quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

A Escolha da Nova Capital, por Leonardo Louzada

 Por Leonardo Louzada

Nota do autor:  A história é contada com licença poética, mas a partir de documentos históricos. 

 O NASCIMENTO DA NOVA CAPITAL

 A ESCOLHA - PARTE 02-09 

 Em 1891, já estava decidido que Minas precisaria de uma nova capital.  A prefeitura de Ouro Preto, não agrada da ideia e ainda tenta até criar a Empresa de Melhoramentos da Capital, que visa a modernização de Ouro Preto. 

 Verdade seja dita, sempre implicaram com Ouro Preto como capital.  Os inconfidentes,  em 1833 tentaram levar a capital para São João Del Rei, em 1843 Mariana tentou dar o golpe e voltar a ser capital, em 1851, o presidente de minas Ricardo Sá de Rego, também tentou tirar a capital dali.

 Até que em 1867 por meio do decreto do deputado Padre Agostinho de Souza Paraíso, derrubam Ouro Preto da condição de capital, mas os Ouro-Pretanos quebraram o pau e não aceitaram e a cidade continuou como capital. 

 Em 1891 na surdina, na calada da noite durante o congresso mineiro o Augusto de Lima, na canetada, diz ser impossível a capital continuar em Ouro Preto e que a transferência já era necessária e já solta a bomba:

“nenhum outro lugar reúne maior soma de condições para o fim em vista do que o planalto denominado Bello Horizonte, no Vale do Rio das Velhas, no Município de Sabará, onde possui o Estado considerável extensão de terrenos". 

 Nisso já rolou os buchichos, “A lá mano, o cara achando que é ele quem manda,” o outro já soltou “A única parte que gosto do Augusto de Lima, é quando chega no mercado central” até que um grita.. O Gutão, não é assim não... chega aqui pra mode de nois prosear um pouco. Era Afonso Arinos que chama o Augusto de Lima no canto e fala "Augusto aproveita que lá no mercado central você tá do lado do Bias Fortes e troca uma ideia com ele” A galera gostava do Bias Fortes que tinha passado o bastão do Governo há pouco tempo. Bias Fortes, maroto e bom político que era, já se coloca ao lado de Augusto de Lima e monta a comissão dos 11, apelida de os 11 homens e um segredo, Composta pelos representantes 3 da Zona da Mata, 1 do Sul, 2 do norte, 2 do nordeste, 3 do centro. 

 A única regra era “Fica mudada a capital para um ponto central, no vale do Rio das Velhas, que se presta à edificação de uma grande cidade com as indispensáveis condições higiênicas” . 

Ocorre a primeira briga e depois de um discussão generalizada onde cada um puxava a sardinha pro seu lado. Depois de vários e vários discursos de representantes dentre eles o de planalto de Catas Altas do MatoDentro, no Vale do Rio Doce; o de planalto do Piuí; Várzea do Marçal, no Vale do Rio das Mortes; Barbacena, Juiz de Fora... 

 No fundo do congresso uma turma estava com um sorrisinho na boca e adorando a situação. Eram os antimudancistas (serio, eram chamados assim), e o caos para eles estava ótimo pois assim Ouro Preto reinaria, entre eles tinha um Juiz que ficava fazendo inferninho com os outros. 

 Gritarias e confusões até que Adalberto Ferraz, já chega, chegando, gritando arreda ai.,.. sobe no palco e diz “ não dá para ser essa zorra não, então vamos botar ordem na casa. Augusto desculpa, mas vamos colocar mais opções além de Belo Horizonte, eu vou escolher Paraúna, Barbacena e Várzea do Marçal. 

A comissão anotando tudo, até que o Juiz Antimudancista quis a palavra e Adalberto Ferraz já putasso gritou “Sr. Juiz, Fora”; a galera da comissão entendeu que ele disse Juiz de Fora. E assim foram as 5 cidades escolhidas para ser a nova capital. 

 No final deliberam e Augusto de Lima, já desistia do governo provisório, e passava o bastão para Jose Cesário de Faria Alvim , que simpatizava com os antimudancistas... mas que não ficou nem um ano no poder.  

Em 1892, chega o Afonso Pena e cobra da comissão os resultados, afinal o tempo urge e uma capital precisa nascer.

 No Congresso de 1892 a população de Ouro Preto, invade o plenário aos grito de “não vai ter nova capital “ “Se não tiver direitos, não terá capital” , enquanto os republicanos rebatiam “não se faz capital com hospitais” e eles com gritos de “Quero Ouro Preto no padrão fifa.” 

 Em 1893 os 11 homens e um segredo, marcam o congresso, mas ameaças de bombas e revolta da população impedem que ocorra, ( segundo a CUT eram cercasse 7 milhões de ouro pretanos, manisfestando e segundo a PM eram apenas 100 pessoas) e mesmo quando conseguiam realizar o congresso as discussões e debates acirrados os impediam de tomar decisões. E na surdina, levam o congresso para Barbacena, o tempo era curto para tomar a decisão. Mas não foi fácil, várias estratégias foram utilizada de obstrução, petição dirigida ao Congresso pelo povo ouro-pretano repudiando aquela transferência inédita da sede do Legislativo estadual. 

 Tudo posto em pauta, assaram uns pães de queijo, galera ficou mais calma. Aarão Reis, toma a palavra e afirma que depois de muitos estudos duas localidades foram aprovadas e que seria ali definida qual seria a nova capital e que seriam Belo Horizonte e Várzea do Marçal. Suficientes para quebrar o pau entre todos, que alegavam que a disputa ficou entre Várzea do Marçal que era um brejo Alagadiço e Belo Horizonte, a cidade das papudas, terra sem higiene tomada pelo bócio. E que era absurdo não ser Barbacena ou Paraúna. Juiz de fora nem entrou na briga, afinal eles queriam era tomar o lugar do Rio como capital do Brasil. 

 Tudo indicava que Belo Horizonte, já tinha liquidado a fatura, e tinham os votos necessários para ser escolhida como capital, e já cantavam vitória. Ni qui, a galera de São João Del Rei, se une aos deputados da Mata e do Sul, que coincidentemente compraram as terras devolutas da Várzea do Marçal , por meio de financiamento do Banco Regional de Minas. Se aproximam do centrão,que toma partido, e a comissão do seu parecer e escolhe a Nova Capital. 

 Belo Horizonte não possui topografia adequada, tem insuficiência de água, solo pobre para lavoura, só tem pecuária, por isso o nome curral, então decretamos que a Nova Capital será instalada na VÁRZEA DO MARÇAL, desculpa BH, fica pra próxima. Afonso Pena decreta a capital será construída em Várzea do Marçal , no prazo máximo de quatro anos.

 Continua....















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