Folder produzido e distribuído pelo Governo do Estado de Minas Gerais na época da reinauguração do Teatro de Sabará, com o título: O espetáculo continua - Teatro de Sabará 1818 / 1970.
Quem passa pelas ruas históricas de Sabará, por descuido, pode não perceber a existência de um interessante teatro aberto gratuitamente a visitação que corresponde a um dos mais importantes espaços turísticos da cidade.
Pode-se dizer que é uma jóia, que por fora não chama tanta atenção, mas por dentro surpreende com seus três andares distribuídos entre camarotes com cadeiras em palhinha, estrutura interna em madeira, forro em treliça com boa iluminação e acústica.
A construção idealizada por Francisco da Costa Lisboa apresenta externamente a aparência típica das construções civis coloniais.
O TEATRO
Sabe-se que a primeira Casa da Ópera da Vila Real de Nossa Senhora da Conceição de Sabarabuçu foi construída em 1770, mas, a partir de 1783, já estava completamente abandonada, já que as apresentações teatrais passaram a ser executadas em um palco de madeira construído em uma praça pública.
A atual Casa da Ópera, também conhecida como Teatro Municipal, foi inaugurada em 1818 através de um imenso esforço da população local
¨Foi inaugurado como Casa de ópera de Sabará e é o segundo teatro mais antigo do Brasil. O primeiro é o de Ouro Preto, também em Minas Gerais. A primeira peça apresentada foi "Maria Teresa, a imperatriz da áustria e Selo d'amor". Nessa época também estava sendo comemorado o nascimento da princesa de Beira, a infanta dona Maria da Glória.
O teatro de arquitetura barroca foi idealizado por Francisco da Costa Lisboa e sua construção foi feita e financiada pelos moradores da cidade sem nenhuma ajuda oficial. Esse pequeno teatro foi palco de excelentes atuações, especialmente do público que em 1831, quando Dom Pedro I fez ali sua visita, a excelente acústica do local fez o imperador perceber como sua presença na casa deixava o povo descontente. E o ponto culminante foi no momento das homenagens: após o "Viva o imperador Dom Pedro I", podia-se ouvir com clareza a frase "Enquanto for constitucional", falada pelo coronel Pedro Gomes Nogueira, que liderava junto com o padre Mariano de Sousa, o grupo dos constitucionalistas, de oposição ao imperador. Esse fato, interrompeu a visita de Dom Pedro I à Minas Gerais e antecipou sua volta à corte. A família real só voltaria ao Teatro de Sabará em 1881, durante a estada de Dom Pedro II em Sabará.
O Teatro Municipal de Sabará não era palco somente de espetáculos mas ali também eram levadas as questões sociais da época. Bento Epaminondas criou, em ficção, a libertação dos escravos das minerações inglesas. A montagem teve o nome de "A vingança do escravo", de grande sucesso e várias apresentações. Uma das noites, após a encenação, Epaminondas viu-se em uma séria discussão com o diretor da Companhia de Mineração Cocais, que exigia explicações sobre a apresentação que acabara de ver.
As peças apresentadas muitas vezes eram longas e nem isso afugentava o público que levava travesseiros, cobertores e trocas de roupas para as crianças. Essas famílias geralmente eram acompanhadas por escravas. Quando saiam do teatro, já de manhã, encontravam os amigos e vizinhos para a missa das 5 horas da manhã de domingo.
No início do século XX, com o surgimento do cinema, o teatro foi adaptado e transformou-se em Cine-Teatro Borba Gato, 1915. Após 50 anos como cinema a casa foi fechada dando lugar a um bar que teve vida curta¨.
Fonte:.allboutarts.com.br/defaut.aspx
A partir de 1970: O ESPETÁCULO CONTINUA
Aspecto geral da sala de espetáculos, mostrando a estrutura leve e graciosa dos camarotes
Autêntica relíquia de uma gloriosa e romântica fase da história de Minas, o Teatro de Sabará foi, em 1970, totalmente restaurado. Aberto em 1818, sua construção é atribuída ao coronel Pedro Gomes Nogueira e ao padre Mariano de Souza e Silvino, duas importantes figuras da velha Sabará.
Com sua forma ogival, seu palco, camarotes e plateia, o Teatro de Sabará - cuja construção sofreu, uma nítida influência italiana - conheceu noites de grande gala em meados do século XIX, quando famosas companhias se apresentaram com seus dramas e comédias para uma população ávida de divertimento.
Testemunha da própria história de Minas, o Teatro de Sabará viveu seu período de maior glória de 1840 a 1870, mas, em 1831, já virá o Imperador Pedro I, sentir o descontentamento do povo, que, certa noite, ao saudá-lo no camarote Imperial do segundo andar, não ficara só no ¨Viva o Imperador¨ , mas completara em coro: ¨Enquanto for constitucional ¨.
Divertindo e educando, o Teatro viu o tempo passar. No século XX veio a decadência. O teatrinho tentou lutar, resistir, mas a ação do tempo foi mais forte. Primeiro, virou cinema. Mais tarde suas portas foram fechadas. Não havia mais os aplausos frenéticos. As palmas no correr final do pano foram substituídas pelo silêncio do abandono. O Teatro de Sabará estava condenado à ruína, uma simples peça do passado sob o olhar curioso das novas gerações.
Por determinação do Governador Israel Pinheiro, a velha e simpática casa de espetáculos voltou a ser inserida no panorama artístico de Minas.
Sua restauração ficou a cargo da Secretaria de Viação e Obras Públicas, cabendo ao arquiteto Luciano Amédée Péret a responsabilidade de planificá-la e dirigi-la em todas as fases de trabalho. Foram dois anos de trabalho para recuperar o Teatro de Sabará.
A restauração não foi fácil: exigiu exaustivas pesquisas, pois o prédio tinha de guardar em sua nova forma a perfeita semelhança com o teatro inaugurado em 1818. Com seus 62 camarotes e sua plateia, onde 400 pessoas podem ser instaladas, o novo Teatro de Sabará mantém absoluta fidelidade à construção primitiva. Sua estrutura foi totalmente revista e reforçada. Sua decoração é exatamente a mesma vista e sentida pelos que alí se divertiram no século XIX.
( fonte: Folder ¨O Espetáculo continua¨ , distribuído pelo Governo do Estado de Minas Gerais, na época da reinauguração)
O Teatro de Sabará foi reinaugurado em fevereiro de 1970.
Vista das frisas com forros de esteira de taquara. Destaque para a estrutura interna de madeira original, recuperada na restauração dos anos 70
Escadaria de acesso aos camarotes. Nota-se a superposição entre as áreas de circulação e de permanência do público
Detalhe de um dos corredores internos. À direita, óculo quadrilobado para iluminação do acesso às galerias
. fotos: www.ctac.gov.br/tdb/portugues/teatro
fotos: Peter Janzon
foto: Ricardo de Moura Faria
O Teatro de Sabará é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional.
¨A história é tão plural quanto as múltiplas expressões de memória. Manter vivo um teatro é contribuir de forma viva para que uma das grandes expressões dos sentimentos humanos não despareça. Luciano Amédée Péret contribuiu com essa restauração para que as memórias dos espetáculos da vida não se perdessem¨.
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