Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia
O que se viu nas ruas do Rio de Janeiro neste domingo 23 de maio tem vários significados. E dois deles são especialmente gritantes.
Primeiro: ninguém, ao menos na atual etapa do caos vivido por todos nós, tem capacidade de conter Jair Messias em sua escalada cada vez mais descontrolada. Só há um meio de classificar semelhante comportamento do presidente de um país que enfrenta a tragédia sem precedentes que enfrentamos: perdeu de vez a noção da realidade.
Não se trata apenas de outra clara amostra de seu desequilíbrio, de sua irresponsabilidade, de sua capacidade de debochar não apenas da tragédia, mas da perda de meio milhão de vidas. É muito mais grave que isso. Vai além de ser uma atitude criminosa de um desequilibrado sem remédio: é a prova de que ele está decidido a ir até o fim e fechar o país.
Fez o que fez, e continuará fazendo, escudado na certeza absoluta da impunidade. Conta com a adesão da súcia que está sempre a postos ao seu redor, com a cumplicidade dos milhares de oriundos da caserna – muitos ainda na ativa – que espalhou pelo governo, todos e cada um deles recebendo generosos acréscimos aos seus soldos, conta com o apoio e a participação de uma parcela da opinião pública, minoritária mas suficientemente irresponsável e cúmplice para ir às ruas aplaudi-lo. E se sente fortalecido.
Tudo isso ficou claro uma vez mais.
O segundo significado, porém, é preocupante e traz uma dúvida que deverá se reforçar cada vez mais.
Será que, em seus devaneios cada vez mais desvairados, Jair Messias se deixará convencer de que, depois do que viu no Rio, tem espaço e condições para avançar ainda mais e botar seu bloco na rua – no caso, o bloco que mistura policiais militares, milicianos e parte das Forças Armadas? Será que irá chegar à conclusão de que chegou a hora?
A esta altura, é difícil concluir que tudo não passa de bazófia de um poltrão que se sente cada vez mais acossado. É isso e muito mais.
É, de maneira clara e evidente, outra mostra de que para Jair Messias não exista quem ponha limites às suas atitudes. Que não há quem diga até que ponto seus gestos são suportáveis e admissíveis. E esse é o grande risco, o perigo imenso que paira sobre o país. Frente ao risco de ser escorraçado no ano que vem, ele testa o espaço que tem para fechar tudo, a começar pelas urnas eleitorais.
Por fim, um dado paralelo merece toda a atenção: ao lado de Jair Messias estava o general da ativa Eduardo Pazuello. Ou seja, um integrante do mais alto grau do Exército brasileiro.
A ousadia do seu deboche público conta com o respaldo de seus colegas de farda? Haverá alguma reação do alto comando do Exército?
Se fosse um oficial da reserva, já seria um gesto perigoso por misturar ainda mais a imagem militar à de um Genocida. Acontece que ele continua na ativa, ou seja, deveria cumprir o que está nas regras e determinações da arma à qual continua plenamente integrado.
Pazuello, cúmplice principal da tragédia brasileira, vai ter que responder à CPI do Genocídio. Poderá mentir de novo, compulsivamente. Escapará impune? E, o principal: mentirá aos seus superiores de farda com a mesma desfaçatez que mentiu aos senadores?
Há muito mais no que aconteceu domingo do que apenas outro gesto tresloucado do psicopata que ocupa a presidência deste país trucidado: há claras mostras do aumento perigosíssimo dos riscos que corremos todos nós.
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