sábado, 28 de fevereiro de 2015

Caminhoneiros: sinal de alarme - Querem criar um clima para o golpe

Dois artigos analisam a greve dos caminhoneiros : o que está por trás da origem  e estrutura do protesto é criar um clima de instabilidade e de incerteza na população. Uma incerteza que vem crescendo e que tem como objetivo agravar as tensões para gerar uma irritação progressiva e perda de controle emocional e política. Os golpistas torcem por isso.


do Observatório da Imprensa
CÓDIGO ABERTO
Por Carlos Castilho
 
O governo de Salvador Allende começou a cair, em 1973, quando os caminhoneiros chilenos iniciaram uma greve reivindicatória que acabou se transformando num movimento político que colocou a classe média do país contra o primeiro presidente socialista eleito nas urnas.
 
Quem cobriu aquele protesto, ocorrido há 41 anos, inevitavelmente associa a greve chilena com a brasileira atual e sente um frio na espinha porque os desdobramentos apontam na direção de uma crise institucional de consequências imprevisíveis. Allende sabia que seu destino já estava traçado muito antes de um golpe militar do qual a maioria dos chilenos se arrepende até hoje. 
 
A greve dos caminhoneiros paralisou o abastecimento da população e o funcionamento da indústria, estrangulando a jugular da economia do país. A imprensa chilena da época, radicalizada política e ideologicamente, cobriu apenas o factual do protesto, deixando de lado as causas e principalmente as consequências do movimento. A desconstrução do governo Allende deu origem a um golpe militar que se transformou num capítulo trágico na história do país.
 
Tanto em 1973, no Chile, como agora no Brasil o protesto dos caminhoneiros não tem uma estrutura sindical e nem um comando central visíveis. Ele assume a forma de uma guerrilha rodoviária onde há apenas indícios de um comando centralizado porque há coordenação dos bloqueios de estradas. Se tudo ficasse apenas nas mãos dos motoristas, o movimento não mostraria tanta eficiência.
 
Os principais jornais brasileiros até agora não foram mais fundo nas origens e estrutura do protesto, o que revela uma decisão editorial e política que tem inevitáveis desdobramentos. O principal deles é ampliação do clima de incerteza na população e nos segmentos empresariais. Uma incerteza que vem crescendo desde as eleições do ano passado e que pode chegar a um ponto crítico se a greve dos caminhoneiros provocar a falta de alimentos, combustíveis e produtos essenciais (como remédios, por exemplo) nas principais capitais brasileiras.
 
Isso aconteceu no Chile em 1973 e levou, na época, a população do país a um estado de perplexidade quase catatônica que neutralizou preventivamente qualquer tipo de resistência a uma ruptura institucional. Este tipo de alerta não está sendo veiculado pela imprensa, o que deixa o público sem uma noção exata dos riscos a que ele poderá estar sujeito. Um dos papéis-chave da imprensa em situações de pré-crise é fornecer à população elementos para que ela avalie como lidar com o um possível desabastecimento alimentar, com a paralisação dos transportes públicos e privados, e o aumento da insegurança pessoal.
 
O que estamos assistindo agora aqui no Brasil é um paulatino agravamento das tensões que geram irritação progressiva e perda de controle emocional e político. Protestos podem rapidamente degenerar em pancadaria, depredações e vítimas pessoais por conta do clima de polarização e radicalização de posicionamentos político-ideológicos.
 
Ao não tratar estes temas como uma preocupação pública, a imprensa está brincando com fogo. A omissão informativa pode ser coerente com a oposição ao governo Dilma Rousseff, mas qualquer analista político ou sociológico sabe que o risco de descontrole cresce na medida em que a governabilidade é transformada em arma na luta pelo poder.


 

Vídeos sugerem locaute de empresas de transporte, não "greve de caminhoneiros"

Depoimentos de caminhoneiros indicam intimidação, ameaças e violência física para forçá-los a não seguir viagem.

Por Maria Frô - Revista Fórum :



Os vídeos que circulam nas redes sociais, com depoimentos de caminhoneiros e um depoimento à Polícia Rodoviária Federal de uma senhora que afirma ter procurado a polícia porque seu irmão é mantido à força na paralisação dos caminhoneiros no sul do país, trazem fortes indícios de que o que está acontecendo no Brasil é um locaute e, como tal, crime passível de punição.

Confira os vídeos: 



Detalhe, o governo federal já havia estabelecido acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística da CUT (CNTTL) em relação à paralisação, mas com estes fortes indícios de locaute nada será investigado?
As denúncias são gravíssimas: intimidação dos caminhoneiros, ameças, violência física para forçá-los a não seguir viagem.

Nenhuma das lideranças que sentou na mesa de negociações com o governo reconhece Ivar Schmidt do Comando Nacional do Transporte, responsável por esta paralisação que está sendo denunciada pelos próprios caminhoneiros.
Ivar não será ouvido, confrontado com as denúncias feitas por esta senhora a um policial rodoviário federal que aparece no vídeo?

Coincidentemente Ivar Schimidt tem recebido um amplo espaço na mídia monopolista e declaradamente golpista. Alguma liderança nacional sindicalizada costuma receber a atenção que Ivar recebe da  Globo e Veja? Desconheço.

De acordo com o jornalista João Maneco, Ivar sequer é caminhoneiro.
A Globo e a Veja, cujas equipes de reportagem não saem do Sul do pais, tiveram muito esmero em garantir a fala de um empresário suposto líder de caminhoneiros sem representação na categoria, mas parece que não passaram por Curitiba para ver as manifestações dos professores contra o pacotaço do governador tucano, Beto Richa que retira direitos dos servidores e põe em risco à educação pública no Paraná. 

Não acham estranho isso?


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