sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Com Bolsonaro & Feliciano, a direita saiu do armário, por Bob Fernandes

Por Bob Fernandes:
TV Gazeta

O PT vai retomar a presidência da Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados.

O Brasil tem uma dívida para com o discurso e ações da dupla Feliciano & Bolsonaro. Ambos personificaram o descaso diante da importância do tema. Mas não apenas. A comissão ter caído nas mãos de tal dupla acentuou um afastamento; o esgarçamento que ia se dando entre o PT e movimentos sociais, suas bases históricas.

A ligação visceral com bases sociais em múltiplas frentes foi, em síntese, o que levou Lula e Dilma à presidência. Na luta pela manutenção do poder, alianças cada vez mais obscuras, quando não promíscuas, foram dissociando porções hegemônicas do PT de várias de suas bases. Feliciano nos "Direitos Humanos" é evidência disso.

Se as ruas de junho foram choque de realidade, também é o espaço cedido e ocupado pela verborragia da Idade Média. Já nos dias de hoje, seja com fato ou com ficção, se busca atribuir apenas a franjas de dita "extrema esquerda" a responsabilidade por atos de violência. É tempo de notar o que se passa também à "direita".

A ascensão de porta-vozes como Feliciano & Bolsonaro mostra a "direita", a "extrema direita" saindo do armário. Há quem ainda diga que direita e esquerda já não existem. Quem diz isso costuma ser...da direita. Que pagou e ainda paga o preço por ter sido a indutora e alma da ditadura. Ditaduras existiram e existem à direita e a esquerda. No Brasil, a ditadura nasceu numa ação de militares, porções da sociedade, do empresariado; inclusive da Mídia. Agora, uma "nova direita" avança.

Movida por fatores econômicos, sociais, e culturais: as redes sociais, por exemplo, são espaços onde todas as tribos se encontram, e se agrupam. A chamada "direita" nunca perdeu certas hegemonias. Na comunicação, por exemplo. Agora avança em busca da hegemonia na política, e isso é parte do jogo democrático.

É saudável que se escancarem os armários. Talvez assim nos livremos da armadilha de um discurso moral que não resiste aos fatos. A violência, inclusive nas linguagens, está no cotidiano.

Para se enfrentar o discurso do ódio, e a barbárie como solução, é fundamental o uso da razão. Para Norberto Bobbio, pensador italiano, o que diferencia esquerda e direita seria, em resumo, o modo de encarar o problema da desigualdade social e o como enfrentá-lo. Para tanto, é preciso saber com clareza quem é o quê.

Há dias se busca, ou se inventa, quem supostamente faz dobrar sinos e sininhos em um extremo. Com palavras e atos atropelando direitos humanos, Bolsonaro & Feliciano emprestaram rosto e significados à direita, ao extremo da direita.

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