quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Tuma Jr não tem credibilidade

Invocou cadáver para comprovar acusação
Invocou cadáver para comprovar acusação

Romeu Tuma Jr, como era previsível, foi ao Roda Viva, hoje o programa tornou-se o mais reacionário da televisão brasileira.
Se você quer aparecer no Roda Viva fale mal do PT. Suas chances imediatamente aparecerão.
Tuma Jr estava claramente desconfortável. Arfava, suava, vagava, se perdia em frases longas frequentemente sem nexo.

O peso excessivo do entrevistado e o calor deste verão contribuíram para dar um ar opressivo à entrevista.
Tuma Jr carrega um peso morto, seu “livro bomba”, aspas. Como era esperado por todo mundo, excetuada a direita mais petrificada, o livro não deu em nada.
O que se viu foi o triunfo da esperança: a tentativa de salvar a obra de seu destino inevitável, o lixo.

O coveiro do livro foi, curiosamente, FHC. Coube a ele liquidar a maior “denúncia” de Tuma Jr: a de que Lula foi “informante” da polícia na ditadura.
Num programa de tevê, FHC descartou essa acusação enfaticamente – e com um certo desprezo pela natureza dela e de seu formulador.

É uma acusação, de fato, desprezível. Tuma Jr invoca seu pai morto para dizer que Lula era informante. Repito: a testemunha de Tuma Jr é um cadáver.

O livro só não foi inteiramente ignorado por causa do brutal esforço da Veja, a olavete da mídia brasileira, em fazer dele uma coisa séria.
Mas a Veja, se pôde muito na era Collor, hoje pode pouco, muito pouco. Mesmo dando um espaço descomunal para Tuma Jr, nada aconteceu.
A bomba não explodiu.

Explodiria, sim, no colo do autor, se a justiça brasileira funcionasse. Mas não funciona. Você processa alguém por calúnia e a ação vai terminar em mãos amigas.
Assim funciona a justiça brasileira.

Falei algumas vezes que a sorte de diretores da Petrobras caluniados por Paulo Francis foi poder processá-lo na justiça americana, uma vez que as acusações tinham sido feitas em Nova York, no programa Manhattan Connection.

FHC, então presidente, tentou convencer os executivas a desistir da ação, mas sem sucesso. Serra, ministro, também interveio, mas como FHC fracassou.
Como a justiça americana é diferente da brasileira, Paulo Francis se viu na iminência de pagar uma indenização brutal. Atormentado, morreu do coração.

Tuma Jr, no programa, se gabou de que ninguém citado em seu livro o processou. Claro. Estamos no Brasil. Você processa, se desgasta, é acusado de censor e não acontece nada.
Você ainda é perseguido, depois. Francis teria com certeza aumentado o volume de suas infâmias se o processo fosse no Brasil, absolutamente confiante na impunidade.

Tuma Jr, como Francis, não tem provas. Isso lhe foi cobrado ontem por alguns entrevistadores. Ele, pitorescamente, disse que tinha escrito um livro, e não montado um inquérito, o que o deixaria sem a obrigação de provar acusações.

Imagino-o dando esta explicação num tribunal americano, e faço uma pausa para rir.
Foi igualmente pitoresca a observação de Augusto Nunes a respeito das provas. Ele disse ter visto, e as definiu como “muito contundentes”.

Bem, quem acredita em Nunes acredita em tudo.
A coisa mais próxima de evidência dada por Tuma Jr foi uma foto na qual Lula, preso, aparece fumando num carro da polícia, há coisa de 30 anos.
A foto, de extraordinária banalidade, seria a prova de “privilégios” dados a Lula em troca de informações.

Tuma Jr fala no livro em “assassinato de reputações”. Mas o que ele fez foi exatamente uma tentativa de assassinar reputação. Só não foi bem sucedido porque, fora não ter credibilidade em dose mínima, cadáveres não são muito aceitos como testemunhas, principalmente quando invocados para apoiar uma acusação que, vivos, jamais fizeram.

Ainda no campo da comédia, foi engraçado ver a expectativa – simplesmente lunática – de irmãos de causa de Tuma Jr e Augusto Nunes.
No Twitter, Lobão e Claudio Tognolli (que escreveu o livro de Tuma Jr) publicaram vaticínios apocalípticos.
O Brasil jamais seria o mesmo depois do programa, segundo eles.

Eles estavam apostando na idiotice da sociedade. Mas já faz tempo que a pessoa que faz este tipo de aposta acaba perdendo – e fica, ela sim, no papel de idiota.

 

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