo selado com a cúpula nacional do PMDB. Este acordo teria envolvido a direção tucana paulista, tendo Serra como mais próximo de Michel Temer e Alckmin estabelecendo roteiros para se alçar à campanha de 2018.
Finalmente, o despreparo político de Aécio Neves para liderar uma articulação nacional. Já havia sinais que não conseguiu liderar e unificar os tucanos e aliados em Minas Gerais, o que teria provocado a derrota eleitoral nos municípios em 2008 e algo ainda mais profundo nas eleições do ano passado. O senador mineiro não parece talhado para assumir papel de articulador de forças políticas, muito menos para criar ações ofensivas nacionais. Oscila entre a omissão e o ímpeto momentâneo de ocupação de espaços na arena política, mas não parece guiado para acumular forças ou encadear eventos. Sua ação é pontual e efêmera, errática, alterando pautas e agendas e até mesmo deslocamentos que se perdem no tempo.
Enfim, as manifestações de ontem podem se constituir não num trunfo do governo federal, mas numa desorientação – e até motivação para luta interna – das forças oposicionistas. O PSDB é um símbolo oposicionistas, mas não uma força real nesta direção
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