Lula recebeu o diploma da mão da prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo.
Lula agora é cidadão honorário de Paris: "nunca estive mais motivado para brigar pela democracia"
"O povo de Paris me acolhe hoje entre seus cidadãos"
O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva recebeu nesta segunda-feira (2) o título de cidadão honorário de Paris, em reconhecimento a sua luta e seu legado contra a fome e a miséria .
O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva recebeu nesta segunda-feira (2) o título de cidadão honorário de Paris, em reconhecimento a sua luta e seu legado contra a fome e a miséria .
Conversa Afiada:
(Reprodução/Twitter/Janja Silva)
O presidente Lula recebeu na tarde desta segunda-feira 2/III o título de cidadão honorário de Paris. A cerimônia aconteceu justamente na Prefeitura da capital francesa. Também participaram da cerimônia a presidenta Dilma Rousseff e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
O Conversa Afiada publica alguns dos principais trechos do discurso de Lula ao receber o prêmio:
Estou muito emocionado de estar aqui em Paris recebendo essa homenagem. Quando digo pra vocês que tenho energia de 30, digo porque nunca estive mais motivado do que estou agora a brigar pela democracia no nosso país. Agradeço muito a vocês.
Eu estava contando à prefeita Anne Hidalgo que quando fui informado desse prêmio eu ainda estava preso e fiquei muito feliz. O que me deixou mais impressionado é que os carcereiros que cuidavam de mim também ficaram.
Eu ainda me emociono quando lembro das pessoas que ficaram gritando bom dia e boa noite durante aqueles 580 dias em Curitiba, debaixo de chuva, debaixo de sol.
É meu dever falar aqui em nome dos que sofrem, em meu país, com o desemprego e a pobreza, com a revogação de direitos históricos dos trabalhadores e a destruição das bases de um projeto de desenvolvimento sustentável, capaz de oferecer inclusão e oportunidades para todos.
O que está ocorrendo no Brasil é o resultado de um processo de enfraquecimento do processo democrático, estimulado pela ganância de uns poucos e por um desprezo mesquinho pelos direitos do povo; desprezo que tem raízes profundas, fincadas em 350 anos de escravagismo.
Bastaram 13 anos de governos que olharam o povo em primeiro lugar, para começarmos a reverter a doença secular da desigualdade em nosso país. Foram passos ainda pequenos para a dimensão do desafio, mas estávamos no caminho certo, porque 36 milhões saíram da pobreza extrema.
A triste situação em que se encontra meu país e o sofrimento do nosso povo são consequências de repetidos ataques, maiores e menores, ao Estado de Direito, à Constituição e à democracia.
Se hoje estou num estado provisório de liberdade e ainda sem direitos políticos, é porque em novembro o STF reconheceu, para todos os cidadãos, o direito constitucional à presunção de inocência que havia sido negado ao cidadão Lula, às vésperas de minha prisão.
Aqui na Europa, quero me encontrar e agradecer a todos que nos apoiaram nesses momentos tão duros. Mas quero especialmente dialogar com os que trabalham para enfrentar a desigualdade, essa doença criada pelo homem e que está corroendo o próprio conceito de humanidade.
No recente encontro que tive com Sua Santidade papa Francisco, fiquei contagiado pelo entusiasmo com que ele convoca os jovens economistas a debater e buscar saídas para essa questão, que é crucial para o presente e o futuro.
Quero propor aos dirigentes políticos, aos governantes e à sociedade civil dos mais diversos países que promovam, não apenas o debate, mas ações concretas em conjunto, para reverter a desigualdade.
Sei que é possível. Temos de ter fé na juventude, como tem o papa Francisco. Temos de ter fé na humanidade e na nossa capacidade de construir, pelo diálogo e pela política, as bases de um mundo mais justo.
Sei o quanto tem sido importante a solidariedade internacional, na Europa, nos EUA e no mundo, para que se restaure plenamente o processo democrático, o Estado de Direito e a justiça para todos em meu país. E mais uma vez agradeço, em nome dos que sofrem com a atual situação.
O povo de Paris me acolhe hoje entre seus cidadãos, como um reconhecimento pelo que fizemos, junto com tantos companheiros e com intensa participação social, para reduzir a desigualdade e combater a fome no Brasil.
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