sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Dia D – Dia Drummond

Data especial para celebrar um de nossos maiores poetas
                        


 
 Do  blog do Kennedy Alencar:
Daniela Martins
Brasília
O dia 31 de outubro é a data de aniversário de Carlos Drummond de Andrade. Para celebrar o poeta, o Instituto Moreira Salles comemora, desde 2011, o ‘Dia D’. O IMS guarda o acervo pessoal de Drummond e os 4 mil volumes de sua biblioteca.
 
Diversas instituições, pesquisadores e artistas se unem, a cada ano, para difundir a obra de Drummond. A comemoração tem como inspiração o ‘Bloomsday’, data em que se homenageia o escritor James Joyce na Irlanda.
 
Drummond merece ganhar festa em seu dia especial. O ‘Dia D’ é uma ótima iniciativa. Que funcione como ponto de partida para que sua poesia seja sempre revisitada. Sem dia certo ou hora marcada.
 
 
Poema de Sete Faces
 
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
 
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
 
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
 
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
 
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
 
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
 
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


EBC:

Carlos Drummond de  Andrade faria hoje 112 anos.

O poeta da cidade mineira de Itabira é considerado pelos críticos como um mais importantes da literatura brasileira.

Na vasta obra estão livros como Alguma poesia, Brejo das almas, Antologia Poética e O Corpo. 
Várias obras de Drummond foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas.
Além dos livros e poemas, Drummond também se dedicou às crônicas, no Correio da Manhã e também no jornal do Brasil.

Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro , no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.
 

 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Entrevista com prof. de Direito da PUC Minas sobre ocupações da região do Isidoro em BH

Do Programa Religare, Conhecimento e Religião:
TV Horizonte
(exibido em setembro de 2014)  
Religare sobre ocupações da região do Isidoro em Belo Horizonte




As ocupações na região do Isidoro em Belo Horizonte têm recebido a assistência da PUC Minas, do Centro Universitário Una e do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. O Religare, atento à causa defendida por aquelas famílias, traz ao debate o advogado Lucas Gontijo, professor da Faculdade Mineira de Direito da PUC Minas. No programa dessa semana você vai conhecer o histórico da ocupação, o perfil das famílias que estão em situação de ocupação e a causa que defendem. 
Produção: Viviane Rodrigues e Ulisses Antunes

Apoio: TV PUC - PUC Minas.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Papa Francisco aos Movimentos Populares: desejo unir a minha voz à de vocês e acompanhá-los em suas lutas


Terra, Casa, Trabalho: pontos fundamentais na fala do Papa no Encontro Mundial dos Movimentos Populares

O Pontífice concluiu seu discurso com um premente apelo: " Nenhuma família sem casa. Nenhum camponês sem terra! Nenhum trabalhador sem direitos! Nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá" – disse.

 
Papa Francisco: estar ao lado dos pobres é Evangelho, não comunismo
 
Jornal do Brasil
 
Terra, casa, trabalho: esses foram os três pontos fundamentais em torno dos quais desenvolveu-se o longo e articulado discurso do Papa Francisco aos participantes do Encontro Mundial dos Movimentos Populares, recebidos esta terça-feira na Sala Antiga do Sínodo, no Vaticano. O Pontífice ressaltou que é preciso revitalizar as democracias, erradicar a fome e a guerra, assegurar a dignidade a todos, sobretudo aos mais pobres e marginalizados.
 
Tratou-se de um veemente pronunciamento, ao mesmo tempo, de esperança e de denúncia. Um discurso que, por amplidão e profundidade, tem o valor de uma pequena encíclica de Doutrina Social. Ademais, era natural que os Movimentos Populares solicitassem este encontro com o Papa Francisco.
Efetivamente, na Argentina, como bispo e depois como cardeal, Bergoglio sempre se fez próximo das comunidades populares como as de "catadores de papel" e "camponeses". No fundo, nesta audiência retomou o fio de um compromisso jamais interrompido.
 
O Santo Padre evidenciou já de início, no discurso, que a solidariedade – encarnada pelos Movimentos Populares – encontra-se "enfrentando os efeitos deletérios do império do dinheiro".
O Papa observou que não se vence "o escândalo da pobreza promovendo estratégias de contenção que servem unicamente para transformar os pobres em seres domésticos e inofensivos". Quem reduz os pobres à "passividade", disse, Jesus "os chamaria de hipócritas". Em seguida, deteve-se sobre três pontos chave: " Terra, teto, trabalho. É estranho – disse –, mas quando falo sobre estas coisas, para alguns parece que o Papa é comunista. Não se entende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho." Portanto, acrescentou, terra, casa e trabalho são "direitos sagrados", "é a Doutrina social da Igreja".
 
Dirigindo-se aos "camponeses", Francisco disse que a saída deles do campo por causa "de guerras e desastres naturais" o preocupa. E acrescentou que é um crime que milhões de pessoas padeçam a fome, enquanto a "especulação financeira condiciona o preço dos alimentos, tratando esses alimentos como qualquer outra mercadoria". Daí, a exortação do Papa Francisco a continuar "a luta em prol da dignidade da família rural".
 
Em seguida, o Santo Padre dirigiu seu pensamento aos que são obrigados a viver sem uma casa, como experimentara também Jesus, obrigado a fugir com sua família para o Egito. Hoje, observou, vivemos em "cidades imensas que se mostram modernas, orgulhosas e vaidosas". Cidades que oferecem "numerosos lugares" para uma minoria feliz e, porém, "negam a casa a milhares de nossos vizinhos, incluindo as crianças".
 
Com pesar, Francisco ressaltou que "no mundo globalizado das injustiças proliferam-se os eufemismos para os quais uma pessoa que sofre a miséria se define simplesmente 'sem morada fixa'".
O Papa denunciou que muitas vezes "por trás de um eufemismo há um delito". Vivemos em cidades que constroem centros comerciais e abandonam "uma parte de si às margens, nas periferias".
Por outro lado, elogiou aquelas cidades onde se "segue uma linha de integração urbana", onde "se favorece o reconhecimento do outro". Em seguida, foi a vez de tratar da questão do trabalho: " Não existe – ressaltou – uma pobreza material pior do que a que não permite ganhar o pão e priva da dignidade do trabalho." Em particular, Francisco citou o caso dos jovens desempregados e ressaltou que tal situação não é inevitável, mas é o resultado "de uma opção social, de um sistema econômico que coloca os benefícios antes do homem", de uma cultura que descarta o ser humano como "um bem de consumo".
 
Falando espontaneamente, ou seja, fora do texto, o Pontífice retomou a Exortação apostólica
 " Evangelii Gaudium " para denunciar mais uma vez que as crianças e os anciãos são descartados. E agora se descartam os jovens, com milhões de desempregados, disse ainda. Trata-se de um desemprego juvenil que em alguns países supera 50%, constatou. Todos, reiterou, têm direito a "uma digna remuneração e à segurança social".
 
Aqui, disse o Pontífice, encontram-se "catadores de papel", vendedores ambulantes, mineiros, "camponeses" aos quais são negados os direitos do trabalho, "aos quais se nega a possibilidade de sindicalizar-se". Hoje, afirmou, "desejo unir a minha voz à de vocês e acompanhá-los em sua luta".
 
Em seguida, Francisco ofereceu sua reflexão sobre o binômio ecologia-paz, afirmando que são questões que devem concernir a todos, "não podem ser deixadas somente nas mãos dos políticos". O Santo Padre afirmou mais uma vez que estamos vivendo a "III Guerra Mundial", em pedaços, denunciando que "existem sistemas econômicos que têm que fazer a guerra para sobreviver": "Quanto sofrimento, quanta destruição _ disse o Papa –, quanta dor! Hoje, o grito da paz se eleva de todas as partes da terra, em todos os povos, em todo coração e nos movimentos populares: Nunca mais a guerra!"Um sistema econômico centralizado no dinheiro – acrescentou – explora a natureza "para alimentar o ritmo frenético de consumo" e daí derivam feitos destrutivos como a mudança climática e o desmatamento. 
 
O Papa recordou que está preparando uma Encíclica sobre a ecologia assegurando que as preocupações dos Movimentos Populares estarão presentes nela. O Pontífice perguntou-se por qual motivo assistimos a todas essas situações:"Porque – respondeu – neste sistema o homem foi expulso do centro e foi substituído por outra coisa. Porque se presta um culto idolátrico ao dinheiro, globalizou-se a indiferença." Porque, disse ainda, "o mundo esqueceu-se de Deus que é Pai e tornou-se órfão porque colocou Deus de lado".
 
Em seguida, o Papa exortou os Movimentos Populares a mudarem este sistema, a "construírem estruturas sociais alternativas". Francisco advertiu que é preciso fazê-lo com coragem, mas também com inteligência. Com tenacidade, porém, sem fanatismo. Com paixão, mas sem violência". Nós cristãos, disse, temos um bonito programa: as Bem-aventuranças e o Cap. 25 do Evangelho segundo Mateus. Francisco reiterou a importância da cultura do encontro para derrotar toda discriminação e disse que é preciso uma maior coordenação dos movimentos, sem, porém, criar "estruturas rígidas": "Os Movimentos Populares – afirmou – expressam a necessidade urgente de revitalizar nossas democracias, muitas vezes sequestradas por inúmeros fatores." É "impossível", frisou, "imaginar um futuro para uma sociedade sem a participação protagonista da grande maioria" das pessoas.É preciso superar "o assistencialismo paternalista" para ter paz e justiça, prosseguiu, criando "novas formas de participação que incluam os movimentos populares" e "sua torrente de energia moral". 
 
O Pontífice concluiu seu discurso com um premente apelo:"Nenhuma família sem casa. Nenhum camponês sem terra! Nenhum trabalhador sem direitos! Nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá" – disse.Entre os participantes, no Vaticano, do encontro dos Movimentos Populares figura também o presidente da Bolívia, Evo Morales.
 
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, explicou que, nesta ocasião, a visita do chefe de Estado boliviano não foi "organizada mediante os habituais canais diplomáticos" e que o encontro "privado e informal" no final da tarde desta terça-feira entre o Papa Francisco e o presidente deve ser considerado "uma expressão de afeto e proximidade ao povo e à Igreja boliviana e um apoio à melhoria das relações entre as Autoridades e a Igreja no país". 
 
 
 

Direto do Vaticano: notícias e fotos do Encontro Mundial dos Movimentos Populares

Notícias no post de Beatriz Cerqueira, do Sind-UTE


O Papa Francisco convidou lideranças de várias partes do mundo para participar de um encontro com ele. Para ouvir.
Entre os dias 27 e 29 de outubro acontece o Encontro Mundial dos Movimentos Sociais.
Do Brasil, participaram as seguintes lideranças: Eduardo Cardoso (Central de Movimentos Populares - SP), Paola Strada (Coordenação Nacional doPlebiscito Constituinte e Alba), Flávio Silva (Coordenação Nacional de Entidades Negras - SP), Rita Zanotto (Via Campesina Sudamérica), Kenarik Beijikian (Associação de Juizes pela Democracia), Rodrigo (Levante Popular da Juventude - RS), Rosangela Piovizani (Movimento de Mulheres Camponesas/Via Campesina - RS) Ranulfo (C.e.p.i.s - SP), João Pedro Stedile (MST/Via Campesina) e eu.
Do mundo participam 90 pessoas, de mais de 40 países.
Antes o Papa chamava os donos do capital para debater conjuntura. Este Papa chamou os movimentos sociais.
Nada mais oportuno diante da conjuntura nacional que enfrentaremos no próximo período.
Cada convidado pôde trazer para o Papa os símbolos da sua luta. Eu trouxe o boné da CUT por todas as marchas e lutas que fizemos, o livro dos 35 anos do Sind-UTE , artesanato do projeto Jaíba e Vale do Jequitinhonha.
Na manhã desta terça, o Papa pessoalmente veio nos escutar sobre terra, trabalho, vida, meio ambiente e conflitos e a relação de tudo isso com as lutas sociais.
Agora o Papa sabe das nossas lutas.
No período da tarde Evo Morales, presidente da Bolívia, participou debatendo sobre o Estado e os movimentos sociais. Ele nos contou como subverteu a ordem elitista da Bolivia: os indígenas não serviam apenas para votar. Servem também para governar e governam a serviço do povo.
Confira o que o Papa falou:
Entenda o Encontro
Por Frei Betto:
http://www.brasildefato.com.br/node/29944

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Papa aos movimentos populares: "Terra, Trabalho, Casa - Continuem a Luta"

Do site Falachico.org:
 
 
"Continuem a Luta"
"Digamos, juntos com o coração, nenhuma família sem teto, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade do trabalho." Papa Francisco tomou a palavra na frente dos principais movimentos populares de todo o mundo, convidados para uma reunião. Ele os exortou a "continuar a luta, é bom para todos."


"Terra, trabalho, casa. É estranho, mas se eu falar sobre isso para alguns, é que o Papa é um comunista" ao invés disso "amor pelos pobres é o coração do Evangelho" e a doutrina social da Igreja. Disse o Papa aos movimentos populares, enfatizando que esta reunião "não responde a nenhuma ideologia." Isso foi relatado pela Rádio Vaticano.


Papa Francisco dirigiu essas palavras às mais duzentos participantes de "movimentos populares", no encontro mundial que se realiza desde ontem até amanhã, em Roma, em uma longa audiência concedida a eles no Vaticano, hoje. Em um discurso amplo e pessoal, Jorge Mario Bergoglio denunciou a "globalização da indiferença" e a "cultura do desperdício" expressões caras a ele.  Prometeu que em sua encíclica sobre a ecologia, que está escrevendo, estará presente as "preocupações" dos movimentos populares, e, mencionando os três "t" do título de "Tierra, techo y trabajo", terra, moradia e emprego, disse (com citações implícita Helder Camara): "É estranho, mas se eu falar sobre isso para alguns é que o Papa é um comunista “.


"Obrigado por aceitar o convite para debater os vários e graves problemas sociais que o mundo enfrenta hoje, vocês que sofrem em primeira mão a desigualdade e exclusão", disse o Papa o argentino. "O encontro de movimentos populares é um sinal, um grande sinal: você trazer a presença de Deus, da Igreja e do povo, uma realidade que muitas vezes é passada em silêncio. Os pobres não apenas sofrem a injustiça, mas também lutam contra ela."

Os pobres "não estão satisfeitos com promessas ilusórias, desculpas ou álibis. Eles não estão esperando de braços cruzados a ajuda de organizações não-governamentais, planos de saúde ou soluções que nunca chegam, ou, se chegam ,chegam de tal maneira que vão em direção ou de anestesiar ou de domesticar”. Jesus, disse o Papa, chamaria essa atitude de "hipócritas". Mas os pobres querem ser "protagonistas, se organizam, estudam, trabalham, reivindicam e, acima de tudo, praticam a solidariedade especial que existe entre aqueles que estão sofrendo", uma solidariedade que a nossa sociedade tem muitas vezes se "esquecido" por considerar uma "palavrão". É, pois, necessário "combater as causas estruturais da pobreza, a desigualdade, a falta de mão de obra, terra e moradia, a negação dos direitos sociais e do trabalho", disse Bergoglio, que elogiou estes movimentos, muitas vezes não sindicalizados, porque "não trabalhamos com idéias, mas com a realidade.”


O Papa, que citou o Compêndio da Doutrina Social da Igreja e sua exortação apostólica "Evangelii Gaudium," se dirigiu sistematicamente nos três temas principais da conferência: terra, moradia e emprego. "É estranho, mas se eu falar sobre isso para alguns é que o Papa é um comunista", disse ele, mas "o amor pelos pobres é o coração do Evangelho."

Quanto à terra, o Papa denunciou o "escândalo" de milhões de pessoas que sofrem de fome, enquanto "a especulação financeira afeta o preço dos alimentos, tratando-os como qualquer outra mercadoria." Em seguida, o teto, "Eu disse e repito: uma casa para cada família", disse Bergoglio, observando que "no mundo das injustiças, abundam os eufemismos nos quais uma pessoa que sofre de pobreza é definida simplesmente 'sem-teto' ", mas "por trás de um eufemismo está um crime." O Pontífice jesuíta  herdeiro das reduções jesuítas elogiou a  “integração urbana” e aqueles que trabalham para garantir que cada família tenha uma casa e infra-estrutura adequada ("esgoto, energia elétrica, gás, asfalto e, em seguida: escolas, hospitais e pronto socorro, centros esportivos e todas as coisas que criam laços que unem e de acesso à saúde, educação, segurança”). A ausência de trabalho, enfim, é a maior "pobreza material", porque aqueles que não têm o trabalho não tem a "dignidade" e acabam vítimas de uma "cultura do desperdício", disse o Papa, recordando que no mundo há "milhões de jovens" desempregados e na Europa, inteiras gerações foram anuladas “para manter o equilíbrio".


Bergoglio então continuou seu discurso destacando a ligação entre estes três nós e a ligação entre a paz e a ecologia. Hoje, sublinhou, há uma "terceira guerra mundial em pedaços." Um sistema econômico focado no dinheiro, explora a natureza "para apoiar o rápido ritmo de consumo" e tem um impacto negativo sobre a mudança climática e no desmatamento, disse o Papa, assegurando aos movimentos populares que as suas preocupações estarão presentes em sua próxima encíclica sobre ‘ecologia'. O Papa então concluiu reiterando a sua condenação da "globalização da indiferença" e destacando o fato de que os movimentos populares “expressam a necessidade urgente de revitalizar a nossa democracia, tantas vezes sequestrada por muitos fatores.”

O Papa dirigiu-se aos movimentos populares em espanhol, porque muitos deles são da América Latina. Jorge Mario Bergoglio, no entanto, os conhecia desde quando era arcebispo de Buenos Aires. Com eles, observou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, o Papa se encontrou esta manhã "à vontade". O organizador da reunião, além do chanceler da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, Mons. Marcelo Sanchez Sorondo, e o presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, Cardeal Peter Turkson. Também organizador é Grabois Juan, da Argentina, chefe da Confederação dos Trabalhadores da economia popular e ex-advogado de "catadores", os ambulantes de rua que giram em megacidades da América do Sul catando papel para reciclar. O Papa citou-o implicitamente quando disse que você precisa "construir estruturas sociais alternativas" com "coragem, mas também com inteligência, tenacidade, mas sem fanatismo, com paixão, mas sem violência.”

FONTES: RADIO VATICANA, VATICAN INSIDER, IL MATTINO


 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Segundo governo Dilma será mais de esquerda do que o primeiro, afirma Eduardo Guimarães

 Por Eduardo Guimarães
 blog da Cidadania



Que venha o embate, pois a esquerda, unida, não pode ser vencida. Governa para o povo. A divisão é que fez a direita se erguer dessa forma. Unida, a esquerda poderá extrair das ruas o apoio que possa vir a lhe faltar no Congresso.
 
Desde o golpe de 1964 não se via levante da direita tal qual ocorreu ao longo dos últimos 15 meses. Esse processo ensinou muita coisa a Dilma Rousseff e ao PT.
 
O plano da direita para retomar o poder é literalmente estarrecedor. Marina Silva, liderança antiga da esquerda, mudou de lado. Porém, sem dizer nada. Com isso, conseguiu articular o plano mais diabólico que já testemunhei.
 
A “Rede” de Marina engabelou partidos realmente de esquerda, mas da esquerda de oposição ao governo do PT. Com isso, fez os bem-intencionados partidos esquerdistas ajudá-la a derrubar a popularidade de Dilma com as “jornadas de junho”.
 
Ao longo das últimas semanas, porém, várias lideranças de partidos como o PSOL se deram conta do que aquelas manifestações, sob a eminência parda Marina Silva, pretendiam. Assim, com espírito público e humildade o PSOL tem sido imprescindível para tentar evitar a volta da direita ao poder.
No segundo turno, apenas o PSOL, oficiosamente, passou a apoiar o PT. E, claro, alguns segmentos do PSB, os segmentos legitimamente de esquerda, como o ex-presidente do partido Roberto Amaral.
Oficiosamente, porém, toda a esquerda está com Dilma neste segundo turno.
 
O efeito dessa reaproximação do PT e de Dilma com a esquerda mais autêntica terá como subproduto um segundo governo petista muito mais de esquerda. Até porque, Dilma percebeu o que não percebia: não há contemporização possível com a direita midiática.
 
Em 2015, os Poderes Executivo e Legislativo se situarão em campos opostos. Não é novidade para ninguém que os fenômenos relatados acima desembocaram no Congresso mais conservador desde a ditadura militar.
 
O avanço da direita no Legislativo, porém, a partir da próxima legislatura irá se contrapor a um poder executivo que a direita empurrou para a esquerda.
 
Primeira mudança: no final de setembro, a presidente da República garantiu a este Blog, em entrevista, que, em seu segundo mandato, travará o bom combate contra a direita midiática.
 
Segunda mudança: os apoios decididos de lideranças psolistas como Jean Willys, Marcelo Freixo e outras farão o PSOL ser tratado de outra forma pela presidente reeleita e pelo PT. Não se exclui a possibilidade de o PSOL ser convidado a participar do novo governo.
 
Terceira mudança: a aproximação de Dilma com o movimento sindical e com os movimentos sociais será muito maior. Até pelo bem do Brasil.
 
Quarta mudança: Dilma e o PT finalmente entenderam que um marco regulatório da mídia e a democratização das comunicações são agendas urgentes para o país. E devem trabalhar para que essas políticas sejam postas em prática.
 
Quinta mudança: acabou o tempo de Dilma apanhar calada da mídia e da oposição.
Sexta mudança: Dilma deverá buscar mais apoio da sociedade a políticas públicas de seu interesse. Recorrerá às ruas para pressionar o Congresso mais conservador.
 
O efeito disso será imediato. A direita tentará derrubar Dilma com um “golpe branco”, via impeachment. Essa é uma certeza. E isso ocorrerá mesmo se a presidente fizer acenos e concessões à direita. Desse modo, será melhor nem tentar. Será enganada.
 
Não se pode prever, portanto, um segundo mandato mais tranquilo, do ponto de vista político. Todavia, em um país injusto como o Brasil a “paz” política que tivemos no primeiro mandato é a paz dos cemitérios.
 
Que venha o embate, pois. A esquerda, unida, não pode ser vencida. Governa para o povo. A divisão é que fez a direita se erguer dessa forma. Unida, a esquerda poderá extrair das ruas o apoio que possa vir a lhe faltar no Congresso.
 
A PSOL, PSTU, PCO, PCB e congêneres, envio uma mensagem: o país conta com vocês. Se a direita conseguir derrubar Dilma em seu provável segundo mandato, o retrocesso dizimará a esquerda brasileira. Vamos à luta.
 
 

sábado, 25 de outubro de 2014

Golpe midiático em marcha: Globo entra hoje no ¨escândalo¨ da Veja

     
        
Parceiras no golpismo, sócias do Insituto Millenium, Globo e Veja jogam juntas em favor de Aécio
Parceiras no golpismo, sócias do Insituto Millenium, Globo e Veja jogam juntas em favor de Aécio
 
por Rodrigo Vianna
 
A Justiça reconheceu o caráter eleitoreiro da última edição de “Veja” – e proibiu que seja feita publicidade da revista (leia aqui). Reparem: não se impede a circulação da revista, mas se proíbe que a edição cumpra seu papel nefasto de propaganda mentirosa a serviço do PSDB – às vésperas da eleição.
 
A decisão judicial traz alento. Mas não interrompe o golpe midiático.
 
Reparem também que a Globo, na sexta-feira, não deu qualquer repercussão à “denúncia” desesperada de “Veja”.
 
O JN fugiu desse terreno pantanoso. Por um motivo muito claro: Dilma, com seu duro pronunciamento contra o golpismo da Editora Abril, mandou um recado para Ali Kamel. A presidenta avisou que, se a Globo entrasse na aventura, teria resposta no mesmo tom.
 
Imaginem a seguinte situação: o JN embarca na aventura golpista de “Veja”, promovendo a leitura da edição impressa em rede nacional, por volta de 20h de sexta-feira. Menos de duas horas depois, Dilma abre o debate da Globo denunciando a própria Globo por golpismo.
 
Por isso, o JN fugiu do pau.
 
E, também, porque a revista da marginal não traz qualquer prova, nada. O texto da revista mesmo diz que os “fatos” narrados pelo doleiro não servem para comprometer Lula e Dilma (isso está lá no texto da revista – que me recuso a linkar). Ou seja, o texto faz a ressalva, mas a capa da revista da marginal serve como panfleto tucano.
 
Pois bem, esse era o quadro na sexta-feira…
 
Acontece que, neste sábado, Dilma já não terá voz para responder. Não há propaganda eleitoral. Não há debate. Os candidatos estão proibidos de falar. Mas a Globo de Ali Kamel está livre para agir – no limite da irresponsabilidade.
 
Do que estou falando?
 
A “Folha” endossou a denúncia de um bandido, feita sem provas, a 3 ou 4 dias da eleição.
 
Qual o objetivo dessa manchete da “Folha”? Oferecer uma saída plausível para que Ali Kamel e a família Marinho levem o golpismo midiático para o JN de sábado. No “Jornal Hoje” (hora do almoço), a Globo acaba de dar longa “reportagem”.
 
O golpe está em marcha. Pela Globo.
 
A foto produzida para a Globo interferir no processo eleitoral - em 2006
A foto produzida para a Globo interferir no processo eleitoral – em 2006
 
Em 2006, eu estava na Globo. Azenha, eu e outros colegas acompanhamos de perto a cobertura enviesada promovida pela Globo no chamado escândalo dos “aloprados”. A Globo colocou Lula na defensiva: o aparato jornalístico global – durante 1o dias – abria espaço para que os candidatos Alckmin (PSDB), Cristovam (PDT) e Heloisa Helena (PSOL) perguntassem no JN “de onde veio o dinheiro para a compra do dossiê dos aloprados?”.
 
Era um massacre com ares jornalísticos. E era a preparação para o grande final… que viria logo depois.
 
Faltando 3 dias para a eleição de 2006 (primeiro turno), as fotos do dinheiro apareceram.
 
Na verdade, o delegado Bruno (da PF) entregou as fotos para Cesar Tralli, da Globo. Um produtor da Globo me contou que, quando Tralli mostrou o material bombástico, a direção da Globo (Ali Kamel) teria dito: “não podemos dar essas fotos sozinhos; seremos acusados de um golpe; só podemos dar se o delegado vazar também para outros jornais”.
 
E assim se fez: no dia seguinte,  o delegado Bruno chamou meia dúzia de jornalistas e entregou as fotos. A página do “Estadão” na internet logo publicou. Assim, o JN sentiu-se liberado para também noticiar o “fato” em sua edição, a 3 dias do primeiro turno.
 
O mesmo roteiro desenha-se agora.
 
Na sexta, a Globo fugiu do assunto: por cautela. Não seria bonito ver Dilma denunciando a Globo por golpismo dentro dos estúdios da Globo no Rio.
 
Mas nada como um dia depois do outro. O sábado chega, a “Folha” endossa a “Veja”, e assim Ali Kamel ganha o álibi perfeito: “poxa, virou um fato jornalístico, todo mundo está divulgando”.
 
Nessa tarde de sábado, essa decisão será amadurecida. Se houver chance de empurrar Aécio para a vitória, o JN levará a “denúncia” para o JN.
 
Um amigo jornalista – com mais de 30 anos de experiência – foi quem deu o alerta: “eles estão com o roteiro pronto –  da Veja para a Globo, com endosso da Folha”.
 
Segundo esse colega jornalista, a operação  se confirmada – “seria um fato ainda mais grave do que a manipulação do debate CollorxLula em 89″.
 
Se Dilma mantiver uma dianteira folgada nas pesquisas (Ibope e DataFolha) que serão concluídas nas próximas horas, aí o JN provavelmente será comedido: pode simplesmente ignorar a “Veja”, ou então pode tratar a revista da marginal de forma mais discreta…
 
Mas se houver qualquer sinal de que Aécio pode reagir, a Globo entrará pesado. Não tenham dúvidas.
 
A Democracia brasileira segue sequestrada por meia dúzia de famílias que controlam as comunicações.
 
Dilma mostrou, na sexta, que carrega com ela a coragem brizolista para enfrentar os barões midiáticos. Se conseguir a vitória, o confronto será mais do que necessário, será inevitável daqui pra frente.
 
Os golpistas tentam empurrar Aécio pra vitória, na marra. E se não conseguirem, já sinalizam que o caminho da oposição será o golpe jurídico-midiático.
 
O confronto está claro, cristalino. Não adianta mais fugir dele.
 
O golpe pode não vir no JN de hoje, se Dilma mantiver a sólida vantagem de 8 ou 10 pontos que aparece nos trackings internos deste sábado.
 
Mas o golpismo voltará a cada semana, a cada manchete.
 
É hora de tratar os barões da mídia como de fato são: inimigos! Não do PT e da esquerda; inimigos de um projeto social generoso, inimigos da Democracia.
 
Os barões da mídia representam o atraso, o preconceito, são o partido de direita no Brasil. Um partido extremista, que precisa ser enfrentado, e derrotado. Nas urnas e nas ruas
 
 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Golpe da Veja forçará democratização da mídia, por Paulo Moreira Leite

¨Tentativa canhestra e mal ensaiada de interferir no processo democrático, com uma edição antecipada para tentar solapar a soberania popular, exige que a presidente Dilma Rousself discuta a sério a democratização dos meios de comunicação em seu provável segundo mandato, argumenta Paulo Moreira Leite, do blog 247; ¨o golpe da semana só fará aumentar o número de cidadãos e  de instituições convencidos de que a sobrevivência da democracia brasileira depende, entre outras coisas, que se cumpra a legislação que regula o funcionamento econômico da mídia¨, diz ele, atitude criminosa de Veja, a 48 horas de uma eleição, merece resposta institucional.¨ 


Uma Farsa óbvia e mal ensaiada
Por Paulo Moreira Leite
Numa tradição que confirma a hipocrisia das conversas de palanque sobre alternância de poder, os escândalos eleitorais costumam ocorrer no país sempre que uma candidatura identificada com os interesses da maioria dos brasileiros ameaça ganhar uma eleição.

Não tivemos “balas de prata” - nome que procura dar ares românticos a manobras que são apenas sujas e vergonhosas - para impedir as duas eleições de Fernando Henrique Cardoso nem a vitória de Fernando Collor. Mas tivemos tentativas de golpes midiáticos na denúncia de uma ex-namorada de Lula em 1989; no terror financeiro contra Lula em 2002; na divulgação ilegal de imagens de reais e dólares clandestinos dos aloprados; e numa denúncia na véspera da votação, em 2010, para tentar comprometer Dilma Rousseff com dossiês sobre adversários do governo.

Em outubro de 2014, quando a candidatura de Dilma Rousseff avança em direção às urnas com uma vantagem acima da margem de erro nas pesquisas de intenção de voto, 'Veja' chega às bancas com uma acusação de última hora contra a presidente e contra Lula.

O mais novo vazamento de trechos dos múltiplos depoimentos do doleiro Alberto Yousseff expressa uma tradição vergonhosa pela finalidade política, antidemocrática pela substância. Não, meus amigos. Não se quer informar a população a partir de dados confiáveis. Também não se quer contribuir com um único grama para se avançar no esclarecimento de qualquer fato comprometedor na Petrobrás. Sequer o advogado de Yousseff reconhece os termos do depoimento. Tampouco atesta sua veracidade sobre a afirmação de que Lula e Dilma sabiam das “tenebrosas transações” que ocorriam na empresa, o que está dito na capa da revista.

Para você ter uma ideia do nível da barbaridade, basta saber que, logo no início, admite-se que só muito mais tarde, através de uma investigação completa, que ninguém sabe quando irá ocorrer, se irá ocorrer, nem quando irá terminar, “se poderá ter certeza jurídica de que as pessoas acusadas são culpadas.”

Não é só. Também se admite que Yousseff “não apresentou provas do que disse.”

Precisa mais? Tem mais.

Não se ouviu o outro lado com a atenção devida, nem se considerou os argumentos contrários com o cuidado indispensável numa investigação isenta.

O que se quer é corromper a eleição, através de um escândalo sob encomenda, uma farsa óbvia e mal ensaiada. Insinua o que não pode dizer, fala o que não pode demonstrar, afirma o que não conferiu nem pode comprovar.

Só o mais descarado interesse pelos serviços políticos-eleitorais que poderia prestar na campanha presidencial permitiu a recuperação de um personagem como Alberto Yousseff. Recapitulando: há uma década ele traiu um acordo de delação premiada numa investigação sobre crimes financeiros, e jamais poderia ter sido levado a sério em qualquer repartição policial, muito menos numa redação de jornalistas, antes que cada uma de suas frases, cada parágrafo, cada palavra, fosse submetida a um trabalho demorado de investigação. Até lá, deveria ser colocada sob suspeita. Mas não. Um depoimento feito há 48 horas, contestado pelo advogado, por um cidadão que não é conhecido por falar a verdade, virou capa de revista. Que piada.

Isso ocorre porque vivemos num país onde, 30 anos depois do fim da ditadura militar, os inimigos do povo conquistaram direito a impunidade. Esse é o dado real.

Sabemos, por exemplo, que se houvesse interesse real para investigar e punir os casos de corrupção seria possível começar pelo mensalão do PSDB-MG, pelo propinoduto do metrô paulista, pela compra de votos da reeleição.

As vítimas daquilo que se pode chamar de erros da imprensa, mesmo quando se trata de fabricações, não merecem sequer direito de resposta — no caso mais recente, o ministro Gilmar Mendes segurou uma sentença contra a mesma 'Veja' com base numa decisão liminar. Olha só.

Num país onde as instituições são respeitadas e os funcionários públicos cumprem deveres e obrigações, a Polícia Federal não poderia deixar-se usar politicamente dessa maneira, num comportamento que compromete os direitos de cada cidadão e ordem republicana.

Diante da incapacidade absoluta de enfrentar um debate político real, com propostas e projetos para o país, o que se pretende é usar uma investigação policial para ganhar pelo tapetão aquilo que não se consegue alcançar pelas urnas — o único caminho honesto para a defesa de interesses num regime democrático. Num país onde a alternância no poder nunca passou do revezamento entre legendas cosméticas, em 2014 os conservadores brasileiros são obrigados a encarar o horizonte de sua quarta derrota eleitoral consecutiva, a mais dolorosa entre todas. Depois de falar de alternância no poder, talvez fosse o caso de falar em alternância de métodos, não é mesmo?

Imaginando que estavam diante de uma campanha próxima de um passeio, com uma adversária enfraquecida e sem maiores talentos oratórias, salvaram-se, por um triz, do vexame de ficar de fora do segundo turno.

A verdade é que não há salvação, numa democracia, fora do voto. Toda vez que se procura interferir na vontade do eleitor através de atalhos, o que se produz são situações de anormalidade democrática, onde o prejudicado é o cidadão.

Essas distorções oportunistas cobram um preço alto para a soberania popular. Não há almoço grátis - também na política.

O exercício de superpoderes políticos tem levado a Polícia Federal a se mobilizar para se transformar numa força autônoma, que escolhe seu diretor-geral que não presta contas a ninguém a não a ser a seus próprios quadros.

O melhor exemplo de uma organização capaz de funcionar dessa maneira foi o FBI norte-americano, nos tempos de John Edgar Hoover. Instalado durante longos 49 anos no comando da organização, Hoover colecionava dossiês, fazia chantagens e perseguições a políticos à direita e à esquerda. Agia por conta própria e também atendia pedidos que tinha interesse em atender - mas recusava aqueles que não lhe convinham. Era o chefe de uma pequena ditadura policial. Lembra de quem usava essa palavra?

Da mesma forma, os golpes midiáticos só podem ocorrer em países onde os meios de comunicação têm direito a atirar primeiro para perguntar depois, atingindo cidadãos e autoridades que não tem sequer o clássico direito de resposta para recompor as migalhas de uma reputação destruída pela invencionice e falta de escrúpulos. Não custa lembrar. Graças a um pedido de vistas providencial do ministro do STF Gilmar Mendes, 'Veja' deixou de cumprir um direito de resposta em função da publicação de “fato sabidamente inverídico.”

A imprensa erra e fabrica erros sem risco algum, o que só estimula uma postura arrogância e desprezo pelos direitos do eleitor. Imagine você que hoje, quando a própria revista admite que publicou uma denúncia que não pode provar, é possível encontrar colunistas que já falam em impeachment de Dilma. Está na cara que eles já perderam a esperança de eleger Aécio.

Mas cabe respeitar o funcionamento da Justiça, o prazo de investigações e tudo mais. Ou vamos assumir desde já que o golpe midiático é golpe mesmo?

Com esse comportamento, a mídia brasileira prepara o caminho de sua destruição na forma que existe hoje. Como se não bastassem os números vergonhosos do Manchetômetro, que demonstram uma postura parcial e tendenciosa, o golpe da semana só fará aumentar o número de cidadãos e de instituições convencidos de que a sobrevivência da democracia brasileira depende, entre outras coisas, que se cumpra a legislação que regula o funcionamento da mídia. Está claro que este será um debate urgente a partir de 2015.