sexta-feira, 29 de março de 2019
Um país à deriva
Por Paulo Pimenta
Deputado Federal PT/RS
O atual presidente da República nunca escondeu seu ódio à democracia. Mas agora, diante da incapacidade de dar alguma notícia boa para o povo brasileiro e sem ter como explicar a nefasta política de destruição de direitos — a começar pela proposta de exterminar a Previdência Social pública e, com ela, os mecanismos de proteção aos mais pobres — Jair Bolsonaro mostra desespero e aprofunda o ataque às instituições.
Elegeu o Congresso Nacional e até o Supremo Tribunal Federal como alvo, dançando perigosamente com a desestabilização institucional, a fim de agradar o consórcio de poder que ajudou em sua eleição: o mercado financeiro, representado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes; os lavajateiros comandados por Sérgio Moro e seu projeto de poder à parte; e os filhos que se utilizam das redes sociais para atacar quem lhes questione, alimentando o caos e a instabilidade.
Na verdade, Bolsonaro é fruto de uma irresponsabilidade histórica de uma elite que o colocou no poder em nome de um irracional antipetismo. Essa elite praticou um vale-tudo para eleger Bolsonaro, que, como contrapartida, se comprometeu com uma agenda que agora não tem condições de entregar.
No plano internacional, Bolsonaro envergonha o país ao submeter nossa soberania aos desígnios de Washington, colocando em risco a estabilidade política da América do Sul e a nossa posição de destaque no comércio internacional.
A proposta de Reforma da Previdência (PEC 06/2019) não tem apoio nem da bancada governista no Congresso, em consequência da incapacidade de articulação do governo e da mobilização popular em todo o País, que não aceita a destruição de direitos garantidos na constituição. Esta proposta é um prêmio aos banqueiros e um crime contra o povo.
Incapaz de coesionar o seu governo, de controlar os ímpetos de seus filhos e de dialogar com supostos aliados, Bolsonaro critica agora a “velha política” e tenta jogar o povo contra o Congresso. Ora, ele ficou 28 anos como deputado federal, sem nenhuma proeminência, e ainda jogou na política seus três filhos, todos enriquecidos por meio de atividades suspeitas. Não tem moral para falar de política, pois sua prática é a das oligarquias, se utiliza de ameaças contra as instituições, chegando a insinuar o uso da força para garantir sua pauta.
A crise aprofunda-se, mas a família Bolsonaro continua sem explicar suas ligações com o Fabrício Queiroz, ex-assessor do atual senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) que é acusado de movimentações milionárias em suas contas sem comprovação de renda. Não explicam também as suspeitas de envolvimento com o ex-PM Ronnie Lessa, acusado de assassinar a ex-vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.
A família Bolsonaro é capaz de tudo, menos de reduzir a instabilidade e o caos, ou mesmo de unir o país entorno de um projeto de desenvolvimento justo. Por isso, o momento atual exige unidade ampla de todos os setores que defendem a democracia, a nossa soberania e a manutenção de direitos históricos do povo brasileiro.
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