sexta-feira, 28 de outubro de 2016

kalil poder ser usado pelo eleitor para derrubar o "principado" que se criou em BH

De Apolo Heringer
Jornal O Tempo

"Alexandre Kalil pode ser esse instrumento azarão, sem saber nem querer. Poderemos, neste domingo, por vias pouco ortodoxas, quebrar algumas estruturas do mal aqui instalado e abrir brechas para o processo de mudanças na capital e em Minas."

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Alexandre Kalil ou João Leite?  

A sociedade sofre diante deste segundo turno em Belo Horizonte. Alguns pensam anular o voto. Não poderiam defender o nome nem a gestão de nenhum dos candidatos e rejeitam o sistema eleitoral e partidário. Mas anular o voto passa a ideia de incapacidade de decidir. O voto sempre pode ser para melhor ou para pior, independentemente da pessoa. A eleição em BH poderá ter maior impacto político que a do Rio de Janeiro.


João Leite herda a rejeição à insensibilidade social do PSDB. Aécio Neves e Antonio Anastasia promoveram a aliança que elegeu Zezé Perrella para o Senado, além do senador Clésio Andrade, que renunciou para escapar do STF. O partido se notabilizou pelo assédio à liberdade de expressão de jornalistas e descumpriu promessas públicas de cuidar do meio ambiente. Anulou a gestão da Semad, sendo responsável pelo caos hídrico e o desastre da mineração. A gestão das bacias dos rios Doce e São Francisco foram ardilosamente jogadas no colo da Fiemg, por meio de contratos de gestão com associações empresariais, o que equivaleu a colocar a raposa tomando conta do galinheiro. Chamando-as de Peixe Vivo, deixou-as sem pagar pela água que utilizam para fazer lucros privados em detrimento do meio ambiente.

Alexandre Kalil é livre atirador empresarial, disputando um mandato político após ter sucesso como dirigente de um clube no país do futebol. Desbocado, com atitudes demagógicas, espera agradar o povão, que paga para ver. Seus adversários o acusam de atos que também praticam – o sujo xingando o mal-lavado. Mas circunstâncias especiais poderão torná-lo instrumento para desconfigurar o jogo que nos tem sufocado na Assembleia e na Câmara de Vereadores, além de derrubar o “principado” que se criou com a figura de Marcio Lacerda, que resolveu ser autor de si mesmo, mas acabou somando as rejeições de Aécio e Anastasia.

Às vezes, as coisas certas acontecem por linhas tortas, diz o saber popular, cuja intuição costuma decidir eleições. Daí a criatividade ser essencial. Os segmentos que sabem das consequências políticas diferentes desta eleição não querem se omitir. Está-se criando a figura do voto de camisinha, o voto precavido, o voto calculado, sem beijo na boca, sem a intenção de procriar. Ou o voto homeopático, de usar um veneno contra um veneno maior, tornado voto consciente, visando abrir um campo, independentemente e apesar do candidato. O eleitor usa o candidato em vez de ser usado.

Alexandre Kalil pode ser esse instrumento azarão, sem saber nem querer. Junho de 2013 não acabou e alimenta o atual processo nacional usando canais inimagináveis. Poderemos, neste domingo, por vias pouco ortodoxas, quebrar algumas estruturas do mal aqui instalado e abrir brechas para o processo de mudanças na capital e em Minas. Os desdobramentos futuros irão depender do juízo e capacidade das lideranças emergentes que agem junto ao povo e pretendem mudar o Brasil, agora que o PT, em colapso, liberou tantas energias. E essas forças novas poderão fazê-lo, desde que troquem de roupa e deixem seus cacoetes ideológicos anacrônicos que os isolam da sociedade.

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